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domingo, 30 de abril de 2023

SÓ A REENCARNAÇÃO PARA EXPLICAR ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Quando Chico Xavier afirmou ser a reencarnação a chave para entender situações aparentemente inexplicáveis, expressava uma verdade além do conhecimento dominante na sociedade humana. O incomparável pesquisador e escritor Hermínio Correia de Miranda, no livro NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS, demonstra isso em dois fatos incluídos num dos capítulos da obra. Acompanhemos seu relato: Caso “A”— A filha recém­ casada de um amigo estava tendo problemas com a gravidez. Embora desejosa de ter filhos, acabava abortando  (involuntariamente, é claro). Parece que o  Espírito (ou  Espíritos)  reencarnante estava um tanto indeciso, inseguro ou  temeroso. Em decorrência do trabalho de que participava semanalmente num grupo mediúnico, fiquei sabendo  algo da história pregressa daquele núcleo familiar. Em outros tempos, na Europa do século XVI, o  atual pai da moça, fora uma figura de certo relevo na política e recebera para acabar  de criar e educar, uma menina, filha de alguém que confiou nele para essa delicada tarefa. O tutor não deu  conta satisfatória da sua tarefa, causando profundo  desgosto ao pai da menina. Decorridos os anos normais da existência, todos eles morreram e as questões sob o ponto de vista humano, ficaram, aparentemente resolvidas, como  pensa muita gente. Mas não  é assim que se passam as coisas além dos nossos insuficientes cinco sentidos. Passado o tempo — séculos, no caso —, a menina confiada ao eminente político renasceu como  filha deste, agora vivendo no Brasil. Ficamos com o direito de imaginar que como ele não dera conta razoável de seu encargo de tutor, na Europa, há cerca de quatro séculos, resolvera assumir a integral responsabilidade de pai da menina, em nova existência. Aí foi a vez do antigo  pai da menina, lá, também renascer como filho de sua antiga filha e, portanto, como neto do homem importante a quem ele confiara sua menina. Estão entendendo a trama? Esse foi o esquema armado para resolver o conflito criado entre eles e que permanecera sem solução. O problema é que o homem ficara tão magoado com a pessoa a quem entregara sua filha que agora relutava em aceita-­lo como avô. Será que ele não iria causar-­lhe outro desgosto? Nesse ínterim, a filha do meu amigo ficara grávida novamente e outra vez corria o risco  de perder a criança por um aborto involuntário. Como eu, indiretamente, soubesse das razões de todo aquele drama de bastidores, mandei um recado um tanto enigmático para meu amigo, futuro  vovô, que ele entendeu perfeitamente. O teor do recado era mais ou menos o seguinte: “Amigo, o Espírito que está para renascer como seu neto sente-­se temeroso porque, no  passado, teve problemas com você. Procure conversar mentalmente com ele, dizendo-­lhe que tudo  passou e que você o receberá, hoje, com muita alegria e amor. Diga-­lhe que confie e venha em paz.” Daí em diante, as coisas correram bem. A gravidez teve bom termo e o garoto nasceu  forte e bonitão. Caso  “B” — Foi narrado em livro escrito  Dr. Jorge Andréa dos Santos, médico, escritor, conferencista e pesquisador de muitos méritos. É a história verídica de um casal de meia ­idade que julgando mais que suficiente o número de filhos que tinha trazido para a vida na Terra resolveu não mais enviar “convites” para ninguém. A providência indicada era a de ligar  as trompas da senhora, ainda com alguns anos férteis pela frente. Por imprevista contingência, um dos médicos faltou no dia da cirurgia e o próprio marido, também médico, foi solicitado a fazer parte da equipe, a fim de suprir a ausência do colega. Ele testemunhou, portanto, ao vivo, todo o procedimento operatório e viu quando as trompas, após cortadas, tiveram as pontas implantadas no devido local. Nenhuma possibilidade havia, portanto, de gravidez posterior àquela cirurgia radical. Ou será que havia? Ainda hoje não se sabe exatamente o que se passou, mas o  certo é que a senhora engravidou  novamente. Parece até que “alguém” promoveu  uma cirurgia invisível para restaurar as trompas, costurando-­as competentemente, e colocando­-as novamente a funcionar, para que mais um Espírito pudesse retornar à carne.



Este é o comentário de uma senhora ao se dirigir ao nosso programa.

Sei que vocês não gostam que a gente fale de castigo divino. Mas não há outra forma de gente falar dos muitos desastres que a natureza tem preparado para o ser humano neste século, provocando milhares de vítimas e muito sofrimento na população. Se Deus quisesse, Ele poderia acabar com tudo isso, mas Jesus estava certo quando disse que, por causa da dureza do coração humano, chegaríamos a este tempo de calamidades.

Parece que não é tão simples assim. O universo é dinâmico; está sempre em constantes transformações.

A Terra, o planeta onde vivemos, tem cerca de 4,5 bilhões de anos, desde o início de sua formação, também passa por grandes transformações na sua estrutura.

As calamidades, que hoje nos assusta – como furacões, terremotos, enchentes, vulcões, etc. - foram muito mais frequentes no passado distante, quando o ser humano ainda não habitava este planeta.

Só que, naquela época, não havia povoações ou cidades, nem qualquer outra obra da engenharia humana, de modo que apenas as plantas e os animais foram atingidos.

Segundo os estudiosos, o desaparecimento dos dinossauros, por exemplo, se deveu a um meteoro que caiu na Terra, provocando inclusive mudanças climáticas.

Não estávamos lá para registrar esses fatos, mas, desde que o ser humano passou a viver neste planeta, ele vem enfrentando essas calamidades naturais.

Na verdade, considerando a idade da Terra, nós seres humanos somos seus mais novos habitantes e só, agora, com as descobertas científicas, estamos tomando consciência de que ainda temos muito a fazer para o enfrentamento do impacto desses acontecimentos.

No início do século 16 – época das caravelas - quando o Brasil estava sendo explorado pelos portugueses, um grande terremoto matou mais de 800 mil pessoas no outro lado do mundo, na China – e nós nem ficamos sabendo.

As comunicações eram difíceis e uma notícia para atravessar o oceano levava meses.

Portanto, cara ouvinte, o que vemos acontecer hoje no mundo não é diferente do que já aconteceu inúmeras vezes sobre a Terra. Só que hoje estamos mais bem informados dos fatos.

Outra diferença é que, num passado muito distante, quando ainda não existia a humanidade, esse fenômeno não atingia nossos interesses.

Hoje, num mundo superpovoado como o nosso, com cerca de 8 bilhões de habitantes, cidades e aldeias por todos os continentes, qualquer fenômeno acaba provocando prejuízos, agravados pela interferência inapropriada do homem na natureza.

Além do mais, em termos de destino humano, o que funciona é a lei de causa e efeito. Nada acontece por acaso. O problema é que nós muitas vezes não compreendemos a razão de tudo que acontece e atribuímos nossos sofrimentos a Deus.

O planeta Terra nos foi dado como moradia. Temos que aprender a viver nele, respeitá-lo e trata-lo com amor, da mesma forma que temos de conviver e tratar com amor o nosso próximo.

Os fatos da natureza seguem seu curso normal e nós temos que aprender com eles.

A Terra, um mundo em formação, nos dá oportunidade de aprender a tomar os cuidados para sobreviver e a ser solidários com aqueles que precisam de nós.

Deus, a providência divina, já nos deu tudo do que precisávamos. O resto corre por nossa própria conta.

Recordemos Jesus: “Se vós, que sois imperfeitos e maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto não vos dará o Pai celestial, que é bom e perfeito?”

sábado, 29 de abril de 2023

A RESPONSABILIDADE MORAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 “Se um homem cometeu um crime, e se o tiver consumado seduzido pelos conselhos perigosos de um homem que sobre aquele exerce muita influência, a Justiça humana saberá reconhece-lo, concedendo-lhe o benefício das circunstâncias atenuantes; irá mais longe: punirá o homem cujos conselhos perniciosos provocaram o crime, e, mesmo sem ter contribuído de outra maneira, este homem será mais severamente punido do que o que foi o instrumento, porque foi seu pensamento que concebeu o crime, e sua influência sobre um Ser fraco, que o fez executar. Se é o que fazem os homens neste caso, diminuindo a responsabilidade do criminoso, e a partilhando com o infame que o impeliu a cometer o crime, como queríeis que Deus, que é a mesma justiça, não fizesse o mesmo, desde que vossa razão vos diz que é justo agir assim?”. A comparação foi utilizada pelo Espírito Louis Nivard em mensagem psicografada em reunião da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e reproduzida na edição de setembro de 1867, da REVISTA ESPÍRITA. Na verdade, procurava esclarecer ao filho – por sinal o médium de que se serviu -, sobre a responsabilidade assumida por aquele que age sob a influência de Espíritos desencarnados. Nivard explica: -“Assisto a todas as tuas conversas mentais, mas sem as dirigir; teus pensamentos são emitidos em minha presença, mas eu não os provoco. É o pressentimento dos casos, que tem alguma chance de se apresentar, que faz surgir em ti os pensamentos adequados à resolução das dificuldades que poderiam suscitar. Aí está o livre arbítrio; é o exercício do Espírito encarnado, tentando resolver problemas que cria em si mesmo. Efetivamente, se os homens só tivessem as ideias que os Espíritos lhes inspiram, teriam pouca responsabilidade e pouco mérito; só teriam a responsabilidade de haver escutado maus conselhos, ou o mérito de haver seguido os bons. Ora, esta responsabilidade e este mérito evidentemente seriam menores do que se fossem o inteiro resultado do livre-arbítrio, isto é, de atos realizados na plenitude do exercício das faculdades do Espírito que, neste caso, age sem qualquer solicitação. Resulta do que digo que muitas vezes o homem tem pensamentos que lhes são essencialmente próprios, e que os cálculos a que se entregam, os raciocínios que fazem, as conclusões a que chegam são o resultado do exercício intelectual, ao mesmo título que o trabalho manual é o resultado do exercício corporal. Daí não se deveria concluir que o homem não seja assistido em seus pensamentos e em seus atos pelos Espíritos que os cercam; muito ao contrário: os Espíritos, sejam bons ou maus, são sempre a causa provocadora dos vossos atos e pensamentos. Mas ignorais completamente em que circunstâncias se produz essa influência, de sorte que, agindo, julgais fazê-lo em virtude do vosso próprio movimento: vosso livre arbítrio fica intacto; não há diferença entre os atos que realizais sem serdes a eles impelidos, e os que realizais sob a influência dos Espíritos, senão no grau do mérito ou da responsabilidade. Num e noutro caso, a responsabilidade e o mérito existem, mas, repito, não existem no mesmo grau(...). Tentando simplificar ainda mais, Nivard acrescenta: -“Assim, pois, quando te acontece refletir e passear tuas ideias de um a outro assunto; quando discutes mentalmente sobre os fatos que prevês ou que já se realizaram; quando tu analisas, quando raciocinas, quando julgas, não crês que sejam Espíritos que te ditam teus pensamentos ou que te dirigem; eles lá estão, perto de ti, e te escutam; vem com prazer esse exercício intelectual, ao qual te entregas; seu prazer é duplo, quando percebem que tuas conclusões são conforme à verdade. Por vezes lhes acontece, evidentemente, que se misturem nesse exercício quer para facilitá-lo, quer para dar ao Espírito alguns elementos, ou lhe criar certas dificuldades, a fim de tornar essa ginástica intelectual mais proveitosa a quem a pratica. Mas, em geral, o homem que busca, quando entregue às suas reflexões, quase sempre age só, sob o olhar vigilante de seu Espírito Protetor, que intervém se o caso for bastante grave para tornar necessária sua influência”.



Existe diferença entre caridade e solidariedade? Eu acho “solidariedade” mais abrangente e mais adequada para os nossos dias. (VBG)

É apenas uma questão de palavras, mas cada um pode dar a acepção que acha mais adequada ao que seja caridade ou solidariedade.

Ser solidário quer dizer colocar-se ao lado do outro em qualquer circunstância da vida, principalmente diante de uma situação difícil pela qual esse outro está passando.

O mesmo podemos dizer quando usamos a palavra “caridade”, segundo a acepção espírita.

Muita gente, ainda hoje, vê a caridade apenas e tão somente como uma forma de socorrer um necessitado num momento difícil. Parece que esse é o significado mais corrente.

Por isso, confundem caridade com esmola, reduzindo em muito o sentido original que a doutrina espírita dá a essa palavra.

A palavra “caridade” em português deriva do termo latino “caritas”, algo como “amor incondicional” ou “amor ágape” do grego.

Segundo a doutrina espírita, a caridade, como amor incondicional, deve estar presente, no sentido utilizado por Jesus, em todas as relações humanas.

N’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 886, encontramos o sentido amplo que o Espiritismo dá à palavra caridade, segundo Jesus: Beneficência, indulgência e perdão.

Beneficência é fazer o bem ao próximo, é auxiliar, é ajudar no sentido de beneficiar a pessoa.

Indulgência é a atitude de compreensão em relação às limitações e defeitos dos outros; é evitar propagar os defeitos alheios ou denegrir a sua imagem diante da sociedade.

Perdão é a atitude de compreensão para com aquele que nos prejudicou. Veja bem. Não é concordar com o erro, mas compreender a limitação daquele que errou.

Dessas três – beneficência, indulgência e perdão – o perdão é a forma mais difícil de caridade, porque consiste em relevar a atitude de quem, muitas vezes, nos quis ou nos quer atingir.

Nessa questão referente ao perdão não caberia a palavra “solidariedade”, mas é bem adequado o uso do termo “caridade”.

Veja, portanto, que caridade não é apenas uma conduta improvisada, mas uma atitude de todos os momentos, principalmente em relação àqueles que nos cercam.

Segundo o Espiritismo, era assim que Jesus via o pleno exercício do amor ao próximo – ajudando, compreendendo e perdoando – e foi o que ele fez.

A palavra “amor” (amor ágape, do grego), no sentido que Jesus a utilizou, é a prática do bem. Noutro sentido não há como saber quem realmente ama.

Toda a forma de viver, no entanto, implica em solidariedade, porque diz respeito às nossas atitudes e conduta diante do próximo, a começar do próximo mais próximo, nossos familiares.

André Luiz, pela mediunidade de Chico Xavier, afirma que “caridade é o amor em ação”, ou seja, toda vez que agimos, movidos pelo sentimento do amor, estamos fazendo caridade.

Allan Kardec, desde a constituição do Espiritismo, utilizou o termo “caridade”, portanto, no seu sentido mais amplo – envolvendo fraternidade e solidariedade - o que o levou ao lema “Fora da caridade não há salvação”.


sexta-feira, 28 de abril de 2023

RETRATOS E RETALHOS DA VIDA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Em meio às tribulações da vida, por vezes, quando o ânimo esmorecer, a inspiração de passagens envolvendo o incansável e inesquecível Chico Xavier representa o alento para se recomeçar e seguir em frente. Como os quatro casos apresentados na sequência: 1- Uma senhora chegou com uma criança que chorava muito. Chico se encontrava na sala das receitas e a senhora dizia que não sairia do recinto sem falar com Chico, pois não aguentava mais o choro da criança, que chorava dia e noite, sem parar. Quando Chico saiu do receituário, a primeira pessoa a quem falou foi essa senhora. Trazia uma orientação de Emmanuel; que levasse a criança a São Paulo e procurasse o médico que estava com o seu nome escrito no bilhete. Aquela criança tinha o céu de sua boca aberto e aquele médico tinha condições de operá-la. A mãe ficou muito surpresa, pois não havia falado nada e perguntou como ele sabia se ela não lhe falara nada. Respondeu-lhe que não tinha qualquer conhecimento do caso. Aquele choro iria continuar por algum tempo; era um problema de carma, mas estava amparada pela Espiritualidade, a mãe traz consigo o bálsamo. Por isso ela fora escolhida para a guarida desse Espírito. 2- Noutra ocasião, uma senhora veio de Brasília a pedido de sua filha para uma orientação do Chico. Havia perdido seu marido há 41 dias, por suicídio. E, no seu desespero, alimentava a ideia de suicidar-se. Quando chegou, não houve tempo para falar com o Chico. No final do trabalho ele psicografara uma mensagem e chamava por Maria Cristina, de Brasília. Sua mãe não ligou os fatos. Chico leu a mensagem e, para quem se destinasse, que a procurasse. Nas suas primeiras linhas, essa senhora, a meu lado nada percebera; só depois de certo detalhe é que conseguiu identificá-la, notando que o Espírito do seu marido escrevia para sua filha, esclarecendo os fatos que ocorreram. 3- Por volta do mês de julho de 1961, assisti a uma comunicação dada pelo Espírito de um jovem, dirigida a seus familiares, residentes em Ponta Grossa, Paraná, presentes na Comunhão Espírita Cristã. Vivera um pungente drama que, segundo se afirmava, o Chico não tivera conhecimento antes da mensagem. O rapaz fora morto acidentalmente por um seu amigo no jardim de sua casa, vítima de um disparo de revólver, justamente na festa de seu aniversário. Depois de detalhar seus últimos momentos no corpo que se extinguia, em linguagem vívida, rogava ainda à sua mãe e aos parentes, que procurassem o amigo que lhe fora o instrumento de separação, e o consolassem também, pois este alimentava ideia de suicídio. Toda uma ala daquela pequena sala de reuniões entrou em convulsivo pranto; a prova da sobrevivência chegava aos corações doloridos confortando-os e reanimando-os, além de trazer um importante pedido: o perdão e a reconciliação para com o inesquecível amigo. 4- Certa feita, em Uberaba, o confrade Farid Mussi, de São José do Rio Preto (SP), encontrava-se na fila, no "Centro Comunhão Espírita Cristã", esperando a sua vez. E, quando esta chegou, Chico disse-lhe: "Encontra-se ao seu lado uma entidade que deseja agradecer-lhe os favores recebidos através de uma prece. Diz ela chamar-se Maura de Araujo Javarini, tendo vivido e desencarnado em São José do Rio Preto (SP), em 1932." No momento, o senhor Farid não se lembrou de ter prestado qualquer auxílio que merecesse tal agradecimento. No dia seguinte, contudo, rememorando essa ocorrência, veio-lhe à lembrança de que em tempos idos, passando por uma padaria. situada nas proximidades do TATWA-Circulo Esotérico da Comunhão do Pensamento, em São José do Rio Preto, teve notícia de que a esposa do padeiro se suicidara. Nessa ocasião, não era espírita, mas sim secretário do referido TATWA, e condoído da infelicidade dessa senhora, tirou do bolso um caderninho de notações e nele anotou o nome de Maura de Araujo Javarini, dirigindo-se ao Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, uma vez que a reunião da noite estava prestes a se realizar.



(Comentário de um ouvinte) Não é de hoje que a gente ouve falar que a Terra vai passar a ser um mundo de regeneração. Houve um momento em que essa expectativa era tão pronunciada que parecia que essa mudança estava acontecendo. Já estamos no ano de 2023, caminhando para a metade do primeiro século do terceiro milênio, mas os problemas humanos são os mesmos e não dá sinal de mudança.

As mudanças que já estão ocorrendo e as que deverão ocorrer na Terra ficam por nossa conta.

Somos nós, seres humanos, Espíritos encarnados neste planeta, que devemos impulsionar o progresso, a partir de nossa própria transformação.

O progresso material se mostra muito claro aos nossos olhos pelas conquistas científicas que temos alcançado através dos séculos.

Mas o progresso moral é demasiado lento e começa a ocorrer de forma velada, silenciosa, quase imperceptível, através das pessoas e das instituições que trabalham pela paz, pela solidariedade, contra o ódio e preconceito.

Muita gente pensa de forma equivocada que é Deus ou Jesus quem, de repente, vem mudar o mundo num passe de mágica.

Alguns chegam a pensar que existe hora determinada para que isso aconteça. A expectativa do fim do mundo existe, pois, desde Jesus.

Mas não é assim que se dá o processo evolutivo. Quem tem que mudar somos nós e isso vai acontecendo à medida que as pessoas, as instituições, as religiões vão se engajando no processo de mudança.

O Espiritismo deixa bem claro que nós, humanidade, somos responsáveis pelo que acontece nesse planeta. O mundo depende de nossa conduta.

André Luiz, no livro EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS afirma que, desde que o homem surgiu na Terra, nos primórdios da humanidade, o destino do planeta ficou em suas mãos.

Onde estaria o nosso mérito, se não fôssemos nós os autores das mudanças que precisam ocorrer? Não disse Jesus “a cada um segundo suas obras”?

Os primeiros cristãos foram informados sobre a volta de Jesus ainda no primeiro século. Durante muitos séculos eles se reuniram para aguardar o grande evento. Mas isso não aconteceu.

Por isso, ainda estamos vivendo essa expectativa. A volta de Jesus, na verdade, significa a transformação da humanidade, a retomada de seus princípios morais.

Bem aventurados os pacíficos e pacificadores, porque eles herdarão a Terra” – está na lá nos evangelhos.

Por isso mesmo, Allan Kardec diz que, no período da mudança, Espíritos moralmente mais elevados estarão reencarnando para impulsionar as transformações.

Ao mesmo tempo, muitos dos que dificultam as mudanças, aqui não reencarnarão mais, sendo encaminhados para outros mundos de provas e expiações.

Por outro lado, embora muita gente não reconheça, mudanças significativas já vêm acontecendo no mundo todo. O mal costuma fazer muito barulho, mas o bem não faz alarde.

E um sinal muito claro mostra que vem ocorrendo uma nova forma de encarar a vida e de reivindicar a paz entre as pessoas e entre as nações.

Nós, que já temos consciência disso, somos chamados a fazer o melhor, nos engajando nos movimentos que se espalham pelo mundo para demonstrar o verdadeiro sentido da doutrina de Jesus.

Esse engajamento vai acontecendo através das instituições, das religiões e dos movimentos pela paz.

Portanto, não devemos ficar ansiosos pela transformação da humanidade. No lugar disso, devemos promover a transformação de nós mesmos.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

REFLETIR E VIGIAR, SEM PAIXÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A grande quantidade de obras mediúnicas atualmente publicadas em nome do Espiritismo, semeando “revelações” de conteúdo duvidoso e discutível, empolga leitores sem conhecimentos mais aprofundados e editores ávidos de investimento com retorno garantido. O surrealismo de algumas obras bem demonstram, o quanto os interesses dos que trabalham contra o progresso espiritual das criaturas se evidencia. Os 50 anos que nos separam da opinião – “os milhões de Espíritos inferiores que cercam a Humanidade possuem seus médiuns, impossível negar isso” -, colhida pelo Espírito André Luiz junto ao também Espírito Gabriel Delanne, no dia 20 de agosto de 1965, em Paris, França, e reproduzida no livro ENTRE IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS, (1965, feb) mostram o acerto do comentário. Na seção Instruções do Espíritos do numero de dezembro de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, encontramos interessante e atualíssima mensagem escrita pelo Espírito Erasto, através do médium Sr. D’Ambel, em fevereiro daquele ano, confirmando isso. Identificando-se como um discípulo de São Paulo, apóstolo, Erasto desempenhou importante papel nos bastidores espirituais da Codificação, tendo 15 de seus trabalhos incluídos por Kardec, em diferentes edições da REVISTA ESPÍRITA, além de opiniões n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS e textos n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Entre as observações contidas na extensa mensagem intitulada Os Conflitos, destacamos: - “Há no momento uma recrudescência de obsessão, resultado da luta que, inevitavelmente, devem sustentar as ideias novas contra seus adversários encarnados e desencarnados. Habilmente explorada pelos inimigos do Espiritismo, a obsessão é uma das provações mais perigosas que ele terá de sofrer, antes de se fixar de maneira estável no espírito das populações; assim, deve ser combatida por todos os meios possíveis e, sobretudo, pela prudência e pela energia de vossos guias, espirituais e terrestres. De todos os lados surgem médiuns com supostas missões, chamados, ao que dizem, a tomar em mãos a bandeira do Espiritismo e plantá-la sobre as ruinas do Velho Mundo (...). Não há individualidade, por medíocre que seja, que não tenha encontrado, como Macbeth, um Espírito para lhe dizer: -“Tu também serás rei”, e que não se julgue designada a um apostolado muito especial. Há poucas reuniões íntimas e, mesmo, grupos familiares, que não tenham contado entre seus médiuns ou seus simples crentes, uma alma bastante enfatuada para se julgar indispensável ao sucesso da grande causa, muito suntuosa para se contentar com o modesto papel de obreiro, trazendo a sua pedra do edifício. Quase todos os médiuns, em seu início, são submetidos a essa perigosa tentação. Alguns resistem; mas muitos sucumbem, ao menos por algum tempo, até que cheques sucessivos venham desiludi-lo (...). E que querem certos Espíritos da erraticidade fomentando, entre as mediocridades da encarnação, essa exaltação do amor próprio e do orgulho, senão entravar o progresso”. Citando aqueles que revelam certos acontecimentos que se vão realizar, fixando épocas, precisando datas; outros, que prometem fortuna fácil, descobertas maravilhosas, a glória, honrarias, enfim, numa palavra, Espíritos perversos, considera que nada mais fazem que explorar todas as ambições e cobiças dos homens. Aponta como principal resultado dessas ações, “as decepções, os dissabores, o ridículo, por vezes a ruína, justa punição do orgulho presunçoso, que se julga chamado a fazer melhor que todo mundo, desdenha os conselhos e desconhece os verdadeiros princípios do Espiritismo”. Destaca que “o número dos médiuns é hoje incalculável e é desagradável ver que as almas se julgam os únicos chamados a distribuir a verdade ao mundo e se extasiam ante banalidades que consideram monumentos (...). Como se a verdade tivesse esperado sua vinda para ser anunciada. Alerta: -“É urgente que vos ponhais em guarda contra todas as publicações de origem suspeita, que parecem, ou vão parecer, contrárias a todas as que não tivessem uma atitude franca e clara, e tende como certo que muitas são elaboradas nos campos inimigos do Mundo visível ou no invisível, visando a lançar entre vós os fachos da discórdia(..) Tende igualmente como certo que todo Espírito que a si mesmo se anuncia com um Ser superior e, sobretudo, como de uma infalibilidade a toda prova, ao contrário, é o oposto do que se anuncia pomposamente”. Finalizando sua comunicação, Erasto, otimista, avalia que “esse conflito, é inevitável, porque o homem é manchado de muito orgulho e egoísmo, para aceitar sem oposição uma verdade nova qualquer; digo mesmo que esse conflito é necessário, porque é o atrito que desfaz as ideias falsas e faz ressaltar a força das que resistem. Em meio a esta avalanche de mediocridades, de impossibilidades e de utopias irrealizáveis, a Verdade, esplendida, espalhar-se-á na sua grandeza, e, na sua majestade”.

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O Evangelho conta que, depois da ressureição, Jesus apareceu aos discípulos na casa de Pedro. Tomé não estava presente na ocasião, e quando lhe contaram, ele não acreditou. Foi preciso que Jesus aparecesse novamente, deixar que Tomé o tocasse, para que acreditasse. Então, Jesus disse: “Bem-aventurados os que não viram e creram”. A pergunta é: “Ao duvidar da aparição de Jesus, Tomé estava errado? Ao dizer “bem-aventurados os que não viram e creram”, Jesus não estava dispensando a razão, para dizer que o importante é a fé?

No seio daquele povo, ninguém mais que Jesus valorizou tanto a razão como instrumento de busca da verdade. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

O que ele combatia era justamente a fé cega, aquela que, sem argumentar, impedia o trabalho aos sábados, ensinava o ódio aos inimigos e incentivava a lapidação da mulher acusada de adultério.

Contra essas situações, Jesus se insurgiu, mandando amar até os inimigos, afirmando que o sábado existe para o homem e não o homem para o sábado, e questionando a multidão sobre seu pretenso poder de julgar e condenar a mulher acusada.

Jesus era um questionador nato. Por isso, abalou a estrutura religiosa arcaica dos fariseus que exploravam a boa fé do povo.

Evidentemente, no episódio de sua aparição na casa de Pedro, Jesus não estava questionando a razão, mas valorizando a fé racional.

A fé, de que Jesus tratava, era uma fé robusta, assentada sobre a realidade dos fatos ou decorrente do raciocínio lógico.

Mas, naquele momento na casa de Pedro, aparecendo pela segunda vez, ele estava experimentando a fé de Tomé que ainda não consolidara.

Ao dizer “bem-aventurados os que não viram, mas creram”, ele estava se referindo àqueles que já tinham adquirido a fé racional antes de Tomé.

Certamente, esses últimos já não precisavam mais de provas, porque tinham crescido suficientemente para analisar pelo bom senso se o fato era verídico.

Tomé, que ainda era um aprendiz da fé, precisava de uma comprovação a mais para consolidá-la. Os outros já tinham adquirido isso.

Por isso, ao pedir provas, Tomé não estava errado e o próprio Jesus reconheceu sua necessidade, prontificando-se a atendê-lo.

Assim, ele compareceu novamente com seu corpo espiritual na casa de Pedro para se mostrar materializado a Tomé, tal como Tomé queria e desse modo consolidar sua fé.

Concluindo, podemos dizer que Tomé estava certo ao pedir provas. Tanto assim que ele foi atendido por Jesus.

E Jesus, por sua vez, ao elogiar os que não precisavam mais de provas, apenas se referia aos que, em termos de fé, estavam à frente de Tomé.


quarta-feira, 26 de abril de 2023

O QUE A HISTÓRIA NÃO MOSTROU ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Zona rural da cidade de Mogi das Cruzes, São Paulo, 04 de dezembro de 1961. O casal Alberto e Angélica Fortunato e seus três filhos foram convidados para passarem o fim de semana na Fazenda Bela Vista, arrendada por José, ex vizinho na Zona Leste da capital paulista que arrendara as terras da propriedade para produção de hortaliças. Era um dia ensolarado e os três rapazes, Jair (com 13 anos), Osmar (15) e José (16), além de um menininho filho do anfitrião resolveram se divertir na piscina da Fazenda. Não havia nenhum adulto por perto e, Jair, aniversariante do dia, o primeiro a entrar na piscina, começou a se afogar, o que levou os outros irmãos a mergulharem para salvá-lo; debateram-se na água e morreram juntos, apesar da tentativa de salvamento do japonesinho, com uma vara de bambu. O choque emocional para as duas famílias foi muito grande, transformando em poucos minutos um fim de semana feliz e festivo numa dolorosa tragédia. Vinte e um anos depois, em 19 de fevereiro de 1982, o casal Fortunato compareceu à reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, MG, onde manteve rápido diálogo com Chico Xavier. O médium, para surpresa e alegria de ambos, visualizou ao lado deles as entidades espirituais Maria Justina, avó do Sr. Alberto; Angelina, avó da Sra. Angélica e um senhor japonês, o velho amigo do casal que abalado pela depressão surgida após o acidente em sua casa, desencarnara pouco tempo depois do mesmo. Horas mais tarde, no desenrolar da reunião, Chico psicografou elucidativa carta de José, um dos três filhos do casal Fortunato, revelando as razões profundas do acidente coletivo que colocou os três irmãos no caminho da redenção. Na emocionada carta, além da descrição do que ninguém viu, a explicação da origem do fato ocorrido: -“Quando caímos nas águas da grande piscina, o Osmar, o Jair e eu estávamos sendo conduzidos pelos Desígnios do Senhor a resgatar o passado que nos incomodava. Nada posso detalhar quanto ao fim do corpo de que nos desvencilhamos, como quem se vê na contingência de trocar a veste estragada e de reajuste impossível. O sono compulsivo que nos empolgou os três foi algo inexplicável de que voltamos à forma da consciência, dias após o estranho desenlace. Estávamos os três alarmados e infelizes no hospital a que fomos transportados, quando duas senhoras se destacaram dos serviços de enfermagem para nos endereçarem a palavra... No fundo, queríamos apenas regressar à casa e retornar ao cotidiano, porque aquele debate com as águas fora para nós, naquele despertar, uma espécie de brincadeira de mau gosto, na qual supúnhamos haver desmaiado... Aquele instituto devia ser uma casa de pronto socorro como tantas... Entretanto, as duas senhoras se declararam nossas avós Maria Justina e Angélica, e nos informaram, com naturalidade e sem qualquer inflexão de voz agressiva, que havíamos voltado ao Lar, ao Grande Lar de nossa família na Vida Espiritual. Os irmãos e eu choramos, como não podia deixar de acontecer... Fomos conduzidos à nossa casa e vimos os pais amargurados. (...) Nosso pranto se misturou ao da Mamãe Angélica e do Papai, do Antônio e do Carlos Alberto, e muitos dias e meses correram nessa situação de incompreensão e de dor... Dois anos passados, fomos visitados por um amigo de nossa família que se deu a conhecer por Miguel Pereira Landim, respeitado e admirado por nossos familiares da Espiritualidade. Nossa avó Maria Justina nos permitiu endereçar-lhe perguntas e todos os três indagamos dele a causa do sucedido em nossa ida a Mogi. Ele sorriu e marcou o dia em que nos facultaria o conhecimento do acontecido em suas causas primordiais. Voltando a nós, na ocasião prevista, conduziu-nos, os três, à Matriz do Senhor Bom Jesus, em Ibitinga. Entramos curiosos e inquietos. A igreja estava repleta de militares desencarnados. Muitos traziam as medalhas conquistadas, outros ostentavam bandeiras. Em meu coração passou a surgir a recordação que eu não estava conseguindo esconder. De repente, vi-me na farda de que não me lembrava, junto dos irmãos igualmente transformados em homens de guerra e o nosso olhar se voltou inexplicavelmente para as cenas que se nos desenrolavam diante dos olhos. Envergonho-me de confessar, mas a consciência não me permite recuos. Vi-me com os dois irmãos numa batalha naval, que peço permissão para não mencionar pelo nome, quando nós, na condição de brasileiros, lutávamos com os irmãos de república vizinha... Afundávamos criaturas sem nenhuma ligação com as ordens belicistas nas águas do grande rio, criaturas que, em vão, nos pediam misericórdia e vida... Replicávamos que em guerra tudo resulta em guerra... Foi então que o chefe Landim apontou para uma antiga imagem de Jesus, do Senhor Bom Jesus, e falou em voz alta que aquela figura do Cristo viera do forte Itapura com destino à nossa cidade e que, perante Jesus, havíamos os três, resgatado uma dívida que nos atormentava, desde muito tempo. Aqueles companheiros presentes passaram a nos felicitar, explicando-nos que se haviam transformado em servidores das legiões de Jesus Cristo. O que choramos, num misto de alegria e sofrimento, não sabemos contar. Fique, porém, esta informação para os queridos pais e para os irmãos queridos, a fim de que todos saibamos que a injustiça não é de Deus e que os nossos sofrimentos e provas se efetuam a pedido de nós mesmos, para que a nossa vida espiritual, a única verdadeira, se torne mais aceitável e mais ajustada às Leis Divinas que a todos nos regem”. A íntegra desta e outras mensagens poderá ser lida na obra “RETORNARAM CONTANDO” (ide).

 


Não consigo entender como é amar o inimigo, justamente aquele que me odeia e me quer ver infeliz. Já é difícil amar o amigo que, muitas vezes, nos trai e nos decepciona. Esse idealismo já foi cultivado por muita gente no mundo, mas todos aqueles que tentaram percorrer esse caminho se deram mal. Posso citar Sócrates, o próprio Jesus ou Gandhi.(YJM)

Acreditamos que, mesmo do ponto de vista materialista – aquele que não concebe a alma imortal e muito menos Deus – já não se pode hoje contestar a necessidade e a importância do amor incondicional. Nisso, a humanidade, embora ainda muito carente de amor, já deu um passo significativo e o primeiro dele foi quando o homem percebeu que a vingança nunca foi solução para os conflitos humanos.

Num passado distante, quando ainda não existia código civil ( que só surgiu em 1808), quando o poder se concentrava nas mãos dos mais fortes, que decidiam tudo para todos a seu bel prazer, as desavenças se perpetuavam por gerações em atos de violência uns contra os outros, e a justiça por vingança era apenas e tão somente a expressão do ódio e da violência que vinha confirmar mais ainda a injustiça.

Foi a evolução política e moral que tirou de cada cidadão o poder de fazer justiça com as próprias mãos para atender a uma finalidade maior, que é de preservar a paz e os direitos de todos. Nisso houve um notável progresso, principalmente a partir do século XVII, fazendo com que a sociedade entendesse que mais importante que as desavenças pessoais é o bem-estar da coletividade.

As lições de Jesus, por força do progresso moral e intelectual, foram aos poucos influenciando nas reformas da legislação humana, até alcançar a compreensão que, diante da sociedade, todos são iguais. Por isso, até hoje, quando ainda não somos capazes de resolver nossos conflitos pessoais, buscamos o auxílio do Estado: para evitar a perpetuação da vingança que gera mortes inconsequentes.

Não se justifica a violência, nem mesmo para combater a própria violência. Aliás, Gotama Buda, século VI antes de Cristo, já afirmava que violência com violência gera mais violência e que só o amor pode combater a violência. Jesus de Nazaré, no auge de seus ensinamentos morais, proclamou o amor aos inimigos, que vinha contrariar a tradição de agressões e de vinganças que caracterizava a história de seu povo. Sobre esta questão, nunca encontramos uma abordagem tão feliz como a que Allan Kardec apresenta no capítulo XII de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO de 1864.

Amar os inimigos não é ter para com eles uma afeição que não está na natureza, porque o contato de um inimigo faz bater o coração de maneira bem diferente do de um amigo; é não ter contra eles nem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; é perdoar-lhes sem segunda intenção e incondicionalmente o mal que nos fazem; é não opor nenhum obstáculo à conciliação; é desejar-lhes o bem em lugar de desejar-lhes o mal; é regozijar-se em lugar de se afligir pelo bem que alcançam; é estender-lhes a mão segura em caso de necessidade; é abster-se em palavras e ações de tudo que possa prejudicá-los; enfim, é lhes retribuir em tudo o mal com o bem, sem intenção de os humilhar. Quem quer que faça isso cumpre as condições do mandamento: amai os vossos inimigos”. 


terça-feira, 25 de abril de 2023

PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL - ENTENDA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Insistem vários textos elaborados por estudiosos da questão da obsessão quanto à gravidade do problema nos dias atuais, apontando-a como fator determinante de muitas das violências, suicídios, depressões que engrossam estatísticas atormentadoras da sociedade humana. Ignorado pela maioria das pessoas que se mantem demasiadamente focadas nas atividades dessa Dimensão em que momentânea e presentemente vivemos, o fato é que a origem de muitos desses eventos está na influência exercida pelos Espíritos desencarnados, conforme revelação resultante da resposta à questão 459 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS. No número de dezembro de 1862, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz interessante estudo por ele desenvolvido, de onde destacamos alguns tópicos que didaticamente facilitam a compreensão do problema: 1- O primeiro ponto que importa bem se compenetrar é da natureza dos Espíritos, do ponto de vista moral. Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens, e não sendo bons todos os homens, não é racional admitir-se que o Espírito de um perverso de súbito se transforme (...). Mostram-nos as relações com o Mundo Invisível, ao lado de Espíritos sublimes de sabedoria e conhecimento, outros ignóbeis, ainda com todos os vícios e paixões da Humanidade. Após a morte, a alma de um homem de Bem será um bom Espírito; do mesmo modo, encarnando-se um bom Espírito será um homem de Bem. Pela mesma razão, ao morrer, um homem perverso dará um Espírito perverso ao Mundo Invisível. E, assim, enquanto o Espírito não se houver depurado ou experimentado o desejo de melhorar. 2- Sendo a Terra um mundo inferior, isto é, pouco adiantado, resulta que a imensa maioria dos Espíritos que a povoam, tanto no estado errante, quanto, encarnados, deve compor-se de Espíritos imperfeitos, que fazem mais mal que bem. Daí a predominância do mal na Terra. 3- É, pois, necessário imaginar-se o Mundo Invisível como formando uma população inumerável, compacta, por assim dizer, envolvendo a Terra e se agitando no espaço. É uma espécie de atmosfera moral, da qual os Espíritos encarnados ocupam a parte inferior, onde se agitam como num vaso. Ora, assim como o ar das partes baixas é pesado e malsão, esse ar moral é também malsão, por que corrompido pelas emanações dos Espíritos impuros. Para resistir a isso são necessários temperamentos morais dotados de grande vigor. 4- Sabemos que os Espíritos são revestidos de um envoltório vaporoso, que lhes forma um verdadeiro corpo fluídico, ao qual damos o nome de períspirito, e cujos elementos são tirados do Fluido Universal ou cósmico, princípio de todas as coisas (...). Esse períspirito não é confinado no corpo como numa caixa. Por sua natureza fluídica, ele irradia exteriormente e forma em torno do corpo uma espécie de atmosfera, como vapor que dele se desprende (...). O períspirito é impregnado das qualidades, ou seja, do pensamento do Espírito e irradia tais qualidades em torno do corpo. 5- O fluido perispiritual é, pois, acionado pelo Espírito. Se por sua vontade, o Espírito, por assim dizer, dardeja raios sobre outro indivíduo, os raios o penetram. Daí a ação magnética mais ou menos poderosa, conforme a vontade, mais ou menos benfazeja, conforme sejam os raios de natureza melhor ou pior, mais ou menos vivificante (..). Aquilo que pode fazer um Espírito encarnado, dardejando seu próprio fluido sobre uma pessoa, pode, igualmente, fazê-lo um desencarnado. 6- Credes que os maus Espíritos, que pululam no meio humano, esperam ser chamados, a fim de exercerem sua influência perniciosa? Desde que os Espíritos existiram em todos os tempos, em todos os tempos representaram o mesmo papel, pois isto está na natureza. E a prova é o grande número de pessoas obsedadas, ou possessas, se quiserdes, antes que se cogitasse de Espiritismo e de médiuns. A ação dos Espíritos, bons ou maus, é, pois, espontânea. A dos maus produz uma porção de perturbações na economia moral e mesmo física e que, por ignorância da verdadeira causa, são atribuídas a coisas erradas. Os maus Espíritos são inimigos invisíveis, tanto mais perigosos quanto não se suspeitava de sua ação. Pondo-os a descoberto, o Espiritismo vem revelar uma nova causa de certos males da Humanidade. 6- O Espiritismo não atraiu os maus Espíritos: descobriu-os e forneceu os meios de lhes paralisar a ação e, consequentemente, os afastar. Ele não trouxe o mal, pois este sempre existiu. Ao contrário, trouxe o remédio ao mal, mostrando-lhe as causas. Uma vez reconhecida a ação do Mundo Invisível, ter-se-á a chave de uma porção de fenômenos incompreendidos e a ciência, enriquecida com esta nova Lei, verá novos horizontes abertos à sua frente.


No filme “Ghost – Do outro lado da vida”, Sam – espírito recém-desencarnado por assassinato – estava querendo proteger sua namorada Molly, que corria perigo. Ele vai à casa dela para afastar o perigo que a rondava, mas percebe que não consegue tocar nas coisas. Suas mãos simplesmente transpassam a matéria, mas não produzem nenhum efeito. Ele vai aprender como agir sobre a matéria, logo depois, com um Espírito rebelde que encontrou no metrô. A pergunta é a seguinte: É assim mesmo que os Espíritos agem? Eles podem aprender a agir sobre a matéria, movimentar as coisas ou produzir ruídos? É assim que acontece nos casos de lugares assombrados?

Segundo o Espiritismo, não é precisamente assim que acontece. O filme explorou bem a questão da médium que, na história, podia ouvir e conversar com o desencarnado, mas o problema da ação do Espírito sobre a matéria não se dá de forma tão simples e direta.

À primeira vista, o fenômeno pode parecer simples, mas não é o que acontece, pois os espíritos (por eles mesmos) não conseguem agir diretamente sobre o nosso mundo físico.

A noção que a doutrina tem da questão é que os mundos físico e espiritual, de ordinário, não se tocam. Eles são como planos paralelos. Estão em dimensões diferentes.

Nós, encarnados, podemos conviver num mesmo lugar com Espíritos, mas o Espírito, a princípio, não consegue tocar o mundo físico, assim como nós não conseguimos tocar fisicamente nada do mundo espiritual.

Mas, então, você perguntaria: como acontecem as intervenções espirituais? Ou seja, como podem ocorrer os chamados fenômenos espíritas?

O mundo físico e o mundo espiritual só se tocam se uma ou mais pessoas servirem de intermediários. É por isso que existem médiuns. A palavra médium quer dizer intermediário.

Na verdade, o único ponto de contato entre os dois mundos – entre nós e os Espíritos - é pelo pensamento.

Porém, a ideia que o filme passa é a de que o desencarnado, se aprender a

a concentrar seu pensamento, ele pode agir diretamente sobre a matéria. Não é tão simples assim.

Pelo pensamento, de fato, atraímos ou repelimos os Espíritos, de tal modo que a comunicação entre encarnados e desencarnados se dá apenas por via mental.

Mas, para que um Espírito possa provocar a queda de um objeto, por exemplo, produzindo um fenômeno físico, deveria existir à do Espírito disposição uma substância conhecida por ectoplasma.

Tal substância – podemos dizer semimaterial – é fornecida pelo médium, que tenha a faculdade de liberá-la.

Então, neste caso, é o pensamento do Espírito que age sobre a mente do médium e este, consciente ou inconsciente, libera o ectoplasma materializado capaz de provocar o fenômeno.

Logo, o ectoplasma, embora desconhecido da ciência, é do médium (e não do Espírito) e só ele pode exercer alguma força física sobre um objeto.

Nos casos, que você chama de lugares assombrados, onde pode ocorrer de uma série de fenômenos físicos (como movimentação de objetos, ruídos, vozes, fogo espontâneo, etc) geralmente há uma mais pessoas presentes que servem de médium.

Elas são chamados de “epicentros do fenômeno” – pois, sem a presença delas, o fenômeno não ocorre – e as ações são desordenadas, de modo que os médiuns geralmente não sabem que é, por meio deles que os Espíritos conseguem agir.

Sobre esse intrigante tema, há vários livros de autores espíritas consagrados à pesquisa, que você pode encontrar na Biblioteca Batuíra do Centro Espírita Caminho de Damasco.

Entre os autores, destacamos Hernani Guimarães Andrade, que escreveu várias obras a respeito, como produto de suas demoradas e minuciosas investigações.














segunda-feira, 24 de abril de 2023

O MARTIR E A ESPIRITUALIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Irmão querido, resgatas hoje os delitos cruéis que cometeste quando te ocupavas do nefando mister de inquisidor, nos tempos passados. Redimiste o pretérito obscuro e criminoso, com as lágrimas do teu sacrifício em favor da Pátria do Evangelho de Jesus. Passaras a ser um símbolo para a posteridade, com o teu heroísmo resignado nos sofrimentos purificadores. (...) Regozija-te no Senhor pelo desfecho dos teus sonhos de liberdade, porque cada um será justiçado de acordo com as suas obras”. As palavras estão registradas na obra BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO (feb,1938) e pertencem a Ismael – Espírito responsável pela evolução espiritual da Nação brasileira -, dirigidas à Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, no exato “no instante em que o seu corpo balança, pendente das traves do cadafalso, no Campo da Lampadosa”, ele, que foi o único condenado à morte pela Coroa Portuguesa pela participação no movimento denominado Inconfidência Mineira, visto que os demais tiveram a pena comutada para degredo em terras africanas. Além da execução pública teve seu corpo esquartejado por decisão da Rainha Maria, a Piedosa, e exibido em várias cidades para servir de advertência contra prováveis insurretos. O prognóstico de Ismael sobre a decisão Imperial se confirmaria daí a alguns dias, pois, “a piedosa rainha portuguesa enlouquecia, ferida de morte na sua consciência pelos remorsos pungentes que a dilaceravam”. Sobre os personagens da marcante história nacional, Humberto de Campos, um ano antes de resgatar a História do Brasil segundo registros do Plano Espiritual, noutra obra, CRONICAS DE ALÉM TÚMULO (feb, 1937), conta que todos os anos no 21 de abril, Ouro Preto é visitada no Plano Espiritual por vários admiradores do grande Mártir. Conta que ele mesmo integrou uma das caravanas lá presentes que esteve na antiga Vila Rica - que não conhecera enquanto encarnado -, conforme relata em texto transmitido através de Chico Xavier em 21 de abril de 1937. Com a empolgação do jornalista e escritor que foi em sua existência concluída em dezembro de 1934, revela: -Aí fui encontrar, não segundo o corpo, mas segundo o Espírito, as personalidades de Domingos Vidal Barbosa, Freire de Andrada, Mariano Leal, José Joaquim da Maia, Cláudio Manuel, Inácio Alvarenga, Dorotéia de Seixas, Beatriz Francisca Brandão, Toledo Pisa, Luís de Vasconcelos e muitos outros nomes, que participaram dos acontecimentos relativos à malograda conspiração”. E, entre estas figuras veneráveis “a do antigo alferes Joaquim José da Silva Xavier, pela sua nobre e serena beleza. Do seu olhar claro e doce, irradiava-se toda uma onda de estranhas revelações, e não foi sem timidez que me acerquei da sua personalidade, provocando a sua palavra”. Das cinco questões propostas ao grande personagem, destacamos algumas considerações: 1- Devo afirmar que não fui um herói e sim um Espírito em prova, servindo simultaneamente à causa da liberdade da minha terra. Quanto à Inconfidência de Minas, não foi propriamente um movimento nativista, apesar de ter aí ficado como roteiro luminoso para a independência da Pátria. Hoje, posso perceber que o nosso movimento era um projeto por demais elevado para as forças com que podia contar o Brasil daquela época, reconhecendo como o idealismo eliminou em nosso espírito todas as noções da realidade prática. 2- "Hoje, de modo algum desejaria avivar minhas amargas lembranças. Aliás, não foi apenas Silvério quem nos denunciou perante o Visconde de Barbacena; muitos outros fizeram o mesmo, chegando um deles a se disfarçar como um fantasma, dentro das noites de Vila Rica, avisando quanto à resolução do governo da Província, antes que ela fosse tomada publicamente, com o fim de salvaguardar as posições sociais de amigos do Visconde, que haviam simpatizado com a nossa causa. Graças a Deus, todavia, até hoje, sinto-me ditoso por ter subido sozinho os vinte degraus do patíbulo”. 3- "Não tenho coisa alguma a acrescentar às descrições históricas, senão minha profunda repugnância pela hipocrisia das convenções sociais de todos os tempos”. 4- Quanto ao Brasil atual, qual a vossa opinião a respeito? - "Que ainda não foi atingido o alvo dos nossos sonhos. A Nação ainda não foi realizada para criar-se uma linha histórica, mantenedora da sua perfeita independência. Todavia, a vitalidade de um povo reside na organização da sua economia e a economia do Brasil está muito longe de ser realizada. A ausência de um interesse comum, em "favor do País, dá causa não mais à derrama dos impostos, mas ao derrame das ambições, onde todos querem mandar, sem saberem dirigir a si próprios”.



Na questão referente à aplicação do evangelho, um ouvinte comenta:

Jesus ensinou que devemos amar até os inimigos, embora ainda não aprendemos a amar direito nem mesmo os da nossa família. Entretanto, quando surge um problema que envolva nossos familiares e amigos, o nosso primeiro impulso é ficar do lado deles, ainda que não estejam com a razão.

Como você reconhece, Jesus ensinou o amor sem condições há dois mil anos atrás e até hoje não soubemos colocar isso em prática.

É claro que, no estágio de evolução espiritual em que nos encontramos, temos a tendência de amar os mais próximos, ou seja, aqueles que nos querem bem – familiares e amigos – e não os estranhos.

Se amais somente os que vos amam – disse Jesus - que fazeis nisso de especial? Não fazem o mesmo as pessoas de má vida?”

Logo, se numa disputa qualquer, tivermos de tomar partido, geralmente ficamos do lado dos nossos irmãos de sangue e dos nossos amigos contra aqueles que não fazem parte de nosso estreito círculo de relações.

É que ainda estamos aprendendo o verdadeiro sentido do amor. Uma das mais importantes finalidades da família é justamente o de aproximar Espíritos adversários por meio da reencarnação.

Em muitos casos é o que acontece, quando não conseguimos por nós mesmos, e na mesma encarnação, compreender ou perdoar os estranhos.

Desse modo, quando eles (que eram estranhos ou inimigos) estiverem na mesma família, numa outra encarnação, teremos a grande oportunidade de amá-los, porque estarão bem mais próximos de nós.

Faz parte do instinto maternal e mesmo do pai proteger os filhos ou tomar o partido deles numa situação de conflito.

Mas, como dissemos, tudo isso é aprendizado. Ainda estamos ensaiando para amar o próximo como Jesus ensinou.

Para Jesus o verdadeiro amor – o amor dos Espíritos elevados – não conhece fronteiras.

Por isso, é importante que, antes de mais nada, aprendamos com o Espiritismo que, na própria família, podem existir Espíritos que, no passado, foram nossos inimigos, a quem desprezamos ou odiamos.

Assim, se um inimigo renascer nesta vida como filho de um pai que o prejudicou por exemplo, nesta encarnação ele passará a ser amado por ele.

Como vemos, as circunstâncias da vida, por meio da reencarnação, fazem parte da misericórdia divina e geralmente nos ajudam a transformar o ódio do passado em amor.

Com isso, não é difícil concluir que, se numa encarnação, tratamos com preconceito aquele que não pertence ao nosso círculo familiar, é sempre possível que vamos aprender a amá-los quando retornarem na condição de irmãos no seio do lar ou da família.

É que a lição do amor é a mais difícil de aprender, de modo que a vida nos dá inúmeras chances de nos aproximar uns dos outros, formando o que podemos chamar de “família espiritual”.

Se estivermos atentos e esclarecidos sobre esta questão, tomaremos mais cuidado para aprendermos a viver como Jesus recomendou.

Por último podemos dizer que aquelas pessoas, que mais amam neste mundo, são necessariamente as mais felizes, pois além de amarem o próximo, aprenderam a amar a si mesmas.