Num curioso livro intitulado DIÁLOGOS INICIÁTICOS (1922) que, reproduzindo várias conversas entre um Mestre um Discípulo, revela informações extremamente interessantes sobre as tradições esotéricas, encontram-se informações que podem complementar outras inseridas nas obras MEMÓRIAS DE UM SUICÍDA (feb,1953) de Camilo Carlos Botelho pela médium Yvonne Amaral Pereira e BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO (feb,1938) de Humberto de Campos por Chico Xavier. Trata-se de informações relacionando a raça negra e os tristes fatos da escravidão a que foram submetidos no continente americano durante vários séculos. Do primeiro trabalho, destacamos os seguintes dados: “A raça que chegou primeiro a ter uma civilização foi a negra, cujo berço é a África, uns dez mil anos antes de Cristo. Os negros constituíram poderosos reinos e até conquistaram a Arábia, a Pérsia e a Índia, subjugando seus aborígenes amarelos, instalando-se em todo sul da Europa, onde tinham vencido os colonos vermelhos, adaptando, porém, as suas artes e cultura. A Civilização negra consistia no conhecimento do Plano Astral, na prática da Magia e na força militar. Houve muitas guerras entre negros e brancos, e, depois de vários revezes, os brancos saíram vencedores expulsando os negros da Europa. Durante o período de seu domínio, os Negros tratavam os brancos e amarelos como escravos, empregando-os nos trabalhos pesados de construções muitas das quais de dimensões gigantescas. O nome geral aplicado aos brancos das épocas mais remotas era Celtas, sendo sua terra, a Céltida, que abrangia toda a Europa, Central e Ocidental. Tendo sido expulsos de quase todas as costas da Europa, os Gian-bien-Gian, isto é, os Negros, ainda continuavam senhores da Ásia e da África. A sua metrópole tinha sido a Etiópia, e, depois que esta desapareceu, os Negros transpuseram o centro do seu domínio para a Índia”. Curiosamente em 8 de maio de 2008, a Universidade de Hamburgo anunciou oficialmente que arqueólogos alemães, depois de uma pesquisa comandada pelo professor Helmut Ziegert, descobriram os restos do palácio da Rainha de Sabá, datados do século X a.C., em Axum (Aksum), uma cidade sagrada da Etiópia, sob um antigo palácio real. A rainha de Sabá foi, na Torá, no Antigo e no Novo Testamento, no Alcorão, na história da Etiópia e do Iêmen, uma célebre soberana do antigo Reino de Sabá, reino mais poderoso da Arábia Feliz.. Mas, vamos ao conteúdo do capítulo 3, segunda parte, do MEMÓRIAS DE UM SUICÍDA. Com a palavra o personagem Epaminondas de Vigo: -“Entre os escravos que, sob os céus do Cruzeiro, choraram, vergados sob o trabalho excessivo, famintos, rotos, doentes, tristes, saudosos, desesperados, frente à opressão, fadiga, maldade, nem todos traziam os característicos íntimos da inferioridade, como bastas vezes foi comprovado por testemunhas idôneas; nem todos apresentavam caracteres primitivos! Grandes falanges de romanos ilustres, do Império dos Césares; de patrícios orgulhosos, de guerreiros altivos, autoridades das hostes de Diocleciano. Como de Adriano e Maxicêncio, dolorosamente arrependidas das monstruosas séries de arbitrariedades cometidas em nome da força e do poder contra pacíficos adeptos do Cordeiro, pediram reencarnações na África infeliz e desolada, a fim de testemunharem novos propósitos ao conato de expiações decisivas, fustigando, assim, o desmedido orgulho que a raça poderosa dos romanos adquirira com as mentirosas glórias do extermínio da dignidade e dos direitos alheios! Suplicaram, ainda e sempre corajosos e fortes, novas conquistas!. Mas, agora, nas pelejas contra si próprios, no combate ao orgulho daninho que os perdera! Suplicaram disfarce carnal, qual armadura redentora, em envoltórios negros, onde peadas fossem suas possibilidades de reação, e arvorada em suas consciências a branca bandeira da paz, flâmula augusta concedida pela reparação do mal! E os escravizadores de tantos povos e tantas gerações dignas, os desumanos senhores do mundo terráqueo, que gargalhavam enquanto gemiam os oprimidos; que faziam seus regalos sobre o martírio e o sangue inocente dos cristãos, expungiram sob o cativeiro africano a mancha que lhes enodoava o Espírito! Daí, a sublime resignação dessa raça africana digna, por todos os motivos, da nossa admiração e do nosso respeito, a passividade heroica que nem sempre se estribou na ignorância e na incapacidade oriunda de um estado inferior, mas também no desejo ardente e sublime da própria reabilitação espiritual!”.
O que o Espiritismo pensa da política? Ele acredita que a política, da maneira como até hoje vem sendo conduzida, vai resolver um dia os problemas da desigualdade, da miséria e da fome?
A palavra “política” na sua acepção original quer dizer “a arte de governar”. Neste sentido, o Espiritismo não pode ser contra aqueles que se esforçam para melhorar as condições de vida da sociedade, contribuindo para a diminuição da desigualdade, que redundará na erradicação do analfabetismo, da miséria e da fome no mundo.
No entanto, passados vários séculos de civilização, a política ainda se acha muito atrelada aos interesses de pessoas ou de grupos que, na ânsia de dominar, acabam assumindo postos chaves no governo das coletividades.
E isso acontece, naturalmente, porque nós, seres humanos, na sua generalidade, ainda cultivamos muito o egoísmo e o orgulho, as duas grandes chagas da humanidade, criando um ambiente de ódio e de disputas mesquinhas, que acaba prejudicando toda a sociedade.
Os partidos políticos deveriam representar interesses legítimos da comunidade (isto é, do povo) ao invés se digladiarem pelo exercício do poder, que visa muito mais ás conveniências de uns poucos privilegiados do que às necessidades imediatas do povo em geral.
Os políticos, que não têm real interesse em decidir pelo povo, não se contentam em enaltecer seus feitos; eles estão mais interessados em mostrar os defeitos dos adversários do que cumprirem suas obrigações e as promessas que fazem ao povo, na ânsia de se elegerem.
Foi por isso que Jesus não quis se envolver com assuntos da política de sua época. Quando lhe perguntaram se era lícito pagar impostos ao imperador romano, que dominava seu povo, ele simplesmente respondeu: “Dai a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus”.
Com isso, não assumia outro compromisso a não ser o de ajudar o ser humano a encontrar o caminho da paz e do amor, entendendo que o maior problema humano está em cada homem, antes mesmo de se manifestar na coletividade.
Com certeza, queriam envolver Jesus em assuntos de política, pois muitos entendiam que ele seria um libertador a exemplo de Moisés, quando lutou contra o faraó para tirar seu povo do Egito.
No entanto, a política de Jesus era a mais difícil que pode existir: preencher o vazio da alma humana, dando-lhe um sentido elevado à vida, e não a de estimular a revolta e favorecer a violência.
O mesmo pensa o Espiritismo, na medida em que procura difundir a filosofia moral de Jesus, aplicada ao cotidiano de cada um de nós. Com isso, cria uma expectativa de que, no futuro, os homens estarão mais preparados para escolher seus políticos e estes, por sua vez, mais preparados para exercer o papel de guardiões do povo.
As desigualdades sociais, como disseram os Espíritos a Kardec, surgiram justamente dos vícios morais a que a humanidade ainda hoje está submetida.
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