Orientações espirituais de autores conhecidos revelando contradição entre o próprio pensamento antes de desencarnar e o atual. Caso típico foi abordado por Allan Kardec no número de dezembro de 1864, da REVISTA ESPÍRITA. Envolvia suposta manifestação de um entusiasmado estudioso e seguidor do Espiritismo desencarnado em fins de 1861, o senhor Jobard, na verdade Jean Baptiste Marcelin Jobard. Radicado na Belgica por nomeação do governo francês, Jobard, era engenheiro, e, patenteou ao longo de sua vida 73 inventos no campo da iluminação, aquecimento, alimentação, transporte, balística, tendo sido diretor do Museu da Industria de Bruxelas. Quando do surgimento da Doutrina Espírita, converteu-se à mesma, correspondendo-se com Kardec de quem se tornou amigo e colaborador, sendo citado nas páginas da REVISTA ESPÍRITA, em sete números e dezessete passagens. A questão envolvia uma médium que, afirmando-se assistida pelo Espírito do senhor Jobard, recebera uma comunicação dele dirigida a outro médium, aconselhando cobrar as consultas dos ricos e dar gratuitamente aos pobres e aos operários, sugerindo-lhe o emprego do dia, sem poupar elogios a suas eminentes faculdades e sua alta missão. Kardec escreve que “tendo alguém levantado dúvidas sobre a autenticidade dessa mensagem, sabendo que o Espírito do senhor Jobard se manifestava frequentemente à Sociedade Espírita de Paris, pediu uma avaliação. Para maior segurança, dirigimos imediatamente estas simples palavras a seis médiuns, sem informar-lhes a razão, de modo que cada um se julgou o único chamado a resolver a questão: -“Tende a bondade de perguntar ao Espírito do Sr Jobard se ele ditou à senhora X..., em sonambulismo magnético, uma comunicação para outro médium, que aconselha a explorar sua faculdade. Necessitava esta resposta para amanhã”. Nas respostas obtidas no dia 20 de outubro de 1864, o Espírito Jobard, de forma unanime, nega a autoria de tal sugestão. Na primeira, pelo médium Leymarie, depois de interessantes considerações, finaliza: -“Quanto à mim, caro mestre, responderei àqueles ou àquelas que querem comerciar com meu nome que, por mais paspalhão que pudesse ser, jamais o seria bastante para apor minha assinatura em títulos falsificados sacados contra vosso devotado”. No teor da segunda, pela médium Sra Costel, “em princípio reprovo a exploração da mediunidade, pela razão muito simples que o médium, não gozando de sua faculdade de maneira intermitente e incerta, jamais pode algo prejulgar ou fundar sobre ela”. Na terceira, pelo médium Sr Rul., “como poderiam crer que aquele que, em todas as suas comunicações, recomendou a caridade e o desinteresse, hoje viria contradizer-se?”. Na quarta, pelo médium Sr Vézy, “o Espiritismo não se ensina a tanto por lição. Que aquele que não pode levar nossas palavras a seus irmãos senão em detrimento de seu próprio salário, fique em casa e peça à sua ferramenta ou à sua agulha que lhe continue o pão de cada dia(...). Sempre encontramos muitos homens de boa vontade para desempenhar a tarefa que lhes pedimos”. Na quinta, pela médium Sra Delanne, “não meus amigos, o Espiritismo não deve ser explorado por Espíritos sinceros e de boa fé. Pregais contra os abusos desta natureza, que desacreditam a religião; não podeis praticar aquilo que condenais, porque afastais aqueles que o vosso desinteresse poderia trazer a vós”. Na sexta, pelo médium Sr D’Ambel, “quem sabe se, nalguns, não é uma volta ao passado, um resto dos hábitos antigos? Então, tanto pior para os que caem na mesma armadilha! Não tirarão lucro e lamentarão que um dia tenham tomado o caminho errado. Tudo o que vos posso dizer é que, não estando, absolutamente, nesse negócio, bem o sabeis, lavo as mãos e lamento a pobre Humanidade, porque ainda recorre a semelhantes expedientes”. Em comentário com que termina a matéria, Kardec observa:-“É impossível que todo espírita sincero, compreendendo a essência e os verdadeiros interesses da Doutrina, se torne defensor e suporte de um abuso que, inevitavelmente, tenderia a desacreditá-la. Nós os convidamos a desconfiar das armadilhas que os inimigos do Espiritismo lhes tentassem armar sob tal propósito. Sabe-se que em falta de boas razões para o combater, uma de suas táticas é buscar arruiná-lo por si mesmo. Assim, vê-se com que ardor espiam as ocasiões de o apanhar em falta ou contradição consigo mesmo. É por isto que os Espíritos nos dizem, sem cessar, que vigiemos e nos mantenhamos de guarda”.
Dos arquivos. “Uma pessoa que comete um crime bárbaro com requinte de crueldade, como esses que vemos em noticiários de televisão, ainda assim, merece o perdão de Deus?”
Pensem conosco. Apesar da insistência de Jesus quanto à necessidade de nos amarmos uns aos outros e até mesmo os inimigos, de uma maneira geral, ainda não conseguimos vivenciar o que é o verdadeiro amor fraterno.
Por isso, por mais queiramos compreender, ainda nos situamos um tanto distante da concepção de que todos somos verdadeiramente irmãos e ao mesmo tempo filhos amados de Deus.
Do ponto de vista lógico é fácil concluir que, sendo Deus o Pai de todos – dos bons e dos maus, dos justos e dos injustos – Ele quer que nos amemos, pois a maior alegria de um pai é saber que seus filhos se querem bem.
Não foi por outro motivo que Jesus insistiu tanto nesse ponto, recomendando que jamais demonstrássemos repulsa ou ódio contra quem quer que fosse.
Contudo, trazer essa situação para o campo dos nossos sentimentos é muito difícil e impossível numa única vida, por que ainda não aprendemos a amar de verdade e vamos deixar esta vida sem aprender.
Amamos, sim, aqueles que nos amam, aqueles que nos fazem o bem. Mesmo assim, até certo ponto. A tendência é dar o que recebemos.
Se alguém se voltar contra nós, até com o intuito de nos prejudicar, ou se desconfiarmos que essa pessoa quer nos prejudicar, então esquecemos dessa palavra “amor” e no lugar dela proclamamos ódio e violência contra o pretenso agressor.
Infelizmente, esta ainda é a realidade de nosso planeta. Mas, não foi isso que o mestre Jesus ensinou. Concorda? Ao proclamar o amor, até mesmo ao inimigo, ele não ficou apenas no discurso vazio: ele deu exemplo vivo do que é amar o inimigo, que é seu irmão.
Jesus não condenou Judas que o traiu, não condenou Pedro que o negou repetidas vezes e, ao final da vida, ele demonstrou extrema compreensão até mesmo para com aqueles que o executaram com requinte de crueldade numa cruz, pedindo a Deus que os perdoasse, porque – segundo ele - não sabiam o que estavam fazendo.
Assim, Jesus demonstrou que o perdão de Deus é sempre possível, pois Deus é nosso Pai e nos ama indistintamente. O perdão, pois, não é uma exceção, é a regra na lei divina. O Pai nos perdoa porque nos compreende. Ele sabe de nossas necessidades, sabe de nossas fraquezas.
Antes de cometermos um erro, Deus já sabe que vamos errar. Mesmo assim, não nos impede de fazê-lo. Primeiro, porque nos dá inteira liberdade de decidir; depois porque sabe que esse erro de hoje, por pior que seja, nós o corrigiremos amanhã.
Todavia, só vamos entender esse mecanismo da misericórdia divina, caro ouvinte, se levarmos em conta a lei da reencarnação.
Um assassino incorrigível também tem mãe. Com certeza, a mãe ama o filho assassino e o defende, ainda que ele tenha cometido um crime hediondo.
E as mães dos criminosos lutarão até o fim para que seus filhos não sejam condenados, porque elas os amam.
Se esse filho, ao final desta vida - como muita gente acredita - fosse para o inferno, com certeza, sua mãe preferiria estar lá com ele, no inferno, do que no céu sem ele, pois, neste caso, o céu lhe seria lugar de sofrimento.
Ora, prezado ouvinte, se o amor de mãe chega a tal condição extrema, imaginem o que não é o amor de Deus para com todos nós.
O Pai celestial, segundo a expressão de Jesus, ama mais seus filhos do que qualquer pai ou mãe humanos. O amor de Deus é perfeito e infinito.
Deus sabe que o nosso destino glorioso será junto Dele, mas sabe também que todos nós, indistintamente, respondemos pelos erros praticados, a ponto de corrigi-los um dia, para nos colocarmos quites com a Lei de Justiça e de Amor.
Por isso, sempre dizemos que, para entendermos a justiça divina, precisamos considerar a necessidade da reencarnação
Só através das muitas vidas sucessivas, das múltiplas oportunidades de nos redimir através da dor e do aprendizado, é que, aos poucos - e muitas vezes a duras penas - vamos galgando a escalada evolutiva para alcançar a nossa relativa perfeição junto a Deus.
Deus seria imperfeito se não conseguisse salvar todos os seus filhos.
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