No riquíssimo acervo construído pelo médium Chico Xavier com as cartas psicografadas de forma mais intensa ao longo de mais de duas décadas, não faltam casos de pessoas que morreram por afogamento e voltaram para confirmar aos familiares que apenas o corpo teve interrompido o fluxo da vida. Eles sobreviveram para contar o sucedido nos momentos que marcaram e se seguiram à traumatizante experiência, bem como, revelarem indicadores dos fatores causais que determinaram o inesperado retorno ao Plano Espiritual. Além de provarem através de dados pessoais desconhecidos pelo médium, deram-lhes não só a certeza de que se reencontrariam e que se mantinham emocional e mentalmente ligados ao ambiente do lar em que conviviam. Dentre os relatos preservados em livros, destacamos: 1- Cleide Aparecida Rodrigues de Almeida, 20 anos, afogada na noite de 19 de fevereiro de 1980 após o carro em que saíra a passeio com amigo ter sido arrastado para o leito do Rio Tamanduateí que transbordara em meio às torrenciais chuvas que caiam sobre a capital paulista. 2– Os irmãos Fortunato, Jair (de 13 anos), Osmar (de 15) e José (com 16), mortos em 4 de dezembro de 1961, afogados na piscina em Fazenda de amigos de seus pais, em meio a tentativas de se salvarem, após um deles ter caído acidentalmente. Em sua mensagem, Cleide revela: - “Aquela terça-feira de carnaval, para nós, foi realmente uma noite de redenção pela dor. Quando nos afastamos de casa para alguns minutos de entretenimento, ignorávamos que nos púnhamos a caminho de um ponto alto de vossa vida espiritual. A Terra física apresenta dessas surpresas. (...) Não choremos senão de reconhecimento a Deus pelo fato da vida não nos cercear a necessidade do resgate de certas contas que jazem atrasadas no livro do tempo. É verdade que o nosso veículo rodou no asfalto da rua para o curso do Tamanduateí, compelindo o nosso amigo Nelson e a mim própria à desencarnação violenta, mas é possível imaginar que os automóveis de hoje substituem as carruagens de ontem e sempre existiram perigosos cursos d´água, sobre os quais muitos delitos foram cometidos e ainda são perpetrados até hoje por espíritos que se fazem devedores perante as leis Divinas. O companheiro e eu estávamos empenhados a certa dívida do pretérito que, pela Misericórdia do Senhor, fomos chamados a ressarcir, em nosso próprio benefício”. Já José Fortunato, 21 anos após o terrível acidente em mensagem recebida em reunião publica de 19 de fevereiro de 1982 explica: -“Quando caímos nas águas da grande piscina, o Osmar, o Jair e eu estávamos sendo conduzidos pelos Desígnios do Senhor a resgatar o passado que nos incomodava. O sono compulsivo que nos empolgou foi algo inexplicável de que voltamos à forma da consciência, dias após o estranho desenlace. (...) Dois anos passados, fomos visitados por um amigo de nossa família que se deu a conhecer por Miguel Pereira Landim, respeitado e admirado por nossos familiares da Espiritualidade. Indagamos dele a causa do sucedido em nossa ida a Mogi. Ele sorriu e marcou o dia em que nos facultaria o conhecimento do acontecido em suas causas primordiais. Na ocasião prevista, conduziu-nos, os três, à Matriz do Senhor Bom Jesus, em Ibitinga. Entramos curiosos e inquietos. A igreja estava repleta de militares desencarnados. Muitos traziam as medalhas conquistadas, outros ostentavam bandeiras. Em meu coração passou a surgir a recordação que eu não estava conseguindo esconder. De repente, vi-me na farda de que não me lembrava, junto dos irmãos igualmente transformados em homens de guerra e o nosso olhar se voltou inexplicavelmente para as cenas que se nos desenrolavam diante dos olhos. Envergonho-me de confessar, mas a consciência não me permite recuos. Vi-me com os dois irmãos numa batalha naval, quando nós, na condição de brasileiros, lutávamos com os irmãos de república vizinha... Afundávamos criaturas sem nenhuma ligação com as ordens belicistas nas águas do grande rio, criaturas que, em vão, nos pediam misericórdia e vida... Replicávamos que em guerra tudo resulta em guerra”.
De tudo que aprendi na vida, depois de já ter vivido muito tempo, o que mais me chamou a atenção foi o caráter das pessoas. Já vi de tudo: desde pobre educado até rico mau caráter e sem educação. Para ser boa e honesta, a pessoa não precisa ser de uma ou de outra religião, desta ou daquela raça; não precisa pertencer a esta ou àquela classe social, a esta ou àquela família. Dá a impressão de que as pessoas já trazem o respeito e a honestidade desde o nascimento. (Orlando Ailton Simaoni)
Orlando, a sua observação só vem reforçar a ideia da reencarnação. Pois, Deus seria muito injusto, se colocasse no mundo pessoas de toda índole e de todo tipo de caráter, para viverem uma só vida de alguns anos e, em seguida, serem julgados para a eternidade. Essa gama de diversidade na educação e no caráter das pessoas, na verdade, não pode ser fruto apenas de uma existência. Nesse caso – isto é – no caso de vivermos apenas e tão somente uma vez na Terra, para que houvesse justiça, seria necessário que todos nascessem nas mesmas condições e, ao longo da vida, tivessem sempre as mesmas oportunidades.
No entanto, não é assim. Considerar que temos uma única vida é subestimar a obra de Deus, que nos dá inúmeras oportunidades de aprendizado, para caminhar sempre em busca da felicidade. Evidentemente, você vai encontrar pessoas dos mais diferentes caracteres em todos os povos, em todas as famílias, em todas as religiões. A família, a religião e a sociedade são agentes de educação, mas elas só conseguem atuar muito devagar no aperfeiçoamento dos Espíritos; é por isso que se fazem necessárias muitas encarnações. No mesmo lar, nascem Espíritos de várias índoles e mesmo que os pais se esforcem ao máximo para fazê-los todos iguais, jamais conseguirão.
Os Espíritos já trazem tendências e aptidões do passado. Quando renascem, eles voltam à condição de infância, para começar tudo de novo. É esse período – o da infância – o mais importante para a educação, pois é neles que os pais poderão atuar com mais condições para combater tendências negativas nos filhos – como o egoísmo e o orgulho – a fim de que sejam melhores quando se tornarem adultos. Contudo, cada um se encontra num grau de desenvolvimento: enquanto uns são mais receptivos à atuação da família, outros são mais resistentes: daí a diferença.
A religião, igualmente. Ela é um dos principais agentes de educação, ao lado da família e da escola. Seu papel é estimular o desenvolvimento da espiritualidade na criança, no jovem e no adulto. Mas, a ação principal deve ocorre na infância, porque, depois, ficará bem mais difícil reeducar o adulto. A religião deve empenhar-se, sobretudo, na formação moral das pessoas, estimulando as boas qualidades morais – como a humildade, a solidariedade, o respeito e o amor pela humanidade. Mesmo que os agentes religiosos procurem dar o máximo para a educação de seus seguidores, muitos não conseguem alcançar seus objetivos, porque precisam de mais outras experiências reencarnatórias.
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