O interesse pelos assuntos relacionados aos temas espiritualistas transformou o mercado do livro em algo extremamente rentável quando bem administrado. Somente na área espírita mais de seis centenas de editoras. Esbarram, porém, na questão da distribuição. Os que dominam conhecimentos mercadológicos são poucos, transformando inúmeros títulos em publicações de uma, no máximo duas edições, oferecidos geralmente a amigos e conhecidos, fadados ao esquecimento e desaparecimento. Na verdadeira avalanche de obras editadas, observa-se pouca preocupação com o aspecto qualidade doutrinária, apesar do esmero gráfico com que chegam às prateleiras de livrarias, displays de Shoppings, lojas de autosserviço, paginas de catálogos. Atraem, muitas vezes, pelas inusitadas novidades de que se fazem veículo. Deparando-se com o problema já na fase inicial do Espiritismo, Allan Kardec analisou, de forma isenta e sóbria, o assunto. Atendia nas páginas da REVISTA ESPÍRITA, de abril de 1860, a consulta a respeito de artigo apreciando opiniões de certos Espíritos através de médiuns desconhecidos uns dos outros a respeito da Formação da Terra, expressa em edição anterior. Em suas considerações, escreveu Kardec: -“Os Espíritos tem duas maneiras de instruir os homens. Podem fazê-lo tanto se comunicando diretamente, o que ocorreu em todos os tempos, como o provam todas as histórias sagradas e profanas, quanto se encarnando entre eles, para o desempenho das missões de progresso. Tais são esses homens de Bem e geniais, que aparecem de tempos em tempos, como fachos para a Humanidade, fazendo-a avançar alguns passos. Vede o que acontece, quando esses mesmos homens vem através da Era propícia para as ideias que devem espalhar: são desconhecidos em vida, mas seu ensino não se perde. Depositado nos arquivos do mundo, como precioso grão de reserva, um belo dia sai do pó, no momento em que pode frutificar. Desde então se compreende que, se não tiver chegado o tempo necessário para disseminar certas ideias, será em vão que interrogaremos os Espíritos: eles não podem dizer senão o que lhes é permitido. Há, porém, outra razão, que compreendem perfeitamente todos os que têm alguma experiência do mundo espiritual. Não basta ser Espírito para possuir a Ciência universal, pois assim a morte nos faria quase iguais a Deus. Aliás, o simples bom senso se recusa a admitir que o Espírito de um selvagem, de um ignorante ou de um malvado, desde que separado da matéria, esteja no nível do cientista ou do homem de Bem. Isso não seria racional. Há, pois, Espíritos adiantados, e outros mais ou menos atrasados, que devem superar várias etapas, passar por numerosas peneiras antes de se despojarem de todas as imperfeições. Disso resulta que, no mundo dos Espíritos, são encontradas todas as variedades morais e intelectuais existentes entre os homens e outras mais. Ora, a experiência prova que os maus se comunicam tanto quanto os bons. Os que são francamente maus, são facilmente reconhecíveis; mas há também os meio sábios, falsos sábios presunçosos, sistemáticos e até hipócritas. Estes são os mais perigosos, porque transparecem uma aparência séria, de ciência e de sabedoria, em favor da qual proclamam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as mais absurdas coisas. E para melhor enganar, não receiam enfeitar-se com os mais respeitáveis nomes. Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da ciência espírita. Para superá-la, faz-se necessária uma longa experiência, conhecer todas as sutilezas de que são capazes os Espíritos de baixa classe, ter muita prudência, ver as coisas com o mais imperturbável sangue frio, e guardar-se principalmente contra o entusiasmo que cega. Com o hábito e um pouco de tato chega se facilmente a ver a ponta da orelha, mesmo sob a ênfase da mais pretensiosa linguagem. Mas infeliz do médium que se julga infalível, que se ilude com as comunicações que recebe: o Espírito que o domina pode fasciná-lo a ponto de fazê-lo achar sublime aquilo que, por vezes, é apenas absurdo e salta aos olhos de todos, menos os seus (...). Temos muitos motivos para não aceitar levianamente todas as teorias dadas pelos Espíritos. Quando surge uma, fechamo-nos no papel de observador. Fazemos abstração de sua origem espiritual, sem nos deixar ofuscar pelo brilho de nomes pomposos. Examinamo-la como se emanasse de um simples mortal e vemos se é racional, se dá conta de tudo, se resolve todas as dificuldades. Foi assim que procedemos com a doutrina da reencarnação, que não adotamos, embora vinda dos Espíritos, senão depois de havermos reconhecido que ela só e só ela, podia resolver aquilo que nenhuma filosofia jamais havia resolvido”.
Todas as pessoas sofrem neste mundo. Sofrem tanto aquelas que oram, como as que não costumam orar. Não parece que haja diferença entre a vida de uns e de outros. Então pergunto: que importância tem a oração?
Você tem razão em afirmar que todos nós sofremos ou, por outra, que todos passamos praticamente pelas mesmas dificuldades ou por dificuldades muito semelhantes.
Isso é porque – como Espíritos - estamos neste mundo para aprender - para aprender e evoluir.
Podemos dizer, seguramente, que a vida na Terra é uma espécie de estágio de aprendizado, onde podemos pôr em prática o que vamos aprendendo.
Nesse sentido, você há de convir conosco que se a vida na Terra fosse “um mar de rosas”, tranquila e sem maiores problemas, não acrescentaríamos nada à nossa evolução espiritual.
Quando aqui estamos, encarnados – ou seja, vivendo num corpo de carne - não percebemos isso, porque a nossa capacidade de percepção fica restrita a esta vida.
Mas, quando o Espírito passa para o outro lado da vida – desencarna, na linguagem espírita – ele fica livre deste corpo limitado, e vai perceber que a vida é bem mais do que imaginava.
Contudo, Deus nos deu o livre arbítrio, ou a capacidade de escolher o próprio caminho, a partir de cada existência na Terra.
O fato de não lembrarmos de vidas anteriores nos dá toda liberdade de decidir, como se nada tivesse acontecido antes.
Todavia, nossas escolhas vão depender do caminho espiritual que fizemos no passado, do ambiente onde nascemos, da educação que recebemos.
Esquecendo o passado, somos livres para viver o presente da forma como escolhermos.
Mas a vida não é fácil para ninguém. Ela geralmente está cheia de obstáculos, que nos causam desconforto e vão exigir esforço e até sacrifícios de nossa parte.
Crer em Deus, portanto, é uma opção para cada um, que vai nos ajudar a buscar mais depressa nosso desenvolvimento espiritual, facilitando nosso caminho.
Quando a pessoa crê em Deus, ela praticamente vive em constante oração, porque sabe que esta vida é apenas uma etapa muito curta de uma longa caminhada espiritual.
Toda vez que pensamos em Deus, na verdade estamos orando.
Os que se ocupam mais com Deus recebem o conforto da oração e, por isso mesmo, atenuam suas dores e desconforto, porque aprendem a esperar pelo melhor.
Os descrentes, não vendo senão esta vida, maldizem a vida ou maldizem a própria sorte, não raro se revoltando ou se desesperando.
A prece, para quem sofre, é um alívio ou uma forma menos sofrida de encarar seus piores momentos.
Além de ser uma rogativa ou um agradecimento, a prece é uma forma de busca interior, de despertar de bons sentimentos e de encontrar paz no seu mundo íntimo.
Certa vez, Cezar Carneiro perguntou ao Chico Xavier se ele estava bem de saúde.
Chico respondeu que tinha vários problemas de saúde, mas ele mesmo se sentia muito bem e muito grato a Deus pela vida.
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