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terça-feira, 20 de junho de 2023

ALLAN KARDEC E DEUS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Publicada pela primeira vez no Brasil em fins da década de 60 do século Vinte, a coleção da REVISTA ESPÍRITA criada e publicada por Allan Kardec entre 1858 e 1869, se constitui num manancial de informações e desenvolvimentos que vão muito além do contido nas chamadas Obras Básicas. Um dos temas em que o Codificador da Doutrina Espírita oferece incríveis conteúdos é sobre o tema DEUS com que abre O LIVRO DOS ESPÍRITOS e no livro A GÊNESE. Da série AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ, mais especificamente A CONCEPÇÃO DE DEUS, destacamos três delas para maiores reflexões: 1- Como surge na criatura humana a ideia de Deus? Seria algo gravado no inconsciente pelas escolas religiosas? O Espírito no início de sua fase humana, estupido e bruto, sente a centelha divina em si, pois, adora um Deus, que materializa conforme sua materialidade. (RE, 2/1864) O sentimento intuitivo que trazemos da existência de Deus é uma consequência do princípio de que não existe efeito sem causa não sendo efeito da educação e das ideias adquiridas. (LE, 5,6) Sendo Deus o eixo de todas as crenças religiosas e o objetivo de todos os cultos, o caráter de todas as religiões é conforme a ideia que elas dão de Deus. As religiões que fazem de Deus um ser vingativo e cruel julgam honrá-lo com atos de crueldade, com fogueiras e torturas; as que têm um Deus parcial e cioso são intolerantes e mais ou menos meticulosas na forma, por crerem-no mais ou menos contaminado das fraquezas e ninharias humanas. (RE; 9/1867) 2- Por que Deus não revelou desde o princípio toda a verdade? Pela mesma razão por que se não ensina à infância o que se ensina aos de idade madura. A revelação limitada foi suficiente a certo período da Humanidade, e Deus a proporciona gradativamente ao progresso e às forças do Espírito. Os que recebem hoje uma revelação mais completa são os mesmos Espíritos que tiveram dela uma partícula em outros tempos e que de então por diante se engrandeceram em inteligência. Antes da Ciência ter revelado aos homens as forças vivas da Natureza, a constituição dos astros, o verdadeiro papel da Terra e sua formação, poderiam eles compreender a imensidade do Espaço e a pluralidade dos mundos? Teriam podido identificar-se com a vida espiritual, conceber depois da morte uma vida feliz ou infeliz senão num lugar circunscrito e sob uma forma material? Não. Compreendendo mais pelos sentidos do que pelo raciocínio, o Universo era demasiado vasto para seu cérebro; era preciso reduzi-lo a menores proporções para acomodá-lo ao seu ponto de vista, correndo o risco de ampliá-lo mais tarde. Uma revelação parcial tinha sua utilidade; então era razoável, mas hoje insuficiente. O erro é daqueles que, não levando em conta o progresso das ideias, creem poder governar homens maduros quais se fossem crianças. (RE, 3/1865) 3- Como é que Deus, visto como tão grande, poderoso, superior a tudo, pode imiscuir-se em detalhes ínfimos, preocupar- se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Em seu estado atual de inferioridade, só dificilmente os homens podem compreender Deus Infinito, porque eles próprios são finitos, limitados, razão por que o imaginam finito e limitado como eles mesmos; representando-o como um Ser circunscrito, dele fazem uma imagem à sua semelhança. Pintando-o com traços humanos, nossos quadros não contribuem pouco para alimentar este erro no espírito das massas, que nele mais adoram a forma que o pensamento. É para o maior número um soberano poderoso, sobre um trono inacessível, perdido na imensidade dos céus, e porque suas faculdades e percepções são restritas não compreendem que Deus possa ou haja por bem intervir diretamente nas menores coisas. Na incapacidade em que se acha o homem de compreender a essência mesma da Divindade, desta não pode fazer senão uma ideia aproximada, auxiliado por comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que podem, ao menos, mostrar-lhe a possibilidade do que, à primeira vista, lhe parece impossível. (RE)





Gostaria que vocês me dissessem se o Espiritismo é religião ou é apenas uma filosofia?


Sem dúvida alguma, o Espiritismo é uma filosofia, porque, como doutrina racional, ele tem uma visão própria, a própria interpretação da vida, do homem e do universo, penetrando nas questões fundamentais de toda a história humana, como a existência de Deus, a imortalidade da alma, a reencarnação, a justiça divina e a evolução espiritual. Mas é também uma ciência, pois, foi dos estudos experimentais dos fenômenos mediúnicos que ele chegou a verdades, como a imortalidade e reencarnação, surgindo assim a filosofia espírita. Além disso, tem a parte moral, como decorrência das visões científica e filosófica; a moral é o objetivo final do Espiritismo, a aplicação imediata de seus princípios em nossa vida diária.


Quanto a ser religião, depende do que você entende por religião. O Espiritismo não tem cultos ou rituais, não faz celebrações, não tem sacerdotes, nem templos. O centro espírita apenas uma casa onde as pessoas podem se reunir. Não tem hierarquia e nem está submetido a qualquer controle de algum órgão ou de alguém. Qualquer espírita é livre para criar seu próprio grupo ou centro. As diretrizes gerais do Espiritismo estão contidas nas obras de Allan Kardec. Ensina e defende a liberdade religiosa. Defende o direito de todas as religiões e não se diz salvador de ninguém. Para o Espiritismo a caridade é o caminho para Deus, não a fé. Não impõe a fé a quem quer que seja, pois quer que as pessoas que o aceitam, aceitem-no por livre e espontânea vontade, não apenas pela crença simples e pura, mas sobretudo pelo uso da razão e do bom senso.


Para a Doutrina Espírita a única e verdadeira ligação do homem com Deus se faz pela sua conduta – e não pelas suas palavras, e muito menos pela sua religião. Não basta considerar-se espírita, nem adepto de qualquer religião, para estar no caminho do bem. Um ateu de boa conduta, que sabe respeitar e amar o semelhante, está mais próximo de Deus do que um religioso que, de religião, só tem o rótulo. Adota a prece simples e pura, sem rituais ou aparatos, sobretudo a prece silenciosa, que pode ser feita em qualquer situação ou lugar, considerando tudo o que Jesus falou sobre a prece, pois a prece, na verdade, é um ato íntimo, personalíssimo, que brota da intimidade de cada um.


Diante de tudo, você pode julgar se o Espiritismo é religião. Se for, naturalmente é uma religião com características muito próprias, que só se preocupa com o sentimento e com os atos de cada um, incentivando o amor ao próximo, a prática do bem e a participação de cada pessoa, seja ela quem for, na construção de um mundo melhor e de uma humanidade mais feliz.

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