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Desde que se fez visível pela primeira vez a Chico Xavier, numa tarde de domingo, nas cercanias de Pedro Leopoldo (MG), o Espírito Emmanuel, assumiu, de forma ostensiva, a orientação das atividades mediúnicas do médium. Começava a se cumprir a tarefa assumida por ambos no Plano Espiritual de trabalharem na produção de livros objetivando a divulgação do Espiritismo. Foram décadas de convivência quase diária, exceção, segundo Chico, durante a Segunda Guerra, pouco antes da França ser invadida, quando o Benfeitor se ausentou durante dois anos, a pedido de Estevão ( do livro PAULO E ESTEVÃO), para auxiliar alguns amigos dele que viviam na Grécia, sendo substituído por uma entidade de nome Nathanael). Foi a partir de 1937 que Emmanuel começou sua produção pessoal. Primeiro, com o crítico EMMANUEL (feb), que quase não foi publicado. Na sequência, em 1938, o excelente A CAMINHO DA LUZ (feb), revelando detalhes sobre a história da Terra, seu surgimento no Sistema Solar e, parte de suas Civilizações. Em 1939, começa a escrever sobre sua fieira de encarnações com HÁ DOIS MIL ANOS, seguido, no mesmo ano, por 50 ANOS DEPOIS e, mais tarde, RENÚNCIA (1942) e AVE CRISTO (1953). Entre estes, em 1940, organiza O CONSOLADOR, compreendendo 411 perguntas e respostas formuladas a partir de sugestão de amigo do Plano Espiritual aos participantes das reuniões de estudo do Grupo Espírita Luiz Gonzaga. Em 1941, transmitiu PAULO E ESTEVÃO, narrando lances da historia do Apóstolo dos Gentios. Detalhe curioso, , seria revelado em mensagem de 16/3/1941, em que Emmanuel diz que “a biografia de Paulo trouxe muitas lembranças amáveis e preciosas de antigos companheiros de lutas”, de modo que, “se fosse registrar todos os pedidos de amigos do grande apóstolo, o livro custaria a chegar ao término”. Eram “negociantes de Colossos, proprietários de Laudiceia, antigos trabalhadores de Tessalonica, figuras de toda a Ásia, antigos filhos do cativeiro e do patriciado de Roma, trazendo subsídios para iluminar o quadro em que viveu o inesquecível Apóstolo, tornando impraticável o aproveitamento de todos”. No ano de 1952, entre os quatro trabalhos publicados naquele ano, encontrava-se ROTEIRO, em que Emmanuel discorrendo sobre a Terra, revela que “mais de 20 bilhões de almas conscientes, desencarnadas, sem nos reportarmos aos bilhões de inteligências sub-humanas que são aproveitadas nos múltiplos serviços do progresso planetário, cercam o domicílio terrestre, demorando-se noutras faixas de evolução”. Anos depois, na edição de janeiro de 1956 da revista ALIANÇA PARA O TERCEIRO MILÊNIO, o Instrutor Espiritual, entre outras informações, diz que “a Terra, em sua constituição física, propriamente considerada, possui grandes repousos e atividades, em períodos determinados. Cada período pode ser calculado em 260 mil anos. Os Grandes Instrutores da Humanidade, nos Planos Superiores, consideram que, desses 260 mil anos, 60 a 64 mil, são empregados na reorganização dos pródomos da vida organizada.Depois temos sempre grandes transformações, de 28 em 28 mil anos. De modo que, no período de atividade que estamos atravessando, tivemos duas grandes raças na Terra, cujos traços se perderam, pelo primitivismo delas mesmo. Logo em seguida, podemos considerar a grande raça Lemuriana, como portadora de uma inteligência mais avançada, como detentora de valores mais altos, nos domínios do Espírito. Em seguida, possuímos o grande período da raça Atlante, em outros 28 mil anos de grande trabalho, no qual a inteligência do mundo se elevou de modo considerável”. Confirma que “as últimas ilhas que guardavam os remanescentes da Civilização Atlante, submergiram, mais ou menos, 9 a 10 mil anos antes da Grécia de Sócrates”, acrescentando ‘acharmo-nos nos últimos períodos da grande raça Atlantica .Dentre as milhares de revelações, particulares e de interesse coletivo, feitas em décadas de trabalho com Chico Xavier, há uma, publicada no livro PLANTÃO DE RESPOSTAS (ceu), prefaciado por ele em setembro de 1994, merecedora de nossas reflexões: “A Terra será um mundo regenerado por volta de 2057. Cabe, a cada um, longa e árdua tarefa de ascensão. Trabalho e amor ao próximo com Jesus, este o caminho”.
É verdade que o Brasil é um dos paises onde existe mais preconceito religioso. Ouvi falar isso num grupo, onde uma pessoa reclamava que tinha sido discriminada por motivos religiosos. Mas, eu tenho comigo a impressão que, aí por fora, temos outros paises que tem problemas maiores do que o Brasil.
De fato, nesse aspecto o Brasil leva uma grande vantagem. Embora não sejamos ainda um povo desenvolvido, somos uma grande nação em desenvolvimento, que tem um dos povos menos preconceituosos do mundo. Haja vista que, após grandes levas de imigrantes – incluindo os negros africanos - agasalhamos todos, e promovemos o maior fenômeno de mistiçagem do mundo. Nenhum pais, com as proporções gigantescas que tem o Brasil, conheceu um fenômeno tão grande de cruzamento entre diferentes povos.
Com isso, não vamos dizer que não temos preconceito, mas o nosso preconceito não é só menor em quantidade, como é de uma outra qualidade. Hoje, temos inúmeras religiões convivendo em nosso cenário social. O brasileiro, de um modo geral, declara-se adepto de uma crença, mas frequenta mais de uma ao mesmo tempo. Ele demonstra que crê em Deus, mas não num Deus exclusivo desta ou daquela religião, pois acha que Deus é de todos e se encontra onde há sinceridade, boa vontade, amor.
Mais que uma ousadia, uma heresia. Em sua ansiosa, mas, ponderada pesquisa pela realidade do Mundo Espiritual – aquele que, seguidores da Teoria das Cordas chamam de Universo Paralelo e, reconhecem preexiste e sobrevive ao Mundo dito material -, Kardec quis ouvir a Espiritualidade a respeito da Pluralidade dos Mundos Habitados. Afinal, temos que admitir, bilhões de corpos celestes neste “bairro” chamado Via Láctea, vizinho de outras tantas Galáxias que se perdem na imensidão dos Anos-luz que nos separam na infinitude do Cosmos, não existem apenas para inspiração de poetas, filósofos, escritores, músicos. Tem outra função: servir para o processo evolutivo dos Espíritos. As “muitas moradas da Casa de Nosso Pai”, como afirmado por Jesus. E, as respostas se seguiram às perguntas 55 a 58 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Através das páginas da REVISTA ESPÍRITA, nos quase 12 anos em que publicou, inseriu inúmeras matérias interessantes e instigantes sobre o assunto. Há inclusive revelações sobre voluntários que, candidatos, entre outros, reencarnaram na Terra para auxiliar no progresso programado pelas Inteligências que conduzem a evolução Planetária como Humboldt, em 1859. Na edição de agosto de 1862, uma curiosa mensagem recebida em reunião de junho daquele ano, à que se seguiu uma abordagem de Allan Kardec com a entidade comunicante sobre detalhes do assunto central de sua comunicação: o planeta Vênus. O primeiro por nós avistado quando a noite cai e o último a desaparecer quando amanhece, daí ser sugestivamente chamado na Antiguidade de Estrela Vespertina. Vizinho da Terra tem quase as mesmas dimensões dela. Dista entre 39 e 260 milhões de quilômetros. Sondas para lá enviadas, mostraram ser desabitado. Pelo menos na Dimensão registrada pelos nossos instrumentos óticos, ajustados às limitadas percepções dos nossos olhos e o processador do nosso cérebro, como lembrou certa vez Chico Xavier. A mensagem recebida na Sociedade Espírita de Paris foi assinada por um Espírito chamado Georges, através do médium Costel. O mesmo serviu à entrevista de dez perguntas efetuada pelo Codificador. Afirmando-se um Espírito inspirado por outros, Superiores, disse ter sido mandado à Vênus em missão; que os habitantes da Terra não poderiam encarnar-se naquele Planeta imediatamente, exceção feita para os mais adiantados; que a reencarnação em Vênus é muitíssimo mais longa que a terrena, visto serem despojados das violências terrestres e humanas, impregnados da influência vivificante que a penetra – informação comentada por Kardec que diz que a duração da vida corpórea parece ser proporcional ao progresso dos mundos, abreviadas as provas nos mundos inferiores, até por que quanto mais adiantados os mundos, tanto menos são os corpos devastados pelas paixões e pelas doenças, que são a sua consequência; que as “divisões, as discórdias e as guerras são desconhecidas em Vênus, assim como desconhecem a antropofagia” – Kardec considera também que “por seus variados estágios sociais, a Terra nos apresenta uma infinidade de tipos, que nos podem dar uma ideia dos mundos nos quais cada um desses tipos é o estado normal”-; que “a mesma desigualdade proporcional existe entre os habitantes de Vênus, como entre os seres terrenos, os menos adiantados são as estrelas do mundo terrestre, isto é, vossos gênios e homens virtuosos”; que “os escravos da Antiguidade, como os da América moderna (na época deste diálogo, ainda não ocorrera a abolição da escravatura) são seres destinados a progredir num meio superior ao que habitavam na última encarnação, estando, por toda parte, os seres inferiores subordinados aos superiores, mas em Vênus tal subordinação moral não se compara à subordinação corpórea que existe na Terra, os superiores não são senhores, mas pais dos inferiores, ajudando-os a progredir, em vez de os explorar”. Na penúltima pergunta, diz que “reina uma admirável unidade no conjunto da Obra Divina. Como as criaturas, como tudo o que é criado, animais ou plantas, os Planetas progridem, inevitavelmente. Nas suas variadas expressões, a vida é uma perpétua ascensão ao Criador: numa imensa espiral ele desenvolve os graus de sua Eternidade”. Ao final, uma observação de Kardec: -“Certamente esta comunicação sobre Vênus não tem os caracteres de autenticidade absoluta (...). Contudo, o que já foi dito sobre este mundo lhe dá, ao menos, certo grau de probabilidade, e, seja como for, não deixa de ser o quadro de um mundo que necessariamente deve existir para quem quer que não tenha a orgulhosa pretensão de que seja a Terra o apogeu da perfeição humana: É um elo na escala dos mundos” (...).
Quando marido e mulher têm religiões diferentes, como eles devem fazer para a educação religiosa dos filhos? Devem escolher uma das religiões ou não devem educá-los em nenhuma religião, deixando que eles, no futuro, decidam em que religião devem ficar? ( Márcia Regina T. de Souza)
Esta questão é muito delicada, Márcia; ela exige muita habilidade por parte dos pais, pois se trata de algo que pode decidir que rumo o filho os filhos vão tomar na vida, por envolver noções de espiritualidade. O sentimento de religiosidade – aquele nos liga a Deus e, portanto, aos valores mais elevados da vida – jamais deveria faltar na educação das crianças. E isso vai depender de quanto esse pai e essa mãe estão realmente integrados em suas religiões, em que realmente acreditam. Talvez, uma boa parte dos lares atuais não dê o devido valor ao problema e o trate sem maiores cuidados ou, então, nem se preocupe com ele.
Errado. Os pais, seja qual for sua religião, como dizia o professor Herculano Pires, não têm o direito de negar aos filhos a educação religiosa. Essa educação deve estar na base da formação do caráter de qualquer pessoa. No entanto, ela precisa ser muito ponderada, jamais se descambando para o extremismo radical. Se há pais que nem se preocupam com isso, porque vivem uma vida voltada apenas para o imediatismo da vida, há outros que acabam fomentando o fanatismo e o preconceito religioso nos filhos. Esta problemática merece uma discussão à parte, da qual os líderes religiosos deveriam se preocupar mais.
Pensando num lar estruturado – pai, mãe e filhos - cujo casamento ou união pôde ser feito com certo planejamento, onde houve namoro ou noivado, esse casal, na verdade, antes da união definitiva, deveria discutir essa questão, já que professam religiões diferentes. Não só discutir, já deveriam ter decidido como fazer diante desse impasse, a fim de que, quando os aparecem os filhos, não fiquem perdidos, desarvorados, sem saber o que fazer. É claro que eles não podem deixar de dar uma educação religiosa aos filhos pelo fato de não professarem a mesma religião. Mas eles devem decidir, antecipadamente, em qual delas querem que seus filhos sejam educados.
Se, mesmo professando religiões diferentes, o casou se uniu, é porque o amor entre eles suplantou qualquer barreira religiosa, levando-os a se respeitarem mutuamente, ou seja, a superar essa questão e a considerar que a cor religiosa não deve ser fator de separação, mas antes de entendimento, de compreensão e de efetivo exercício do amor. Aliás, foi o que Jesus e os grandes mestres da humanidade ensinaram – o respeito, o amor uns aos outros, até mesmos aos inimigos ( ou seja, aos que pensam diferente). É nesse sentido que eles deverão educar seus filhos. Mais do que ninguém, os filhos de pais, que professam religiões diferentes, são aqueles que aprendem mais depressa a respeitar e a tolerar as diferenças entre as pessoas, por causa do exemplo que têm em casa.
Os pais modernos devem ter sempre em mente que não é a criança que vai decidir em qualquer religião deve ser iniciada, mesmo porque, quando pequena, ela não tem capacidade para isso. Por essa razão, a criança deve começar sua educação espiritual numa das religiões dos pais. Mas isso não significa que essa criança, quando em condições de tomar decisões, quando jovem ou adulta, prossiga sempre professando a religião na qual se iniciou. Este é outro ponto importante, pois a questão de crença, independente da educação do lar, é uma prerrogativa de cada um, um direito da pessoa escolher o seu caminho espiritual.
A religião, que costuma prevalecer na vida dos filhos, é a do pai ou da mãe que deu maior exemplo de compreensão e tolerância. No mais, podemos dizer que a questão religiosa, dentro do lar, jamais deve servir de “pomo de discórdia” entre o casal. Ao contrário: se os pais têm religiões diferentes, eles terão a oportunidade de passar para seus filhos a mais elevada lição de tolerância, fazendo com eles cresçam para a vida com uma visão aberta e altamente espiritualizada, que deve caracterizar as pessoas de respeitável conduta moral
Allan Kardec, desenvolvendo uma classificação inicial da variedade dos médiuns escreventes no excelente compêndio intitulado O LIVRO DOS MÉDIUNS, chamou de médium poliglota, “o que tem a faculdade de falar ou escrever em línguas que não conhecem”, acrescentando, contudo, serem “muito raros”. Uma dentre as hipóteses alinhadas na referida compilação é que o fenômeno só seria possível pela existência, no inconsciente da individualidade de registros arquivados em encarnações em que se serviu desse idioma para se expressar e comunicar na região, raça ou pátria em que renascera. Chico Xavier, entre as múltiplas formas em que sua mediunidade foi utilizada foi para a recepção de mensagens, está a em outros idiomas. Vários, em sua longa jornada a serviço dos Espíritos. Sabe-se que Chico não teve formação além do antigo primário, tendo repetido duas vezes a quarta série, O primeiro a fazer referências a esse tipo de mensagem foi o repórter Clementino de Alencar, enviado especial do jornal O Globo, para investigar Chico Xavier, a origem dos escritos pós-morte do escritor Humberto de Campos e dos vários poetas do PARNASO DE ALEM TÚMULO. Surpreso com o que encontrou - um jovem humilde, pobre, cultura incipiente -, permaneceu em Pedro Leopoldo, MG, por dois meses testando o objeto de sua pesquisa, obtendo da Espiritualidade inúmeras demonstrações de sua ação junto ao médium. Um dos fatos que o surpreendeu foram relatos que davam conta da recepção por ele de mensagens em inglês e italiano, cujo aprendizado, à época, somente era acessível nos grandes centros. E Chico, pelos rudes labores e carga de trabalho remunerado na venda do “seu” Zé Felizardo, não permitiam tais “luxos”. Numa de suas matérias, de doze de maio de 1935 – Chico contava 25 anos de idade -, Alencar faz referências a algumas dirigidas em inglês ao doutor Romulo Joviano. Formara-se ele em Zootecnia pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, sendo seu autor Alexander Seggie, colega de estudos e amigo íntimo durante os anos de formação, desencarnado na França, durante a Primeira Guerra Mundial. Nas referidas páginas, Alexander, cuja existência o jovem médium ignorava, referia-se ao amigo, num trocadilho, “Jove”,alusão ao sobrenome Joviano. Ainda no texto enviado ao diário carioca, o repórter reproduz mensagem recebida na reunião de 23 de novembro de 1933, assinada por Emmanuel escrita em ingles com as letras enfileiradas ao inverso. Ao reescrevê-la no sentido correto, o destinatário, profundo conhecedor do inglês, identificou um erro na colocação de um artigo e um pronome. Resolve, em inglês, interpelar Emmanuel, recebendo dele extensa resposta no mesmo idioma, entre outras coisas desculpando-se pelos erros cometidos, dizendo-se, apenas um aluno inábil e não um mestre na utilização da língua. Alencar inclui ainda uma mensagem em italiano, grafada da mesma maneira curiosa que a precedente. Objetivando testar se por trás daquele jovem ingênuo havia algo mais, quando solicitado a encerrar aqueles dois meses de experiência, formulou quatro perguntas em inglês, a última das quais mentalmente, obtendo dezoito linhas de resposta a esta, também em inglês. Mais ou menos na mesma época, o médium psicografou mensagem em inglês ao Consul da Inglaterra, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Senhor Harold Walter. Anos depois, presente à solenidade levada a efeito no Teatro Municipal de São Paulo, Chico psicografaria perante numeroso público, entre outras, uma mensagem/ saudação de Emmanuel aos presentes, em inglês, escrita de trás para frente, a chamada especular, somente possível de ser lida diante de um espelho. Testemunha de muitos desses momentos, o doutor Rômulo Joviano, contou ao amigo Clóvis Tavares que, por força do trabalho, “em visita, certa vez, a uma fazenda do Doutor Louis Ensch, engenheiro luxemburguês, fundador da Usina de Monlevade da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, em Monlevade, MG, Chico recebeu mensagem, endereçada ao mesmo, em idioma luxemburguês. Maravilhado, o destinatário declarou que as páginas foram escritas no melhor estilo da língua nacional de sua pátria, o Grão Ducado de Luxemburgo”. Noutra ocasião, em visita a uma parenta sua residente em Barbacena, MG, a escritora Maria Lacerda de Moura, assistindo uma reunião de estudos orientalistas, após esta ter escrito no quadro-negro algumas palavras em português, possivelmente um “mantra”, para meditação dos presentes, “Chico recebe, através da psicofonia sonambúlica, uma mensagem em idioma hindu, havendo a entidade comunicante, conduzido o médium até o mesmo quadro-negro, traçando diversas expressões ininteligíveis para os presentes, posteriormente reconhecidas como mantras grafados em caracteres sânscritos”. Inúmeras mensagens particulares foram recebidas ao longo dos anos, em vários idiomas, que o médium também ignorava completamente: alemão, árabe e grego. Perderam-se, no entanto, pelo seu caráter estritamente pessoal dos destinatários.
Eu acho que as muitas vidas, que um Espírito tem nas suas encarnações, são como as novelas que os atores atuam. Por exemplo, um ator vive muitos papéis diferentes em novelas diferentes, mas ele é sempre o mesmo ator. Será que posso fazer essa comparação? (Paulo Roberto)
Em certo aspecto, sim, pois, cada Espírito, através de diversas reencarnações, vive muitos papéis diferentes – e todos eles contribuem para sua evolução, assim como o desempenho do ator em diferentes novelas o ajudam a crescer artística e profissionalmente. Costumamos dizer, em Doutrina Espírita, que o Espírito, ao longo de sua jornada evolutiva, assume várias personalidades; em cada existência ele tem uma personalidade própria, mas sua individualidade é uma só. Logo, há uma só individualidade e muitas personalidades, ou seja, mudança de papéis. Personalidade é, portanto, a manifestação do Espírito em cada existência.
Todavia, há diferenças, Paulo. A principal diferença é que cada nova existência sempre está ligada às anteriores, por causa do caminho que o Espírito veio percorrendo e se aperfeiçoando. Desse modo as qualidades e os defeitos de uma vida sempre refletem na outra, o que não acontece com as novelas, pois o enredo de uma novela nada tem nada a ver com o de outra. Outra diferença é que um ator pode fazer o papel de bom caráter numa novela (demonstrando nobres qualidades morais) e de mau caráter na novela seguinte: isso significa que não há comunicação entre elas, pois um Espírito, na sua caminhada evolutiva, não pode decair moralmente, mas está sempre melhorando.
Mais uma diferença: o ator está sempre envelhecendo e, portanto, assumindo novos papeis que se coadunam com a sua idade, em cada novela. No passado, quando era jovem, fazia o papel de filho; hoje, ele é maduro, e faz o papel de pai; amanhã, de avô, naturalmente. Entretanto, o Espírito sempre volta a ser criança e passa novamente por toda experiência de crescimento e desenvolvimento físico, psíquico e social em cada nova existência. É que a reencarnação é sempre uma nova oportunidade de aprendizado e de crescimento. Como a infância é a melhor idade para aprender, é por ela que o Espírito sempre recomeça.
Grande é o número de pessoas no Mundo Ocidental que atualmente admitem a ideia da reencarnação. Mas uma dúvida que pode ocorre naturalmente naqueles que buscam meditar sobre o assunto é: como isso pode ser útil? Em extenso artigo com que abre a edição de outubro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec desenvolve alguns argumentos capazes de elucidar a questão. Diz ele:-“ Quem quer que haja meditado sobre o Espiritismo e suas consequências e não o tenha circunscrito à produção de alguns fenômenos, compreende que ele abre à Humanidade uma nova via e lhe desdobra os horizontes do infinito. Iniciando-os nos mistérios do Mundo Invisível, mostra-lhe seu verdadeiro papel na Criação, papel perpetuamente ativo, tanto no estado espiritual quanto no estado corporal. O homem não marcha mais às cegas: sabe de onde vem, para onde vai e por que está na Terra. O futuro se lhe mostra em sua realidade, isento dos preconceitos da ignorância e da superstição; já não é uma vaga esperança: é uma verdade palpável, tão certa para ele quanto a sucessão dos dias e das noites. Sabe que seu Ser não está limitado a alguns instantes de uma existência, cuja duração está submetida ao capricho do acaso; que a Vida Espiritual não é interrompida pela morte; que já viveu, que reviverá ainda e que de tudo que adquire em perfeição pelo trabalho, nada fica perdido; encontra em suas existências anteriores a razão do que é hoje, e do que hoje a si faz, pode concluir o que será um dia. Com o pensamento de que a atividade e a cooperação individuais na obra geral da Civilização são limitadas à vida presente, que nada se foi e nada se será, que interessa ao homem o progresso ulterior da Humanidade? Que lhe importa que no futuro os povos sejam mais bem governados, mais ditosos, mais esclarecidos, melhores uns para os outros? Uma vez que disso não tira nenhum proveito, para ele esse progresso não está perdido? De que lhe serve trabalhar para os que vierem depois, se jamais os deverá conhecer, se são seres novos que, eles também, pouco depois, entrarão no nada? Sob o império da negação do futuro individual, tudo se reduz, forçosamente, às mesquinhas proporções do momento e da personalidade. Mas, ao contrário, que amplitude dá ao pensamento do homem a certeza da perpetuidade de seu ser espiritual! que força, que coragem, não haure ele contra as vicissitudes da vida material! Que de mais racional, de mais grandioso, de mais digno do Criador que esta lei, segundo a qual a Vida Espiritual e a Vida Corporal não passam de dois modos de existência, que se alternam para a realização do progresso! Que de mais justo e mais consolador que a ideia dos mesmos seres progredindo sem cessar, primeiro através das gerações de um mesmo mundo e, depois, de mundo em mundo, até a perfeição, sem solução de continuidade! Assim, todas as ações têm um objetivo, porquanto, trabalhando para todos, trabalha-se para si, e reciprocamente, de tal sorte que o progresso individual e o progresso geral jamais são estéreis; aproveitam às gerações e às individualidades futuras, que outra coisa não são que as gerações e as individualidades passadas, chegadas a um mais alto grau de adiantamento. A Vida Espiritual é a vida normal e eterna do Espírito e a encarnação é apenas uma forma temporária de sua existência. (...) Os homens só viverão felizes na Terra quando esses dois sentimentos tiverem entrado em seus corações e em seus costumes, porque, então, a eles sujeitarão suas leis e suas instituições. Será este um dos principais resultados da transformação que se opera.
Se estou fazendo uma prova de concurso para conseguir um emprego, eu posso contar com a ajuda de meu guia espiritual? Será que, se eu rezar muito, ele pode me assoprar as respostas que devo marcar na prova? ( P.C.F.)
Acreditamos, que você já sabe o que vamos responder. É claro que não existe nenhuma possibilidade nesse sentido. Vamos dizer por quê. Primeiro, porque, ainda que o seu guia espiritual tivesse essa facilidade de se comunicar com você, indicando resposta por resposta, ele só poderia fazer isso, se soubesse, de fato, as respostas. Nesse caso, ele deveria ter estudado a matéria da prova, em seu lugar, para saber essas respostas. Do contrário, como iria saber?!...
Você poderia objetar, dizendo: mas ele pode ter acesso a essas respostas de outro modo. Como? – perguntamos. Negativo: os Espíritos não podem tudo. No plano espiritual também há ordem, organização e limites. Os Espíritos não podem ter acesso a tudo quanto queiram, assim como, entre nós, as pessoas que preparam as questões do concurso ficam impedidos de divulgá-las, se não quiserem que o concurso seja anulado. Portanto, essa possibilidade,que você levanta, está descartada. Nesse caso, nem um Espírito mal intencionado poderia lhe prejudicar, porque ele também não saberia as respostas erradas.
Além do mais, um Espírito protetor jamais a ajudaria a fazer o que não deve. Pelo contrário, ele a aconselharia a evitar qualquer tipo de fraude – uma cola, por exemplo, mesmo que isso lhe custasse a reprovação. Pois, o nosso protetor espiritual – que você chama de guia – é sempre um Espírito mais elevado do que nós, interessado unicamente em nos ajudar a aprender para crescer espiritualmente. Nesse sentido, é mais fácil um protetor tentar colocar um obstáculo à nossa frente – para aprendermos a superá-lo e podermos evoluir – do que tirar uma dificuldade de nosso caminho.
Como dissemos, o protetor sempre procura nos ajudar a crescer espiritualmente. O que ele pode fazer por você, no caso de uma prova de concurso, é estimulá-la a estudar o máximo que você possa, e, no dia do exame, ajudá-la a manter a calma, a serenidade, para se lembrar da matéria e poder, assim, optar pelas respostas corretas. Mas ele não pode fazer isso no seu lugar, pois, na maioria das vezes, nem ele sabe o que você estudou: quem deve saber é você.
Shabi, na verdade José Roberto Pereira Cassiano, retornava de Santos onde deixara a namorada Beth, quando um acidente de trânsito mudaria a direção de seu destino, ou seja, o apartamento em que vivia com os pais na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Não tendo carro, fazia uso do serviço de transporte através de automóveis oferecido pelo Expresso Luxo, bastante conhecido nos anos 70, quando as linhas de ônibus e seus horários não eram tão disponíveis quanto hoje. Filho único, 23 anos, profissional autônomo, não percebeu que saíra de casa sem pegar seus documentos pessoais. Era o dia 9 de março de 1974, um sábado à noite, o trânsito na Via Anchieta intenso e, na altura de São Bernardo do Campo, deu-se o acidente que projetou Beto fora do veículo em que se encontrava, causando-lhe várias lesões, mas principalmente, um traumatismo craniano apontado pelos legistas como a causa de sua morte física, ainda no local do sinistro. Um ano e nove meses depois, uma carta pôs fim ao calvário dos seus pais, iniciado pelos dias de demora do filho em retornar à sua casa, já que quando dela saiu para levar a namorada Elizabeth para Santos, onde ela residia, eles se encontravam ausentes, não tendo, portanto, sido informados do seu paradeiro. O tempo passando, contudo, só fez aumentar a ansiedade e preocupação, especialmente porque, contatada, Beth, informou-lhes sobre o momento em que se despediram para seu retorno à Capital. As horas se transformaram em seis dias, quando finalmente, uma exumação feita no corpo de um indigente sem documentos de identidade, sepultado em São Bernardo, pôs fim à traumatizante busca. Para desespero dos pais, era o corpo do adorado filho. Lágrimas misturadas à profunda revolta, transtornaram suas vidas nos intermináveis dias que se seguiram, até que, várias circunstâncias, fizeram com que no dia 20 de setembro de 1975, em reunião pública no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, MG, finalmente os três corações se reencontrassem. Chico Xavier, mais uma vez se fez instrumento para que a continuidade da vida se confirmasse. Entre outras cartas recebidas naquela noite/madrugada, encontrava-se a de Shabi, impregnada de fortes emoções, confortando os sofridos pais, aos quais era muito ligado afetivamente. Em certo trecho, diz ele: “-Estou bem. Isso, queridos pais, é tão pouco e, no entanto, diz tudo, porque na essência, quero explicar que todas as aflições passaram”. Lembrando o acidente conta: “- A viagem seguia o compasso da Anchieta entre paradas de trânsito, marchas rápidas para ganho de tempo, quando ao movimentar-me cai num impacto de forças, mas tive a impressão que um suave anestésico me entorpecia as forças mentais. O pensamento escorria do cérebro como se fosse sangue a derramar-se de outros campos do corpo... Sensação estranha de esvaziamento, compelindo-me a desfalecer, sem recursos de resistência. E dormi. Pelo menos foi esta a convicção que me ficou na memória ao despertar... Conflitos e providência, toques e chamamentos, em torno de mim, pareciam pesadelo no qual mergulhava cada vez mais até que entrei num nível de inconsciência profunda. Acordei, queridos pais, numa sala de apresentação muito difícil com as palavras das quais consigo dispor”. A sala a que se refere era do Necrotério Municipal de São Bernardo do Campo. A pesquisa que fizemos nas mais de seiscentas cartas psicografadas por Chico Xavier, demonstra que esse despertar não segue padrão estabelecível, visto que, apesar do desligamento do corpo espiritual do corpo físico, consumir em média 50 horas, as percepções são diferentes em cada pessoa, estando vinculadas a méritos, débitos e carmas de cada um. Seguindo, Shabi acrescenta: “- Era eu e não era eu quem se achava ali numa dualidade que não podia reconhecer. Ouvi conversações e apontamentos que me espantavam. No entanto, médicos e enfermeiros me administram agentes sedativos que me impuseram mais descanso”. Como o corpo físico de Shabi já não tinha vida, conclui-se que tais sedativos e o acompanhamento pelos especialistas citados, já faziam parte da realidade do Plano Espiritual. Continuando, “em meio daquela penumbra da mente, em que todas as formas se expressavam desfiguradas ao meu olhar, acreditei-me acidentado e, por isso mesmo, doente... Com muito esforço pronunciava os nomes de vocês dois, rogando para que me buscassem, até que um amigo, o Irmão Cassiano, amorável Benfeitor, à feição de um pai a tutelar-me, explicou que representava a nossa família, a recomendar-me tranquilidade e confiança. A presença de semelhante protetor me acalmava... A situação prosseguia, quando o Irmão Cassiano me avisou que traria meus pais para um reencontro. Daí a instantes, notei-lhes a presença quase rente a mim. Mãezinha e você, papai, pediam notícias minhas”. Lembrando a desesperada busca por informações do filho desaparecido, sua mãe conta que, “na quarta-feira, 13 de março, com o marido, retornavam de Santos, já tarde da noite, debaixo de chuva torrencial. Na altura de São Bernardo, não sei por que, quis entrar na cidade e fomos até o necrotério, mas, como em todos os lugares, recebemos informações erradas, e voltamos para casa sem saber que, naquele dia, nosso filho havia sido sepultado”. Esse “não sei por que”, certamente corresponde à ação do amigo espiritual que, pelo sem fio do pensamento, intuiu a mãe da Shabi, já que, como revelado por Allan Kardec na questão 459 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, ‘os Espíritos influenciam em nossos pensamentos e atos muito mais que imaginamos e, invariavelmente, eles nos conduzem’. Prossegue Shabi: “-Só então entendi que me achava em São Bernardo, não longe do quilometro em que havia sofrido a queda. Compreendi mais: aquele não era um recinto de hospital, mas um refúgio de paz e silêncio, reservado aos que já haviam atravessado as fronteiras, das quais me vejo agora muito aquém... Fiz tudo para fazer-me sentir, a fim de tranquiliza-los. Mas, o amigo fiel que me assistia e ainda me protege, (...) me sossegou o espírito atribulado, afirmando que estavam dados os primeiros passos para que recebessem minhas notícias. A ideia da despedida então tomou corpo em mim e só aí, querida mamãe, compreendi que seu filho havia deixado a veste física, à feição de alguém que se transfere de estrada ou de carro a fim de tomar caminhos diferentes. Confesso, meu pai, que as lágrimas me subiram do coração para os olhos, porque não me sentia preparado quanto agora para o exame do assunto”. A longa carta de Shabi, revela ainda que, levado pelo Benfeitor que o assistia, acompanhou todas as providências que culminaram na localização de seu corpo, e, na continuidade do tempo, testemunhou dos bastidores da invisibilidade o enredo da história da vida dos seus queridos pais, descrevendo pormenorizadamente tais acontecimentos, conforme publicado no livro FILHOS VOLTANDO (geem), atestando que a vida continua além da morte.
Eu penso assim: se Deus quer o bem-estar do homem, ele deu ao homem inteligência para o homem procurar seu bem-estar. Se Deus quisesse que o homem fosse feliz, vivendo como selvagem, ele não lhe teria dado inteligência. Adão e Eva deviam ser habitantes da selva. Não sei o que vocês acham.
Você está certa. Deus deu ao homem o potencial necessário para que ele se desenvolvesse em busca da sua felicidade. Por isso, temos inteligência e sentimentos. É por isso que vimos desenvolvendo a nossa capacidade ao longo dos milênios. Só a reencarnação pode explicar porque já vivemos na selva, quando estávamos ainda na infância da humanidade e, hoje, vivemos na cidade, alcançando uma condição de maior conforto.
Sem a lei da evolução, não podemos entender o caminho que a humanidade veio fazendo e tampouco para onde ela se dirige.
Poeta épico grego, ao qual se atribui a autoria de ODISSÉIA e ILÍADA, Homero, ainda na atualidade é tema de polêmicas acaloradas por parte dos estudiosos de sua vida e obra. Pois, na REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1860, encontramos interessante matéria onde Allan Kardec apresenta o resultado de interessante comunicação em forma de diálogo estabelecido através de dois médiuns avaliados por ele como confiáveis - até pelo seu nível cultural. Comunicação obtida espontaneamente e sem que o médium de forma alguma pensasse no poeta grego, provocou diversas perguntas. Vejamos alguns trechos da interessante conversa: -“ Passei a juventude nos alagados de Mélès; banhei-me e embalei-me muitas vezes em suas ondas. Daí por que, na minha juventude, eu era chamado de Melesigênio.” 1. Sendo este nome desconhecido, rogamos ao Espírito que se dignasse explicá-lo de maneira precisa. Resp. – Minha mocidade foi embalada nas ondas; a poesia me deu cabelos brancos. Sou eu a quem chamais Homero. Observação – Grande foi a nossa surpresa, pois não fazíamos nenhuma ideia do sobrenome de Homero; depois o encontramos no dicionário mitológico. Continuamos as perguntas. 2. Poderíeis dizer a que devemos a felicidade de vossa visita espontânea? Não pensávamos absolutamente em vós neste momento, pelo que vos pedimos perdão. Resp. – É porque venho às vossas reuniões, como se vai sempre aos irmãos que têm em vista fazer o bem. 4. Os poemas da ILÍADA e da ODISSÉIA, que temos, são exatamente os que compusestes? Resp. – Não; foram modificados. 5. Várias cidades disputaram a honra de vos ter sido o berço. Poderíeis esclarecer-nos a respeito? Resp. – Procurai a cidade da Grécia que possui a casa do cortesão Clénax. Foi ele quem expulsou minha mãe do lugar de meu nascimento, porque ela não queria ser sua amante; assim, sabereis em que cidade eu nasci. Sim, elas disputaram essa suposta honra, mas não disputavam por me haverem dado hospitalidade. Oh! eis os pobres humanos; sempre futilidades; bons pensamentos, jamais!”. Analisando o depoimento, Allan Kardec observa: - “O fato mais importante desta comunicação é a revelação do sobrenome de Homero; e é tanto mais notável quanto os dois médiuns, que deploram a insuficiência de sua instrução – o que os obriga a viver do trabalho manual – não podiam ter a menor ideia a respeito. E tanto menos se pode atribui-lo a um reflexo qualquer do pensamento, considerando-se que no momento estavam sós. A respeito, faremos outra observação: Está provado, para todo espírita, mesmo para os menos experientes, que se alguém soubesse o sobrenome de Homero e, numa evocação, como prova de identidade, lhe pedisse para o revelar, nada obteria. Se as comunicações não passassem de um reflexo do pensamento, como não diria o Espírito aquilo que sabemos, enquanto ele próprio diz aquilo que ignoramos? É que ele também tem a sua dignidade e a sua susceptibilidade e quer provar que não está às ordens do primeiro curioso que apareça. Suponhamos que aquele que mais protesta contra o que chama capricho ou má vontade do Espírito, se apresente numa casa declinando o nome. Que faria, se o acolhessem e lhe pedissem à queima-roupa que provasse ser ele mesmo? Voltaria as costas. É o que fazem os Espíritos. Isto não quer dizer que se deva crer sob palavra; mas quando se querem provas de identidade, é necessário que os tratemos com a mesma consideração que dispensamos aos homens. As provas de identidade fornecidas espontaneamente pelos Espíritos são sempre as melhores. Se nos estendemos tanto a propósito de um assunto que não parecia comportar tantas considerações, é que se me afigura útil não negligenciar nenhuma ocasião de chamar a atenção sobre a parte prática de uma ciência cercada de mais dificuldades do que geralmente se pensa, e que muitas pessoas julgam possuir porque sabem fazer bater uma mesa ou mover-se um lápis”.
– Por que há certas pessoas que não conseguem viver bem com ninguém. Estão sempre azedas, carrancudas e se indispõem com todo mundo, complicando tudo. Eu convivo com uma pessoa desse tipo e não sei mais o que fazer... (Anônima)
Conta uma fábula chinesa que, certo dia, a coruja se preparava para sair do vasto campo onde morava, quando a codorna lhe perguntou por que estava se mudando. Ela respondeu que estava saindo dali, porque todo mundo implicava com o seu piado, que todos os animais dali eram intolerantes e que, portanto, não lhe restava alternativa. A codorna pensou um pouco e respondeu pra coruja: “Eu acho que a melhor coisa que a senhora faz, Dona Coruja, não é mudar daqui, mas, sim, mudar o seu piado”.
Essa antiga fábula veio a propósito do comportamento que não agrada ninguém. É natural, na vida, que o individuo possa ter algum problema com uma ou outra pessoa, mas se ele começar a ter problemas com muita gente, alguma coisa está errada nele. A convivência mais difícil não é com os outros; é conosco mesmo. Se estamos frequentemente inconformados e amargos é porque o problema não são os outros: somos nós próprios. O problema é que, quando a pessoa se encontra nessa situação, dificilmente ela reconhece o próprio problema, pois, sua tendência é atribuir os problemas aos outros, esquivando-se de qualquer responsabilidade.
Muito se cita o Carma para justificar ocorrências que fazem no mundo de hoje, questionar-se a existência de Deus. Sua concepção, ao que tudo indica, irradiou-se pelo mundo, a partir dos princípios religiosos da Índia. A ideia sofreu ao longo das civilizações deformações, deturpações, até que no lado Ocidental da Terra, foi sendo progressivamente esquecida com o apagar doutro princípio, o da reencarnação, a partir das lamentáveis decisões do Segundo Concílio de Constantinopla, promovido pelo Imperador Justiniano, em 553 DC. Praticamente treze séculos e inúmeras gerações, distanciaram as criaturas humanas da responsabilidade de viver infundida com as perspectivas do inevitável encontro consigo mesmas e da reparação dos estragos cometidos nos diferentes caminhos da evolução. Coube ao Espiritismo ressuscitar ambas, dentro das exigências de uma Humanidade ávida por respostas sobre porque existimos e sofremos. As pesquisas conduzidas por Allan Kardec nas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, desde abril de 1858, resultaram em expressiva coleta de dados, obtidos através de inúmeros entrevistados que se manifestaram por diversos médiuns. Analisando-os, o Codificador enumerou 32 artigos do que ele chama de Código Penal da Vida Futura, reproduzido no livro O CÉU E O INFERNO. Mostram por variados ângulos a Lei implícita na afirmação “a cada um segundo as suas obras”. Kardec explica que “a criatura renasce no mesmo meio, nação, raça, quer por simpatia, quer para continuar, com os elementos já elaborados, estudos começados, para se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos encetados e que a brevidade da vida não lhe permitiu acabar”. Acrescenta que “não se pode duvidar haver famílias, cidades, nações, raças culpadas, porque, dominadas por instintos de orgulho, egoísmo, ambição, enveredam pelo caminho errado, fazendo coletivamente o que um indivíduo faz isoladamente. Uma família se enriquece a custa de outra; um povo subjuga outro povo, levando-lhe a desolação e a ruína; uma raça se esforça por aniquilar outra raça. Essa a razão por que há famílias, povos e raças sobre os quais desce a pena de Talião”. Destacamos três exemplos de provas e expiações, no acervo construído por Kardec e Chico Xavier, didaticamente alinhados mostrando o efeito e a causa determinante. CASO 1 – Efeito - Industrial, morto doze horas após explosão de caldeira em sua empresa, envolvendo seu corpo em verniz fervente nela contida. Socialmente queridíssimo pela postura pessoal, em toda sua cruel agonia, não se lhe ouviu um só gemido, uma só queixa, apesar das dores lancinantes resultantes das profundas queimaduras sofridas. Causa – Ação assumida 200 anos antes, quando, na condição de juiz e inquisidor italiano condenou a morrer queimados os envolvidos numa conspiração contra politica clerical, entre os quais uma jovem entre 12 e 14 anos, contra a qual os executores se recusavam cumprir a sentença, tornando-se ele, além de juiz, o carrasco que ateou fogo na quase menina. CASO 2 – Efeito – Antonio B., escritor, morto repentinamente( provavelmente um ataque cataléptico), teve seu corpo encontrado virado de bruços durante exumação feita 15 dias após o sepultamento, procedimento efetuado para que familiares recuperassem medalhão por acaso esquecido no caixão. Causa – Ação em vida anterior em que descoberta infidelidade da esposa, a enterrou viva num fosso. CASO 3– Efeito – Valéria, morta em consequência de queimaduras sofridas após a palhoça em que vivera por dez anos, em recanto de grande fazenda no interior de Minas Gerais, ter sido incendiada por transeuntes que a julgavam morta por não ter sido vista há vários dias. Lá se instalou depois de comunicar ao marido e dois filhos o diagnóstico médico que a identificara como portadora de lepra, o que fez com que os mesmos a abandonassem naquele setor da propriedade rural, que venderam, mudando-se para local ignorado. Causa – Ações praticadas em existência passada na Idade Média, em cidade da Espanha, na qual ela, denunciou com falsos testemunhos ao Santo Ofício, um irmão consanguíneo, rogando a pena de prisão incomunicável, arrancando-o à esposa e aos filhos e, apesar de impor-lhe solidão e desespero no calabouço por dez anos, requisitou para ele o suplício do fogo, que aplicado em praça pública, foi testemunhado por ela que gravou em seu inconsciente as imagens da agonia, os gritos aterradores e das vísceras fumegantes..
Gostaria de saber por que ainda existe tanto preconceito contra o Espiritismo. (João)
Com certeza, porque o preconceito ainda é uma marca muito forte em nossa realidade social. E isso deve, naturalmente, à ignorância e à forma como as novas gerações foram ou estão sendo educadas. É claro que não existe preconceito apenas contra o Espiritismo, mas contra as minorias em geral. O preconceito é como uma doença insidiosa que se instala no corpo. Depois que ela se instalou, é muito difícil removê-la.
Veja o que acontecia no tempo de Jesus. Embora fosse judeu e pertencesse, portanto, a uma maioria religiosa, ele percebeu que a sociedade de sua época era marcada pelo preconceito e pela hipocrisia, e o que maior preconceito vinha dos meios religiosos. E, como sua ação era moralizadora – isto é, o que ele pretendia era tornar o homem melhor - sua postura foi de combate a todos os preconceitos existentes. Foi assim que ele se aproximou das chamadas “pessoas de má vida” – os excluídos da época, e se colocou ao seu lado.
Não podia haver um preceito maior do que o sentimento de rejeição contra as prostitutas. Jesus pegou forte nisso. É claro que ele não concordava com a prostituição; no entanto, não condenava as prostitutas, pois sabia que, quase sempre, a mulher não era prostituta porque queria, mas porque era forçada a isso. Jesus sabia separar muito bem a pessoa dos atos que ela comete. Ele podia condenar o ato, mas não a pessoa, a quem achava que sempre devemos dar uma oportunidade. Então, ficou célebre aquele episódio em que, na casa de um fariseu, ele foi recebido por uma prostituta que lavou seus pés com perfume. Foi um escândalo!... Os fariseus quiseram reprová-lo ali mesmo, diante das pessoas. Mas ele disse que ela, a prostituta, ganharia o reino dos céus antes deles.
O maior preconceito está no seio das religiões, porque a religião – ao mesmo tempo em que tem a virtude de melhorar o homem, ela tem um defeito – quando mal conduzida, pode acarretar o mais odioso dos preconceitos, o ódio religioso. Isso porque ela trabalha com emoções – pouco ou quase nada com a razão. A religião, que cultiva a fé cega, é capaz de criar no espírito humano uma idéia completamente falsa de Deus, levando seus adeptos a odiar ou até a ter medo de outras pessoas que pertencem ao outros credos. Jesus combateu esse mal, quando fez questão de exaltar a figura tão criticada e tão condenada do samaritano, considerado herege pelos judeus.
Por outro lado, o Espiritismo jamais teve a pretensão de ser aceito por todos, mas apenas e tão somente pelas pessoas que, de livre e espontânea vontade, concordem com seus princípios e resolvam se conduzir por eles. Buscando em Jesus sua maior fonte de inspiração, ele nos traz um evangelho puro, simples e fácil de compreender, demonstrando que o mais importante no homem não é a religião que professa, mas o bem que ele faz nas relações com os semelhantes. Logo, proclamando a caridade, como a mais alta expressão do amor, a Doutrina Espírita só pode ser odiada por aqueles que não a conhecem.
Ao mesmo tempo, o que o Espiritismo não pode aceitar é qualquer tipo de preconceito – nem contra si mesmo, nem contra qualquer outra doutrina. Ele defende o direito da pessoa escolher e seguir seu próprio caminho religioso e afirma que religião boa não é esta ou aquela, mas a que consegue melhorar o homem, pois esse é o seu mais importante papel. Melhorar no sentido de conduzi-lo pelo caminho da dignidade, do amor, da fraternidade, da solidariedade. Fora disso, entende a doutrina, não há salvação para a humanidade, pois o que mais precisamos na vida é o entendimento e a paz entre as pessoas e os povos, independente de suas crenças ou cultos.
Mais de 20 bilhões de Espíritos conscientes, desencarnados, compõem parte dos alunos matriculados no grande Educandário chamado Terra, dentre “as muitas moradas da Casa do Pai”, revelou o Orientador Espiritual Emmanuel, no livro ROTEIRO (feb, 1952). Dois terços “ligados aos núcleos terrenos e um terço de Espíritos relativamente enobrecidos transformados em condutores da marcha ascensional dos companheiros”, escreveu André Luiz no EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (feb,1958). Como se percebe um trabalho imenso para conduzir o Planeta à condição de Regeneração. Em observação preservada na edição de outubro de 1866, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec oferece algumas ideias de como se processa esse gigantesco trabalho: -“ Uma comparação vulgar fará se compreenda melhor ainda o que se passa nessa circunstância. Suponhamos um regimento, em sua grande maioria composto de homens turbulentos e indisciplinados: estes provocarão incessantes desordens, que a severidade da lei penal muitas vezes terá dificuldade em reprimir. Esses homens são os mais fortes, porque mais numerosos; sustentam-se, encorajam-se e se estimulam pelo exemplo. Os poucos bons não têm influência; seus conselhos são desprezados; são ultrajados, maltratados pelos outros e sofrem este contato. Não é a imagem da sociedade atual? Imaginemos que tais homens sejam retirados do regimento, um a um, cem a cem, e substituídos por igual número de bons soldados, mesmo pelos que tiverem sido expulsos, mas que se tenham emendado seriamente: ao cabo de algum tempo ter-se-á sempre o mesmo regimento, mas transformado; a boa ordem nele terá sucedido a desordem. Dar-se-á o mesmo com a Humanidade regenerada. As grandes partidas coletivas não apenas terão como objetivo ativar as saídas, mas transformar mais rapidamente o espírito da massa, desembaraçando-a das más influências, e dar maior ascendente às ideias novas. Eis por que muitos partem, a despeito de suas imperfeições, a fim de se retemperarem numa fonte mais pura, porque estão maduros para esta transformação. Se tivessem ficado no mesmo meio e sob as mesmas influências, teriam persistido em suas opiniões e em sua maneira de ver as coisas. Basta uma estada no mundo dos Espíritos para lhes abrir os olhos, porque aí vêem o que não podiam ver na Terra. O incrédulo, o fanático, o absolutista poderão, assim, voltar com ideias inatas de fé, de tolerância e de liberdade. Em seu regresso, encontrarão as coisas mudadas e sofrerão o ascendente do novo meio onde nascerem. Em vez de fazer oposição às ideias novas, serão seus auxiliares. Assim, a regeneração da Humanidade não necessita absolutamente da renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais. Esta modificação se opera em todos os que a isto forem predispostos, quando subtraídos à influência perniciosa do mundo. Nem sempre os que voltarem serão outros Espíritos, mas, muitas vezes, os mesmos Espíritos, pensando e sentindo diversamente. Quando essa melhora é isolada e individual, passa desapercebida e não tem influência ostensiva no mundo. Outro será o efeito, quando operada simultaneamente em grandes massas, porque, então, conforme as proporções, em uma geração as ideias de um povo ou de uma raça poderão ser modificadas profundamente. É o que se nota quase sempre depois dos grandes abalos que dizimam as populações. Os flagelos destruidores só destroem o corpo, mas não atingem o Espírito; ativam o movimento de vaivém entre o mundo corporal e o mundo espiritual e, em consequência, o movimento progressivo dos Espíritos encarnados e desencarnados. É um desses movimentos gerais que se opera neste momento, e que deve desencadear o remanejamento da Humanidade. A multiplicidade das causas de destruição é um sinal característico dos tempos, porque deve apressar a eclosão dos novos germes. São as folhas de outono que caem, e às quais sucederão novas folhas, cheias de vida, pois a Humanidade tem as suas estações, como os indivíduos as suas idades. As folhas mortas da Humanidade caem, levadas pela ventania, para renascer mais vivazes, sob o mesmo sopro de vida, que não se extingue, mas se purifica”.
Gostaria de saber se, quando uma pessoa joga praga na outra, se isso realmente pega ou é só lenda? (Ivone)
Como afirma André Luiz, vivemos mergulhados num mundo de energia mental. Cada um de nós cria suas próprias energias, através de seu pensamento, influenciando nos outros, mas também recebendo as influências dos outros. Por isso é que a prece tem um efeito em nossa vida. Quando oramos com sinceridade e pureza de coração, confiando em Deus, além de nos ajudar a nós mesmos, podemos ajudar as pessoas a quem queremos bem e que estão aptas a receber a nossa mensagem mental.
O pensamento é força, embora ainda desconhecida da ciência. Cada um de nós é uma fonte geradora de pensamentos, bons ou maus, convenientes ou inconvenientes, agradáveis ou desagradáveis, de conformidade com as nossas tendências, intenções ou sentimentos. André Luiz afirma que, pelo fato de estarmos pensando ininterruptamente, geramos um campo mental em torno de nós – a psicosfera - um campo energético onde vibram formas-pensamento, carregadas dos sentimentos que nutrimos por nós mesmos, pelos outros e pela vida.
Esse campo mental, essa psicosfera individual, portanto, tem um padrão vibratório favorável ou desfavorável a diversas influencias exteriores, inclusive ao pensamento de encarnados e desencarnados. Uma maldição é o contrário de uma prece. Se alguém nos deseja o mal, ainda que não fale – ainda que não fiquemos sabendo – seremos suscetíveis de receber ou não o seu pensamento, dependendo do campo vibratório de nossa psicosfera. Se ela estiver convenientemente protegida, não a receberemos, e ela poderá voltar para o nosso agressor. Mas, se estivermos abertos à influência negativas, devido ao nosso pensamento ou procedimento negativo, poderemos absorvê-la e sofrer com isso.
Portanto, nem toda perturbação espiritual advém de desencarnados. Ela pode também provir de pessoas que nos desejam o mal. Para nos defender, precisamos nos prevenir, da mesma forma que nos prevenimos contra as doenças infecciosas. E a melhor prevenção são os bons pensamentos e as boas ações que podemos praticar no dia-a-dia. Quanto mais elevada nossa conduta, mais protegidos estaremos, com certeza. Entretanto, se você ficar impressionado com a maldição de alguém, se acreditar no poder dessa maldição, é possível que crie dentro de você mesmo um mecanismo de indução, capaz de prejudicá-lo.
Logo, devemos confiar em Deus e em nós mesmos, não aceitando sugestões negativas, venham de onde vierem, nem nos deixando impressionar com palavras maldosas. Precisamos nos fortalecer através da prece de, principalmente, de uma reta conduta na vida diante do próximo, segundo a mensagem de Jesus.
Guerras, atentados deflagrados por fanáticos suicidas, revoluções... Quais as consequências para os responsáveis diretos ou indiretos? Allan Kardec comentando a questão das responsabilidades coletivas perante a Lei de Causa e Efeito escreveu: - “Não se pode duvidar de que haja famílias, cidades, nações, raças culpadas, porque, dominadas pelos instintos do orgulho, do egoísmo, da ambição, da cupidez, caminham em má senda e fazem coletivamente o que um indivíduo faz isoladamente; uma família se enriquece às expensas de outra família; um povo subjuga outro povo, e leva-lhe a desolação e a ruína; uma raça que aniquilar outra raça. Eis porque há famílias, povos e raças sobre os quais cai a pena de talião”. Acrescenta ainda que “quem matou pela espada perecerá pela espada”, disse o Cristo. Estas palavras podem ser traduzidas assim: Aquele que derramou sangue verá seu sangue derramado; aquele que passeou a tocha do incêndio em casa de outrem, verá a tocha do incêndio passear em sua casa; aquele que despojou, seja despojado; aquele que subjugou e maltratou o fraco, será fraco, subjugado e maltratado, por sua vez, quer seja um indivíduo, um nação ou uma raça, porque os membros de uma individualidade coletiva são associados tanto do Bem como do mal que se faz em comum”. Embora poucos tenham se atido à associações, os primeiros livros da série conhecida como NOSSO LAR, foram psicografados por Chico Xavier enquanto a chamada Segunda Guerra Mundial se desenvolvia no solo europeu, tendo o autor dos livros podido acompanhar as repercussões dos acontecimentos da nossa Dimensão no Plano Espiritual. Considerando que a intensificação dos efeitos destrutivos ao longo do restante do século 20 e início do 21 como consequência dos abismos sociais que a falta de educação espiritual abriram nos diferentes agrupamentos humanos, acarretam os mesmos comprometimentos a nações, destacamos alguns aspectos expostos pelos que de outros Planos analisavam o problema dos anos 40: - “Quando um país toma a iniciativa da guerra, encabeça a desordem da Casa do Pai, e pagará um preço terrível. (...) As zonas superiores da vida se voltam em defesa justa, contra os empreendimentos da ignorância e da sombra, congregados para a anarquia e, consequentemente, para a destruição. (...) Nos acontecimentos dessa natureza, os países agressores convertem-se, naturalmente, em núcleos poderosos de centralização das forças do mal. Sem se precatarem dos perigos imensos, esses povos, com exceção dos Espíritos nobres e sábios que lhes integram os quadros de serviço, embriagam-se ao contato dos elementos de perversão, que invocam das camadas sombrias. Coletividades operosas convertem-se em autômatos do crime. Legiões infernais precipitam-se sobre grandes oficinas do progresso comum, transformando-as em campos de perversidade e horror. Mas, enquanto os bandos escuros se apoderam da mente dos agressores, os agrupamentos espirituais da vida nobre movimentam- se em auxílio dos agredidos. Se devemos lastimar a criatura em oposição à lei do bem, com mais propriedade devemos lamentar o povo que olvidou a justiça .(NL,41) No segundo livro repassado mediúnicamente, a certa altura destaca informações de um Instrutor: - “O presente período humano é de conflitos devastadores e as vibrações contraditórias que nos atingem são de molde a enfraquecer qualquer ânimo menos decidido. Desencarnados e encarnados empenham-se em batalhas destruidoras. É uma lástima. Sangrentas lutas estão sendo travadas na superfície do Globo. Os que não se encontram nas linhas de fogo, permanecem nas linhas da palavra e do pensamento. Quem não luta nas ações bélicas, está no combate das ideias, comentando a situação. Reduzido número de homens e mulheres continuam cultivando a espiritualidade superior. É natural, portanto, que se intensifiquem, ao longo da Crosta, espessas nuvens de resíduos mentais dos encarnados invigilantes, multiplicando as tormentas destruidoras.(M,17) Noutro momento um prognóstico: - “Embalde voltarão os países do mundo aos massacres recíprocos. O erro de uma nação influirá em todas, como o gemido de um homem perturbaria o contentamento de milhões. A neutralidade é um mito, o insulamento uma ficção do orgulho político. A Humanidade terrestre é uma família de Deus, como bilhões de outras famílias planetárias no Universo Infinito. Em vão a guerra desfechará desencarnações em massa. Esses mesmos mortos pesarão na economia espiritual da Terra. Enquanto houver discórdia entre nós, pagaremos doloroso preço em suor e lágrimas. A guerra fascina a mentalidade de todos os povos, inclusive de grande número de núcleos das esferas invisíveis. Quem não empunha as armas destrói dons, dificilmente se afastará do verbo destruidor, no campo da palavra ou da ideia. Mas, todos nós pagaremos tributo. É da Lei Divina, que nos entendamos e nos amemos uns aos outros. Todos sofreremos os resultados do esquecimento da lei, mas cada um será responsabilizado, de perto, pela cota de discórdia que haja trazido à família mundial. (M,18)
PORQUE A VIDA NÃO PODE SER UMA SÓ
01 - Em OBRAS PÓSTUMAS, livro que Amélie Boudet mandou publicar após o desencarne de Kardec, encontramos alguns escritos interessantes e importantes tratados pelo codificador. Um desses temas está no capítulo intitulado “As 5 Alternativas da Humanidade”.
02 – Neste capítulo, Kardec trata da vida depois da morte, e faz vários comentários sobre quais os entendimentos que as pessoas tinham com relação a este assunto. O primeiro está na chamada DOUTRINA MATERIALISTA, segundo a qual o homem é propriedade da matéria, nunca existiu antes e tampouco vai existir depois da morte. É um pensamento presente numa pequena parte da humanidade, mas talvez seja o que prevalece nos meios intelectuais.
03 – A segunda é a DOUTRINA PANTEÍSTA, segundo a qual há um princípio inteligente na alma humana, mas que está espalhado por todo o universo. Ele só se individualiza durante esta vida. Depois dela volta à massa comum do universo, do mesmo modo que a gota de água volta ao oceano e perde sua individualidade.
04 - Em seguida, ela fala sobre o que chama de DOUTRINA DEÍSTA, dando ênfase ao deísmo independente, segundo o qual Deus é criador e governa o mundo por suas leis, mas não há intervenção de Deus em nossa vida. Tudo caminha segundo a lei, sem que haja misericórdia divina.
05 – DOUTRINA DOGMÁTICA, que é aceita pelas religiões tradicionais, segundo a qual a sorte das almas ficam definidas depois da morte para um céu de felicidade ou para o sofrimento eterno.
06 – E, finalmente, a DOUTRINA ESPÍRITA, que ensina que somos Espíritos imortais no caminho do aperfeiçoamento constante. Já existimos antes, porque somos produto de um processo evolutivo e continuaremos a viver, reencarnando tantas vezes quantas necessárias em busca da perfeição.
07 - O sentimento religioso nasceu da consciência de que existe um poder superior, causa e provedor de tudo que existe. Só assim o homem pôde conceber a natureza, tudo que nela existe e acontece, e também sua própria existência, atribuindo os fenômenos naturais aos deuses e a Deus. A concepção desse poder ou poderes maiores veio se desenvolvendo conforme a inteligência humana. Quanto mais primitivo o homem mais simples e ingênua sua crença.
09 - Com o desenvolvimento da humanidade a partir da família e da formação de tribos, a verdade, que cada um pôde conceber, sempre proveio da autoridade de quem ensinava e da forma como cada um via o mundo. Na família mais antiga, que se pode conceber, o pai era a autoridade, dele partiam o poder e a verdade. Era ele que tinha que ser obedecido. Na tribo o chefe, juntamente com os sacerdotes ou feiticeiros, estabeleciam como as pessoas deveriam pensar e agir.
10 - Não bastava o chefe, que geralmente era o mais forte. Ele se impunha pela força. Havia também os feiticeiros que cuidavam da parte espiritual, a que o chefe não tinha acesso. A diferença entre o chefe e o feiticeiro era que o feiticeiro era dotado de faculdades espirituais, podiam entrar em contato com os Espíritos e geralmente era ele que mandava, porque as ordens vinham de um plano superior.
11 - Por isso, quase sempre o feiticeiro, pelo pode especial que tinha, era mais temido que o chefe. O que ele falava era lei, que o chefe devia exigir obediência de todos. As crianças eram educadas nesse meio e aprendiam a obedecer sem questionar. Os que se rebelavam estão sujeitos a duros castigos. Isso por milhares e milhares de anos.
12 - Desse modo, a religião foi o primeiro poder e dela surgiu a política. Na tribo a religião era o feiticeiro e a política o chefe. Este estado de coisas dura até hoje. Durante centenas de séculos, todos nós viemos por esse caminho e aprendemos a obedecer e a não questionar a autoridade. Assim as religiões se impuseram em todos os povos, assim elas ditaram o que devia e o que não devia ser pensado, estabelecendo as fronteiras da proibição.
13 – Com o tempo, a política foi se libertando da religião, estabelecendo-se o poder político. Mas ela foi se dedicando a um campo próprio, o administrativo, enquanto que a religião permaneceu ao lado dela cuidado da vida espiritual com suas verdades incontestáveis, ditadas pelas autoridades. Assim, no mundo moderno firmaram-se a política e a religião, quase sempre de mãos dadas, mas cada um cuidando de seu próprio campo de atuação.
12 – Sempre houve quem se rebelasse, tanto no lado político como no lado religioso, mas sempre foi abafado. O desenvolvimento da filosofia ( a partir do século V antes de Cristo) abriu novos caminhos para entender melhor esses dois campos de atuação. No lado religioso, vários foram os filósofos contestadores. Alguns foram sacrificados, como Sócrates. Jesus surge no cenário religioso da Judéia, trazendo mais luz para a compreensão do homem e do significado da vida. Foi um contestador, também sacrificado.
13 – O Espiritismo – após vários séculos de filosofia e do pensamento contestador de vários pensadores ( como Rousseau, Descartes, Leibniz, Kant e Schopenhauer), surge como uma nova revelação para sintetizar todo o conhecimento humano, proclamando deste lado do mundo a verdade da reencarnação que, até então, só era conhecida no Oriente. O LIVRO DOS ESPÍRITOS (1857) foi o ponto de partida da nova contestação.
14 – A primeira grande proposta do Espiritismo é que a fé não deve ser ingênua e passiva. O Espiritismo retoma a doutrina de Jesus e proclama a FÉ RACIOCINADA. Todos têm direito de pensar pela própria cabeça. Não existe autoridade que possa ditar a verdade para todos. Somos seres em evolução, crescendo em inteligência e moral, e cada um merece ser respeitado no nível evolutivo em que se encontra. O Espiritismo é uma doutrina libertadora.
15 - A outra proposta espirita, a reencarnação. Só a reencarnação pode explicar as diferenças humanas, as diferenças marcantes que existem na vida e no destino de todos os seres humanos na Terra. Só a reencarnação pode destruir os preconceitos e proclamar que todos somos iguais perante Deus. Só a reencarnação pode explicar o sofrimento e anunciar um futuro melhor para todos. Só a reencarnação pode explicar a Bondade e a Justiça de Deus. Só a doutrina da reencarnação pode destruir a doutrina materialista.