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domingo, 9 de julho de 2023

FALSOS PROFETAS - PROBLEMA SEMPRE ATUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A questão das profecias estapafúrdias e das revelações fantásticas atribuídas a Espíritos desencarnados através de médiuns com nomes associados ao Espiritismo já era assunto nas páginas da REVISTA ESPÍRITA. Atualmente, basta a mediunidade mais pronunciada se tornar conhecida pelo seu portador para que ele se julgue infalível e porta voz de entidades que julga “donas da verdade”. Chico Xavier contava ter sido orientado em 1931, pelo guia espiritual Emmanuel logo no primeiro encontro que tiveram, a jogar fora toda a produção desde quando o jovem psicografara quatro anos antes, sua primeira mensagem, pois, até ali fizera parte apenas de seu treinamento. Para nos basearmos em informação confiável, no número de abril de 1860, Allan Kardec, desenvolve algumas considerações sobre carta recebida do amigo Sr Jobard, abordando a TEORIA DA FORMAÇÃO DA TERRA PELA INCRUSTAÇÃO DE VÁRIOS CORPOS PLANETÁRIOS. Dizendo-se não adepto da mesma apesar de ter sido dada em várias épocas por certos Espíritos e através de médiuns desconhecidos uns dos outros, salienta não passarem de hipóteses, até que dados mais positivos venham confirma-las ou desmenti-las. Destacando que sua posição geraria críticas do tipo não tendes confiança nos Espíritos e duvidais de suas afirmações” ou como inteligências desprendidas da matéria, não podem remover todas as dúvidas da Ciência e lançar a luz onde reina a obscuridade?, Allan Kardec pondera “ser esta uma questão séria, que se liga à própria base do Espiritismo, e que não poderíamos resolver no momento, sem repetir o que temos dito a respeito; acrescentaremos apenas algumas palavras, a fim de justificar nossas reservas. Para começar, responderemos que nos tornaríamos sábios muito facilmente se tratássemos apenas de interrogar os Espíritos para conhecer tudo quanto se ignora. Deus quer que adquiramos a Ciência pelo trabalho, e não encarregou os Espíritos de nô-la trazer preparada, favorecendo nossa preguiça. Em segundo lugar, a Humanidade, como os indivíduos, tem a sua infância, sua adolescência, sua juventude e sua idade viril. Encarregados por Deus de instruir os homens, devem pois, os Espíritos proporcionar-lhes ensinos para o desenvolvimento da inteligência; não dirão tudo a todos e, antes de semear, esperam que a Terra esteja pronta para receber a semente, a fim de fazê-la frutificar. Eis por que certas verdades que nos são ensinadas hoje não o foram aos nossos pais, que também interrogavam os Espíritos; eis por que, ainda, verdades para as quais não estamos maduros só serão ensinadas aos que vierem depois de nós. Nosso equívoco está em nos julgarmos chegados ao topo da escada, quando apenas nos achamos a meio caminho”. Observando que “os Espíritos podem instruir os de instruir os homens tanto se comunicando diretamente – como provam todas as histórias sagradas ou profanas -, quanto encarnando-se entre eles, para o desempenho das missões de progresso”, salienta que “não basta ser Espírito para possuir a Ciência universal, pois assim a morte nos faria quase iguais a Deus. Aliás, o simples bom senso se recusa a admitir que o Espírito de um selvagem, de um ignorante ou de um malvado, desde que separado da matéria, esteja no nível do cientista ou do homem de Bem. Isto não seria racional. Há, pois, Espíritos adiantados, e outros mais ou menos atrasados, que devem superar ainda várias etapas, passar por numerosas peneiras antes de se despojarem de todas as imperfeições. Disso resulta que, no mundo dos Espíritos, são encontradas todas as variedades morais e intelectuais existentes entre os homens e outras mais. Ora, a experiência prova que os maus se comunicam tanto quanto os bons. Os que são francamente maus, são facilmente reconhecíveis; mas há também os meio sábios, falsos sábios presunçosos, sistemáticos e até hipócritas. Estes são os mais perigosos, porque afetam uma aparência séria, de ciência e de sabedoria, em favor da qual proclamam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as mais absurdas coisa. E para melhor enganar, não receiam enfeitar-se com os mais respeitáveis nomes. Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da ciência espírita. Para superá-la, faz-se necessária uma longa experiência, conhecer todas as sutilezas de que são capazes os Espíritos de baixa classe, ter muita prudência, ver as coisas com o mais imperturbável sangue frio, e guardar-se principalmente contra o entusiasmo que cega. (...). Mas infeliz do médium que se julga infalível, que se ilude com as comunicações que recebe: o Espírito que o domina pode fasciná-lo a ponto de fazê-lo achar sublime aquilo que, por vezes, é apenas absurdo e salta aos olhos de todos, menos os seus”.




Fui a um Centro, levei os problemas que estou passando com minha família, e lá me disseram que preciso desenvolver a mediunidade; que, enquanto não me dedicar à mediunidade, continuarei com os mesmos problemas, até mesmo problemas de saúde. Eu pergunto o seguinte: e quando a pessoa não é espírita, nem quer saber de Espiritismo, então ela não vai resolver seus problemas, porque não pode ser médium?


Muito oportuno o seu questionamento. Na verdade, uma coisa não tem nada a ver com a outra. As pessoas, que a orientaram, esqueceram que a mediunidade não é causa de problema algum. Os problemas familiares, principalmente, derivam de nossa imperfeição, de nossa dificuldade de conviver bem com as pessoas ou, no máximo, de problemas que trazemos de outras vidas. Essa pessoas, que lhe falaram, não leram com atenção o capítulo “Bem-Aventurados os Aflitos”, que faz parte d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.


Nesse capítulo, Allan Kardec refere-se justamente aos nossos sofrimentos – ou seja, aos problemas da vida. Ele divide o tema em duas partes. A primeira fala das “causas atuais das aflições”; a segunda, das “causas anteriores das aflições”. Nas causas atuais – como o próprio nome está dizendo – refere-se às dificuldades que temos criado ao longo desta vida, principalmente à nossa falta de habilidade para conviver com as pessoas – sejam elas nossos familiares, parentes, amigos ou mesmo adversários. Ele diz que na raiz dos principais problemas, que sofremos hoje, estão o egoísmo e o orgulho, que acabam causando grandes danos em nossas relações e com graves repercussões, até mesmo, em nossa saúde.


Quando não encontramos as causas dos problemas nesta vida, seguramente elas estão no passado. Mas, de qualquer forma, o passado não interessa mais, pois não podemos mudá-lo. Só podemos fazer alguma coisa para mudar o presente, a fim de termos boa repercussão no futuro. Portanto, de uma maneira geral, precisamos trabalhar pela nossa melhoria íntima; ou seja, para melhorar nossos sentimentos, através de atitudes e ações que nos elevem e que nos dignifiquem diante do próximo e diante de Deus.


A Mediunidade é outra coisa. Há pessoas que revelam faculdades mediúnicas – percepções, intuições, etc. Para isso, elas não precisam ser espíritas. Há mais médiuns não-espíritas do que médiuns espíritas, já que espíritas são a minoria. O que essas pessoas devem fazer, se quiserem ser boas para com o semelhante, é empregar suas faculdades para o bem – somente para o bem – seja no Espiritismo ou fora dele – sem receber nada pelo que fazem. Nesse sentido, a mediunidade é mais um meio ( e não o único) de serem úteis ao semelhante e de colaborarem com o bem-estar da coletividade.

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