Objetivando demonstrar “nossa necessidade de estudo metódico da obra de Allan Kardec”, bem como saudar o primeiro centenário da publicação d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Emmanuel, o Orientador das atividades mediúnicas de Chico Xavier, logo após a transferência deste para Uberaba (MG), organizou um trabalho em torno de 91 temas tratados em igual número de sessões públicas desenvolvidas no ano de 1959, na Comunhão Espírita Cristã – instituição em que atuou até 1976 quando surgiu o Grupo Espírita da Prece – em torno das 1019 questões da obra fundamental do Espiritismo: RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS. Reúne segundo ele, “simples comentários em torno da substância religiosa da proposta do Consolador Prometido por Jesus” no derradeiro diálogo mantido com seus seguidores mais diretos, conforme registrado no capítulo 14, versículos 16 e 26 do EVANGELHO de João. Na mesma linha, em 1961 compôs SEARA DOS MÉDIUNS; em 1964, O LIVRO DA ESPERANÇA – marco do nascimento editora da CEC (Comunhão Espírita Cristã) a segunda ( a primeira foi a LAKE) fora a da Federação Espírita Brasileira a obter direitos autorais dos trabalhos de Chico Xavier-; e, em 1965; JUSTIÇA DIVINA, todos assinalando o primeiro centenário, respectivamente, d’O LIVRO DOS MÉDIUNS, O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO e O CÉU E O INFERNO ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo. Todas elas nascidas em reuniões que ocorriam nas noites das segundas e sextas feiras da instituição que abrigou as tarefas do médium até 1976 quando ele se transferiu para o Grupo Espírita da Prece onde prosseguiu até sua desencarnação em 2002. Apresentando abordagem original sobre temas tratados nas chamadas Obras Básicas, os comentários de Emmanuel refletem aspectos reveladores sobre as características essenciais da criatura humana. Um deles no SEARA DOS MÉDIUNS, capítulo CARTÃO DE VISITA, ajuda-nos a entender um pouco mais sobre a formação do pensamento que, por sinal, segundo avalia “vige na base de todos os fenômenos de sintonia na esfera da alma”. Escreve: -“Observa os próprios impulsos. Desejando, sentes. Sentindo, pensas. Pensando, realizas, Realizando, atrais, atraindo, refletes. Refletindo, estendemos a própria influência, acrescida dos fatores de indução do grupo com que afinizamos”. Allan Kardec já havia publicado em um número da REVISTA ESPÍRITA que o “pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o espírito da matéria: sem o pensamento, o Espírito não seria Espírito”.. Afirma inclusive no referido trabalho que “não há necessidade de que o pensamento seja formulado em palavras; a irradiação fluídica não existe menos, quer ela seja expressa ou não; se todos são benevolentes, todos os presentes nele experimentam um verdadeiro bem-estar, e se sentem comodamente; mas se é misturada com alguns pensamentos maus, eles produzem um efeito de uma corrente de ar gelado no meio tépido”. Para ele, “tal é a causa do sentimento de satisfação que se sente numa reunião simpática; ali reina como uma atmosfera moral saudável, onde se respira comodamente; dali se sai reconfortado, porque se está impregnado de eflúvios salutares. Assim se explicam também a ansiedade, o mal-estar indefinível que se sente num meio antipático, onde os pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas doentias”. E acrescenta: - O homem o sente instintivamente, uma vez que procura as reuniões onde ele sabe encontrar essa comunhão; nessas reuniões homogêneas e simpáticas, ele haure novas forças morais; poder-se-ia dizer que ali recupera as perdas fluídicas que ele faz cada dia pela irradiação do pensamento, como recupera pelos alimentos as perdas do corpo material.
O homem precisa de religião para se salvar? - A pergunta é do ouvinte Claudio Horário Frutoso de Matos.
Depende do que você entende por salvação, Cláudio.
Salvar, no sentido mais prático, é livrar a pessoa de um perigo ou de um sofrimento.
Nesse sentido Jesus falava às pessoas a quem atendia ”A tua fé te salvou”, referindo-se à cura de um mal que atormentava essa pessoa.
Ou, então, Jesus dizia: “Por que o filho do homem veio salvar o que estava perdido”, no sentido de livrar as pessoas do mau caminho. Jesus ensinava o amor.
É neste sentido amplo, de nos livrar do mau caminho e desenvolver em nós a capacidade de amar, que ele se referia à salvação nesta e na outra vida.
O salva-vidas na praia avista o banhista em perigo e vai até ele para salvá-lo do afogamento. O médico acorre ao paciente para ministrar-lhe o tratamento que poderá curá-lo.
O professor, no entanto, salva o aluno da ignorância, dando-lhe a educação como instrumento para toda a vida.
Jesus, o maior mestre da humanidade, mostra ao homem que, amando o próximo, ele encontra o caminho da felicidade, a partir do momento em que passa a praticar a boa ação.
Portanto, a salvação, a que Jesus se refere, é a que nos guia no caminho do bem, que nos torna mais pacientes, mais tolerantes, mais compreensivos em relação ao próximo.
Nesse sentido, a religião pode nos ajudar a compreender a essência dos ensinamentos de Jesus, mas quanto a se salvar isso é missão de cada um.
No tempo de Jesus, a religião se colocava como ponte para se chegar a Deus.
Essa ponte consistia na prática religiosa comum, como frequência ao templo, pagamento do dizimo, prática do jejum e das oferendas a Deus.
Jesus, contudo, mostrou que “nem todos os que dizem senhor, senhor, entrarão no reino dos céus”, querendo dizer que as práticas exteriores não salvam ninguém.
Ele dizia que qualquer pessoa podia falar diretamente com o Pai, a qualquer momento, onde estiver, sem precisar de intermediários.
Foi a isso que ele se referiu quando ensinou o Pai Nosso e a forma como cada um pode falar com Deus no silêncio de seu quarto.
Ele não disse que o homem precisaria ir ao templo (nem pagar o dízimo, nem praticar o jejum) para encontrar o Pai, mas podia fazê-lo de forma direta na sua própria casa.
Desse modo, Jesus ensinou que não precisamos de intermediários para encontrar Deus, pois ele está conosco sempre e, por isso, podemos falar diretamente com ele no silêncio de nosso pensamento.
Mas, Jesus respeitava os que frequentavam o templo. Por isso recomendava aos que fossem orar, deixar a oferta diante do altar, ir reconciliar com seu adversário primeiramente e, por último, fazer a sua oferta.
Jesus não dispensou a religião, mas afirmou que a verdadeira religião não está na prática exterior, mas no cultivo do amor no coração, nas atitudes e na conduta de cada um.
Cultivar o amor, no entanto, não é se entregar apenas e tão somente à oração. É bem mais que isso. É fazer todo bem que possa , exercitando a tolerância e perdoando os adversários.
Desse modo, Cláudio, podemos afirmar que a religião nos ajuda muito, se realmente quisermos ser ajudados.
Mas a salvação parte de cada um, de sua maneira de ser, de seus hábitos, de seus costumes, de seu estilo de vida.
Se soubermos conviver bem com o próximo, a começar com as pessoas da nossa família, com certeza asseguraremos para nós a paz de Deus, nesta e na vida futura., construindo o reino dos céus em nosso coração.
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