Muito se cita o Carma para justificar ocorrências que fazem no mundo de hoje, questionar-se a existência de Deus. Sua concepção, ao que tudo indica, irradiou-se pelo mundo, a partir dos princípios religiosos da Índia. A ideia sofreu ao longo das civilizações deformações, deturpações, até que no lado Ocidental da Terra, foi sendo progressivamente esquecida com o apagar doutro princípio, o da reencarnação, a partir das lamentáveis decisões do Segundo Concílio de Constantinopla, promovido pelo Imperador Justiniano, em 553 DC. Praticamente treze séculos e inúmeras gerações, distanciaram as criaturas humanas da responsabilidade de viver infundida com as perspectivas do inevitável encontro consigo mesmas e da reparação dos estragos cometidos nos diferentes caminhos da evolução. Coube ao Espiritismo ressuscitar ambas, dentro das exigências de uma Humanidade ávida por respostas sobre porque existimos e sofremos. As pesquisas conduzidas por Allan Kardec nas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, desde abril de 1858, resultaram em expressiva coleta de dados, obtidos através de inúmeros entrevistados que se manifestaram por diversos médiuns. Analisando-os, o Codificador enumerou 32 artigos do que ele chama de Código Penal da Vida Futura, reproduzido no livro O CÉU E O INFERNO. Mostram por variados ângulos a Lei implícita na afirmação “a cada um segundo as suas obras”. Kardec explica que “a criatura renasce no mesmo meio, nação, raça, quer por simpatia, quer para continuar, com os elementos já elaborados, estudos começados, para se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos encetados e que a brevidade da vida não lhe permitiu acabar”. Acrescenta que “não se pode duvidar haver famílias, cidades, nações, raças culpadas, porque, dominadas por instintos de orgulho, egoísmo, ambição, enveredam pelo caminho errado, fazendo coletivamente o que um indivíduo faz isoladamente. Uma família se enriquece a custa de outra; um povo subjuga outro povo, levando-lhe a desolação e a ruína; uma raça se esforça por aniquilar outra raça. Essa a razão por que há famílias, povos e raças sobre os quais desce a pena de Talião”. Destacamos três exemplos de provas e expiações, no acervo construído por Kardec e Chico Xavier, didaticamente alinhados mostrando o efeito e a causa determinante. CASO 1 – Efeito - Industrial, morto doze horas após explosão de caldeira em sua empresa, envolvendo seu corpo em verniz fervente nela contida. Socialmente queridíssimo pela postura pessoal, em toda sua cruel agonia, não se lhe ouviu um só gemido, uma só queixa, apesar das dores lancinantes resultantes das profundas queimaduras sofridas. Causa – Ação assumida 200 anos antes, quando, na condição de juiz e inquisidor italiano condenou a morrer queimados os envolvidos numa conspiração contra politica clerical, entre os quais uma jovem entre 12 e 14 anos, contra a qual os executores se recusavam cumprir a sentença, tornando-se ele, além de juiz, o carrasco que ateou fogo na quase menina. CASO 2 – Efeito – Antonio B., escritor, morto repentinamente( provavelmente um ataque cataléptico), teve seu corpo encontrado virado de bruços durante exumação feita 15 dias após o sepultamento, procedimento efetuado para que familiares recuperassem medalhão por acaso esquecido no caixão. Causa – Ação em vida anterior em que descoberta infidelidade da esposa, a enterrou viva num fosso. CASO 3– Efeito – Valéria, morta em consequência de queimaduras sofridas após a palhoça em que vivera por dez anos, em recanto de grande fazenda no interior de Minas Gerais, ter sido incendiada por transeuntes que a julgavam morta por não ter sido vista há vários dias. Lá se instalou depois de comunicar ao marido e dois filhos o diagnóstico médico que a identificara como portadora de lepra, o que fez com que os mesmos a abandonassem naquele setor da propriedade rural, que venderam, mudando-se para local ignorado. Causa – Ações praticadas em existência passada na Idade Média, em cidade da Espanha, na qual ela, denunciou com falsos testemunhos ao Santo Ofício, um irmão consanguíneo, rogando a pena de prisão incomunicável, arrancando-o à esposa e aos filhos e, apesar de impor-lhe solidão e desespero no calabouço por dez anos, requisitou para ele o suplício do fogo, que aplicado em praça pública, foi testemunhado por ela que gravou em seu inconsciente as imagens da agonia, os gritos aterradores e das vísceras fumegantes..
Se, como vocês dizem, há Espíritos que participam de nossa vida e por isso estão em contato conosco, não posso entender como isso acontece e por que não percebemos.
Segundo o Espiritismo, se sentíssemos a presença de Espíritos, ao nosso lado, influenciando em nossa vida, não agiríamos com liberdade.
Como você se sente, quando tem de fazer alguma coisa, sob a presença ou o olhar de alguém?
Logo, sentir a presença de Espíritos é o mesmo que nos submetermos a influência direta de qualquer pessoa que estivesse nos espreitando ou fiscalizando.
Nesse caso, nossos atos não seriam nada espontâneos, pois sentiríamos como estivéssemos sendo guiados e, não agindo conforme nossa vontade, perderíamos o livre arbítrio de nossos atos.
A ação que os Espíritos têm sobre nós, já que eles não podem interferir diretamente sobre o mundo material, é discreta, quase imperceptível e através do pensamento.
Logo, não é difícil concluir que se trata de uma comunicação silenciosa de mente para mente –ou seja, da mente dos Espíritos para a mente dos encarnados.
Não é para se admirar que isso aconteça, caro ouvinte, até porque nós estamos mergulhados num mundo de ideias e sugestões que influenciam em nós em todo momento.
Veja, por exemplo, a questão da propaganda comercial. Que produto compramos? Que marca preferimos? Geralmente aquelas que mais fazem propaganda na mídia.
Os apelos comerciais - dizendo que isto é bom para a saúde, que tal produto é o melhor, que seremos felizes viajando para tal país ou comprando determinado carro, etc. – e que ouvimos o dia inteiro pelo rádio e pela televisão, acabam dirigindo a nossa vida, sem que o percebamos.
Esses apelos penetram sorrateiramente em nosso inconsciente e acabam dirigindo nossa vontade para aquilo que as empresas querem vender.
Ora, se tais instrumentos de propaganda são capazes de influenciar em nossas decisões, sem que percebamos que estamos sendo guiados, imagine que uma ação espiritual constante, que entra pelo inconsciente, também faz o mesmo.
Convém destacar, no entanto, que os Espíritos que costumam influenciar em nossa vida são aqueles que estão ligados a nós por algum laço e por um motivo muito forte.
É por isso que somos suscetíveis de influenciação, tanto dos bons quanto dos maus, dependendo de nossas tendências e inclinações.
No fundo, eles não pensam por nós, mas indiscutivelmente eles nos ajudam a pensar.
É bom que se diga que os Espíritos não criam novas disposições em nós, mas muitos deles sabem aproveitar nossas disposições até para agir conforme eles querem. Nisso consiste sua influência.
Convém considerar, entretanto, que quando essa influência é percebida pelo encarnado é por conta da sua mediunidade, e também nos casos de obsessão pois, nesses casos, a ação sobre o encarnado é ostensiva.
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