Allan Kardec, desenvolvendo uma classificação inicial da variedade dos médiuns escreventes no excelente compêndio intitulado O LIVRO DOS MÉDIUNS, chamou de médium poliglota, “o que tem a faculdade de falar ou escrever em línguas que não conhecem”, acrescentando, contudo, serem “muito raros”. Uma dentre as hipóteses alinhadas na referida compilação é que o fenômeno só seria possível pela existência, no inconsciente da individualidade de registros arquivados em encarnações em que se serviu desse idioma para se expressar e comunicar na região, raça ou pátria em que renascera. Chico Xavier, entre as múltiplas formas em que sua mediunidade foi utilizada foi para a recepção de mensagens, está a em outros idiomas. Vários, em sua longa jornada a serviço dos Espíritos. Sabe-se que Chico não teve formação além do antigo primário, tendo repetido duas vezes a quarta série, O primeiro a fazer referências a esse tipo de mensagem foi o repórter Clementino de Alencar, enviado especial do jornal O Globo, para investigar Chico Xavier, a origem dos escritos pós-morte do escritor Humberto de Campos e dos vários poetas do PARNASO DE ALEM TÚMULO. Surpreso com o que encontrou - um jovem humilde, pobre, cultura incipiente -, permaneceu em Pedro Leopoldo, MG, por dois meses testando o objeto de sua pesquisa, obtendo da Espiritualidade inúmeras demonstrações de sua ação junto ao médium. Um dos fatos que o surpreendeu foram relatos que davam conta da recepção por ele de mensagens em inglês e italiano, cujo aprendizado, à época, somente era acessível nos grandes centros. E Chico, pelos rudes labores e carga de trabalho remunerado na venda do “seu” Zé Felizardo, não permitiam tais “luxos”. Numa de suas matérias, de doze de maio de 1935 – Chico contava 25 anos de idade -, Alencar faz referências a algumas dirigidas em inglês ao doutor Romulo Joviano. Formara-se ele em Zootecnia pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, sendo seu autor Alexander Seggie, colega de estudos e amigo íntimo durante os anos de formação, desencarnado na França, durante a Primeira Guerra Mundial. Nas referidas páginas, Alexander, cuja existência o jovem médium ignorava, referia-se ao amigo, num trocadilho, “Jove”,alusão ao sobrenome Joviano. Ainda no texto enviado ao diário carioca, o repórter reproduz mensagem recebida na reunião de 23 de novembro de 1933, assinada por Emmanuel escrita em ingles com as letras enfileiradas ao inverso. Ao reescrevê-la no sentido correto, o destinatário, profundo conhecedor do inglês, identificou um erro na colocação de um artigo e um pronome. Resolve, em inglês, interpelar Emmanuel, recebendo dele extensa resposta no mesmo idioma, entre outras coisas desculpando-se pelos erros cometidos, dizendo-se, apenas um aluno inábil e não um mestre na utilização da língua. Alencar inclui ainda uma mensagem em italiano, grafada da mesma maneira curiosa que a precedente. Objetivando testar se por trás daquele jovem ingênuo havia algo mais, quando solicitado a encerrar aqueles dois meses de experiência, formulou quatro perguntas em inglês, a última das quais mentalmente, obtendo dezoito linhas de resposta a esta, também em inglês. Mais ou menos na mesma época, o médium psicografou mensagem em inglês ao Consul da Inglaterra, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Senhor Harold Walter. Anos depois, presente à solenidade levada a efeito no Teatro Municipal de São Paulo, Chico psicografaria perante numeroso público, entre outras, uma mensagem/ saudação de Emmanuel aos presentes, em inglês, escrita de trás para frente, a chamada especular, somente possível de ser lida diante de um espelho. Testemunha de muitos desses momentos, o doutor Rômulo Joviano, contou ao amigo Clóvis Tavares que, por força do trabalho, “em visita, certa vez, a uma fazenda do Doutor Louis Ensch, engenheiro luxemburguês, fundador da Usina de Monlevade da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, em Monlevade, MG, Chico recebeu mensagem, endereçada ao mesmo, em idioma luxemburguês. Maravilhado, o destinatário declarou que as páginas foram escritas no melhor estilo da língua nacional de sua pátria, o Grão Ducado de Luxemburgo”. Noutra ocasião, em visita a uma parenta sua residente em Barbacena, MG, a escritora Maria Lacerda de Moura, assistindo uma reunião de estudos orientalistas, após esta ter escrito no quadro-negro algumas palavras em português, possivelmente um “mantra”, para meditação dos presentes, “Chico recebe, através da psicofonia sonambúlica, uma mensagem em idioma hindu, havendo a entidade comunicante, conduzido o médium até o mesmo quadro-negro, traçando diversas expressões ininteligíveis para os presentes, posteriormente reconhecidas como mantras grafados em caracteres sânscritos”. Inúmeras mensagens particulares foram recebidas ao longo dos anos, em vários idiomas, que o médium também ignorava completamente: alemão, árabe e grego. Perderam-se, no entanto, pelo seu caráter estritamente pessoal dos destinatários.
Talvez não exista um crime mais terrível do que o do indivíduo que mata o próprio pai. Que tipo de castigo está reservado para esse criminoso? (Vanderlei Antonio Silvino)
Na Lei de Causa e Efeito, Vanderlei, não existe um castigo maior do que a dor da consciência culpada. Nenhum tribunal do mundo e nenhum inimigo têm tamanho poder de nos fazer sofrer. A idéia de que Deus castiga já é, de há muito, ultrapassada. Na verdade, é um mito. Ela serviu para uma época em que o homem tinha pouca consciência a respeito da lei da vida, e acreditava num deus vingativo e cruel, muito diferente do Pai de bondade que Jesus ensinou. Hoje, porém, já podemos entender que, na verdade, não há castigo nem recompensa na Lei de Deus. O que existe são meros efeitos dos atos que praticamos, de modo que cada um de nós só pode crescer para Deus por meio dos próprios atos.
Nas obras espíritas, temos visto inúmeros exemplos de indivíduos, que perpetraram crimes inomináveis, acreditando que com isso estariam levando uma grande vantagem. Alguns desses crimes jamais foram desvendados. Com o passar do tempo, porém, um dia eles foram surpreendidos pela acusação da própria consciência, exigindo reparação. É como que, acordando de um sono profundo, mergulhassem num processo de arrependimento e culpa. Alguns procuraram saídas mais honrosas para conter a dor do remorso, outros voltaram-se contra si mesmos, impingindo ao corpo e à alma duros castigos.
Quem os castigou? Deus? Não, foram eles mesmos que se puniram, pois na Lei de Deus toda ação provoca uma reação, boa ou má, agradável ou desagradável, dependendo da motivação que a moveu. Isso acontece conosco, todos os dias. Quando menos esperamos, arrependemos de algo que fizemos contra alguém e, daí em diante, passamos a sofrer a dor silenciosa do remorso. O arrependimento geralmente se manifesta em forma de angústia e depressão. Ele pode ocorrer tanto na vida presente quanto na vida futura e, quando ocorre na vida espiritual, ele acaba repercutindo na próxima reencarnação. Muitos já nascem marcados pela forma com que, antes, fez sofrer.
Mas precisamos considerar, Vanderlei, que cada caso é um caso, cada fato tem por trás uma história. Muitas vezes, um crime desse porte que você cita, um filho que mata a mãe, pode ter envolvimento de motivações anteriores a esta encarnação. Não sabemos. De qualquer forma, uma ação má nunca fica impune, pois o mal não se compatibiliza com a Lei de Deus, e o seu ator, com dissemos, cedo ou tarde vai amargar a dor do arrependimento e do remorso, que pode gerar várias espécies de consequências.
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