Integrantes da Sociedade Espírita de Paris encontravam-se reunidos na noite de primeiro de novembro de 1866 para reverenciar o Dia dos Mortos, convencionalmente comemorado no dia dois do mesmo mês, conforme instituído no calendário da predominante no lado Ocidental da Terra. Um fenômeno interessante marcaria aquela reunião, revelando mais um aspecto do instigante processo de intercâmbio entre os dois mundos. Deu-se através do médium Sr Bertrand, conforme relatado por Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA, número de março de 1867. Foi a comunicação de vinte Espíritos cujas vidas, em nossa Dimensão, marcaram importantes momentos da História da Humanidade. Mesmer, General Brune, Luiz XVI, Lafayette, Arago, Napoleão, entre outros. O mais curioso é que a partir do tema proposto por um, outros contra pontuavam ampliando a compreensão do mesmo, encadeando, por fim, uma mensagem de conteúdo de grande elevação. Um trecho que bem exemplifica isto: o Espírito Meyerbeer escreveu: -“Três coisas devem progredir: a música, a poesia e a pintura. A música transporta a alma ferindo o ouvido”; Casemir Delavigne acrescentou: -“A poesia transporta a alma abrindo o coração”; seguido por Flandrin: -“A pintura transporta a alma acariciando os olhos”, enquanto Alfred de Musset: -“ Então a poesia, a música e a pintura são irmãs e se dão as mãos: uma para abrandar o coração, outra para suavizar os costumes e a última para abrir a alma: as três para vos elevar ao Criador; ao que São Luiz, encerrando a comunicação em nome de todos, aditou: -“ Mas nada, nada deve progredir mais momentaneamente do que a Filosofia; ela deve dar um passo imenso, deixando estacionar a ciência e as artes, mas para as elevar tão alto, quando for tempo, que essa elevação será muito mais súbita para vós hoje”. Kardec acrescenta que no dia 6 de dezembro, o mesmo Sr Bertrand, no grupo do Sr. Desliens, psicografou uma comunicação do mesmo gênero que, de certo modo, é continuação da precedente, desta vez com vinte e nove manifestantes, desenvolvendo raciocínios rápidos em torno do amor, da sabedoria, ciência, reencarnação, a Doutrina de Jesus, além de outros temas. Considerando que o estudo da mediunidade evidencia a necessidade da identidade de fluidos entre o Espírito comunicante e o médium, Kardec levantou a duvida no seguinte questionamento: -“Como os fluidos de tão grande número de Espíritos podem assimilar-se quase instantaneamente com o fluido do médium, para lhe transmitir seu pensamento, quando tal assimilação por vezes é difícil da parte de um só Espírito, e geralmente só se estabelece com vagar?”. Conta o Codificador que, Slener,“o guia espiritual do médium parece o ter previsto, porque dois dias depois lhe deu a seguinte explicação”:-“A comunicação que obtiveste no Dia de Todos os Santos, como a última, que é o seu complemento, posto nesta haja nomes repetidos, foram obtidas da seguinte maneira: como sou teu Espírito protetor, meu fluido é similar ao teu. Coloquei-me acima de ti, transmitindo-te o mais exatamente possível os pensamentos e os nomes dos Espíritos que desejavam manifestar-se. Estes formaram em torno de mim uma assembleia cujos membros, cada um por sua vez, ditava os seus pensamentos, que eu te transmitia. Isso foi espontâneo e o que naquele dia tornava as comunicações mais fáceis é que os Espíritos presentes tinham saturado a sala com seus fluidos. Quando um Espírito se comunica com um médium, fá-lo com tanto mais facilidade quanto melhor estabelecidas entre si as relações fluídicas, sem o que o Espírito, para comunicar seu fluido ao médium, é obrigado a estabelecer uma espécie de corrente magnética, que atinge o cérebro deste. “E, se em razão de sua inferioridade, ou por qualquer outra causa, o Espírito não pôde estabelecer esta corrente, ele próprio, então recorre à assistência do guia do médium, e as relações se estabelecem como acabo de indicar”. As informações suscitaram outra pergunta: -“No número destes Espíritos não há alguns encarnados, neste ou noutro mundo e, neste caso, como se podem comunicar?”. Eis a resposta que foi dada: “- Os Espíritos de um certo grau de adiantamento tem uma radiação que lhes permite comunicar-se simultaneamente em vários pontos. Nuns, o estado de encarnação não amortece essa radiação de maneira completa para os impedir de se manifestarem, mesmo em vigília. Quanto mais avançado o Espírito, mais fracos os laços que o unem à matéria do corpo; está num estado de quase constante despendimento e pode dizer-se que está onde está seu pensamento”.
Algumas religiões ainda pregam o temor a Deus como forma de trazer mais fiéis para o seu rebanho. Mas, Jesus não ensinou o contrário, o amor a Deus? Como essas religiões podem ser cristãs?
Você está certo quando fala que Jesus ensinou o amor a Deus. Aliás, esse amor já está expresso no seu mandamento, “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
O medo de Deus estava presente nos ensinamentos de Moisés, mas não nos ensinos de Jesus, porque no tempo de Moisés, vários séculos antes de Cristo, foi num clima de temor que ele conseguiu intimidar e conduzir seu povo.
Assim, se você consultar os primeiros livros da Bíblia, vai perceber o que se chamava “a ira de Deus” contra os homens que, segundo a tradição, se manifestara das várias formas pelas quais Deus resolvera castigar a humanidade.
Cerca de 1.300 anos depois, treze séculos, Jesus substituiu o “medo de Deus” pelo “amor a Deus”, conforme o novo mandamento.
Lá no passado distante, segundo Moisés, Deus tratava os homens com severidade, mandando castiga-los sem piedade, caso desobedecessem suas ordens.
Moisés precisa estabelecer uma severa disciplina, temendo que seu povo passasse a adorar deuses de outros povos.
Vamos um exemplo claro dessa situação no episódio do bezerro de ouro que Moisés destruiu por ocasião dos mandamentos.
Quando se tratava dos inimigos do povo, como era o caso dos filisteus, por exemplo, Deus, segundo Moisés, mandava massacrá-los de forma impiedosa e cruel. Há vários episódios de massacre na Bíblia.
É claro que, para Jesus, isso era um absurdo, porque o Pai ama todos os seus filhos, sejam eles quem forem, e quer que seus filhos se amem uns aos outros.
Os ensinamentos de Jesus, portanto, vieram dar outra versão de Deus, mostrando-o não mais como um rei severo e cheio de ódio que mandava matar os inimigos, mas como um Pai compreensivo, bom e amoroso.
Segundo Jesus, o Pai quer que amemos não só os amigos, mas até os inimigos, porque todos os homens da Terra são irmãos e filhos de Deus.
Logo o medo, a intimidação, não combinam com o amor: ou você teme ou você ama. Você teme quem pode lhe castigar e você ama quem o perdoa. Deus o perdoa.
“Se vós, que sois maus e imperfeitos, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto não nos dará o Pai celestial, que é bom e perfeito”?
Logo, é incompatível pensar no Deus-Pai de Jesus odiando e castigando os homens, mas sim em um Pai de bondade e misericórdia que compreende os nossos limites e sempre nos dá oportunidade de reabilitação.
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