faça sua pesquisa

terça-feira, 17 de outubro de 2023

FATALIDADE - O QUE DIZ O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Estarão os acontecimentos mais marcantes de nossa vida realmente marcados para acontecer? Quase um ano após o lançamento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, no número de março de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui a matéria A FATALIDADE E OS PRESENTIMENTOS, nascida da dúvida levantada por um correspondente sobre experiência pessoal na qual escapara de morrer mais de uma vez testemunhando, entretanto, desfecho trágico para quatro das pessoas – entre os quais dois religiosos -, que com ele viajavam, enquanto ele e outros três sobreviveram. Revelando ter escapado seis ou sete vezes da morte propôs algumas questões, respondidas por São Luiz, um dos orientadores do trabalho da Codificação Espírita: 1- Quando um perigo iminente ameaça alguém, é um Espírito que dirige o perigo, e quando dele escapa, é outro Espírito que o afasta? – Quando um Espírito se encarna, escolhe uma prova; elegendo-a, estabelece-se uma espécie de destino que não pode mais conjurar, uma vez que a ele está submetido; falo das provas físicas. Conservando seu livre-arbítrio sobre o bem e o mal, o Espírito é sempre senhor de suportar ou de repelir a prova; vendo-o fraquejar, um Espírito bom pode vir em seu auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar sua vontade. Um Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe ou exagerando um perigo físico, pode abalá-lo e apavorá-lo, mas nem por isso a vontade do Espírito encarnado fica menos livre de qualquer entrave. 2. Quando um homem está na iminência de perecer por acidente, parece-me que o livre-arbítrio nada vale. Pergunto, pois, se é um Espírito mau que provoca esse acidente; se, de alguma sorte, é o seu agente; e, caso se livre do perigo, se um Espírito bom veio em seu auxílio? – Os Espíritos bons e maus não podem sugerir senão pensamentos bons ou maus, conforme sua natureza. O acidente está assinalado no destino do homem. Quando tua vida é posta em perigo, é uma advertência que tu mesmo desejaste, a fim de te desviares do mal e de te tornares melhor. Quando escapas a esse perigo, ainda sob a influência do perigo que correste, pensas mais ou menos vivamente, segundo a ação mais ou menos forte dos Espíritos bons , em te tornares melhor. Sobrevindo o Espírito mau – e digo mau, subentendendo o mal que nele ainda persiste – pensas que igualmente escaparás a outros perigos, e deixas, de novo, tuas paixões se desencadearem. 3. A fatalidade que parece presidir aos destinos materiais de nossa vida também é resultante do nosso livre-arbítrio? – Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. (...). 4. Compreendemos perfeitamente essa doutrina, mas isso não nos explica se certos Espíritos exercem uma ação direta sobre a causa material do acidente (...)? – Quando um homem passa sobre uma ponte que deve cair, não é um Espírito que o leva a passar ali, é o instinto de seu destino que o conduz a ela. 5. Quem fez a ponte desmoronar? – As circunstâncias naturais. A matéria tem em si as causas da destruição. No presente caso, tendo o Espírito necessidade de recorrer a um elemento estranho à sua natureza para movimentar forças materiais, recorrerá de preferência à intuição espiritual. (...) O Espírito, digamos, insinuará ao homem que passe por essa ponte, em vez de passar por outro local. Tendes, aliás, uma prova material do que digo: seja qual for o acidente, ocorre sempre naturalmente, isto é, por causas que se ligam às outras e o produzem insensivelmente. 6. Tomemos um outro caso, em que a destruição da matéria não seja a causa do acidente. Um homem mal-intencionado atira em mim, a bala passa de raspão, mas não me atinge. Poderá ter sucedido que um Espírito bondoso haja desviado o projétil? – Não.. Podem os Espíritos advertir-nos diretamente de um perigo? Eis um fato que parece confirmá-lo: Uma mulher saiu de casa e seguia pelo bulevar. Uma voz íntima lhe diz: Vai embora; retorna para tua casa. Ela hesita. A mesma voz faz-se ouvir várias vezes; então ela volta; mas, pensando melhor, diz a si mesma: O que vou fazer em minha casa? Acabo de sair de lá; sem dúvida é efeito da minha imaginação. Então, continua o seu caminho. Alguns passos mais adiante, uma viga que tiravam de uma casa atinge-lhe a cabeça e a derruba, inconsciente. Que voz era aquela? 7 -Não era um pressentimento do que ia acontecer a essa mulher? – A voz do instinto; nenhum pressentimento, aliás, apresenta tais caracteres: são sempre vagos. 8. Que entendeis por voz do instinto? Resp. – Entendo que, antes de encarnar-se, o Espírito tem conhecimento de todas as fases de sua existência; quando estas fases têm um caráter fundamental, conserva ele uma espécie de impressão em seu foro íntimo e tal impressão, despertando quando o momento se aproxima, torna-se pressentimento.



Diante do que vocês vem falando sobre adoração, eu pergunto: adorar a Deus não é uma necessidade? A adoração não torna o homem mais humilde, mais obediente e, portanto, mais cumpridor de seus deveres para com o próximo e para com Deus?


Conta o Evangelho de João que, certo dia, Jesus se aproximou de uma mulher samaritana e passou a conversar com ela, inclusive falaram sobre o lugar ideal para se adorar a Deus: se no Templo de Jerusalém, como faziam os judeus, ou no Monte Garizim, como entendiam os samaritanos. Jesus, piorem, lhe disse, que chegaria o tempo em que o Pai seria adorado em Espírito e Verdade.


Adorar tem o sentido de prestar homenagem, cultuar, reverenciar, etc. A adoração em si, como tudo na vida, não é boa nem é má: ela depende do sentimento de quem a presta. Jesus falou sobre isso. Quando a adoração nasce de um sentimento puro, de intenções elevadas, com certeza, ela é boa e útil; mas quando é apenas uma dissimulação, uma forma de encobrir segundas intenções ou de aparecer diante dos outros, ou, ainda, quando é uma expressão de puro egoísmo, ela pode ser até mesmo nociva, prejudicial.


Em todas as épocas e em todos os povos, em todas as formas de manifestação religiosa que o mundo conheceu, sempre houve adoração. No passado remoto da humanidade, a adoração tinha outras características, de acordo com a cultura e as concepções de cada povo. Com o passar dos séculos, a adoração foi se amoldando às novas idéias e às novas aspirações da humanidade, de acordo com a lei de evolução. No tempo de Jesus, os judeus celebravam seus cultos no Templo de Jerusalém, os samaritanos no Monte Garizin.


Jesus, porém, entendia que a verdadeira adoração se faz em Espírito e
Verdade, ou seja, não é a prática exterior de que as pessoas de valem para demonstrar a sua fé. A prática exterior deve ser apenas a manifestação do verdadeiro sentimento das pessoas. Jesus entendia que fazer a vontade de Deus é, acima de tudo, praticar o bem, porque nossos atos revelam nossos sentimentos. Essa é a verdadeira adoração, porque também é a mais difícil. Ela se constitui no verdadeiro sacrifício.


No passado, sacrificavam-se os animais e, em alguns momentos, chegou-se a sacrificar até mesmo seres humanos, pois o homem acreditava que Deus se mostrava tanto mais reconhecido quanto maior fosse o sacrifício que se lhe oferecesse. Jesus veio abolir todas essas espécies de sacrifício de vidas, para demonstrar que o mais elevado é o sacrifício de nosso egoísmo, de nosso orgulho, e de tudo aquilo que prejudica o próximo, além de nos prejudicar a nós mesmos.


Não é difícil perceber essa mensagem nos evangelhos. Ela está muito clara para quem quiser ver. Tanto assim que Jesus criticou os fariseus – que eram os mais exímios adoradores – e, sempre que teve oportunidade, exaltou o samaritano, considerado herege pelos judeus. Ele colocou o amor acima de tudo, acima das próprias religiões, como uma virtude divina, que devemos aprender a cultivar no dia-a-dia de nossa vida, fazendo aos outros o que queremos que eles nos façam e não lhes fazendo o que não queremos que nos façam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário