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quarta-feira, 4 de outubro de 2023

INFLUENCIA, SINTONIA, ENVOLVIMENTO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Pensamentos que cruzam insistentemente nossa mente desviando-nos a atenção daquilo em que nos concentramos; sensações de mal-estar ou medo sem explicações; sintomas de problemas de saúde de origem desconhecida. Analisando os determinantes de um problema a ele apresentado, Allan Kardec na edição da REVISTA ESPIRITA de dezembro de 1862, oferece-nos, dentro da racionalidade que lhe era peculiar, importante elementos para entendermos as situações propostas no início deste texto. Destacamos alguns trechos do seu estudo para refletirmos. Diz ele: “-O primeiro ponto que importa bem se compenetrar, é da natureza dos Espíritos, do ponto de vista moral. Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens, e não sendo bons todos os homens, não é racional admitir-se, que o Espírito de um perverso de súbito se transforme. Do contrário seria desnecessário a retificação na vida futura. A experiência confirma esta teoria, ou melhor, a teoria é fruto da experiência. Mostram-nos as relações com o Mundo Invisível, ao lado de Espíritos sublimes de sabedoria e de conhecimento, outros ignóbeis, ainda com todos os vícios e paixões da Humanidade. Após a morte, a alma de um homem de bem será um bom Espírito; reencarnado, um bom Espírito será um homem de bem. Pela mesma razão, ao morrer, um homem perverso será um Espírito perverso no mundo invisível. Assim, enquanto o Espírito não se houver depurado ou experimentado o desejo de se melhorar. Porque, entrando na via do progresso, pouco a pouco se despoja de seus maus instintos, eleva-se gradativamente na hierarquia dos Espíritos, até atingir a perfeição, acessível a todos, pois Deus não pode ter criado seres eternamente votados ao mal e à infelicidade. Assim, os mundos visível e invisível se penetram e alternam incessantemente; se assim podemos dizer, alimentam-se mutuamente; ou, melhor dito, esses dois mundos na realidade constituem um só, em dois estados diferentes(...). Sendo a Terra um mundo inferior, isto é, pouco adiantado, resulta que a imensa maioria dos Espíritos que a povoam, tanto no estado de desencarnados, quanto encarnados, deve compor-se de Espíritos imperfeitos, que fazem mais mal que bem(...). É, pois, necessário imaginar-se o mundo invisível como formando uma população inumerável, compacta, por assim dizer, envolvendo a Terra e se agitando no espaço. É uma espécie de atmosfera moral, da qual os Espíritos encarnados ocupam a parte inferior(...). Assim como o ar das partes baixas da atmosfera é pesado e malsão, esse ar moral é também malsão, porque corrompido pelas emanações do Espíritos impuros. Para resistir a isso são necessários temperamentos morais dotados de grande vigor”. Servindo-se d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, explica: “Há no homem três coisas: a alma, ou Espírito, princípio inteligente; o corpo, envoltório material; o perispírito, envoltório fluídico semi-material, servindo de laço entre o Espírito e o corpo(...) Por sua natureza fluídica, essencialmente móvel e elástica, se assim se pode dizer, como agente direto do Espírito, o períspirito é posto em ação e projeta raios pela vontade do Espírito. Por eles, transmite o pensamento, porque, de certa forma, está animado pelo pensamento do Espírito. Sendo o períspirito o laço que une o Espírito ao corpo, é por seu intermédio que o Espírito transmite aos órgãos, não a vida vegetativa, mas os movimentos que exprimem sua vontade,; é também, por seu intermédio que as sensações do corpo são transmitidas ao Espírito(...). Suponhamos agora duas pessoas próximas, cada qual envolvida por sua atmosfera espiritual (...). Esses fluidos põem-se em contato e se penetram. Se forem de natureza simpática, interpenetram-se; se de natureza antipática, repelem-se e os indivíduos sentirão uma espécie de mal-estar, sem se darem conta; se, ao contrário, forem movidos por sentimentos de benevolência, terão um pensamento de benevolência, que atrai (...). Se um Espírito quiser agir sobre uma pessoa, dela se aproxima, envolve-a com o seu períspirito, como num manto; os fluidos se penetram, os dois pensamentos e as duas vontades se confundem (...). Se o Espírito for bom, sua ação será benéfica e só fará boas coisas; se for perverso e mau, o constrange, até paralisar sua vontade e razão, que abafa com seus fluidos (...). Fá-lo pensar, falar e agir por ele, leva-o contra a vontade a atos extravagantes ou ridículos; numa palavra o magnetiza e o cataleptiza moralmente e o indivíduo se torna um instrumento cego de sua vontade. Tal é a causa da obsessão, da fascinação e da subjugação - geralmente chamada possessão -, que se mostram em diferentes graus de intensidade”.



Geralmente, o que notamos em diversas religiões é aquela constante preocupação com a chamada “salvação”. Mas, esta salvação quase sempre é entendida como o resgate da alma para o céu, após esta vida, como se essa alma já estivesse perdida.

Quando Allan Kardec proclamou, “fora da caridade não há salvação”, não foi nesse sentido de “salvação para o céu” que ele usou a palavra, porque salvação para o Espiritismo não é simplesmente uma meta, mas um longo caminho que o Espírito deve percorrer. E mais ainda – e o que é mais importante - a salvação não se restringe à vida depois da morte, posto que esse caminho pode começar ainda aqui, nesta vida.

Logo, aquela expectativa de que só poderemos ser felizes no outro mundo – que, para as religiões é a salvação da alma – para o Espiritismo não deve existir. A verdadeira salvação ocorre a partir do momento em que a pessoa toma consciência de seu papel neste mundo e passa a se esforçar para ser uma pessoa melhor, “mais benevolente e mais indulgente para com seu semelhante, mais humilde e mais paciente na adversidade”.

Aliás, enquanto o ideal das religiões é a formação do homem apenas religioso - que participa dos cultos e da prática de atos exteriores - para a doutrina espírita o ideal é a formação do homem de bem, aliás, o mesmo ideal de Jesus.

E ele não é um homem de bem simplesmente porque é espírita, ou porque é católico ou porque é evangélico, ou porque é judeu, ou porque é budista ou ateu.

Mas ele é um homem de bem porque está exercitando o bem no dia a dia de sua vida. Por isso que Kardec diz que “fora da caridade não há salvação”, pois a caridade nada mais é do que a vivência do bem, em qualquer circunstância em que a pessoa possa se encontrar, enquanto que a salvação, no seu sentido amplo, é o processo pelo qual ele vai vencendo o orgulho e o egoísmo que ainda o prendem a interesses menos dignos.

“O verdadeiro homem de bem – afirma Allan Kardec, em nota à questão 918 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS – é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade na sua maior pureza... se interroga sua própria consciência sobre seus atos, se se pergunta se não violou essa lei, se não fez o mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém tem nada a se lamentar dele – enfim, se fez a outrem tudo aquilo que queria os outros lhe fizessem”... Em outras palavras: se seguiu os conselhos de Jesus...

Pense nisso.


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