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terça-feira, 28 de novembro de 2023

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O Plano Material nada mais é que um prolongamento do Mundo Espiritual” comentou certa vez o médium Chico Xavier em conversa com amigos. As múltiplas obras produzidas por uma infinidade de médiuns nas ultimas décadas vão alargando nosso entendimento a sobre essa interação entre o concreto e o abstrato, entre o visível e o invisível. Embora a predominância de Espíritos pouco evoluídos na Humanidade terrestre, na verdade uma pequena porção já demonstra uma capacidade de abstração ou raciocínio lógico que lhes permite vislumbrar essa realidade inacessível e incompreensível pela maioria. Resgatando algumas informações esparsas em livros de reconhecida credibilidade, na sequencia elementos para sua reflexão: 1- A Doutrina Espírita ao tempo de Allan Kardec constituiu-se no único canal de revelação sobre as realidades em meio às quais vivemos? Não. Fora do campo de influência do Espiritismo, a mediunidade continuou a produzir resultados como os alcançados entre os meses de setembro e outubro de 1913, pelo reverendo presbiteriano inglês George Vale Owen, que amargurado pela morte de uma filha, iniciou exercícios no campo da psicografia estabelecendo contato com sua mãe através da escrita automática por inspiração, grafando, segundo apurado por ele, 24 palavras por minuto. Tais mensagens resultaram no livro A VIDA ALÉM DO VÉU, transcritas no período de apenas um mês. 2- O que acrescentaram tais comunicações? Vários aspectos podem ser destacados: 1- O Universo Espiritual de inconcebível grandeza e imensidade, se organiza em variadas Esferas que se desdobram pela amplidão do Infinito; 2 - Na primeira Esfera encontramos árvores e flores, como as que encontramos na Terra, só que muito mais belas; 3- Existem animais e pássaros, mais amigos do homem, por estarem mais próximos, mais inteligentes, já não sofrendo os temores nem padecimentos causados pelas crueldades que experimentam no Planeta; 4- Há casas e jardins de subsistência, cor e atmosfera mais de acordo com os habitantes da região; existindo fontes de água; cores mais harmoniosas; sendo tudo mais radiante, alegre; 5- Espíritos da mais alta Esfera podem descer à Esfera inferior; podendo ser enviados em missão à Terra, o que exige adaptação, a fim de se amoldarem à atmosfera densa e turva na qual está envolvido nosso mundo. 3- Qual o significado da contribuição vertida pela Espiritualidade através do médium Chico Xavier? Reafirma alguns pontos e amplia consideravelmente a visão sobre o Mundo Espiritual. Da obra CARTAS DE UMA MORTA (lake, 1936) organizada com as mensagens em que o Espírito Maria João de Deus relata seu despertar na realidade além do corpo físico e os conhecimentos absorvidos nas experiências que teve, destacamos: 1- A Terra é o centro, isto é, a sede de grande número de Esferas Espirituais que a rodeiam de maneira concêntrica, difícil de precisar em números, porque se alongam até um limite que a minha compreensão, por enquanto, não pode alcançar. 2 - Quanto mais evoluído o Ser, mais elevada será sua habitação, até alcançar o ponto em que essas Esferas se interpenetram com as de outros Mundos mais perfeitos. 3 - Há casas, pássaros, animais, reuniões, institutos como os das famílias terrenas, onde se agrupam os Espíritos através das mais elevadas afinidades. 4 - Existe uma escada de Luz atravessando os abismos, ligando as Esferas umas às outras. 5 - A região imediatamente vizinha à Terra abriga muitos sofredores e desesperados, existindo nela organizações perfeitas e inúmeras, de muitos Espíritos do mal, que, reunindo-se a outros, formam congregações nefastas e terríveis. 6 - Há abismos tenebrosos compondo as regiões infernais em certos planos da realidade espiritual, como os purgatórios da Terra. 7 - Há entidades que só se dedicam a confecção de trajes de seus companheiros. 8 - Há música e instrumentos mais perfeitos e mais adaptáveis à harmonia que os conhecidos na Terra. 9 - Temos festas e assembleias seletas, meios de comunicação, visões à distância, através de processos que os homens estão ainda muito longe de entender. 10 - São inúmeras as congregações de Espíritos que se dedicam à salvaguarda de seus ideais religiosos sobre o orbe terráqueo. 11 - Existe grande movimento de afinidade racial, parecendo-me que a questão das raças aí na Terra está subordinada a um forte ascendente de natureza espiritual. 12 - Os saxões, latinos, árabes, orientais, africanos, formam grandes falanges, à parte, em locais diferentes uns dos outros, conservando nos núcleos de suas atividades, costumes que os caracterizavam sendo profundamente interessante observarmos de perto como essas imensas colônias espirituais diferem uma das outras.



Recebemos por e-mail a seguinte questão proposta pelo Bruno Cípola, da cidade de Marília. “ Eu gostaria de entender como funciona o que o Espiritismo prega referente a não existir limite de tempo e espaço. Quer dizer que poderíamos reencarnar numa próxima vida no ano de 1.200, por exemplo, ou até mesmo no ano 8.000? Sendo assim, também seria possível aplicar um passe em uma pessoa que esteja em lugar distante, até mesmo em outro país?”

Vamos por parte, Bruno. A questão do tempo e do espaço é um tanto complexa, inclusive para a ciência. A partir de Albert Einstein que, no início do século passado, formulou a Teoria da Relatividade, esta questão passou a ser tratada de um ângulo diferente do que se pensava até o final do século XVIII. No entanto, já em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, lançado nos meados daquele século– como especificamente em A GÊNESE ( em 1868), ambos de Allan Kardec, os Espíritos – muito antes da teoria de Einstein, portanto - já abordavam aspectos referentes à dimensão espaço-tempo que a ciência desconhecia.

Desde a constituição da Doutrina Espírita, os Espíritos sempre disseram que eles percebem tanto o tempo como o espaço de forma diferente daquela que nós, os encarnados, percebemos. Na dimensão espiritual o espaço ganha nova conotação: ele não é reduzido e limitado como o nosso. Mas para nós é difícil conceber de outra forma, pois estamos confinados num mundo de três dimensões; não fazemos idéia de como seria perceber um objeto, por exemplo, se estivéssemos numa quarta dimensão, além da matéria. Desse modo, o nosso mundo físico – como o nosso corpo – limitam o espaço do Espírito, enquanto encarnado.

Quando estamos numa dimensão acima, podemos perceber a dimensão inferior – ou seja, se ocupamos uma quarta dimensão podemos perceber a terceira, mas se estamos na terceira não percebemos a quarta. É por isso que não vemos os Espíritos, mas eles nos podem ver. Contudo, embora confinados nesta dimensão mais reduzida, também somos seres espirituais e, como seres espirituais que somos, temos a faculdade de pensar. Nosso pensamento penetra o mundo espiritual, de maneira que, pelo pensamento, nós podemos atingir uma pessoa que se encontra num lugar distante, até num outro país.

Por isso, Bruno, é possível transmitir um passe de um lugar para outro, de um país para outro, quando temos um alvo determinado, que é a pessoa que queremos beneficiar. O passe consiste numa transmissão fluídica – ao mesmo tempo, ondas e partículas – que podem viajar na velocidade do pensamento, abrindo caminho para que Espíritos amigos, que estejam atentos à nossa prece, também dele participem, ajudando quem esteja precisando. Para isso é preciso mentalizar a pessoa que queremos ajudar. O problema, no entanto, não é emitir o passe através da oração (isso é até muito fácil) ; o problema é recebê-lo; e isso vai depender da pessoa que estamos querendo ajudar.

Isso quer dizer o seguinte: na oração, como no passe, temos a participação do emissor (aquele que ora, que mentaliza, que pede pela pessoa necessitada), temos o receptor (aquele que deve receber e que pode estar distante) e temos também os Espíritos amigos que nos ajudam nessa operação, aproveitando os recursos do pensamento do emissor e do receptor. Desse modo, se eu oro daqui por uma pessoa distante, mas naquele momento ela não está mentalmente receptiva (isto é, a qualidade de seu pensamento não ajuda), ela não vai receber. Por essa razão, o passe com a pessoa presente é mais garantido, pois ela está acompanhando a prece e mais pronta para receber.

Quanto à outra dimensão, o tempo, Bruno, nunca soubemos pela literatura espírita, que é possível voltar ao passado. Sabemos, contudo, que é possível nos projetar no futuro, mas de forma relativa – ou seja, percebendo situações que provavelmente venham a acontecer. Mas, mesmo assim, a visão do futuro não é uma coisa absoluta, pois quando divisamos algo que possa acontecer amanhã, no ano que vem ou daqui a muitos anos, trata-se apenas de probabilidades e não de certeza absoluta. Muitas vezes, um “flash” do futuro ( ou seja uma visão instantânea) é apenas um aviso ou um alerta para que possamos mudar o rumo dos acontecimentos e evitar o pior.

Vamos usar uma comparação para o ouvinte entender qual o significado da premonição, ou seja, da visão de um fato futuro. É como se alguém chegasse pra você e dissesse: “Cuidado, não vá por este caminho, que lá adiante tem um buraco e você pode cair”. É claro que essa pessoa está requerendo ajudá-lo para evitar que você caia. E se ela está querendo ajudar é porque o fato de você cair no buraco pode ser evitado e, se você quiser seguir aquele conselho, certamente evitará essa queda.

Entretanto, se todos os fatos de nossa vida estivessem rigorosamente determinados, não poderíamos direcionar a nossa vida, não teríamos livre-arbítrio e, portanto, não teríamos nem mérito e nem culpa pelos atos que praticamos, pois tudo já estaria decidido por Deus. Disso concluímos que não é possível voltar ao passado em termos de reencarnação, Bruno, mas é possível ir ao futuro, pois o futuro ainda está por acontecer, e o Espírito, pela Lei de Evolução, sempre caminha para a frente, jamais retroage.


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