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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

SEXTO SENTIDO - NOVO PARADÍGMA ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Abrindo o número de outubro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec apresenta um artigo sugestivo: O sexto sentido e a visão espiritual. Para ilustrar seu ponto de vista, expõe uma experiência vivida quando em visita à casa de um membro identificado apenas como senhor W., da Sociedade Espírita de Paris, na cidade de Berna, na Suíça, onde ouviu falar e depois conheceu um camponês das cercanias, possuidor da faculdade de descobrir fontes e ver num copo respostas às perguntas que lhe fazem. Casado, pai de família, 64 anos, alto, esguio, boa saúde, torneiro de profissão, protestante, muito religioso, leitor habitual da Bíblia, vítima desde trinta anos antes de uma doença que o fazia se movimentar com dificuldade. Segundo relato do senhor W., existindo em sua propriedade um conduto de águas muito extenso que, por força de certas causas locais, concluíram que a tomada d’agua fosse mais próxima, para evitar escavações inúteis, recorreu ao descobridor de fontes. Este, sem deixar seu quarto, disse olhando o copo: -“No percurso dos tubos existe outra fonte; está a tantos pés de profundidade, abaixo do décimo quarto tubo, a partir de tal ponto”. A coisa foi encontrada tal como ele havia indicado. Aproveitando a ocasião, Allan Kardec na companhia de seu anfitrião, sua esposa e mais duas pessoas, foi a casa desse homem, na intenção de instruir-se sobre o fenômeno. Ouviu que sua faculdade se revelou quando da manifestação da enfermidade, crendo que Deus quis lhe dar certa compensação. Rosto expressivo e alegre, olho vivo, inteligente e penetrante, só fala o dialeto alemão da região não entendendo nada de francês, vivendo do produto de algumas peças de terá e de seu trabalho pessoal, não sofrendo necessidade, sem estar numa posição confortável. Procurado por desconhecidos para uma consulta, seu primeiro movimento é de desconfiança, sondando suas intenções, respondendo só se ocupar de fontes, recusando qualquer experiência com o copo, crendo que se se ocupasse com questões frívolas, especulações amorosas, realização de algum desígnio mau, Deus lhe retiraria a faculdade. Absolutamente ignorante sobre Espiritismo, sem a menor ideia dos médiuns, da intervenção dos Espíritos, da ação fluídica, para ele sua faculdade está nos nervos, numa força que ele não explica. Citando outro exemplo da precisão das visões do visitado, inclusive em relação a si mesmo, Allan Kardec diz ser “mais comum que se pensa, pessoas com a mesma percepção, que o copo é mero acessório, útil apenas pelo hábito da mesma forma que a borra de café, a clara de ovos, o côncavo das mãos, as cartas, apenas um meio de fixar a atenção, um pretexto para falar, um suporte.(...). Porque o que tem efeito sobre um não o tem sobre outro? Porque tantas pessoas possuem essa faculdade sem auxílio de qualquer aparelho? É que a faculdade é inerente ao individuo e não ao copo. A imagem se forma em si mesmo, ou melhor, nas irradiações fluídicas que dele emanam. O copo não oferece, por assim dizer, senão o reflexo dessa imagem: é um efeito, e não uma causa. (...). E isto é tão verdadeiro, que certas pessoas veem perfeitamente com os olhos fechados. A visão espiritual é, na realidade, o sexto sentido ou sentido espiritual, de que tanto se falou e que, como os outros sentidos, pode ser mais ou menos obtuso ou sutil. Ele tem como agente o fluido perispiritual, como a visão física tem por agente o fluido luminoso. Assim como a radiação do fluido perispiritual traz à alma certas imagens e certas impressões. Esse fluido, como todos os outros, tem seus efeitos próprios, suas propriedades sui generis. . Sendo o homem composto de Espírito, períspirito e corpo, durante a vida as percepções se produzem, ao mesmo tempo, pelos sentidos orgânicos e pelo sentido espiritual; depois da morte, os sentidos orgânicos são destruídos mas, restando o períspirito, o Espírito continua a perceber pelo sentido espiritual, cuja sutileza aumenta em razão do desprendimento da matéria. O homem em quem tal sentido é desenvolvido goza, assim, por antecipação, de uma parte das sensações do Espírito livre. Posto que amortecido pela predominância da matéria, o sentido espiritual não deixa de produzir sobre todas as criaturas uma porção de feitos reputados maravilhosos, por falta de conhecimento do princípio. Estando esta faculdade na Natureza, pois depende da constituição do Espírito, então existiu em todos os tempos; mas, como todos os efeitos cuja causa é desconhecida, a ignorância o atribuía a causas sobrenaturais. Os que a possuíam em grau eminente e podiam dizer, saber e fazer coisas acima do alcance comum, ou eram acusados de pactuar com o diabo, qualificados de feiticeiros e queimados vivos; enquanto outros eram beatificados, como tendo o dom dos milagres, quando, na realidade, tudo se reduzia à aplicação de uma lei natural”.


Odete Reganhan, presidente do Grupo Espírita “Maria de Nazaré, na cidade de Lupércio, solicita-nos um posicionamento sobre o caso do aborto realizado, dias atrás, numa menina de 9 anos, em Pernambuco. Segundo as notícias, a garota foi estuprada, possivelmente pelo padrasto. O caso ganhou repercussão mundial, quando uma autoridade religiosa, em Pernambuco, excomungou a equipe médica, responsável pelo aborto,uma vez que o aborto é condenado pela Igreja.


Se você perguntar: o Espiritismo é a favor ou é contra o aborto? Nós vamos responder: O Espiritismo é contra o aborto. Aí você pergunta novamente: Em todos os casos? Não, não em todos os casos. A Doutrina Espírita sempre se coloca a favor da vida, principalmente porque sabe que a vida é sempre uma oportunidade a mais para o Espírito, que precisa evoluir. Interromper uma gravidez, portanto, é tirar essa oportunidade – muitas vezes, uma necessidade gritante para o Espírito reencarnante.


No entanto, se abrirmos O LIVRO DOS ESPÍRITOS, na questão 359, vamos ler: “No caso em que a vida da mãe estivesse em perigo com o nascimento da criança, há crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?” A resposta é clara: “É preferível sacrificar o ser que não existe ao ser que existe”. Desse modo, mais uma vez, a doutrina fica do lado do bom senso. O Espiritismo, que sempre fala em nome da razão, não poderia decidir de forma radical todos os casos, pois, assim fazendo, estaria contrariando seus próprios princípios.

O caso da menina pernambucana enquadra-se numa exceção à regra, portanto. Os médicos se pronunciaram, dizendo que a garota – de apenas 9 anos de idade, estrutura franzina e não mais que 1 metro e 33 centímetros de altura – tem o sistema reprodutivo imaturo e, além de ter sofrido violência sexual ( causando-lhe profundo trauma psicológico), pelo fato de não estar preparada para a reprodução, sua vida correria sério risco. Além disso, mesmo que se tentasse prosperar a gravidez, apenas para salvar as crianças, a medicina acha pouco provável que os bebês sobrevivessem.


O bom senso é sempre útil em qualquer situação, mas principalmente nos casos que fogem à regra. Não é preciso ser nenhum cientista ou sábio para chegar a tal conclusão, considerando mesmo que nós, seres humanos, não somos infalíveis em nada e, portanto, sempre estamos sujeitos a errar. Contudo, o que devemos cobrar de nós é o esforço máximo para errar menos ou causar menos danos com os nossos erros. No caso em questão, tudo leva a crer – como o próprio presidente da República pronunciou – que a justiça humana e a medicina, conjuntamente, fizeram optaram pela melhor solução.







Solange 

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