Considerando a prevalência do Plano Espiritual ou dos Universos Paralelos sobre a nossa realidade, torna-se importante ampliarmos nossos conhecimentos sobre os habitantes dessas Dimensões. Pioneiro nas prospecções sobre o assunto, Allan Kardec deixou-nos um legado disponibilizando elementos importantes para cogitações e reflexões sobre a influência que deles recebemos. Abrindo a segunda parte d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, em que aborda o Mundo Espírita ou dos Espíritos, desenvolve alguns raciocínios sobre uma Escala Espírita, resultante de uma classificação fundamentada no grau de desenvolvimento dos Espíritos, nas qualidades por eles adquiridas e nas imperfeições de que ainda não se livraram. Ressalva, contudo que ela nada tem de absoluta, podendo-se formar um número maior ou menor de classes, conforme o modo porque se considerar o assunto. Salienta que os Espíritos não pertencem para sempre e exclusivamente a esta ou àquela classe, realizando seu progresso gradualmente e como muitas vezes se efetua mais num sentido que noutro, eles podem reunir as características de várias categorias. Numa visão mais abrangente, na edição de outubro de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, na matéria em que aborda o tema OBSEDADOS E SUBJUGADOS, alinha alguns pontos importantes para entendermos como eles agem em nossas vidas: 1) Os Espíritos não são iguais nem em poder, nem em conhecimento, nem em sabedoria. Como não passam de almas desembaraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade maior que a que encontramos entre os homens da Terra, por isso que vem de todos os mundos, e porque entre os mundos a Terra nem é o mais atrasado, nem o mais adiantado. Há, pois, Espíritos muito superiores, como os há muito inferiores; muitos bons e maus; muitos sábios e muitos ignorantes; há os levianos, mentirosos, astutos, hipócritas, etc. 2) Estamos incessantemente cercados por uma nuvem de Espíritos que, nem por serem invisíveis aos nossos olhos materiais, deixam de estar no espaço, em redor de nós, aos lado, espiando nossos atos, lendo nossos pensamentos, uns para nos fazer bem, outros para nos fazer mal, segundo os Espíritos bons ou maus. 3) Pela inferioridade física e moral de nossos Globo na hierarquia dos mundos, os Espíritos inferiores aqui são mais numerosos que os superiores. 4) Entre os Espíritos que nos cercam, há os que se ligam a nós, que agem mais particularmente sobre o nosso pensamento, aconselham-nos, e cujo impulso seguimos sem nos apercebermos. 5) Ligam-se os Espíritos inferiores àqueles que os ouvem, junto aos quais tem acesso e aos quais se agarram. Se conseguirem estabelecer domínio sobre alguém, identificam-se com o seu próprio Espírito, fascinam-no, obsediam-no, subjugam-no e o conduzem como se fosse uma criança. Aprofundando mais o tema, elucida que a obsessão jamais se dá senão por Espíritos inferiores. Os bons Espíritos não produzem nenhum constrangimento: aconselham, combatem a influência dos maus que afastam-se, desde que não sejam ouvidos”. No que tange ao grau de constrangimento e a natureza dos efeitos que produz, ele é que marca a diferença entre a obsessão simples, a subjugação e a fascinação. A obsessão, elucida, é a ação quase permanente de um Espírito estranho, que leva a pessoa a ser solicitada por uma necessidade incessante de agir desta ou daquela maneira e de fazer isto ou aquilo”. A fascinação, “é uma espécie de ilusão produzida ora pela ação direta de um Espírito estranho, ora por seus raciocínios capciosos; e esta ilusão produz um logro sobre as coisas morais, falseia o julgamento e leva a toma-se o mal pelo Bem. A subjugação “é uma ligação moral que paralisa a vontade de quem a sofre, impelindo a pessoa às mais desarrazoadas ações e, por vezes, às mais contrárias ao seu próprio interesse”. Considera Kardec que “por sua vontade, a pessoa pode sempre neutralizar a influência dos Espíritos imperfeitos, porque em virtude de seu livre arbítrio, há escolha entre o Bem e o mal. Se o constrangimento chegou a ponto de paralisar a vontade e se a fascinação é tão grande que oblitera a razão, então a vontade de uma terceira pessoa pode substituí-la”.
Gostaria que vocês comentassem o Sermão da Montanha. (Natalina Alves)
È uma das mais belas páginas da história. O Sermão da Montanha é o ápice de tudo quanto Jesus ensinou, a síntese de toda a sua doutrina, uma preciosidade literária e, ao mesmo tempo, um texto proferido com amor e poesia. Ele ocupa os capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho de Mateus. Vamos analisar, aqui, somente as bem-aventuranças. Ao elaborar O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Kardec se baseou, sobretudo, no Sermão da Montanha.
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Nesta frase, quando fala em “pobres de espírito”, Jesus se refere à humildade, uma das virtudes que mais destacou e aquela que mais aproxima o homem de Deus. A expressão “reino dos céus” tem o sentido amplo de paz e felicidade. Já, a expressão “bem-aventurados” quer dizer “felizes”.
“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”. “Os que choram” são os que sofrem. Mas, todo mundo sofre. Então, aqui, Jesus se refere somente aos que sabem sofrer, aos que sofrem com fé, resignação e coragem, sem revolta e sem violência – nem contra os outros, nem contra si mesmo. Saber sofrer é uma virtude que ele próprio demonstrou, uma de suas mais importantes lições.
“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra”. Nesta frase Jesus mostra que, no futuro, o nosso planeta será um mundo de paz e amor ; aqui só permanecerão aqueles que estiverem em condições de conviver em paz com seus irmãos de humanidade. Os Espíritos, que não acompanharem a evolução moral do planeta, deverão reencarnar em mundos mais atrasados que o nosso.
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos”. Refere-se, aqui, aos injustiçados pelos homens – como ele mesmo, Jesus, o foi. No entanto, com o progresso moral do planeta, aos poucos, a injustiça será extirpada da Terra e, no futuro, com um novo mundo, todos seus habitantes gozarão de uma justiça plena.
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão a misericórdia”. Nada tão justo quanto a Lei de Causa e Efeito. O perdão é a maior expressão do amor. A mágoa ou o ressentimento são fardos desconfortáveis que carregamos pela vida, até que nos despojemos deles e passemos a viver em paz. Desse modo, perdoar é livrar-se de um terrível mal interior que nos corrói por dentro. Livrar-se desse fardo é suavizar a vida, o grande perdão de Deus.
“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”. A expressão “ver a Deus” é o mesmo que conquistar o reino dos céus, é o mesmo que ter paz no coração, é o mesmo que ser feliz. Limpo é quem não tem nada contra ninguém, não pensa mal dos outros e, portanto, não carrega lixo no coração. Esses, de fato, sentem-se estar com Deus.
“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”. Filhos de Deus todos nós somos, mas os que geralmente são reconhecidos como “filhos de Deus” são aqueles que levam a paz por onde passam, que são bem quistos e bem vindos onde estiverem e para onde forem. Há pessoas, que tem essa virtude e, por onde passam, elas sempre vão transmitindo bem-estar e alegria, como mensageiras de Deus.
“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. Com isso, Jesus encorajava aquelas pessoas que se viam coagidas ou perseguidas, porque amam a verdade e não se vendem. Com certeza, elas podem não ser entendidas pelos homens, mas no seu coração vibra um sentimento elevado, que lhes permitem viver em paz consigo mesma, alimentadas pela fé em Deus.
“Bem-aventurados sóis vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha Causa; exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus, porque assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós”. A palavra “galardão” quer dizer prêmio, recompensa. Aqui Jesus reafirma o que disse antes sobre os perseguidos, mas ele se refere especificamente aos que seguirão seus preceitos morais porque, no mundo em que vivemos, aqueles que amam e fazem o bem, muitas vezes, são perseguidos pelos interesses escusos do mundo.
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