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domingo, 24 de dezembro de 2023

DUROS DE CORAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Procedimento terapêutico como Constelação Familiar desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger demonstra o acerto da revelação apresentada pelo Espiritismo ainda no século 19 sobre o fato de que “um indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família renascem juntos para constituir uma família nova noutra posição social, a fim de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos”. Por sinal, a informação de Allan Kardec, vai além, dizendo que embora compromissos assumidos por famílias, não são resgatados por descendentes, visto que ninguém paga pelos erros de outrem, mas, sim, reencarnando no mesmo grupo familiar, o infrator ressurge como, por exemplo, bisneto de si mesmo, no sentido de retificar insensatas ações. O desconhecimento dessa visão da família resulta, porém, em muitos fracassos nos programas evolutivos cumpridos em nossa Dimensão, bem como, na morosidade com que o Ser avança mais alguns passos no caminho do progresso espiritual. Prova disso nos é oferecido no excelente livro FILHOS DA DOR (inteLitera, 2010), do professor e Mestre em Direito Penal, além de Delegado de Polícia Vilson Disposti e que sensibilizado pelos casos que observava no exercício de uma de suas atividades em prol da garantia de Lei, fundou uma instituição denominada Casa do Caminho Ave Cristo, na cidade de Birigui, interior de São Paulo. A obra prefaciada pelo médium Divaldo Pereira Franco, constitui-se num dos mais bem escritos trabalhos a respeito de um dos avassaladores e crescentes problemas – na verdade, um sintoma -, enfrentado pela sociedade contemporânea: a dependência química. Expõem não só o fato da sua origem ser repercussão do modelo familiar vivenciado por parte da sociedade desde o final do século XX, mas, também a dureza de corações nele reunidos. Isso fica patente, sobretudo, nalguns dos exemplos selecionados pra ilustrar os argumentos do inspirado e experiente escritor. Num deles, “os pais de um rapaz de 25 anos, que lutavam para afastar o filho da dependência, crendo que a retirada do mesmo do meio social em que vivia solucionaria o problema, decidiram enviá-lo a outro país, e tendo adotado as providências necessárias, inclusive do emprego garantido, às vésperas da viagem, viram o filho desaparecer por duas semanas com o dinheiro reservado e o único carro da família, após o que o impediram de entrar em casa, decidindo que deveria ser excluído da família, o que o levou a morar na rua, disputando com outros viciados, a guarda de carros estacionados, e, mesmo convencido por amigos a internar-se no Centro Ave Cristo, abandonou a terapia, preferindo a condição de morador de rua, recusando-se a qualquer tratamento”. Noutro, repete a resposta de um dos assistidos da instituição que “indagado se saberia dizer o que o teria levado às drogas explicou ter sofrido muito com a separação de seus pais, que seu genitor constitui nova família, não lhe dando mais atenção, limitando-se ao pagamento obrigatório da pensão alimentícia. Executivo de uma das maiores construtoras do país, quando comunicado de sua dependência química aos 15 anos, ignorou, pedindo para não ser aborrecido com esse assunto, dizendo que só vai para a droga quem quer. A razão de ter procurado a clínica era sair das drogas para mostrar a ele ser capaz, na esperança que o pai ainda sinta orgulho dele”. Três meses após a internação demonstrando evidentes sinais de sua recuperação, questionado sobre o que de tristeza em seu semblante, desabafou dizendo de sua ansiedade por uma carta ou ligação telefônica de seu pai, infelizmente frustrada, indagando se ele havia feito contato com a clínica. Procurado, agradecendo pela tentativa de ampará-lo, o genitor declarou ser o filho maior de idade, nada mais podendo fazer por ele. Quanto à mãe, às vésperas da liberação do moço dos oito meses do bem sucedido tratamento, antecipando-se à manifestação do filho em tenso diálogo que mantinham, declarou: - “Desejaria deixar claro uma coisa: eu não vou abrir mão da minha cervejinha diária. Em minha geladeira, sempre guardo algumas de reserva e agora esse menino vem com essa conversa de que tem medo de não se segurar por causa disso. Assim, ele não poderá voltar a morar comigo”. Como dito pelo psicanalista Eduardo Kalina, várias vezes citado pelo Dr Vilson Disposti, “o desejo tóxico é induzido socialmente, para diminuir as ansiedades geradas pelas frustrações afetivas”. O livro é permeado por outros impactantes exemplos, constituindo-se em importante instrumento de avaliação do grave problema social, não só no seu enfrentamento, mas quem sabe também da sua prevenção. 



Vocês disseram que Chico Xavier recebeu muitos Espíritos de poetas que haviam desencarnado há muito tempo. Isso é natural? Pensei que os Espíritos reencarnavam logo, mas lá no livro do Chico tem Espíritos que já desencarnaram há mais de 100 anos. Demora tanto assim? Como é que eu já ouvir dizer de crianças que morrem e logo reencarnam na mesma família? (Valéria da Silva Alves)

Dias atrás, Valéria, nos deparamos com uma pergunta bem parecida com a sua. Dissemos, na ocasião, que o intervalo entre uma encarnação e outra é muito variável, pois depende de cada caso. Tanto há aquele Espírito que, desencarnando criança, volta quase que imediatamente ao convívio da mesma família, como há aquele que permanece anos, décadas e até século no mundo espiritual. O problema está na trajetória espiritual de cada um, em que podemos verificar que, dependendo do estágio em que se encontra, o Espírito tanto pode reencarnar imediatamente, como pode levar muito tempo para voltar à vida terrena.

Em geral, os Espíritos mais evoluídos, mais esclarecidos e que, portanto, que gozam de uma condição espiritual mais confortável – notadamente aqueles que têm compromissos ou missões específicas – ficam muito tempo no mundo espiritual, muito mais do que aqui na Terra, uma vez que eles têm atribuições importantes em relação aos indivíduos e comunidades encarnadas. Já os menos esclarecidos ou os mais materializados, às vezes muito limitados em seus conhecimentos, voltam depressa.

Estamos nos referindo, porém, a uma regra geral, pois sempre há os casos excepcionais. Emmanuel, por exemplo, orientador espiritual de Chico Xavier, quando se apresentava espiritualmente ao Chico, mostrava-se envolvido numa indumentária romana, do tempo de Jesus, quando ele foi um dos membros do senado em Roma. No entanto, ele já reencarnara várias vezes depois daquela encarnação, através dos séculos que nos separam do Cristo, mas ele preferiu se caracterizar como senador, pois aquela encarnação marcou muito a sua trajetória espiritual.

Desse modo, quando se trata de um Espirito mais elevado, nem sempre ele se apresenta como foi na última encarnação, mas com aquela personalidade que mais o impressionou espiritualmente. Quanto aos Espíritos mais comuns, eles costumam se mostrar como são. Mesmo assim, como dissemos, não há uma regra específica, nem para se comunicar e muito menos para reencarnar. Quanto à comunicação mediúnica desses Espíritos, há outras implicações que também depende do nível evolutivo e da condição espiritual de cada um.

Nos casos específicos de desencarnação prematura, podemos dizer que há Espíritos, que desencarnam cedo – ou no ventre materno ou quando ainda criança são muito criança - retomarem o processo de reencarnação quase que imediatamente, e por vários motivos. Às vezes, porque o processo anterior não deu certo ou surgiu um obstáculo que impediu se realizasse; de outras, porque mesmo programada, tratou-se de uma prova ou expiação para os pais, que precisavam passar por esse tipo de experiência, até mesmo para valorizar mais sua missão; ou em outros casos mais específicos ainda.


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