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sábado, 23 de dezembro de 2023

PARA QUE SE VIVE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Normalmente em meio às crises que periodicamente atravessa, a pessoa se pergunta qual o sentido, a finalidade da vida. Abrindo o número de julho do 1862 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec desenvolve alguns argumentos que podem auxiliar nas reflexões sobre o questionamento tão comum. Explica ele: - “A vida corporal é necessária ao Espírito, ou à alma, o que é a mesma coisa, para que possa realizar neste mundo material as funções que lhe são designadas pela Providência: é uma das engrenagens da harmonia universal. A atividade que, contra sua vontade, é forçado a desenvolver nas funções que exerce, crendo agir por si mesmo, auxilia o desenvolvimento de sua inteligência e lhe facilita o adiantamento. Sendo a felicidade do Espírito na Vida Espiritual proporcional ao seu progresso e ao bem que pôde fazer como homem, resulta que, quanto maior importância adquire a vida espiritual aos olhos do homem, mais ele sente a necessidade de fazer o que é necessário para se garantir o melhor lugar possível. A experiência dos que viveram vem provar que uma vida terrena inútil ou mal-empregada não tem proveito para o futuro, e que aqueles que aqui só buscarem satisfações materiais as pagam muito caro, seja por sofrimentos no mundo dos Espíritos, seja pela obrigação de recomeçar a tarefa em condições mais penosas que as do passado; tal é o caso dos que sofrem na Terra. Assim, considerando as coisas deste mundo do ponto de vista extracorpóreo, o homem, longe de ser estimulado à despreocupação e à ociosidade, compreende melhor a necessidade do trabalho. Partindo do ponto de vista terreno, essa necessidade é uma injustiça aos seus olhos, quando se compara aos que podem viver sem nada fazer: tem ciúme deles; inveja-os. Partindo do ponto de vista espiritual, essa necessidade tem a sua razão de ser, sua utilidade, e ele a aceita sem murmurar, pois compreende que sem o trabalho ficará indefinidamente na inferioridade e privado da felicidade suprema a que aspira e que não poderá alcançar, caso não se desenvolva intelectual e moralmente. A esse respeito parece que muitos monges compreendem mal o objetivo da vida terrena e, menos ainda, as condições da vida futura. Pelo enclausuramento, eles se privam dos meios de se tornarem úteis aos semelhantes e muitos dos que hoje se acham no mundo dos Espíritos confessaram-nos que se enganaram redondamente e que sofrem as consequências de seu erro. Para o homem, tal ponto de vista tem outra imensa e imediata consequência: é a de tornar-lhe mais suportáveis as tribulações da vida. Que procure o bem-estar e se esforce por tornar o seu tempo na Terra o mais agradável possível: isto é muito natural e ninguém lho proíbe. Mas, sabendo que está aqui apenas momentaneamente, que um futuro melhor o aguarda, pouco se atormenta com as decepções que experimenta e, vendo as coisas do alto, aceita os reveses com menor amargura; fica indiferente aos aborrecimentos de que é vítima, por parte dos invejosos e dos ciumentos; reduz a seu justo valor os objetos de sua ambição e se coloca acima das pequenas susceptibilidades do amor-próprio. Liberto das preocupações criadas pelo homem que não sai de sua esfera limitada, pela perspectiva grandiosa que se desdobra à sua frente, é mais livre para se entregar a um trabalho proveitoso, para si próprio e para os outros. Para ele, as humilhações, as críticas severas e as maldades de seus inimigos não passam de nuvens imperceptíveis num vasto horizonte; não se inquieta por elas mais do que pelas moscas que zumbem aos ouvidos, porque sabe que logo estará livre. Assim, todas as pequenas misérias que lhe suscitam deslizam por ele como a água sobre o mármore.




Um ouvinte do Bairro Mariana, que não quis se identificar, levantou a seguinte questão. “Fui com um colega a uma vidente e ela disse alguma coisa sobre meu futuro que me deixou um tanto impressionado, porque o que ela disse é melhor do que eu esperava que me acontecesse. Saí de lá muito bem e acho que foi bom para mim. Minha pergunta é a seguinte: existe algo de mal em se procurar saber o futuro?”

A princípio, não; até porque pode se tratar de uma mera curiosidade, como no seu caso. O problema é saber se o que a vidente disse tem fundamento ou não. Como podemos ter certeza disso? É claro que as pessoas, quando procuram um vidente, sempre esperam boas revelações. Se elas desconfiassem ou pressentissem que da boca do vidente não sairia nada de bom, com certeza, nem iriam procura-lo. Nesse sentido, existem videntes que sabem lidar com as emoções de seus consulentes, de modo que revelam aquilo que eles esperam ouvir.

A Doutrina Espírita admite a faculdade da premonição; acha mesmo que existem pessoas dotadas de uma percepção paranormal, capazes de captar alguma coisa até do futuro; mas, isso, quase sempre em termos de probabilidade, não de certeza absoluta. No entanto, o que o Espiritismo não reconhece é fato de um paranormal qualquer obter todas as informações que pretendem, a qualquer hora. As faculdades da alma, tanto quanto a mediunidade, não funcionam simplesmente quando a pessoa quer.

Por essa razão, a doutrina põe dúvida nessas consultas, porque os videntes, quase sempre, afirmam que conseguem qualquer coisa que queiram e parecem fazê-lo com relativa facilidade, o que nos leva a duvidar até de sua honestidade. Sabemos que não é assim que funcionam as faculdades da alma. Existem muitos estudos a respeito. As faculdades anímicas são bem mais complexas do que se pensa e não estão à disposição de quem quer que seja a qualquer hora. As revelações mais conhecidas (aquelas que realmente são confirmadas) são as que ocorrem de forma inesperada e espontânea.

Todavia, para o Espiritismo, essa questão de saber o futuro é algo muito delicado. Os Espíritos deram uma resposta racional a Kardec, afirmando que se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente. Logo, deveríamos evitar tais situações para o nosso próprio bem, a fim de que não ocorra uma situação que possa comprometer a nossa paz e o nosso desempenho na vida. É claro que a curiosidade é um traço da personalidade humana: todos gostaríamos de prever muita coisa. Mas só coisa boa, é claro! porque, se prevíssemos situações difíceis ou sofridas, com certeza, fugiríamos aterrorizados.

Desse modo, ninguém vai a um vidente para saber, por exemplo, se vai sofrer um acidente, se vai adquirir uma doença grave ou quando vai morrer. Primeiro, porque coisas assim não nos interessam; e, em segundo lugar, porque a morte é uma coisa certa, mas que não acreditamos que tão já vai ocorrer conosco. Contudo, imagine se o vidente dissesse ao seu consulente que ele morreria em poucos dias, daqui a alguma semanas ou em poucos meses. É claro que, mesmo que obtivesse tal informação por algum meio, não diria isso, porque esse não é o seu papel. Pense nisso.




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