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terça-feira, 31 de dezembro de 2024

COMENTÁRIOS NO PLANO ESPIRITUAL ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Já nos anos 80 do século XX, as estatísticas mostravam um crescimento vertiginoso de mortes de jovens de forma natural ou acidental, precipitando familiares, sobretudo mães e pais, no abismo da dor e sofrimento moral nunca imaginado na “zona de conforto” em que viviam. Uma avaliação da evolução desses índices de lá para cá, revelarão um aumento exponencial de tais casos. Claro que o exercício do livre arbítrio continua a produzir vítimas a todo instante neste Planeta, revelado pelo Espiritismo como situado na faixa das Expiações e Provas, impondo de forma inexorável – embora gradual – os efeitos daquilo que causamos com nossas ações, motivadas, invariavelmente, por anseios de projeção ou exploração no meio em que as criaturas se acham inseridas. Naturalmente associada à evolução das densidades demográficas observadas nos diferentes continentes, o fato é que o Espiritismo acrescenta dado sugestivo na análise desses acontecimentos. Uma mensagem psicografada pelo médium Chico Xavier confirma isso. Na verdade era a segunda recebida de um jovem – Luiz Roberto Estuqui Jr -, desencarnado em 4 de janeiro de 1984, num acidente nas imediações de Araraquara (SP), a caminho de São José do Rio Preto (SP), localidade em que residia. A primeira carta, psicografada na reunião publica de 24 de fevereiro, apenas 50 dias após sua trágica morte, revela aspectos curiosos, embora óbvios: quem morre não aceita facilmente o abandono dos projetos perseguidos; o chamado corpo espiritual ou períspirito é submetido a tratamentos específicos; familiares desencarnados há mais tempo geralmente assistem o recém-chegado para numa faixa menor de tempo se readaptar à vida de que se afastou um dia para reencarnar. No caso de Luiz Roberto, um dos seus acompanhantes foi um tio – Fausto João Estuqui – vitima de fatal acidente de avião nas imediações de Votuporanga (SP), oito anos antes. Foi através dele que o jovem comunicante obteve a resposta procurada por muitos, notadamente os que são surpreendidos pelas perdas de entes queridos. E não só esclarece a dúvida acalentada por tantos, como oferece em seguida seu próprio exemplo para os que querem refletir. Relata Luiz Robert em sua carta de 15 de setembro de 1984: - “O tio Joaozinho, a quem levo as suas perquirições para estudo, e por entender melhor a vida, me respondeu que, por amigos daqui, veio a saber que milhões de pessoas estão passando pela desencarnação no tempo áureo da existência, porque nos achamos numa fase de muitas mudanças na Terra. E aqueles Espíritos retardatários em caminho, quando induzidos a considerar a extensão das próprias dívidas, aceitam a prova da desencarnação mais cedo do que o tempo razoável para a partida, e são atendidos com a separação de pais e afetos outros, no período em que mais desejariam continuar vivendo, em razão do tempo que perderam com frivolidades nas vidas que usufruíram. São muitos os companheiros que se retiram da Terra, compulsoriamente, das comodidades humanas em que repousavam, de modo a rematarem o resgate de certos débitos que os obrigavam a sofrer no âmago da própria consciência”. Atendo-se ao caso, do próprio informante, Luiz Roberto escreveu: -“Ele mesmo, o tio Joãozinho, me explicou que tendo pedido exames para saber o motivo pelo qual perdeu o corpo numa queda de avião, foi conduzido, por Menores competentes, junto dos quais pôde ver, num processo de regressão, as causas da desencarnação violenta pelo qual foi obrigado a alcançar. Disse-me que conseguiu observar cenas tristes de que fora protagonista, há mais de trezentos anos, nas quais se via na posição de algoz de vasta comunidade humana, atirando pessoas em poços de tamanho descomunal, por motivos sem maior importância. Assim, ele precipitou muita gente do alto de montes ásperos e empedrados, com o objetivo de conquistar destaque nas posições da finança e do poder. As faltas cometidas permaneceram impunes, por ausência de autoridades nas localidades de sua atuação, mas, perante a Justiça Divina, os disparates levados a efeito foram assinalados para resgate em tempo oportuno. Desse modo, o tio afirmou que tendo arrasado a vida de muita gente, do ápice de montanhas alcantiladas e espinhosas, conseguiu liberar-se com a angústia por ele sofrida na queda da máquina que o resguardava. Disse-me que a morte o liberava de pagamentos quase inexequíveis, já que devia unicamente o remate de débitos contraídos, considerava o acidente aéreo uma solução benigna para ele que se vê agora, sem a mácula de culpa alguma”. Evidencia-se desta forma as sutilezas da Lei de Causa e Efeito, administrando os processos evolutivos dos habitantes da Terra.



(Comentário) Com todo progresso que o homem realizou até hoje, parece que estamos cada vez mais longe de Deus. Senão, não haveria tanto desrespeito às coisas sagradas – como a família, a religião – e tanta violência no mundo... (Junior/ e-mail)


Sem a concepção da reencarnação, não podemos entender a relação do homem com Deus e tampouco o caminhar evolutivo da humanidade. Realmente, temos a impressão de que estamos nos distanciando de Deus, mas o que acontece é justamente o contrário: estamos nos aproximando cada vez mais de Deus. É a lei do progresso: o homem do século 21 – por pior que pareça – é bem melhor do que o homem da antiguidade, em todos os aspectos: na inteligência, na moral, nas realizações, na compreensão das leis da vida.


Todavia, pelo menos três fatores contribuem para que tenhamos uma visão negativa da humanidade: o crescimento acelerado da população ( no tempo de Jesus, devíamos ser apenas cerca de 300 milhões de pessoas na Terra, hoje somos cerca de 8 bilhões), o ritmo super-acelerado da vida moderna e a facilidade da comunicação ( hoje sabemos tudo o que acontece no mundo; naquele tempo só se sabia dos acontecimentos locais). Além do mais, há uma agravante: as boas notícias são pouco veiculadas – o que chama a atenção do público são as más notícias, que correm aceleradamente.


Uma avalanche de notícias ruins é despejada em nossa casa todos os dias. Às vezes, temos a impressão de que a maioria da população é formada de “bandidos” e que no mundo só acontecem catástrofes, quando, na verdade, a maioria é gente de bem e a quase totalidade da humanidade está livre dessas calamidades e vivendo em paz. Devido à nossa condição moral, ainda precária, damos mais atenção ao mal do que ao bem, esquecendo de agradecer a Deus o fato de vivermos hoje numa condição extremamente confortável em relação ao homem que viveu séculos antes de nós, quando não havia leis justas, nem se falava em direitos humanos e a crueldade era a principal característica das relações humanas.


É bem verdade que ainda estamos longe de praticar a verdadeira fraternidade, conforme o ideal de Jesus. Mas, com certeza, estamos caminhando para isso. Na natureza, as mudanças são lentas, mas constantes: e isso acontece também com o ser humano, cujo perfil hoje é bem superior ao homem do passado. A mentalidade coletiva tem mudado significativamente nos últimos anos, já temos leis mais justas, já estamos tomando partido contra a guerra e a fome, já começamos a defender a natureza, despertamos para ações solidárias e estamos, cada vez mais, nos organizando para atuar pelo bem coletivo, contrastando com a tendência das coletividades do passado.


Entretanto, esse crescimento moral é muito lento, porque ainda trazemos grandes imperfeições morais, que vão sendo combatida pelas experiências negativas que vimos sofrendo. O certo, porém, é que há uma evolução, que nem sempre percebemos, porque nos sentimos no meio de um torvelinho de transformações que, muitas vezes, dá impressão de retrocesso. A evolução é assim mesmo. E nem poderia ser diferente, pois não há progresso sem luta, sem dificuldades, sem revezes. Gostaríamos que tudo fosse mais fácil; mas, se fosse, não aprenderíamos nada com a vida.


Por outro lado, se concebemos Deus como todo poder e perfeição, temos de conceber que tudo caminha em sua direção. Deus é o princípio e o fim de tudo, de modo que, assim como tudo dele proveio, tudo para Ele tem de voltar – não como começou, mas de forma perfeita e elevada. O encontro com o Ser Divino é uma fatalidade, portanto: o problema é o caminho que precisamos fazer para chegar lá. Isso depende de nós.


segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

O PSIQUIATRA E A OBSESSÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Jorge Andreia, psiquiatra inscreveu seu nome na História do Espiritismo no Brasil pela sua contribuição no entendimento da doença mental sob a ótica da reencarnação. Autor de mais de uma dezena de obras, via nos mais de cem anos em que esteve encarnado, muitas delas se perderem por terem sido entregues a editoras sem vocação para o trabalho de publicação e preservação desses materiais. Muitas delas hoje são encontradas nos chamados “sebos” e, muito poucas nesse prodigioso sistema chamado GOOGLE. Para termos uma ideia da lucidez do pensamento do grande estudioso, reproduzimos a seguir uma de seus textos falando sobre o grave problema da perturbação espiritual. Diz ele: - A obsessão, como processo negativo, possui estruturação bem definida, obedecendo a intermináveis graduações, com específica localização nas raízes do psiquismo. Todos sofremos influência, porém daremos respaldo e sintonia com aqueles com quem nos afinizamos. Se nos encontramos em posição espiritual sadia, consequência de nossas sadias atitudes, teremos gratificações de equilíbrio e do discernimento. Se nossa posição se afasta das posições positivas, onde a ética praticamente prepondera, sofreremos as influências dos campos negativos e, o que é mais importante, na intensidade que nos afastamos do bem, pelas conotações das raízes pretéritas que traduzirão o grau de envolvimento. Consideremos também, as atitudes pessoais do indivíduo, o seu momento evolutivo e a sua escolha no jogo do livre-arbítrio. Desse modo anote-se a importância dos fatores do meio e a elaborações psíquicas de superfície (zona física), que são absorvidas e influenciam a própria organização. De tudo isso, podemos compreender, que o processo obsessivo exige tempo, a fim de que haja fixação das negatividades nas raízes do espírito daquele que no desenvolver das atitudes

pouco recomendáveis, abriu os campos da alma permitindo a sintonia. Sob as influências psíquicas negativas, alguns

apresentam reações leves e de mais fácil remoção, outros tantos carregam por anos as suas inconsequências. Estes últimos somente diante das dores advindas do processo conseguem neutralizar, em tempo específico, as manifestações obsessivas. Os quadros de mais fácil remoção encontram suas raízes nas camadas periféricas do psiquismo; isto é, da faixa do períspirito até a zona do campo material geralmente são respostas reativas mais fracas, portanto, mais fracas foram as reações negativas. Os casos mais críticos, de duradouras reações e de difícil neutralização, permite asseverar que existem implantações negativas em plenas camadas espirituais, aquelas que são envolvidas pelo corpo ou campo mental, portanto, implantações nos alicerces do espírito. Implantações, habitualmente, representam muitos componentes sedimentados por várias reencarnações, isto é, ações maléficas foram desenvolvidas em várias vidas em muitas oportunidades, daí sua sedimentação nos arcanos da alma. Nesta conjuntura, é fácil avaliar que a implantação de um processo obsessivo será variável e proporcional a intensidade da ação. Quanto maior for o desenvolvimento de uma ação negativa de resposta refletida nas reações cármicas de toda ordem, tudo dentro de uma lei que se perde no infinito fenomênico de suas próprias reações. Por isso Kardec foi bem expressivo quando classificou as obsessões em três parâmetros: O primeiro, o mais leve, denominou obsessão simples, o segundo, como grau intermediário, a fascinação, e o mais avançado, subjugação ou possessão. Na obsessão simples, o indivíduo possui total capacidade de raciocínio, percebe as distonias, chega mesmo a classificar certas tendências como não sendo suas. Havendo interesse pessoal, ao lado de orientações e conselhos, o indivíduo reage com certa facilidade. O importante é que o agredido procure orientar-se dentro de uma ética sadia, onde o próprio comportamento possa refletir atos positivos na tela consciente. Nesta contingência a Doutrina Espírita torna-se valiosa por fornecer elementos que possibilitam conhecimento daquele que sofreu o pequeno desvio. Se as atitudes do ser passam a ser coerentes, ele mesmo consegue livrar-se das influências, e o que é mais importante, torna-se psicologicamente falando, mais maduro; é como se fosse vacinado pela distonia temporária. No segundo grau de obsessão, o processo de fascinação, apesar de o indivíduo raciocinar, ler e conhecer certas máximas qualitativas da vida, encontra-se com o bloco dos sentimentos fixados em determinadas ideias. O Ser somente enxerga o que lhe convém – a influência negativa em constante ação. Mesmo que possua alguns conhecimentos espiritistas ou mensagens de alerta, as suas ideias estão convergidas para uma única direção;

esses indivíduos “flutuantes” jamais absorveram e muito menos procuram ter atitudes de vida coerente com a moral espírita, que é séria e sem pieguismos. Ficam flutuando na superficialidade, e somente enxergam as suas sugestões emocionais, que na maioria das vezes, não são próprias e sim absorvidas de sutis influências negativas. Todos os que carregam influências pretéritas e que não procuram corrigi-las, em útil movimentação de trabalho, podem ser colhidos nas malhas menos felizes das influenciações das irradiações espirituais em desalinho. Essas fixações se dariam na maioria das vezes por elogios desmedidos ou pela exaltação de conhecimentos inexistentes. Na absorção desses mananciais depreciativos haverá desencadeamento de autêntico processo de autofagia psicológica, pela sintonia com o elogio despropositado, ou pelas manifestações festivas de inexistentes valores, a fim de satisfazerem o próprio ego perante as efusões de mediocridade. Com isso os canais da alma ficam ligados às forças negativas e o envolvido passa a incorporar, definitivamente, a ideia ou grupo de ideias e a defendê-las, até com certa dose de insistência; essa condição pode dar nascimento às manifestações compulsivas, isto é, necessidade de realizar o impulso emocional em ação. Nesta segunda categoria colocamos, como típicas posições, o ciúme desmedido e o narcisismo. Este último campeia na nossa sociedade nas mais variadas manifestações, tanto no elemento masculino quanto feminino.




Tenho dúvidas com relação à aplicação do evangelho. O evangelho não reconhece o direito e ensina que eu devo sempre ceder, perdoar sempre e nunca exigir nada de quem me prejudica, de quem me agride. Ora, será que Deus, que é justo, e que me concedeu o direito de viver e de me realizar na vida, não reconhece o meu direito de exigir que os outros me respeitem, assim como devo respeitar a todos? Onde está o sentido de justiça no evangelho? (Anônimo por e-mail)


De fato, como você mesmo diz, “a justiça consiste em respeitar os direitos de cada um”. É o que está escrito na questão 875 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS e que todos deveríamos observar. Aliás, ela seria perfeita, se todos a observassem. Mas não é; ainda não sabemos fazer justiça (quando é para os outros, é claro!...), principalmente se tivermos defendendo um direito próprio. Isso porque ainda somos imperfeitos, egoístas e prepotentes ao reivindicar o que é nosso. Foi por isso que Jesus aconselhou que não nos preocupássemos apenas com justiça, quando se tratar da defesa do próprio direito.


Certa vez, ele afirmou: “Se a vossa justiça não for além da dos escribas e fariseus, não tereis o reino dos céus”. Nessa ocasião ele tocou numa questão ainda mais elevada que a justiça: a felicidade. E a felicidade não se faz somente com a aplicação pura e simples da justiça, mas com o sentimento de se estar bem consigo mesmo, de não se sentir culpado pelo que fez ou pelo que deixou de fazer. Jesus, então, refere-se à magnanimidade – ou seja, à qualidade de ser generoso, de ceder o próprio direito, quando isso for possível e quando se fizer necessário.


Nas relações humanas, via de regra, temos de fazer isso. Caso contrário é impossível conviver bem. Se formos aplicar apenas o sentido restrito de justiça ( o que é meu é meu, o que é seu é seu), ninguém cedendo nada a ninguém ( nem uma palavra, nem um sorriso, nem um gentileza), com certeza, destruiremos nossas melhores relações; desaparecerão a consideração, o gesto de carinho, a benevolência, o amor. Foi nesse sentido que Jesus falou. O direito não deve ser algo que tiramos do outro, mas ele pode ser muito mais elevado, se soubermos ceder; como fazem entre si as pessoas que se respeitam e se amam de verdade. O Pai nos trata com misericórdia.






domingo, 29 de dezembro de 2024

COISAS BEM DIFERENTES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 O Espiritismo detém o mérito não só de ter definido e explicado a mediunidade, mas, de ter revelado no lado Ocidental da Terra que todas as criaturas humanas são médiuns, o que as torna passíveis de sofrer influências do Mundo Espiritual, em maior ou menor intensidade. Apesar das tentativas de desenvolver classificações próprias da imensa variedade de sensitivos e paranormais, a Metapsíquica do médico do fisiologista Charles Richet e a Parapsicologia do pesquisador Joseph Banks Rhine, o trabalho de Allan Kardec continua válido e referência aos estudiosos, sobretudo através d’ O LIVRO DOS MÉDIUNS. O século XX, de forma mais exuberante no Brasil, expôs o trabalho de médiuns extraordinários em várias frentes de atuação da Espiritualidade, combatendo a acentuada evolução do materialismo, na verdade procurando evidenciar a realidade da sobrevivência após a morte do corpo físico. De forma ostensiva na poesia; na literatura; nas demonstrações propiciadas por Espíritos de célebres pintores; compositores clássicos; nas confortadoras manifestações de criaturas separadas de entes queridos de forma abrupta; nas impactantes cirurgias invasivas levadas a efeito em vários países latinos. Ignorante por vezes, mal intencionada outras, a imprensa associa muitos dos fenômenos dos diferentes tipos citados ao Espiritismo. Ocorre que a mediunidade é tão neutra quanto a inteligência. Tanto é médium o individuo moralmente equilibrado quanto o não. Em artigo reproduzido na REVISTA ESPIRITA de outubro de 1867, Allan Kardec tece interessantes comentários sobre aspecto observado em muitos casos impactantes no campo das curas, em que podemos incluir desde Arigó, no Brasil e Tony Agpoa, nas Filipinas, até os produzidos pela maioria dos médiuns da atualidade. Pergunta: -“Porque esta faculdade hoje se desenvolve quase que exclusivamente nos ignorantes, em vez de nos homens de ciência? Pela razão muito simples que, até agora, os homens de ciência a repelem. Quando a aceitarem, vê-la-ão desenvolver-se entre si, como entre os outros. Aquele que hoje a possuísse iria proclamá-la? Não: ocultá-la-ia com o maior cuidado. Desde que ela é inútil em suas mãos, porque lha dar? Seria o mesmo que dar um violão a um homem que não sabe ou não quer tocar. A este estado de coisas junta-se outro motivo capital. Dando aos ignorantes o dom de curar males que os sábios não podem curar, é para provar a estes que nem tudo sabem, e que há leis naturais além das que a ciência reconhece. Quanto maior a distância entre a ignorância e o saber, mais evidente é o fato. Quando se produz naquele que nada sabe, é uma prova certa de que ali em nada participou o saber humano. Mas como a ciência não pode ser um atributo da matéria, o conhecimento do mal e dos remédios por intuição, como a faculdade de vidência, só podem ser atributos do Espírito. Elas provam no homem a existência do Ser espiritual, dotado de percepções independentes dos órgãos corporais e, muitas vezes, de conhecimento adquiridos anteriormente, numa precedente existência. Esses fenômenos tem pois, ao mesmo tempo, a consequência de serem úteis à Humanidade, e de provar a existência do princípio espiritual”. Argumentos de Clélie Duplantier, uma das sóbrias entidades habitualmente presente nas reuniões da Sociedade Espírita de Paris, em mensagem psicografada pelo médium Sr Deliens, em 23 de fevereiro de 1867, merecem reflexão: -“Quanto àquele que é apenas médium, sendo instrumento, pode ser mais ou menos defeituoso, e os atos que se operam por seu intermédio de modo algum o impedem de ser imperfeito, egoísta, orgulhoso e fanático. Membro da grande família humana, ao mesmo título que a generalidade, participa de todas as suas fraquezas. Lembrai-vos destas palavras de Jesus: “Não são os que tem saúde que precisam de médico”. Então há que ver um sinal de bondade da Providência, nessas faculdades que se desenvolvem em meios e em pessoas imperfeitas. É um meio de lhes dar a fé que, mais cedo ou mais tarde, conduzirá ao Bem; se não for hoje, será amanhã; são sementes que não estão perdidas, porque vós, Espíritas sabeis que nada se perde para o Espírito. Se não é raro, em naturezas moral e fisicamente mais abruptas, encontrar faculdades transcendentes, isto se deve a que essas individualidades, tendo pouca ou nenhuma vontade pessoal, limitam-se a deixar agir a influência que as dirige. Poder-se-ia dizer que agem por instinto, ao passo que uma inteligência mais desenvolvida, querendo se dar conta da causa que a põe em movimento, por vezes colocar-se-ia em condições que não permitiriam uma realização tão fácil dos desígnios providenciais. Por mais bizarros e inexplicáveis que sejam os efeitos que se produzem aos vossos olhos, estudai-os atentamente”. Como se vê, Espiritismo, médiuns e fenômenos são coisas bem diferentes, competindo ao primeiro apenas facilitar a análise e interpretação do segundo e terceiro ou orientar seu exercício.


Numa reportagem sobre os flagelados de Santa Catarina,um homem chegou a chorar de emoção diante das câmeras de televisão, dizendo que Deus tinha salvado a sua família de morrer soterrada. Vendo isso, eu pergunto, se Deus é bom mesmo ( como dizem), por que ele não salvou as 120 pessoas que morreram nas enchentes e, mais ainda, porque ele deixou que essa enchente acontecesse? Será que aquelas pessoas mereciam castigo? Em que elas podem ser diferentes de outras que nada sofreram?


Sem a ideia da evolução - e, mais ainda, da reencarnação - prezado ouvinte, não há como explicar a Justiça Divina. Não dá nem mesmo para entender os rumos que tomam a nossa vida e o que acontece no dia-a-dia com os indivíduos e com as coletividades. Com certeza, se partirmos do pressuposto de que esta vida é a única que temos na Terra, realmente, não será possível explicar a bondade de Deus, pois – como você mesmo está apontando – não saberemos por que uns morreram e por que outros se salvaram nessa enchente do Sul e, mais ainda, por que essa população teve de enfrentar tamanha calamidade.


Vamos consultar O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questão 964. Kardec pergunta: “ Deus tem necessidade de se ocupar de cada um de nossos atos para nos recompensar ou nos punir? A maioria desses atos não são insignificantes para ele? “ Resposta dos Espíritos: “ Deus tem suas leis que regulam todas as vossas ações. Se as violais, a falta é vossa. Sem dúvida, quando um homem comete um abuso, Deus não pronuncia um julgamento contra ele para lhe dizer: “Foste guloso; eu vou te punir”. Mas ele traçou um limite: as doenças e,frequentemente, a morte, são a consequência dos excessos: eis a punição. Ela é o resultado da infração à lei: assim em tudo.”


Esta questão mostra bem o posicionamento espírita a respeito de toda problemática humana. Na verdade, todos somos Espíritos em evolução, passando pelas mais diversas experiências a fim de progredir. O que comanda o mecanismo da evolução é a lei de causa e efeito, de modo que tudo o que nos acontece – seja agradável ou desagradável - deve ter uma causa anterior que, muitas vezes, desconhecemos. As pessoas, que perecem numa tragédia, não estão lá por acaso, como também não estão por acaso aquelas que escaparam da morte.


Deus não nos criou perfeitos, mas perfectíveis; ou seja, passíveis de chegarmos à perfeição. Esse caminho se chama aperfeiçoamento, que é o caminho que estamos trilhando. Durante esse caminhar, os Espíritos vão se diferenciando em experiências, adquirindo culpas e méritos, mas tendendo sempre a vencer obstáculos e superar dificuldades. Por isso, os destinos tão diversos e as circunstâncias da vida tão desiguais. Parece injustiça. Mas só é injustiça para quem vê apenas esta vida; quem consegue divisar o conjunto do caminhar evolutivo do Espírito, sabe que cada um ainda tem muito a caminhar e o fato desagradável de hoje serve-lhe para impulsionar a evolução.


Ademais, devemos considerar que a morte não é obstáculo para o Espírito, que sobrevive a ela. Para quem vê esta como vida única, a morte é um desastre total e irreparável; mas para quem está divisando a imortalidade, ela não passa de um fenômeno comum na vida do Espírito que, além de sobreviver a ela, ainda retornará para outras encarnações. Portanto, caro ouvinte, não há injustiça, tampouco parcialidade. Deus não castiga um e protege outro. Todos somos governados pelas leis da vida, que nos direcionam para uma condição cada vez melhor.


  

sábado, 28 de dezembro de 2024

PRECE FUNCIONA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 “-Fui induzida a contemplar o que podemos chamar de aura da Terra. Meu guia exclamou: - Busca ver como a Humanidade se une pelo pensamento aos Planos Invisíveis. O teu golpe de vista abrangeu a paisagem, procure agora os detalhes. Fixando atentamente o quadro, notei que filamentos estranhos, em posição vertical, se entrelaçavam nas vastidões sem se confundirem. Não havia dois iguais e suas cores variavam do escuro ao claro mais brilhante. Alguns se apagavam, outros se acendiam em extraordinária sucessão e todos eram possuídos de movimento natural, sem uniformidade em suas particularidades. ‘-Esses filamentosdisse com bondade -, são os pensamentos emitidos pelas personalidades encarnadas. Esses raros que aí vês, e que se caracterizam pela sua alvura fulgurante, são os emitidos pela virtude e quando nos colocamos em imediata relação com uma dessas manifestações, que nos chegam dos Espíritos da Terra, o contato direto se verifica entre nós e a individualidade que nos interessa’. Aguçada minha curiosidade, quis entrar em relação com um pensamento luminoso que me seduzia, abandonando todos os outros, que nos circundavam, para só fixar a atenção sobre ele. Afigurou-se-me que os demais desapareciam, enquanto me envolvia nas irradiações simpáticas daquele traço de luz clara e brilhante. Ouvi comovedora prece, vendo igualmente uma figura de mulher ajoelhada e banhada em pranto. Num átimo de tempo, por intermédio de extraordinária interfluência de pensamentos, pude saber qual a razão das suas lágrimas, das suas preocupações e como eram amargos seus sofrimentos. Sensibilizada, instintivamente enviei-lhe pensamentos consoladores. Como se houvera pressentido, via-a meditar por instante com o olhar cheio de estranho brilho, levantando-se reconfortada para enfrentar a luta, sentindo grande alívio”. O curioso depoimento pertence ao Espírito Maria João de Deus que possibilitou a reencarnação a Chico Xavier, na condição de mãe, e que, em 1935, atendendo-lhe pedido começou a escrever CARTAS DE UMA MORTA (lake), concluído no ano seguinte. Pesquisando a prece, Allan Kardec, entrevistando os Espíritos que o auxiliaram a viabilizar a obra O LIVRO DOS ESPÍRITOS, obteve, entre outras, a informação na questão 662 que “pela prece aquele que ora, atrai os bons Espíritos que se associam ao Bem que deseja fazer”, comentando que “possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa esfera corpórea”. N’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Kardec escreveu que “a prece é uma invocação: por ela nos pomos em relação mental com o Ser a que nos dirigimos(...). As dirigidas a Deus são ouvidas pelo Espíritos encarregados da execução dos seus desígnios(...). O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento (...). Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no Fluido Universal que preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do Fluido Universal se ampliam ao Infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum Ser, na Terra ou no Espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som. É assim que “a prece é ouvida pelos Espíritos, onde quer que eles se encontrem, que então nos transmitem suas inspirações”. Abordando o poder da prece diz que “está no pensamento, e não depende das palavras, do lugar, nem do momento em que é feita, podendo-se orar em qualquer lugar e a qualquer hora, a sós ou em conjunto”. Afirma que a “prece em comum tem ação mais poderosa”. Nas “reportagens” escritas através de Chico Xavier pelo Espírito conhecido como André Luiz, encontramos inúmeros ensinos a propósito da prece. No ENTRE A TERRA E O CÉU (feb), o Ministro Clarêncio afirma que a “prece, qualquer que ela seja, é ação provocando reação. Conforme sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo a finalidade a que se destina.”. André aprende existir a oração refratada, ou seja, aquela cujo impulso luminoso teve sua direção desviada, passando a outro objetivo”. Tal prece, no livro, fora formulada por adolescente órfã, 15 anos, rogando auxílio à mãe desencarnada, supondo que ela se encontrasse junto a Deus, quando na verdade, inconformada e atormentada, ela se mantinha na invisibilidade do próprio lar que deixara compulsoriamente pelo fenômeno da morte física. Mais à frente, ouve que “a oração é o meio mais seguro para obter-se a influência espiritual que se faz através do pensamento, no canal da intuição”, sendo ainda “o remédio eficaz de nossas moléstias íntimas”, abrindo um caminho de reajuste para o que ora.



Pergunta da Fátima Vilela, do Bairro Rebelo: “O Brasil todo se mobilizou para ajudar as vítimas das enchentes em Santa Catarina, mandando alimentos, água, roupas, remédios e outras coisas mais. Todos estão falando numa grande corrente de solidariedade por todo o país para ajudar os necessitados. Podemos dizer que isso também é caridade?”


Na questão 886 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, lemos: “Qual é o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?” Resposta: “Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão da ofensas”. Veja como é amplo o conceito de caridade. Muita gente ainda acha que caridade é dar esmola. Mas, se a esmola rebaixa ao invés de elevar, denigre a imagem do homem ao invés de promovê-lo – não pode ser caridade, pois a caridade verdadeira é a manifestação do amor ao semelhante.


A caridade abrange, ao mesmo tempo, os dois aspectos: o aspecto material e o aspecto moral. O aspecto material está em proporcionar bens materiais a quem necessita, principalmente se for uma situação de emergência, que implica na preservação da vida. O aspecto moral da caridade, como o próprio nome indica, está na ajuda moral, no apoio, na solidariedade, na indulgência ( que é compreender os defeitos alheios) e no perdão (a expressão mais difícil da caridade), ou seja, em toda a nossa vida de relação com o próximo.


A solidariedade, como toda boa ação, faz parte da caridade, sim. No sentido estrito da palavra, ‘ser solidário’ é colocar-se ao lado, é dar apoio e dar proteção. Logo, o ato de dar alguma coisa a alguém provém de um sentimento solidário. Na definição espírita, é um ato de benevolência. Ser benevolente é fazer o bem a alguém ou a uma coletividade. É o mesmo que ser solidário. Portanto, a solidariedade, assim como a benevolência, pode se manifestar apenas como apoio moral, pode se manifestar através de serviços prestados (como aqueles que estão trabalhando para ajudar as famílias em Santa Catarina), ou pode se manifestar apenas através da doação material.


Essa manifestação de solidariedade em relação aos flagelados de Santa Catarina, diante do drama pelo qual aquelas populações estão passando, demonstra que o ser humano está cada vez mais sensível às necessidades e sofrimento do próximo. Embora o quadro de sofrimento do povo catarinense – de famílias que perderam entes queridos e todos os bens que possuíam – não podemos deixar de registrar o lado positivo da solidariedade, que está envolvendo todo o país, através das entidades, organizações e pessoas. Isso demonstra que ainda precisamos dessas situações para sermos sensibilizados e nos desprender um pouco de nós mesmos para ir ao encontro daqueles que necessitam mais.


Precisamos aproveitar esta oportunidade para parar e refletir sobre isso. Se soubermos valorizar o sofrimento alheio, conforme nos mostra a televisão, com certeza, vamos sofrer menos diante de nossas próprias dificuldades, e vamos desenvolver ações que nos dignificam moral e espiritualmente, satisfazendo a nossa necessidade de crescer interiormente. A vida tem esses dois lados: o do prazer e o da dor. O primeiro todos querem; o segundo, ninguém quer. Mas não podemos viver sem eles. E, se formos bem realistas, vamos perceber que a dor sempre nos ensina mais que o prazer. Quando tudo está bem e se a situação é confortável, facilmente esquecemos do próximo; mas quando percebemos que somos frágeis e necessitados, nos condoemos mais da necessidade alheia.


Precisamos que a solidariedade esteja mais presente em nossa vida. Não só em relação às catástrofes, que nos pegam de surpresa, mas em relação ao dia-a-dia de nossa vida, olhando para os lados e vendo o que podemos fazer para melhorar a vida daqueles que necessitam, colaborando para que a sociedade humana seja mais justa e não relegue ninguém ao abandono. Trabalhar pelo bem de todos é, sobretudo, trabalhar por nós mesmos.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

NECESSIDADE URGENTE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Quando a sociedade humana não tem outro objetivo de atividade senão a prosperidade material e o prazer dos sentidos, ela mergulha no materialismo egoísta, aprecia todas as ações segundo o Bem que delas retira, renuncia a todos os esforços que não levam a uma vantagem palpável, não estima senão aqueles que possuem, e não respeita senão a força que se impõe. Quando os homens não se preocupam senão com os sucessos imediatos e lucrativos, perdem o senso de honestidade, renunciam à escolha dos meios, calcam aos pés a felicidade íntima, as virtudes privadas, e cessam de se guiar segundo os princípios de justiça e de equidade. Numa sociedade lançada nessa direção imoral, o rico leva uma vida de ociosidade ignóbil, embrutecedora, e o deserdado nela arrasta uma existência dolorosa e monótona, da qual o suicídio parece ser a última consolação!”. Essa avaliação não se constitui num verdadeiro retrato falado, um diagnóstico perfeito da realidade observada na atualidade do mundo? Ocorre que ela foi publicada na abertura do número de setembro de 1863 da REVISTA ESPÍRITA. O editor, Allan Kardec a reproduz pela qualidade dos argumentos elaborados pelo autor, identificado como F. Herrenschneider, sobre a necessidade da aliança entre a Filosofia e o Espiritismo. Diante do quadro desenhado pelas palavras iniciais, acrescenta que “contra semelhante disposição moral, pública e privada, a filosofia é impotente. Não que os argumentos lhe façam falta para provar a necessidade social de princípios puros e generosos, não que ela não possa demonstrar a iminência da responsabilidade final, e estabelecer a perpetuidade de nossa existência, mas os homens não têm, geralmente, nem o tempo, nem o gosto, nem o espírito bastante refletido, para prestar atenção à voz de suas consciências e às observações da razão. As vicissitudes da vida, aliás, frequentemente, são muito imperiosas para que se decida ao exercício da virtude pelo simples amor ao Bem. Quando mesmo que a filosofia tivesse sido, verdadeiramente, o que deveria ser: uma doutrina completa e certa, jamais teria podido provocar, só pelo seu ensino, a regeneração social de maneira eficaz, uma vez que até este dia não pôde dar, à autoridade de sua doutrina, de outra sanção senão do amor abstrato do ideal e da perfeição. É que aos homens é preciso, para convencê-los da necessidade de se consagrarem ao bem, fatos que falem aos sentidos. Preciso lhes é o quadro impressionante de suas dores futuras, para que consintam em subir novamente a rampa funesta onde seus vícios os arrastam; é-lhes preciso tocar com o dedo as infelicidades eternas que se preparam por seu desleixo moral, para que compreendam que a vida atual não é o objetivo de sua existência, mas o meio que o Criador lhes deu de trabalhar pessoalmente no cumprimento de seus destinos finais. Também é por esse motivo que todas as religiões apoiaram seus mandamentos sobre o terror do inferno e sobre as seduções das alegrias celestes. Mas, desde que, sob o império da incredulidade e da indiferença religiosa, as populações se tranquilizaram sobre as consequências últimas de seus pecados, uma filosofia fácil e inconsequente ajudando o culto dos sentidos, dos interesses temporais e das doutrinas egoístas, acabou por prevalecer. Hoje os homens esclarecidos, inteligentes e fortes se afastam da Igreja e seguem suas próprias inspirações; a autoridade necessária lhe faz falta para recobrar sua influência vinte vezes secular. Pode-se, pois, dizer que a Igreja é tão impotente quanto a filosofia, e que nenhuma nem outra exercerão influência salutar sujeitando-se, cada uma em seu gênero, a uma reforma radical. (...). É, pois, o Espiritismo que nos revela nossos destinos futuros, e, quanto mais for conhecido, mais a regeneração moral e religiosa ganhará em impulso e em extensão. A união do Espiritismo com as ciências filosóficas nos parece, com efeito, de uma alta necessidade para a felicidade da Humanidade e para o progresso moral, intelectual e religioso da sociedade moderna; porque não estamos mais no tempo em que se podia afastar a ciência humana e preferir-lhe a fé cega. A ciência moderna é muito sábia, muito segura de si mesma, e muito avançada no conhecimento das leis que Deus impôs à inteligência e à Natureza, para que a transformação religiosa possa ter lugar sem seu concurso. Conhece-se muito exatamente a exiguidade relativa de nosso Globo para conceder à Humanidade um lugar privilegiado nos desígnios providenciais. Aos olhos de todos, não somos mais do que um grão de pó na imensidade dos mundos, e sabe-se que as leis que regem essa multidão indefinida de existências são simples, imutáveis e universais”.



Várias igrejas vivem prometendo cura para o povo. Existem relatos de cura, pessoas que prestam depoimentos, dizendo que foram curadas. Quem realmente cura nessas igrejas? Jesus? Os anjos? Os santos? Os Espíritos de Luz? (Terezinha Yamashiro)


Prezada Terezinha, há, pelo menos, duas maneiras de abordar esta questão. A primeira se refere à cura espiritual em si. Será que ela realmente existe? Na verdade, vamos encontrar relatos de cura, chamadas milagrosas, em todas as religiões, em todas as épocas e lugares, dentro e fora do ambiente religioso. Sem entrar no mérito dessa questão, podemos afirmar seguramente que a fé cura ou, pelo menos, ela contribui muito para isso. Não é novidade. Jesus já proclamou o valor da fé. O evangelho faz referência à dificuldade que Jesus teve de promover alguma cura na sua terra, onde o povo conhecia sua família e não acreditava nele.


Você pode encontrar um bom material sobre o que se costuma chamar “poder da fé”, n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – capítulo intitulado “A fé remove montanhas”- frase dita por Jesus. Ali, Kardec faz uma exposição sobre o poder da fé, como condição necessária e imprescindível para a vida. Entretanto, Kardec não se refere a um pretenso poder mágico ou miraculoso da fé, mas a uma capacidade que está nas leis da natureza. Em todas as épocas, quando ocorriam fenômenos de cura, as pessoas achavam que se tratava de um poder mágico. Mas a Doutrina Espírita veio explicar que a fé em si já é um poder. A condição de quem crê, de verdade, pode realmente surpreender, embora, em termos de cura, isso não aconteça tão frequentemente quanto se proclama.


E o que é a fé? É uma condição da alma, um estado de absoluta certeza ou de convicção de que se vai alcançar um determinado resultado. Quando isso acontece, de verdade, a pessoa emite ondas mentais favoráveis às suas pretensões ( a prece, por exemplo), e isso possibilita não só uma resposta positiva de seu organismo, como também facilita a ação da Espiritualidade, ou seja, dos Espíritos interessados em favorecê-la. A espiritualidade sempre dispõe de recursos terapêuticos de uma ordem de que não ainda não podemos dispor: muitas vezes, nem mesmo a medicina.


A – Podemos acreditar no médico, no enfermeiro, no protetor, na mãe, no amigo – mas a fé em Deus tem uma conotação muito especial. Tanto assim que, hoje, até nas faculdades médicas, já estão introduzindo no currículo uma matéria sobre medicina e espiritualidade. O estado mental do paciente, qualquer for a sua religião, é um fator de cura. Deus, para aqueles que crêem, representa o supremo poder, e – algumas vezes – isso basta para que a pessoa, num estado de extrema necessidade, recorra às forças mais profundas da alma para buscar esse socorro especial de Deus dentro de si mesma.


André Luiz, no livro “Mecanismos da Mediunidade”, mostra como que uma súplica, que parte do fundo da alma, pode desencadear um fenômeno mental capaz de arregimentar forças regenerativas da natureza. Muita gente recorre a igrejas, médiuns e curandeiros para obter cura. Logo, Terezinha, a cura nas igrejas é possível, principalmente pelo fato de o ambiente religioso estimular a fé. Mas não deve ser tão freqüente quanto se propala por aí. Há muita propaganda enganosa – todos sabemos disso. Na maioria das vezes, as promessas de cura representam apenas um meio para atrair adeptos e engrossar as fileiras religiosas.


Além do mais, todos ficamos doentes, de modo que buscar adeptos utilizando desse expediente é muito promissor, pois sempre haverá quem esteja desesperado para resolver seu problema. Quanto ao autor da cura, isso é o menos importante, mas, sem dúvida, o principal é o próprio paciente. É ele quem estimula a própria cura e é ele quem a consegue quando realmente merece. No evangelho, por sinal, vamos encontrar a história da mulher, que sofria de hemorragia há vários anos, e que se curou ao tocar as vestes de Jesus. Jesus lhe disse simplesmente: “a tua fé te curou”.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

NÃO EXISTE OUTRO CAMINHO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato? Quando essa arte (educação moral) for conhecida, compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisto está o ponto de partida, o elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos”. A analise feita por Allan Kardec em meados do século 19, continua sendo atual no século 21. No século 20, o Espírito Emmanuel, através do médium Chico Xavier, manifestou-se ao final do primeiro livro escrito por ele dentro do programa a ser cumprido com o médium mineiro, enfatizando o ponto que, segundo ele é realmente o caminho para a construção de uma sociedade melhor. Diz ele: -“Todas as reformas sociais, necessárias em vossos tempos de indecisão espiritual, têm de processar-se sobre a base do Evangelho. Como? – podereis objetar-nos. Pela educação, replicaremos. O plano pedagógico que implica esse grandioso problema tem de partir ainda do simples para o complexo. Ele abrange atividades multiformes e imensas, mas não é impossível. Primeiramente, o trabalho de vulgarização deverá intensificar-se, lançando, através da palavra falada ou escrita do ensinamento, as diminutas raízes do futuro. Toda essa demagogia filosófico-doutrinária, que vedes nas fileiras do Espiritismo, tem sua razão de ser. As almas humanas se preparam para o bom caminho. A missão do Cristianismo na Terra não era a de mancomunar-se com as forças políticas que lhe desviassem a profunda significação espiritual para os homens. O Cristo não teria vindo ao mundo para instituir castas sacerdotais e nem impor dogmatismos absurdos. Sua ação dirigiu-se, justamente, para a necessidade de se remodelar a sociedade humana, eliminando-se os preconceitos religiosos, constituindo isso a causa da sua cruz e do seu martírio, sem se desviar, contudo, do terreno das profecias que o anunciavam. Todas essas atividades bélicas, todas as lutas antifraternas no seio dos povos irmãos, quase a totalidade dos absurdos, que complicam a vida do homem, vieram da escravização da consciência ao conglomerado de preceitos dogmáticos das Igrejas que se levantaram sobre a doutrina do Divino Mestre, contrariando as suas bases, digladiando-se mutuamente, condenando-se umas às outras em nome de Deus. Aliado ao Estado, o Cristianismo deturpou-se, perdendo as suas características divinas. Sabemos todos que a Humanidade terrena atinge, atualmente, as cumeadas de um dos mais importantes ciclos evolutivos. Nessas transformações, há sempre necessidade do pensamento religioso para manter-se a espiritualidade das criaturas em momentos tão críticos. A ideia cristã se encontrava afeto o trabalho de sustentar essa coesão dos sentimentos de confiança e de fé das criaturas humanas nos seus elevados destinos; todavia, encarcerada nas grades dos dogmas, a doutrina de Jesus não poderia, de modo algum, amparar o espírito humano nessas dolorosas transições. Todas as exterioridades da Igreja deixam nas almas atuais, sedentas de progresso, um vazio muito amargo. (...) As atividades pedagógicas do presente e do futuro terão de se caracterizar pela sua feição evangélica e espiritista, se quiserem colaborar no grandioso edifício do progresso humano. Os estudiosos do materialismo não sabem que todos os seus estudos se baseiam na transição e na morte. Todas as realidades da vida se conservam inapreensíveis às suas faculdades sensoriais. Suas análises objetivam somente a carne perecível. O corpo que estudam, a célula que examinam, o corpo químico submetido à sua crítica minuciosa, são acidentais e passageiros. Os materiais humanos postos sob os seus olhos pertencem ao domínio das transformações, através do suposto aniquilamento. Como poderá, pois, esse movimento de extravagância do espírito humano presidir à formação da mentalidade geral que o futuro requer, para a consecução dos seus projetos grandiosos de fraternidade e de paz? A intelectualidade acadêmica está fechada no circulo da opinião dos catedráticos, como a ideia religiosa está presa no cárcere dos dogmas absurdos. Os continuadores do Cristo, nos tempos modernos, terão de marchar contra esses gigantes, com a liberdade dos seus atos e das suas ideias. Por enquanto, todo o nosso trabalho objetiva a formação da mentalidade cristã, por excelência, mentalidade purificada, livre dos preceitos e preconceitos que impedem a marcha da Humanidade. (...) Toda a tarefa, no momento, é formar o espírito genuinamente cristão; terminado esse trabalho, os homens terão atingido o dia luminoso da paz universal e da concórdia de todos os corações.




Gostaria de saber se a depressão pode acontecer com uma pessoa que sente culpada de algum mal que fez. (Alcinéia Maria dos Santos)


Parece que ninguém tem mais dúvida sobre isso, cara ouvinte. Mas, efetivamente, o quadro depressivo depende de vários fatores, inclusive os de ordem emocional: e a culpa pode ser um desses fatores emocionais. É claro que toda pessoa, consciente de sua responsabilidade perante as leis da vida (como o amor e solidariedade), deve cuidar-se o suficiente para não ser vitima desse sentimento, que pode ser danoso ao atingir uma dimensão perturbadora. Assim, os erros do passado, próximo ou distante, podem aflorar à mente em forma de culpa.


Todos nós, invariavelmente, temos esse sentimento no dia a dia de nossa vida. Quem não tem? A maioria desses sentimentos são conscientes. Isso porque cometemos erros que causam prejuízos aos outros. Dizemos “conscientes”, porque, às vezes, prejudicamos sem querer e, de outras, queremos prejudicar. É claro que, no primeiro caso, o sentimento de culpa é menos perturbador, mas pode também prejudicar, se não temos segurança, se não acreditamos em nós mesmos e nem temos uma fé, uma confiança em Deus.


O sentimento de culpa ocorre sempre que há conflito de consciência. Todos nós aprendemos valores morais com nossos pais. No entanto, mesmo sabendo que um ato prejudica alguém, assim mesmo, não hesitamos em praticá-lo, ainda que a culpa venha depois. Na verdade, essa culpa está ligada ao nosso nível de compreensão da vida e ao nível de desenvolvimento moral que alcançamos. Em geral, não sentimos culpa quando não temos consciência do erro. Mas, desde que adquiramos essa consciência, mesmo que seja bem depois do erro praticado, podemos desenvolver esse sentimento. O tribunal da consciência costuma ser implacável.


Desse modo, a culpa pode ser consciente ou inconsciente. Consciente quando sabemos o peso moral daquilo que fizemos; inconsciente quando nem sabemos avaliar o mal que fizemos. Entretanto, um ato prejudicial ao próximo, cometido num momento de raiva ou de desespero, pode ter repercussões mentais no futuro. É que essas situações criam o que podemos chamar de “pacotes de emoções negativas” em nosso mundo inconsciente, que podem permanecer muito tempo em nível inconsciente e, no futuro, aflorar em forma de auto-rejeição.


Nossos atos podem ter um efeito até imediato em nós mesmos, mas podem, às vezes, demorar para se manifestar. Assim, dificuldade de ajustamento emocional podem surgir por atos que cometemos nesta vida ou por outros que praticamos em vidas anteriores. De qualquer forma, a culpa pode contribuir para a depressão emocional, mas não devemos nos esquecer que podemos desenvolver culpa também por atos que praticamos contra nós mesmos.


A única forma de combater esse sentimento negativo, que muitas vezes nos assalta, é nos esforçarmos para estar bem conosco mesmos. E isso pode ser obtido mediante leituras apropriadas e a prática de boas ações.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

LUMEN; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Camille Flammarion tinha 18 anos quando conheceu Allan Kardec, em 1860. Menino precoce, começou aos 16 de idade, a trabalhar no Observatório de Paris, aos 20 teve publicado A PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS, o primeiro de mais de três dezenas de livros de sua autoria entre os abordando Astronomia e os sobre Espiritismo. Participante das reuniões da Sociedade Espírita de Paris, entre os anos de 1862 e 1863, psicografou nelas uma série de mensagens intituladas ESTUDOS URANOGRÁFICOS, assinados pelo Espírito Galileu, incluídos pelo Codificador na obra A GÊNESE sob o título URANOGRAFIA GERAL. Há quem diga que ele seria a reencarnação de Galileu e se ocultado no pseudônimo Lucius, com que prefacia através de Chico Xavier, a obra IMAGENS DO ALÉM (ide), de Heigorina Cunha. Na REVISTA ESPÍRITA de março de 1867, a seção NOTÍCIAS BIBLIOGRÁFICA comenta um artigo de Camille, publicado na REVISTA DO SÉCULO 19, edição de fevereiro, que, segundo a apreciação, “poderia se constituir um livro interessante, e sobretudo, instrutivo, porque seus dados são fornecidos pela ciência positiva e tratados com a clareza e elegância que o jovem sábio põe em todos os seus escritos”. No trabalho, o autor supõe uma dialogo entre um indivíduo encarnado, chamado Sitiens, e o Espírito de um de seus amigos, chamado Lumen, que lhe descreveu seus últimos pensamentos terrenos, as primeiras sensações da Vida Espiritual e as que acompanham o fenômeno da separação. Esse quadro avalia Kardec, está perfeitamente de acordo com o que os Espíritos ensinam a respeito; é o mais exato Espiritismo, menos a palavra, que não é pronunciada. Alguns trechos destacados demonstram isso: 1- A primeira sensação de identidade que se experimenta depois da morte, assemelha-se à que se sente ao despertar durante a vida, quando, voltando pouco a pouco à consciência da manhã, ainda se é atravessado por visões da noite”. Observa Kardec que “nesta situação do Espírito, nada há de admirável que alguns não se julguem mortos”. 2- Não há morte. O fato que designais sob tal nome, a separação entre corpo e alma, a bem dizer, não se efetua sob uma forma material comparável às separações químicas dos elementos dissociados, observadas no mundo físico. Quase não se percebe esta separação definitiva, que nos aparece tão cruel, quando o recém-nascido não percebe o seu nascimento.; nascemos para a vida futura como nascemos para a vida terrena. Apenas a alma, não mais adquire prontamente a noção de seu estado e de sua personalidade. Contudo, essa faculdade de percepção varia essencialmente de alma para alma. Umas há que, durante a vida do corpo, jamais se elevaram para o céu e jamais se sentiram ansiosas por penetrar as Leis da Criação. Estas, ainda dominadas pelos apetites corporais, ficam muito tempo num estado de perturbação inconsciente”. Flammarion relata que “logo depois da libertação o Espírito Lumen transportou-se com a velocidade do pensamento para o grupo de Mundos componentes do sistema da estrela designada em Astronomia sob o nome de Capella ou Cabra”. Dando-nos uma ideia da ampliação de suas percepções após ter abandonado o corpo físico, Lumen diz que “a visão de minha alma tinha um poder incomparavelmente superior ao dos olhos do organismo terrestre, que acabava de deixar; e, observação surpreendente, seu poder me parecia submetido à vontade”. Mais à frente, revela que “no mundo à margem do qual eu acabava de chegar, os seres, não encarnados num invólucro grosseiro como aqui - refere-se à Terra -, mas livres e dotados de faculdades de percepção elevadas a eminente grau de poder, podem perceber distintamente detalhes que, a essa distância, seriam absolutamente subtraídos aos olhos das organizações terrestres”. Explicando melhor acrescenta que tal capacidade “não é exterior a esses seres, pertencem ao próprio organismo de sua vista. Tal construção ótica e poder de visão são naturais nesses mundos e não sobrenaturais. Pensai um pouco nos insetos que gozam da propriedade de contrair ou alongar os olhos, como tubos de uma luneta, encher ou achatar o cristalino para dele fazer uma lente em diferentes graus, ou ainda concentrar no mesmo foco uma porção de olhos assestados como outros tantos microscópios, para captar o infinitamente pequeno, e podeis mais legitimamente admitir a faculdade desses seres extraterrenos”. Enaltecendo o valor do artigo, Kardec considera que “é a primeira vez que o Espiritismo verdadeiro e sério é associado à ciência positiva, e isto por um homem capaz de apreciar uma e outra, e de captar o traço de união que um dia os deverá ligar”.




Por que os criminosos patológicos são mais frequentes hoje? (Anônimo)


Todos os crimes todos são mais freqüentes hoje. Primeiramente, porque a população têm aumentado muito e o ritmo de vida é cada vez mais acelerado, principalmente nas grandes cidades, onde o espaço é menor para cada um. Convém ressaltar que sempre houve muitos crimes na humanidade e no passado, em geral, eles eram mais cruéis do que hoje; a própria Bíblia começa relatando o assassinato de Caim pelo irmão Abel. É bem verdade que se trata de uma alegoria à tendência criminosa do homem, mas mostra que, desde as épocas mais remotas, a criminalidade é um problema social e, no passado, talvez com maior prejuízo.


Nós temos falado, aqui, que a mídia ( a imprensa falada, escrita e televisada) acaba dando uma dimensão maior ao problema, à medida em que os crimes ocupam um grande espaço nos noticiários e acabam sendo supervalorizados, pois atrai grande audiência. Mas, independente disso, sabemos também que as tensões criadas pela vida moderna constituem fator que estimula a violência, mas não justifica. Se o homem estivesse mais consciente de seu papel e de sua responsabilidade diante da sociedade em que vive, estaria mais preparado para suportar os impactos da vida e, com certeza, cometeria menos violência.


Nenhum Espírito reencarna para cometer delitos. O objetivo da reencarnação é abrir caminho para o progresso espiritual, mas nem todos estão bem seguros do que fazem e, não cultivando um ideal espiritualista, é difícil para algumas pessoas, que vivem em condições muito difíceis de competição e sobrevivência, vencerem seus instintos de rebeldia e violência. Felizmente, a grande maioria da população consegue seu intento e é capaz de terminar seus dias na Terra com um saldo espiritual positivo, o que faz com que a humanidade caminhe para a frente.


Os casos patológicos, a que você se refere, são aqueles de pessoas acometidas de algum transtorno psíquico, que a torna perigosa para os outros e para si mesmas. Casos como dos “serial killers” (homens que matam insistente e compulsivamente, tirando a vida de muitos), de sociopatas e tarados sexuais, que vivem o prazer de matar, sempre existiram. Hoje eles aparecem com mais freqüência, devido ao aumento da população, e também aos meios de comunicação, que acabam divulgando com muita insistência crimes dessa gravidade, causando profunda comoção popular.


Devem ser Espíritos profundamente doentes, que vêm ao mundo na expectativa de recuperação e acabam reincidindo nos mesmos erros. Quando a sociedade tiver capacidade de acolher bem a toda a população, proporcionando condições dignas de vida e quando os homens aprenderem a se respeitarem e a se amarem de verdade, com certeza, mudaremos esse quadro.