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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

KARDEC E AS REVELACÕES ESPIRITUAIS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Conselhos estapafúrdios, revelações espantosas, opiniões intrigantes tornam-se comum em trabalhos práticos ou literários que circulam no meio espírita ou não atualmente. Abrindo o número de agosto de 1858 da REVISTA ESPIRITA, Allan Kardec reproduziu extenso artigo de sua autoria intitulado “Contradições na Linguagem dos Espíritos”, contendo ponderações do Codificador extremamente importantes em face da grande quantidade de “revelações” contidas em obras mediúnicas publicadas atualmente. Na avaliação exposta, pondera: -“As contradições encontradas tão frequentemente na linguagem dos Espíritos, mesmo sobre questões essenciais, para algumas pessoas foram até aqui uma causa de incerteza quanto ao valor real de suas comunicações, circunstância da qual não deixam os adversários de tirar partido. À primeira vista essas contradições parecem realmente uma das principais pedras de tropeço da Ciência Espírita. Vejamos se tem elas a importância que lhes emprestam. Perguntaremos, de início, qual a Ciência que não teve, em seus primórdios, semelhantes anomalias. Qual o sábio que, nas suas investigações, não foi algumas vezes confundido por fatos que aparentemente contradiziam as regras estabelecidas? Se a Botânica, a Zoologia, a Fisiologia, a Medicina, e a nossa própria língua não nos oferecem milhares de exemplos semelhantes e se suas bases desafiam qualquer contradição? É comparando os fatos, observando as analogias e as dessemelhanças que, pouco a pouco, se chegam a estabelecer as regras, as classificações, os princípios: numa palavra, a constituir a Ciência”. Mais à frente, acrescenta: -“A princípio, fez-se uma ideia absolutamente falsa da natureza dos Espíritos. Foram imaginados como seres à parte, de natureza excepcional, nada possuindo em comum com a matéria e devendo saber tudo. Eram, conforme opinião pessoas, seres benfeitores ou malfeitores, uns com todas as virtudes, outros com todos os vícios e todos, em geral com um saber infinito, superior ao da Humanidade (...). Quem poderia dizer o número dos que sonharam fortuna fácil pela revelação de tesouros ocultos, pelas descobertas industriais ou científicas que não custariam aos inventores mais que o trabalho de fazer uma descrição ditada pelos sábios do outro Mundo! Só Deus sabe quantos fracassos e desilusões. Quantas pretensas receitas, cada qual mais ridícula, não foram dadas pelos charlatões do Mundo Invisível!. Conhecemos alguém que pediu uma receita infalível para pintar os cabelos. Foi-lhe dada uma fórmula de composição cerosa, que reduziu a cabeleira a uma espécie de massa compacta, da qual o paciente teve um trabalho imenso para se livrar (...). A escala espírita, traçada pelos próprios Espíritos e conforme a observação dos fatos, dá-nos a chave de todas as anomalias aparentes da linguagem dos Espíritos. É preciso chegar, pela força do hábito, a conhecê-los, por assim dizer, à primeira vista e poder identificar-lhes a classe conforme a natureza de suas manifestações”. Esclarece que “os Espíritos sérios não se contradizem nunca: sua linguagem é a sempre a mesma com as mesmas pessoas (...). Finalizando o esclarecedor texto, Kardec escreveu: - “As causas das contradições na linguagem dos Espíritos podem, pois, ser assim resumidas: 1- O grau de ignorância ou de saber dos Espíritos aos quais nos dirigimos; 2- O embuste dos Espíritos inferiores que podem, por malícia, ignorância ou malevolência tomando um nome por empréstimo, dizer coisas contrárias às que alhures foram ditas pelo Espírito cujo nome usurparam; 3- As falhas pessoais do médium, que podem influir sobre as comunicações, alterar ou deformar o pensamento do Espírito; 4- A insistência por obter uma resposta que um Espírito recusa dar, e que é dada por um Espírito inferior; 5- A própria vontade do Espírito, que fala conforme o momento, o lugar e as pessoas e pode julgar conveniente nem tudo dizer a toda gente; 6- A insuficiência da linguagem humana para exprimir as coisas do mundo incorpóreo; 7- A interpretação que cada um pode dar a uma palavra ou a uma explicação, de acordo com as suas ideias, os seus preconceitos ou o ponto de vista sob o qual encara o assunto. São outras tantas dificuldades, das quais não se triunfa a não ser por um estudo longo e assíduo. Também nunca dissemos que a Ciência espírita fosse fácil. O observador sério, que tudo aprofunda maduramente, com paciência e perseverança, aprende uma porção de nuanças delicadas, que escapam ao observador superficial. É por tais detalhes íntimos que ele se inicia nos segredos desta ciência. A experiência ensina a conhecer os Espíritos, como nos ensina a conhecer os homens”.



Recebemos uma mensagem muito interessante da ouvinte de iniciais L.H., que diz o seguinte: “Fiquei encantada com os primeiros livros espíritas e ,agora, ouvindo o programa de vocês, me interessei mais. Desde pequena aprendi coisas boas sobre religião, mas sempre fiquei curiosa sobre o que acontece depois da morte, principalmente porque vi pessoas morrerem na minha família. Mas, minha religião não fala disso. Percebi, então, que as religiões não querem que a gente pergunte muito, porque para elas é um mistério de Deus. Aprendi que religião é só para acreditar e que ciência é para estudar e raciocinar. Mas o Espiritismo está me ensinando uma coisa maravilhosa: juntar a religião e a ciência, porque tudo é de Deus. Achei legal isso.”

Primeiro, agradecemos pela mensagem, que revela o seu despertar para um conhecimento novo e, além do mais, nos dá mais uma oportunidade de discorrer sobre esse importante tema. Pela forma como escreveu, julgamos que você seja uma jovem a procura de respostas. Quando esse despertar ocorre cedo, mais cedo a pessoa tem condições de se situar diante da própria vida e amadurecer espiritualmente. E fato, as religiões, de um modo geral, sempre colocaram uma barreira entre esta vida e a outra.

Aliás, essa barreira, que nos impede o conhecimento da verdade sobre determinada coisa, ficou conhecida, no campo das Ciências Sociais, como “tabu”. Tabu é a coisa proibida, que ninguém pode mexer; é a coisa sagrada para os povos primitivos, que acreditavam que a ação do homem devia ter um limite, além do qual ele estaria cometendo um sacrilégio. Essa concepção do que é proibido veio para o mundo civilizado como uma herança do passado remoto da humanidade, mas foi a religião que mais absorveu os “tabus”.

Na tradição judaico-cristã, por exemplo, buscar entender a vida depois da morte ou se comunicar com os que já se foram desta vida é um desses “tabus”, que só o pensamento científico ou racional é capaz de romper. Como o Espiritismo tem um aspecto científico – ou seja, como o Espiritismo procura investigar, estudar e compreender como se dão os fenômenos – ele teve a ousadia de ingressar nesse mundo desconhecido e descobrir o que existe lá, há 157 anos, surpreendendo o mundo ( e principalmente as religiões) quando da publicação de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, que caiu na sociedade francesa como uma bomba.

A descoberta do mundo espiritual – quer dizer, dessa dimensão do universo onde despertamos depois da morte – nos abre uma visão mais ampla e mais profunda da vida, pois, com isso, percebemos o seguinte: 1º) que somos Espíritos encarnados; 2º) que já vivemos antes e viveremos depois: 3º) que estamos destinados ao aperfeiçoamento constante: 3º) que os desencarnados podem se comunicar conosco e geralmente o fazem; 4º) que eles interferem mais em nossa vida do que podemos imaginar; 5º) que esses conhecimentos, de uma forma mais simples, já foram transmitidos ao longo da História da Humanidade pelos grandes mestres.

O mais importante de tudo isso é que existe uma “inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, que é Deus, em direção do qual todos estamos caminhando ao longo do processo evolutivo, porque tudo que saiu de Deus para Ele volta, porquanto Ele é perfeito. A evolução – ou seja, o progresso de cada um e da própria humanidade – só acontece por causa das reencarnações, e que o progresso mais difícil não é o intelectual, mas o progresso moral. Só com o progresso moral da humanidade é que vamos conhecendo dias melhores na marcha ascensional do planeta.

Isso explica porque Jesus, no Sermão da Montanha, disse: “Bem-aventurados os pacíficos, porque eles herdarão a Terra”. Isso significa que realmente há um progresso e que o nosso planeta ainda será um mundo de paz, quando os seres humanos compreenderem e viverem a fraternidade ensinada por Jesus. Talvez demore muito para acontecer isso, mas vai acontecer. Neste aspecto é que entra o sentido religioso do Espiritismo, quer dizer, a prática do bem, que é o caminho da felicidade humana, conforme os ensinamentos do próprio Cristo. Com estas rápidas pinceladas, acreditamos ter resumido para você o significado da Doutrina Espírita.

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