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quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

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-“Existem duas coisas no Espiritismo: a parte experimental das manifestações, e a doutrina filosófica, a primeira se utilizando do médium que fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos e, a segunda, consequente das revelações sobre o primeiro”, podemos concluir de escritos de Allan Kardec em textos por ele elaborados. No tempo em que lhe foi possível, o iniciador das pesquisas sobre essa realidade extraordinária que precede e sucede a nossa, procurou avançar em todas as frentes. Uma das com que pretendia confirmar a existência do Espírito a comandar o corpo físico, foi a comunicação entre os chamados vivos, através da mediunidade cujas descrições e relatos muito interessantes podem ser obtidos na publicação periódica mantida entre os anos 1858/1869 demonstrando, por exemplo, a lucidez do portador de deficiências mentais, bloqueado em sua possibilidade de expressão por restrições meramente fisiológicas. Algumas analisadas a partir de correspondência por ele recebida de outros pesquisadores também empenhados no aprofundamento dos temas espirituais. Na REVISTA ESPÍRITA, edição de janeiro de 1865, encontramos um caso. Trata-se da contribuição de um membro da Sociedade Espírita de Paris, o Sr. Rul reportando experiência levada a efeito em 1862 com um jovem surdo-mudo de doze a treze anos. Segundo ele, desejoso de fazer uma observação, perguntou aos guias protetores se seria possível evocá-lo e, tendo resposta afirmativa, fez o rapaz vir ao seu quarto e instalou-o numa poltrona, com um prato de uvas, que ele se pôs a devorar. Por sua vez, postou-se diante de uma mesa, orou, e, como de hábito fez a evocação. Ao cabo de alguns instantes sua mão estremeceu, escrevendo: -“Eis-me aqui”. Olhou o menino. Estava imóvel, os olhos fechados, calmo, adormecido, com o prato sobre os joelhos. Tinha cessado de comer. Perguntando-lhe onde estava, ouviu que “em vosso quarto, em vossa poltrona”. Indagado sobre a razão de ser surdo mudo de nascença, respondeu ser uma expiação de crimes passados, na condição de parricida. Questionado sobre se sua mãe, a quem amava tão ternamente, não teria sido ou mesmo seu pai, na existência de que falava, o objeto do crime cometido, silenciou, a mão ficou imóvel, vendo, ao olhar para o menino que acabava de despertar, voltando a comer as uvas com apetite. Pedindo aos Guias Espirituais que explicassem o que acabava de acontecer, explicaram: -“Ele deu os ensinamentos que desejavas e Deus não permitiu que te desse outros”. Comentando o material recebido, Allan Kardec pondera: -“Faremos outra observação a respeito. A prova da de identidade resulta do sono provocado pela evocação, e da cessação da escrita no momento de despertar. Quanto ao silêncio guardado na última pergunta, prova a utilidade do véu lançado sobre o passado. Suponhamos que a mãe atual desse menino tenha sido sua vítima em outra existência, e que este tenha querido reparar seus erros pela afeição que lhe testemunha: a mãe não seria dolorosamente afetada se soubesse que seu filho foi seu assassino? Sua afeição por ele não ficaria alterada? Foi-lhe permitido revelar a causa da enfermidade, como assunto de instrução, a fim de nos dar uma prova a mais que as aflições daqui tem uma causa anterior, quando não esteja na vida presente, e que assim tudo é segundo a justiça. Mas o resto era inútil e teria podido chegar aos ouvidos da mãe. Por isto os Espíritos o despertaram, talvez no momento em que ia responder. (...). Deve concluir-se que todos os surdos-mudos tenham sido parricidas? Seria uma consequência absurda, porque a Justiça de Deus não está circunscrita em limites absolutos, como a Justiça humana. Outros exemplos provam que esta enfermidade por vezes resulta do mau uso que o indivíduo tenha feito da faculdade da palavra. Mas perguntarão: a mesma expiação para duas faltas tão diferentes na sua gravidade, é de justiça? Os que assim raciocinam ignoram que a mesma falta oferece infinitos graus de culpabilidade, e que Deus mede a responsabilidade pelas circunstâncias? Aliás, que sabe se esse menino, supondo seu crime sem escusas, não sofreu duro castigo no Mundo dos Espíritos, e se seu arrependimento e seu desejo de reparar não reduziram a expiação terrena a uma simples enfermidade? Admitindo, a título de hipótese, pois o ignoramos, que sua mãe atual tenha sido sua vítima, se não mantivesse com ela a resolução de reparar sua falta pela ternura, é certo que um castigo mais terrível o esperaria, quer no Mundo dos Espíritos quer numa nova existência. A Justiça de Deus jamais falha e, por ser às vezes tardia, nada perde por esperar. Mas Deus, em sua Infinita Bondade, jamais condena de maneira irremissível, e sempre deixa aberta a porta do arrependimento. Se o culpado demora a aproveitá-lo, sofrerá por mais tempo. Assim, dele depende abreviar seus sofrimentos. A duração do castigo é proporcional à duração do endurecimento. É assim que a Justiça de Deus se concilia com sua bondade e seu amor às criaturas”.



Gostaria de saber se depressão e transtornos mentais são doenças ou

 elas são um tipo de obsessão espiritual. (Tércio Emiliano de Souza)

Podemos dizer que obsessão é todo comportamento que, além de fugir aos padrões do comportamento comum, caracteriza-se por determinados impulsos irresistíveis que chamam a atenção, principalmente pela sua frequência. Hoje, a psiquiatria enquadra como obsessão, o TOC ( sigla da expressão Transtorno Obsessivo Compulsivo). Um exemplo de TOC seria o impulso que a pessoa tem de lavar as mãos repetidas vezes, guardando a impressão de que elas estão sempre sujas.

Esse transtorno de comportamento geralmente nasce com o próprio indivíduo e provém de conflitos emocionais não resolvidos que tiram toda a sua tranquilidade. Alguns estudiosos atribuem o TOC de levar as mãos a uma necessidade inconsciente de se livrar de alguma emoção perturbadora que aflora à mente (um sentimento de culpa, por exemplo), sem que a pessoa saiba de onde ela proveio. Neste sentido é caracterizado como uma enfermidade de origem emocional que brota de seu mundo inconsciente.

Para os psiquiatras espíritas, em geral, esta pode ser uma explicação. Só que, enquanto os não-espíritas procuram causas apenas e tão somente na presente existência ( geralmente na infância ou em fatos relacionados à infância ou mesmo ao período de gestação), os espíritas vão mais longe. Eles consideram que o transtorno emocional pode provir de encarnações anteriores, razão pela qual a Terapia de Vidas Passadas, por vezes, por ser uma terapia adequada para tais casos, ajudando o paciente a limpar essa impureza perturbadora de sua mente.

Além disso, aquilo que chamamos de obsessão espiritual – que é a influência perturbadora do desencarnado sobre o paciente – geralmente acontece quando o Espírito encontra fragilidade no encarnado – e a fragilidade pode ser um estado de depressão, por exemplo, até mesmo um estado profundo de tristeza, causado por um fato que o fragilizou emocionalmente. Desse modo, é possível que esse transtorno emocional possa ter 2 tipos de causa: 1ª – no próprio paciente; 2ª – tanto no paciente quanto numa entidade desencarnada.

O que conhecemos como depressão é um estado de tristeza mórbida e duradoura, em que o paciente perde o sentido da vida – ou, então, de um desequilíbrio intenso da vida emocional que se apresenta com características de bipolaridade – ou seja, a passagem de um estado emocional de melancolia à euforia e da euforia à melancolia de um momento para outro. Esse quadro clínico pode esconder uma atuação espiritual e isso só será possível verificar ao longo do tratamento, aliando-se ao tratamento psiquiátrico o tratamento espírita.

Os problemas de culpa podem estar ligados tanto a esta encarnação como a encarnações anteriores. Quando se liga a encarnação anterior, é como uma porta que se abre à influência de vítimas do passado que estejam desencarnadas e que, aproveitando a brecha, acabam se imiscuindo na vida do encarnado, buscando satisfação ou vingança. No livro “ENTRE A TERRA E O CÉU”, André Luiz conta o caso de uma madrasta, cujo sentimento de culpa aflorado, abriu brecha para uma ação obsessiva do espírito, que fora mãe do garoto que morreu sob sua responsabilidade. Trata-se de um caso típico de obsessão espiritual – aquele que provém da ação de um Espírito adversário.

Por isso, Allan Kardec, no último capítulo de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, no prefácio à “Prece pelos obsidiados”, afirma que a obsessão é uma doença da alma que, muitas vezes, pode ser resolvida quando o paciente resolve mudar suas atitudes e tomar um caminho novo em sua vida. Ele diz que, muitas vezes, isso é possível sem que o paciente precise de ajuda de outras pessoas. Mas, hoje, os centros espíritas, de um modo geral, já podem esclarecer e orientar as pessoas sobre como conseguir um bom resultado nesse sentido com mais objetividade.

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