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sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

REENCARNAÇÃO -AVALIAÇÃO RACIONAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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No número de janeiro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz a primeira parte de um interessante e extenso texto por ele intitulado CARTA DA INCREDULIDADE. Explica que o fez após ter sido solicitado a apreciá-lo pelo amigo Sr. Canu, que o elaborara com a intenção de reparar os prejuízos causados a muitas pessoas que influenciara com suas ideias materialistas. O teor do documento mostrava-se tão bem fundamentado que Allan Kardec considerara oportuno publicar após obter autorização do autor. Dos vários aspectos por ele abordados, destacamos alguns relacionados ao tema reencarnação que dão uma perfeita ideia da sua dinâmica. Diz o seguinte: 1- A Humanidade, considerada coletivamente é comparável ao indivíduo; ignorante na infância, ela se esclarece à medida que avança em idade; o que se explica naturalmente pelo próprio estado de imperfeição em que estão os Espíritos para o adiantamento dos quais essa Humanidade foi feita; 2- Quanto ao Espírito considerado individualmente, não é numa só existência que ele pode adquirir a soma de progresso que está chamado a cumprir; é porque um maior ou menor número de existências corpóreas lhe são necessárias, segundo o uso que fará de cada uma delas. Mais ele tenha trabalhado para o seu adiantamento em cada existência, menos terá que sofrê-las. 3- Como cada existência corpórea é uma prova, uma expiação, um verdadeiro purgatório, tem interesse em progredir o mais prontamente possível, para ter a sofrer menos provas, porque o Espírito não retrograda; cada progresso cumprido por ele é uma conquista assegurada que nada poderia lhe tirar. 4- Segundo este princípio, hoje averiguado, é evidente que quanto mais ele caminhar depressa, mais cedo chegará ao objetivo. Resulta do que precede que cada um de nós, hoje, não estamos em nossa primeira existência corpórea, muito longe disso, estamos mais distante ainda de última; 5- As nossas existências primitivas devem se passar em mundos bem inferiores à Terra, sobre a qual não chegamos senão quando o nosso Espírito chegou a um estado de perfeição em relação com este astro; 6- À medida que progredirmos, passaremos para Mundos mais avançados do que a Terra sob todos os aspectos, e isso, de degrau em degrau, avançando sempre para o melhor. Mas, antes de deixar um Globo, parece que se deve cumprir nele geralmente várias existências, cujo número, todavia, não é limitado, mas subordinado à soma do progresso que se terá adquirido.7- Tudo isso, pode ser verdadeiro, mas muitos podem argumentar: como não me lembro de nada, ocorrendo o mesmo com cada um de nós, tudo o que se passou em nossas existências precedentes é para nós como nulo; e se ocorre o mesmo em cada existência, pouco importa ao meu Espírito ser imortal ou morrer com o corpo, se, conservando a individualidade, não tem consciência de sua identidade. Com efeito, isso seria para nós a mesma coisa, mas não ocorre assim; não perdemos a lembrança do passado senão durante a vida corpórea, para reencontrá-la na morte, quer dizer, no despertar do Espírito, cuja verdadeira existência é a do Espírito livre, e para a qual as existências corpóreas podem ser comparadas ao sono para o corpo. 8- Em que se tornam as almas dos mortos enquanto esperam uma nova reencarnação? (...). Em geral, pouco se afastam dos vivos e, sobretudo, daqueles a quem são afeiçoados, quando se tem afeição por alguém.





Se o Espiritismo ensina que as pessoas sofrem para pagar os pecados que cometeram em outra vida, por que socorrer os pobres e marginalizados? Eles não estão sofrendo e pagando pelo que fizeram? “ Esta pergunta nos foi enviada por e-mail pelo ouvinte de iniciais B. A. M.


Alguns segmentos do hinduísmo, uma das religiões mais antigas do mundo, dizem exatamente o que você está dizendo. Quando Madre Tereza de Calcutá, freira católica, decidiu trabalhar em favor dos pobres da Índia e recebeu permissão da Igreja para iniciar sua missão, ela encontrou nessa crença seu grande problema. Pessoas ficavam doentes, eram abandonadas e acabavam morrendo de inanição. Quando ela se propôs a ajudá-los foi logo contrariada por um grupo de fanáticos que diziam que ela não podia interferir no “carma” dessas pessoas. Eles entendiam que o sofrimento é sempre um pagamento pelo erro cometido no passado e, por isso, devemos pessoas as pessoas sofrerem.


Não é esse o pensamento do Espiritismo. Todos temos por dever moral ajudar-nos uns aos outros, principalmente nas situações de emergência, onde existem grandes sofrimentos e de miséria. A solidariedade é uma lei da vida. Os seres vivos só existem e evoluem porque sempre houve mais solidariedade que competição na longa escalada evolutiva: hoje podemos entender melhor essa relação solidária da natureza com a ciência chamada Ecologia, onde vemos que uma espécie sempre depende de outra. Para nós, espíritas, a solidariedade humana é indispensável à vida. Logo, devemos nos amar, ajudando-nos mutuamente.


Não temos dúvida quanto ao funcionamento da Lei de Causa e Efeito. De fato, erros do passado influem em nossa vida presente e erros do presente vão gerar problemas atuais e futuros. Entretanto, nenhum de nós tem condições de fazer qualquer julgamento nesse sentido e muito menos usar esse princípio como pretexto para nos acomodar ou nos tornar indiferentes ante o sofrimento alheio. Primeiramente, porque nunca sabemos de onde se originou o problema que a pessoa está passando; ninguém pode afirmar seguramente que se trata de uma expiação. Pode não ser: há muitas causas para os sofrimentos humanos.


A solidariedade, no entanto, seja qual for a causa do sofrimento, serve para despertar as almas para os ideais superiores. Mesmo que elas tenham errado, não quer dizer que devam ser ignoradas ou abandonadas ou que seu sofrimento não deva ser amenizado ou tenha chegado ao fim. Jesus jamais abandonou ninguém; pelo contrário, foi ele quem disse que “os sãos não precisam de médico, mas os doentes”. Ora, a quem vamos socorrer? – os que necessitam, é claro. Não precisamos indagar por que sofrem ou o que fizeram para merecer isso. O homem da parábola, socorrido pelo samaritano, conforme Jesus contou, era um ilustre desconhecido. Jesus não questionou se ele merecia ou não o sofrimento que estava passando.


O socorro, que podemos prestar a alguém, portanto, faz parte da chamada “misericórdia divina”. Ao ajudarmos alguém estamos agindo como braços de Deus. E nós, quando estamos sofrendo, mesmo que essa dor provenha de nossas fraquezas ou de nossos erros, o socorro de alguém sempre será uma benção em nossa vida, mostrando que Deus está nos dando nova oportunidade de recomeçar. É assim que se dá a evolução.


No passado, quando a medicina era incipiente, quando não havia anestésicos e medicamentos mais eficazes para conter a dor, os pacientes sofriam bem mais que hoje. Atualmente, com o progresso da ciência e da tecnologia, já conseguimos reduzir em muito a mortalidade infantil, já conseguimos prolongar a vida humana e dar conforto e melhores condições de atendimento aos enfermos. Esse esforço da medicina para atenuar a dor não invalida a lei de causa e efeito. Quando não aprendemos de um jeito, aprendemos de outro, e, além disso, precisamos entender que nem sempre a resposta aos nossos erros é necessariamente o sofrimento.


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