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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

LUCIDEZ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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As questões de ordem mental não estavam entre as prioridades da Medicina em meados do século 19. Os portadores de distúrbios nesta área eram tratados de forma desumana. N’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões 371 a 374, Allan Kardec argui a Espiritualidade sobre o assunto, obtendo informações interessantes a respeito da chamada idiotia, hoje classificada pela Psiquiatria como tríade oligofrênica que é caracterizada pelo menor grau de desenvolvimento intelectual, sendo incapaz de articular palavras; assimilar noções de higiene ou mesmo desenvolver pudor. O século 20 abriu campo para evoluções no conhecimento e tratamento dos portadores do chamado durante bom tempo excepcional, substituído pelo termo especial. Mas, por traz do corpo limitado por várias restrições, nem sempre somente mentais, como se encontra o Espírito dele prisioneiro. Na REVISTA ESPÍRITA de junho de 1860, seu editor incluiu interessante material em torno de uma abordagem a respeito da questão havida na reunião da Sociedade Espírita de Paris, de 25 de maio passado. Como campo de estudo, Charles de Saint-G..., um jovem idiota de treze anos, encarnado, e cujas faculdades intelectuais eram tais que nem conhecia os pais e apenas podia alimentar-se. Havia nele uma parada completa do desenvolvimento em todo o sistema orgânico. Pensou-se que poderia ser assunto interessante de estudo psicológico. Consultado, o Espírito São Luiz, responsável pelas atividades da Sociedade Espírita de Paris, respondeu afirmativamente, explicando que isso poderia ser feito a qualquer momento, pelo fato de sua alma se ligar ao corpo por laços materiais, mas não espirituais, podendo sempre desprender-se”. Cumpridos os procedimentos habituais, o comunicante começou iniciou sua manifestação dizendo ser “um pobre Espírito ligado a Terra, como uma ave por um pé”. Indagado se tinha consciência de sua nulidade no mundo, responde: -“Certamente: sinto bem meu cativeiro”. Perguntado se quando seu corpo dormia e seu Espírito se desprendia, tinha ideias tão lúcidas quanto se estivesse em estado normal, informou que “estava um pouco mais livre para se elevar ao Céu a que aspirava”. Questionado se como Espírito experimentava um sentimento penoso quanto ao seu estado corporal, respondeu que sim, “por se tratar de uma punição”. Quanto a se lembrar de sua existência anterior, disse que “sim, por ser ela a causa de seu exílio atual. Revelou na entrevista conduzida por Allan Kardec que a encarnação onde se desencadeou sua desventura na presente existência, ocorreu ao tempo em que reinava Henrique III; que a forma como se processava seu reajuste não resultara de uma decisão sua, mas uma imposição como forma de punição; que embora parecesse nula pelas limitações em que vivia, tal existência perante as Leis de Deus tem sua utilidade; que não viveria muitos anos mais; que da existência em que gerou a desarmonia atual trezentos anos antes até a reencarnação recém-terminada, permaneceu no Plano Espiritual. Sobre se no estado de vigília tinha consciência do que se passava ao seu redor, a despeito da imperfeição dos órgãos de seu corpo físico, disse: -“Vejo, entendo, mas o corpo não compreende nem vê”. Se algo de útil poderia ser-lhe feito, afirmou que “nada”. Finalizando a entrevista, Kardec procurou ouvir de São Luiz se as preces poderiam ter a mesma eficácia que por um Espírito errante, que explicou: -“As preces são sempre boas e agradáveis a Deus. Na posição deste pobre Espírito, elas não lhe podem servir; servirão mais tarde”. Comentando a experiência daquela reunião, Kardec acrescentou: -“Ninguém desconhecerá o alto ensinamento moral que decorre desta evocação. Além disso, ela confirma o que sempre foi dito sobre os idiotas. Sua nulidade moral não significa nulidade do Espírito, que, abstração feita dos órgãos, goza de todas as faculdades. A imperfeição dos órgãos é apenas um obstáculo à livre manifestação das faculdades; não as aniquila. É o caso de um homem vigoroso, cujos membros fossem comprimidos por laços. Sabe-se que, em certas regiões, longe de serem objeto de desprezo, os cretinos são cercados de cuidados benevolentes. Este sentimento não brotaria de uma intuição do verdadeiro estado desses infelizes.





Se nós, pessoas humanas, sofremos porque pecamos em outras vidas, causamos sofrimentos e prejuízos aos outros, por que os animais sofrem, como é o caso do meu cachorrinho, que teve uma paralisia das pernas? Ou os animais também têm pecados? (Cyntia)


Em primeiro lugar, Cyntia, há um ponto importante que devemos deixar bem claro para você: ao contrário do que muita gente pensa, nós não sofremos apenas e tão somente porque erramos ou porque temos dívidas morais. A lei natural não é tão simples assim. Esse sofrimento, que decorre de erros do passado, é o que chamamos de expiação. No meio espírita, dá-se muita ênfase à expiação, até por que nós poderíamos evitar muitos sofrimentos, se soubéssemos viver melhor – ou seja, se cometêssemos menos erros ou soubéssemos corrigir de imediato os erros que cometemos. Entretanto, que fique bem claro: não sofremos apenas porque erramos.


Sofremos por causas anteriores a esta vida e por causas da vida atual ( cap. 5 d’OEVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO), mas há um tipo de sofrimento que é comum a todos os seres vivos – tanto ao homem quanto aos animais e – até mesmo – aos vegetais: é o que conhecemos por dor-evolução. Que é a dor-evolução? André Luiz explica isso em suas obras. Dor-evolução, na verdade, é o custo inicial do nosso aprendizado, é o que causa a nossa transformação física e espiritual. Evolução é aperfeiçoamento, é progresso: por isso, sofremos porque estamos evoluindo, pois aprendizado pressupõe transformação e aperfeiçoamento.


Vamos dar um exemplo bem simples: a gestação e o parto. Não há dúvida de que se trata de grande desconforto para a mulher ter um filho, mas esse desconforto é necessário porque faz parte de seu plano evolutivo. O fato de a mulher ser a condutora da vida, de poder proporcionar oportunidade de reencarnação aos Espíritos, tem um custo, que é o sacrifício a que se submete e, ao mesmo tempo, lhe serve de promoção na longa escalada evolutiva. Portanto, gestação e parto não são formas de expiação, mas oportunidade de crescimento. Para os Espíritos em geral, tanto a reencarnação como a desencarnação são oportunidades de crescimento e, portanto, podem ser classificados como dores-evolução.


Um exemplo típico de dor-evolução é a dor do crescimento - do nosso crescimento, do nosso desenvolvimento enquanto ser humano, ap ássar pelas diversas fases da vida. Sofremos para aprender a andar, para aprender a falar, sofremos para aprender a ler, para aprender a dirigir um veículo ou manejar uma máquina – enfim, para aprendermos a nos integrar na vida e a lutar pela subsistência e pelas nossas metas e objetivos. Tudo isso faz parte da evolução e tudo implica em desconforto, em dificuldades e em sofrimento. A dor-evolução é um processo natural da vida, mas, quando se trata do ser humano – que somos nós - ela é agravada pelos abusos, pelos erros que cometemos – porque é ai que começa a dor-expiação.


Os animais não têm dor-expiação (que são as mais penosas, é claro!...); eles têm apenas e tão somente a dor-evolução, porque os animais não têm consciência moral e, portanto, não têm senso de responsabilidade. As doenças, as deformações, os acidentes, a luta pela sobrevivência que eles experimentam no estado natural – tudo isso faz parte de suas necessidades de transformação: é assim que evoluem. É por isso que os animais sofrem. Entretanto, Cyntia, o sofrimento do animal está muito longe de ter as implicações e as dificuldades do sofrimento humano, pois os animais não têm dor-moral; eles não nem mesmo consciência do papel que a dor representa em suas vidas.


Nós, seres humanos, sofremos bem mais que eles , sofremos até mesmo antes do problema chegar e continuamos sofrendo ininterruptamente com as nossas frustrações, nossos desejos insatisfeitos, nossas angústias, nossas decepções, etc. Sofremos mais moralmente do que fisicamente. Nesse sentido, podemos dizer que o sofrimento dos animais quase que se restringe à dor física, enquanto no ser humano ele tem muitas outras implicações, que vão do simples desconforto físico às mais desastrosas e prolongadas dores da alma.










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