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sábado, 24 de fevereiro de 2024

UM FENÔMENO RARO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Seria possível uma pessoa estar em dois lugares ao mesmo tempo? Allan Kardec o denomina bicorporeidade o enquadrando entre os fenômenos mediúnicos, citando fatos e testemunhos preservados pela História como os envolvendo o Imperador Vespasiano, Santo Antonio de Liguori, Santo Antonio de Pádua e Emile Sagie. No Brasil situações semelhantes fazem parte da biografia de Euripides Barsanulfo e do próprio Chico Xavier. Fechando a edição de novembro de 1860, da REVISTA ESPÍRITA, encontramos interessante matéria sobre religiosa espanhola. Explica Allan Kardec: - “Num compêndio histórico que acaba de ser publicado sobre a vida de Maria de Jesus de Agreda, encontramos um fato extraordinário de bicorporeidade, que prova que tais fenômenos são perfeitamente aceitos pela religião. É verdade que, para certas pessoas, as crenças religiosas não têm mais autoridades do que as crenças espíritas. Mas quando essas crenças se apoiarem sobre as demonstrações dadas pelo Espiritismo, sobre as provas patentes que ele fornece, por uma teoria pessoal, de sua possibilidade, sem derrogar as leis da Natureza, e de sua realidade por exemplos análogos e autênticos, será forçoso render-se à evidência e reconhecer, fora das leis conhecidas, a existência de outras que ainda pertencem aos segredos de Deus. Maria de Jesus nasceu em Agreda, cidade da Castela, em 2 de abril de 1602, de pais nobres e de virtude exemplar. Muito jovem ainda tornou-se superiora do mosteiro da Imaculada Conceição de Maria, onde morreu em estado de perfeição espiritual. Eis o relato que se acha em sua biografia: “Por maior que seja a nossa vontade de resumir, não podemos deixar de falar aqui do papel absolutamente excepcional de missionária e do apostolado que Maria de Agreda exerceu no Novo México. O fato que vamos narrar, cujas provas incontestáveis provariam, por si só, quão elevados eram os dons sobrenaturais com que Deus havia enriquecido sua humilde serva, e quão ardente o zelo que ela nutria no coração pela salvação do próximo. Nas suas relações íntimas e extraordinárias com Deus, ela recebia uma viva luz, com a ajuda da qual descobria o mundo inteiro, a multidão dos homens que o habitavam, (...) Maria de Agreda sentia o coração partido e, em sua dor, multiplicava preces fervorosas. Deus a fez saber que os povos do Novo México apresentavam menos obstáculos para a sua conversão que o resto dos homens (...)Certo dia, tendo-a o Senhor arrebatado em êxtase, (...) Maria de Agreda sentiu-se de repente transportada para uma região longínqua e desconhecida, sem saber como. Achou-se, então, num ambiente que não era o da Castela e experimentou raios de um sol mais ardente que de costume. Homens de uma raça que jamais tinha encontrado estavam diante dela, e Deus lhe ordenava que satisfizesse seus caridosos desejos e pregasse a lei e a fé santa àquele povo. A extática de Agreda obedecia à ordem. Pregava a esses índios em sua língua espanhola, e os infiéis entendiam como se ela lhes falasse em sua língua materna. Seguiram-se conversões em grande número. Voltando do êxtase, esta santa mulher se achava no mesmo lugar em que estava no começo do arrebatamento. Não foi apenas uma vez que Maria de Jesus desempenhou esse maravilhoso papel de missionária e de apóstolo, junto aos habitantes do Novo México. O primeiro êxtase do gênero ocorreu em 1622; mas foi seguido de mais cinco êxtases do mesmo tipo, durante cerca de oito anos. Maria de Agreda encontrava-se frequentemente nessa mesma região para continuar o seu apostolado. (..) Ela via ao mesmo tempo, mas a grande distância, os franciscanos espanhóis que trabalhavam pela conversão desse novo mundo, mas que ainda ignoravam a existência desse povo que ela havia convertido. Tal consideração levou-a a aconselhar aos índios que mandassem alguns dentre eles àqueles missionários, pedir que viessem ministrar-lhes o batismo”.







O que Jesus queria dizer quando falava “veja quem tem olhos de ver e ouça que tem ouvidos de ouvir”? (MARISTELA)


Esta expressão de Jesus pode parecer absurda à primeira vista: é claro que os olhos só servem para ver e que os ouvidos só servem para ouvir. Por que, então, ele dizia “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”. Na verdade, Jesus usava uma linguagem figurada, que serve para evidenciar ou reforçar uma idéia moral. Aqui ele está falando da compreensão que devemos ter sobre as coisas e as pessoas. Ver e ouvir significam mais do que usar apenas os sentidos da visão e da audição: significa estar atento, querer aprender e se esforçar para isso.


Quantas coisas passam pela nossa frente todos os dias? e quantas nós, de fato, percebemos? Quantas palavras ouvimos diariamente? e quantas, de verdade, entendemos? O povo de seu tempo estava acostumado, desde muitos séculos, a ouvir e obedecer, simplesmente acreditar na palavra da autoridade: mas não sabia usar o raciocínio para discernir, a razão para diferenciar o que realmente é válido e o que não é. Veja, por exemplo, o episódio da mulher, que ia ser apedrejada por adultério. Esse costume existia há séculos. Todo mundo achava normal um assassinato daquela natureza em plena praça pública. Ninguém contestava.


E o que era pior: ninguém tinha coragem de contestar. A lapidação da mulher era lei de Deus. Moisés a tinha sacramentado desde o Monte Sinai: na fé do povo, não existia outra verdade e nem poderia existir. A lei era severa e ai de quem se voltasse contra ela!... Jesus, no entanto, interveio naquele momento com a habilidade que lhe era peculiar. Não para dizer que a lei de Moisés estava errada e que, portando, dever-se-ia adotar outra lei; mas, sim, para fazer a multidão pensar sobre a gravidade do erro que ela vinha cometendo e que já era tempo de aperfeiçoar a lei.


Atire a primeira pedra quem estiver sem pecado”. Essa frase de Jesus, como nunca acontecera durante séculos, ecoou na alma daquelas pessoas como uma bomba. Elas todas, cada qual com uma pedra na mão, jamais viram a questão desse ângulo. Jamais lhes passou pela cabeça que julgar exige responsabilidade e compromisso com o bem e com a verdade. Por isso, num primeiro momento, a multidão – que, antes, estava inflamada – se calou. Houve um breve intervalo de silêncio. E, então, um a um dos julgadores (ou melhor, dos executores) foi saindo com a cabeça baixa ( envergonhados de si mesmos), sendo os mais velhos em primeiro lugar, pois certamente os mais velhos devem ter mais pecados.


Esse episódio exemplifica muito bem, caro ouvinte, o que é ter “olhos de ver e ouvidos de ouvir”. Naquele momento – e, pelo menos, por alguns instantes, aquelas pessoas tiveram olhos de ver e ouvidos de ouvir. Elas compreenderam que atrás de cada ato que cometemos na vida há uma consciência que nos julga, há um sentido de responsabilidade e compromisso que cada um assume perante a vida para prestar suas próprias contas. Como dizem os Espíritos, “a lei de Deus está em nossa consciência”. Esse exemplo deveria servir para todos nós na hora de julgar ou de fazer comentário sobre a vida de alguém.


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