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quarta-feira, 20 de março de 2024

NINGUÉM FOGE DE SI MESMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Falando sobre diferentes estados da alma no Mundo Espiritual no comentário com que abre o capítulo três d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Allan Kardec explica que “as diferentes moradas na casa do Pai referidas por Jesus são os mundos que circulam no espaço infinito, oferecendo aos Espíritos desencarnados estações apropriadas ao seu adiantamento”. Salienta, contudo, que “independente da diversidade dos mundos, essas palavras podem também ser interpretadas pelo estado feliz ou infeliz dos Espíritos no Mundo Espiritual. Conforme for ele mais ou menos puro e liberto das atrações materiais, o meio em que estiver o aspecto das coisas, as sensações que experimentar as percepções que possuir tudo isso varia ao infinito. Enquanto uns, por exemplo, não podem afastar-se do meio em que viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundo(...). Essas também são, portanto, diferentes moradas, embora não localizadas nem circunscritas”. Apesar de essas ponderações terem sido escritas há mais de cento e cinquenta anos, de certa maneira, vem sendo cogitadas atualmente por estudiosos da Física Quântica através dos Universos Paralelos propostos pela Teoria da Supercordas, chegando a afirmar que “mesmo que as dimensões ocultas do espaço sejam imperceptíveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”. O Espiritismo, por sinal demonstra através de milhares de depoimentos e exemplos que para essa realidade voltaremos, pois dela viemos. Tantas vezes quanto for necessário para atingirmos melhores níveis de evolução espiritual. Tudo isso pela lentidão com que trabalhamos conscientemente para nos livrarmos dos “efeitos” daquilo que “causamos” nas ações deliberadamente assumidas, intencionalmente ou não. E na saída constataremos que “cada qual, como acontece no nascimento, tem a sua porta adequada para ausentar-se do Plano Físico”, como explica o Espírito Abel Gomes, em mensagem psicografada pelo médium Chico Xavier, inserida no livro FALANDO Á TERRA (feb,1951). Segundo ele, “as inteligências no Plano Espiritual se agrupam segundo os impositivos da afinidade, vale dizer, consoante a onda mental, ou frequência vibratória, em que se encontram”. Em outras palavras, “cada tipo de mente vive na dimensão com que se harmonize”, em “organizações que obedecem à densidade mental dos seres que as compõem”. Ilustrando seu texto com alguns exemplos, conta num deles que “algumas entidades presas ao remorso por delitos praticados, improvisam, elas mesmas, com as faculdades criadoras da imaginação, os instrumentos de castigo, dos quais se sentem merecedoras, com antigo sertanejo do interior de Minas Gerais, que impunha serviço sacrificial aos seus empregados de campo, mais por ambição de lucro fácil na exploração intensiva da terra que por amor ao trabalho, deixou recheados cofres aos filhos e netos; mas, transportado à esfera imediata e ouvindo grande número de vozes que o acusavam, tomou-se de tão grande arrependimento e de tão viva compunção, que plasmou, ele mesmo, uma enxada gigantesca, agrilhoando-a às próprias mãos, com a qual atravessou longos anos de serviço, em comunhão com Espíritos primitivos da Natureza, punindo-se e aprendendo o preço do abuso na autoridade”. Outro envolve “orgulhosa dama, que conheceu pessoalmente e a quem humilde e nobre família deve a morte de nobre mulher, vitimada pela calunia, em desencarnando e conhecendo a extensão do mal que causara, adquiriu para si o suplício da vítima, por intermédio do remorso profundo em que se mergulhou, estacionando por mais de dois lustros em sofrimento indescritível”. Lembra o caso de “velho conhecido que assassinou certo companheiro de luta, em deplorável momento de insânia, e, não obstante ver-se livre da justiça humana, que o restituiu à liberdade, experimentou longo martírio da consciência dilacerada, entregando-se, por mais de quatro decênios, à caridade com trabalho ativo para bem do próximo. Com semelhante procedimento, granjeou a admiração e o carinho de vários Benfeitores da Espiritualidade Superior, que o acolheram, solícitos, quando afastado da experiência física, situando-o em lugar respeitável, a fim de que pudesse prosseguir na obra retificadora. Pelos fios da amizade e da colaboração que soube tecer, em volta do coração, para solucionar o seu caso, conseguiu recursos para ir no encalço da vítima, que a insubmissão havia desterrado para fundo despenhadeiro de trevas e animalidade. Não se fez dela reconhecido, de pronto, de modo a lhe não perturbar os sentimentos, auxiliando-a a assumir posição de simpatia necessária à receptividade dos benefícios de que era portador; e, após lutar intensivamente pela sua transformação moral, em favor do necessário alçamento, voltará às lides da carne, a fim de recebê-la nos braços”. Enfim, como vemos, no caminho do progresso espiritual, os efeitos correm sempre atrás das causas.


Quando uma pessoa joga na loteria e tem a felicidade de ganhar muito dinheiro de uma vez, isso quer dizer que isso já estava escrito em seu destino? ( M.A.J.)


Temos aprendido com a Doutrina Espírita que nada acontece por acaso. Não é fácil ganhar na loteria, ainda mais quando se trata de um prêmio acumulado. Segundo os matemáticos, a chance de um apostador ganhar sozinho na mega-sena é de um em 50 milhões; portanto, extremamente pequena, quase nula. Mesmo assim, não há acaso. Acaso seria sorte – e não há sorte na Lei de Deus. Se uma possa é sorteada, com certeza, há uma razão, do ponto de vista espiritual, que ela precisa buscar e compreender.


Por outro lado, no mundo materialista em que vivemos, impera um conceito de que o dinheiro é o principal fator de felicidade. De uma maneira geral, as pessoas aspiram a riqueza, porque valorizam as posses materiais, o poder econômico e o “status”social. Se acreditarmos nisso, consequentemente vamos concluir que quanto mais dinheiro a pessoa tiver, mais feliz ela será. Você acredita nisso? Com certeza, você vai dizer que não. De uma maneira geral, é o que respondemos; mas, no fundo, é o que a maioria deseja, porque, de fato, acredita no poder do dinheiro.


Se abrirmos O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a partir da questão 814, vamos encontrar oportunas considerações sobre o que o Espiritismo chama de “Provas da Riqueza e da Miséria”. Isso quer dizer que, qualquer que seja a posição social que a pessoa se encontra na presente existência, ela sempre tem obstáculos a enfrentar, que se constituem no teste que vai apontar a sua capacidade de saber lidar com a situação em que se encontra, seja ela de extrema pobreza ou de muita riqueza.


A questão 815 afirma que tanto a pobreza quanto a riqueza são difíceis nas experiências do Espírito, pois cada uma delas apresente um gênero de prova e cada uma delas visa a desenvolver determinadas virtudes no Espírito. A miséria, segundo os Espíritos, costuma fazer com que a pessoa se revolte contra Deus, enquanto que, na riqueza, o homem tende a praticar excessos ou a empregar mal o patrimônio material que se encontra sob sua responsabilidade.


No entanto, qualquer que seja a condição social em que a pessoa se encontra, ela pode praticar o bem e viver em paz com sua consciência. Se pobre, assim mesmo, ela pode dar muito de si, principalmente no aspecto moral de convivência, de compreensão, de lições de humildade e sabedoria com que pode beneficiar quem está ao seu lado. Se rica, ela pode empregar bem sua riqueza, de modo que ela se reverta, não só pelo bem próprio, mas principalmente em favor da sociedade, beneficiando famílias e comunidade.


Assim, é possível que, obtendo num grande prêmio na loteria, a pessoa esteja sendo convocada para empregar bem o seu dinheiro – sem desperdiçá-lo e sem aplicá-lo exclusivamente em seu próprio benefício. Entretanto, devemos considerar a dificuldade que deve ter um ganhador, quando ele não tem sequer noção do montante que obteve, tornando-se vítima de sua própria ignorância e inabilidade, quando não da exploração e da ganância dos outros. Nisso também reside uma parcela considerável do tipo de prova que vai enfrentar.



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