faça sua pesquisa

terça-feira, 19 de março de 2024

PROVA E EXPIAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

A seção Questões e Problemas da REVISTA ESPÍRITA de setembro de 1863, ocupou-se em esclarecer dúvida levantada por pequeno grupo espírita da cidade francesa de Moullins, a respeito da diferença e em que Plano existencial ocorre a chamada expiação e a prova para o Espírito em processo de evolução. Respondendo-a, Allan Kardec escreveu: “A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso resultante de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumível, porque o que chegou ao ponto culminante a que aspira, não mais necessita de provas. Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente (...). Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter a sua; se esta não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo a Justiça de Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para o futuro. São expiações no sentido de que são consequência de uma falta e provas em relação ao proveito delas tirado. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Assim, se formos feridos e se não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira por que o suportamos é a prova. Mas acontece, por vezes, que a falta não se acha nesta vida. Então acusa-se a Justiça de Deus, nega-se a sua bondade, duvida-se, até, de sua existência. Aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a Divindade. Quem quer que admita um Deus soberanamente justo e bom deve dizer que só agirá com sabedoria, mesmo naquilo que não compreendemos; e que se sofremos uma pena, é porque o merecemos; é, pois, uma expiação. Pela grande Lei da Pluralidade das Existências, o Espiritismo levanta completamente o véu sob o qual esta questão deixava obscuridade. Ele nos ensina que se falta não tiver sido cometida nesta vida, tê-lo-á sido em outra; e, assim, a Justiça de Deus segue seu curso, punindo-nos por onde havíamos errado. Vem a seguir a grave questão do esquecimento que, segundo nosso correspondente, tira aos males da vida o caráter de expiação. É um erro. Dai-lhe o nome que quiserdes: não fareis que não sejam a consequência de uma falta (...). A lembrança precisa dessas faltas teria inconvenientes extremamente graves, por isso que nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo; trariam uma perturbação nas relações sociais e, por isto mesmo, travaria nosso livre-arbítrio. Por outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto o supõem. Ele só se dá na vida exterior de relação (...). Tanto na erraticidade, quanto nos momentos de emancipação, o Espírito se lembra perfeitamente e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz na voz da consciência, que o adverte do que deve, ou não deve, fazer. Se não a escuta, então é culpa sua (...). Das tribulações que suporta, das expiações e provas deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas, apoiando-se no princípio que a mais justa punição é a consequência da falta, pode deduzir seu passado moral. Suas tendências más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para ele um novo ponto de partida: aí chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois, estudar-se a si mesmo para ver o que lhe falta dizer: “Se sou punido, é porque errei”. E a mesma punição lhe dirá o que fez (...). É erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta. Vemos diariamente na vida expiações voluntárias, sem falar dos monges que se maceram e se fustigam com a disciplina e o cilício. Assim, nada há de irracional em admitir que um Espírito, na Erraticidade, escolha ou solicite uma existência terrena que o leve a reparar seus erros passados (...). As misérias daqui são, pois, expiação, por seu lado efetivo e material, e provas, por suas consequências morais. Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o aperfeiçoamento”.




Os pais deram tudo ao filho e sempre se preocuparam com ele. Quando ele cresce, rebela-se contra os pais. Será que ele é um Espírito inimigo ou está obsidiado? (Pai anônimo)


Não existe desafio mais complicado neste mundo do que a educação. Muitos pais, no anseio de dar tudo ao filho, esquecem de lhes dar o principal – a presença, a participação em suas vidas, porque é isso que vai lhes conquistar a confiança. Por incrível que pareça, até hoje se confunde conforto material com bem-estar espiritual. Neste sentido, educar está se tornando cada vez mais difícil, porque hoje os adultos estão sendo mais exigidos a uma participação social, muitas vezes relegando os compromissos do lar a um segundo plano.


Por outro lado, os Espíritos, que estão reencarnando atualmente – mais inteligentes e mais exigentes – não se contentam com pouco. Eles querem os pais mais perto. Eles estão a exigir, cada vez mais, a sua presença. Precisamos tomar consciência disso, antes que seja tarde, porque, depois que a criança cresce, o principal momento da educação já passou, e aí vêm as conseqüências desagradáveis.


É claro que pode ocorrer que um filho seja um Espírito inimigo do pai. Mas, se ele veio naquele lar, foi para ser reeducado, foi para se reatar ou reconquistar relações e, principalmente nesses casos, só a doação pessoal dos pais é que podem compensar algum prejuízo causado no passado. Portanto, é importante que os pais, antes de pensar em dar coisas, dêem amor os filhos. Amor, no sentido de se colocarem ao seu lado.


É claro que aqui não estamos falando em excessos de desvelo e carinho, mas de participação, lembrando que os excessos costumam ser tão danosos ou mais danosos ainda, do que a falta. A educação consiste em ensinar a criança a reconhecer limites. E o que os filhos querem de seus pais é senti-los próximos, não apenas no sentido espacial (pois, os pais frequentemente estão trabalhando), mas no sentido espiritual, moral – para que estabeleçam, desde cedo, laços de confiança e simpatia.


A ação de obsessores sobre crianças é mais raro, até porque a criança tem uma proteção especial da espiritualidade. Não devemos ir por este caminho. Devemos entender que toda iniciativa de melhorar as relações entre pais e filhos devem nascer dos pais, e que a educação terá um efeito positivo na criança quanto mais cedo estiverem preparados para isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário