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domingo, 21 de abril de 2024

EDUCAÇÃO MORAL DA INFÂNCIA: A ÚNICA SOLUÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Educador com forte influência no ensino frances na primeira metade do sédulo 19, Allan Kardec possui argumentos importantes sobre o tema título desta matéria. Escreveu ele:

- Não se pode negar a influência do meio e do exemplo sobre o desenvolvimento dos bons e dos maus instintos, porque o contágio moral é tão manifesto quanto o contágio físico. No entanto, essa influência não é exclusiva, uma vez que se veem seres perversos nas famílias mais honradas, ao passo que outros saem puros da lama. Há, pois, incontestavelmente, disposições naturais, e, duvidando-se disto, o fato que nos ocupa disso seria uma prova irrecusável.

Infelizmente, a maioria daqueles que não desdenham se ocupar dessas questões, o fazem partindo de uma ideia preconcebida à qual querem tudo sujeitar: o materialista às leis exclusivas da matéria, o espiritualista à ideia que se faz da natureza da alma segundo suas crenças. Antes de concluir, o mais sábio é estudar todos os sistemas, todas as 3 teorias, com imparcialidade, e de ver aquela que resolve o melhor e mais logicamente o maior número de dificuldades.

A diversidade das aptidões intelectuais e morais inatas, independentes da educação e de toda aquisição moral na vida presente, é um fato notório: é o conhecido. Partindo desse fato para chegar ao desconhecido, diremos que se a alma é criada no nascimento do corpo, fica evidente que Deus criou almas de todas as qualidades. Ora, esta doutrina sendo irreconciliável com o princípio da soberana justiça, forçosamente, deve ser afastada. Mas se a alma não é criada no nascimento do indivíduo, é que ela existia antes. Com efeito, é na preexistência da alma que se encontra a única solução possível e racional da questão e de todas as anomalias aparentes das faculdades humanas.

As crianças que têm, instintivamente, aptidões transcendentes por uma arte ou uma ciência, que possuem certos conhecimentos sem tê-los aprendido, como os calculadores naturais, como aqueles aos quais a música parece familiar em nascendo; esses linguistas natos.

Sim, o homem já viveu, não uma vez, mas talvez mil vezes; em cada existência suas ideias se desenvolveram; adquiriu conhecimentos dos quais traz a intuição na existência seguinte e que o ajudam a adquiri-los novos. Ocorre o mesmo com o progresso moral. Os vícios dos quais se desfaz não reaparecem mais; aqueles que conservou se reproduzem até que deles esteja definitivamente corrigido. Em uma palavra, o homem nasce aquilo que se fez ele mesmo. Aqueles que viveram mais, mais adquiriram e melhor aproveitaram, são mais avançados do que os outros; tal é a causa da diversidade dos instintos e das aptidões que se notam entre eles; tal é também a causa pela qual vemos sobre a Terra selvagens, bárbaros e homens civilizados.

A pluralidade das existência é a chave de uma multidão de problemas morais, e foi por falta de ter conhecido esse princípio que tantas questões permaneceram insolúveis. Que se a admita somente a título de simples hipótese, querendo-se, e ver-se-ão todas as dificuldades se aplainarem.

O homem civilizado chegou a um ponto em que não se contenta mais com a fé cega; ele quer se dar conta de tudo, saber o por quê e o como de cada coisa; preferirá, pois, uma filosofia que explica àquela que não explica. De resto, a ideia da pluralidade das existências, como todas as grandes verdades, germina numa multidão de cérebros, fora do Espiritismo, e como ela satisfaz a razão, não está longe o tempo em que será colocada na classe das leis que regem a Humanidade.

O homem não se despoja subitamente de todas as suas imperfeições.

Cremos que os Espíritas são os melhores especialistas em semelhante circunstância, precisamente porque dedicam-se ao estudo dos fenômenos morais, e os apreciam, não segundo ideias pessoais, mas segundo as leis naturais. (RE;1866)





Recebemos e agradecemos carta de Encarnação Lorite, residente no Bairro Palmital, em Marília. Ela relata o drama comovente de sua vida, as dificuldades pelas quais tem passado e a luta que vem empreendendo por uma vida melhor.


De fato, todos nós temos um caminho a percorrer e admiramos o seu. Um poeta espanhol, chamado José Machado, tem um poema chamado “Caminhante”, que começa assim: “Caminhante, não há caminhos; o caminho se faz ao caminhar....” Ele quer dizer que os caminhos da vida não estão previamente traçados; nós é que os traçamos. É como penetrar numa mata virgem, onde vamos abrindo uma picada e andando em frente. Cada um tem um jeito de abrir esse caminho - metas a alcançar, maneira de viver, e escolhe o rumo que lhe parece mais promissor. Alguns caminham mais depressa e fazem grandes progressos; outros rodam em círculos e parecem não sair do lugar.


Às vezes, enquanto estamos abrindo a picada no meio da mata, encontramos alguém, que nos dá uma notícia sobre o que podemos encontrar mais adiante, ou seja, no futuro. Esse alguém é aquela pessoa, que já subiu numa árvore, que lá de cima percebeu o que está logo à frente: nós não vemos, mas ela foi capaz de divisar alguma coisa mais à frente. Quando avançamos, para nossa surpresa, vamos perceber que ela tinha razão; de fato encontramos algo que ela havia visto. Mas isso só aconteceu porque caminhamos no mesmo rumo que ela indicou; se tivéssemos tomado um rumo diferente, por certo, isso não teria acontecido.


Os fatos de nossa vida não estão determinados, Encarnação, a não ser que não mudemos a maneira de viver; quando mudamos, tudo muda. Se estivermos indo bem e continuarmos assim, vai melhorar mais; porém, se estivermos errando muito e prosseguirmos do mesmo jeito, tudo vai piorar. O que é isso? - é o funcionamento da chamada Lei de Causa e Efeito. N´O EVANGELHO SEGUNDO ESPIRITISMO, capítulo “Bem-Aventurados os Aflitos”, vamos encontrar Kardec comentando sobre as causas de nossas aflições.


Primeiramente, Kardec fala das causas atuais de nossos sofrimentos, ou seja, daquelas que têm origem nesta mesma vida, que decorrem de dificuldades e erros que estamos cometendo atualmente. O segundo tipo de causa é o que decorre de vidas anteriores, de outras encarnações. Repare que Kardec valoriza mais as causas atuais do que as de vidas anteriores? Por quê? Porque as atuais nós podemos modificar; as anteriores, não. Na maioria das vezes não sofremos porque estamos abrindo a picada, mas porque não estamos sabendo como abri-la.


Certo dia, uma jovem perguntou à quase centenária, Cora Coralina: “Você, que já viveu tanto e que também já sofreu tanto, o que acha da vida?” E a simpática poetisa respondeu: “A vida é boa, minha jovem; o importante é saber viver.” Em seguida, ela mostrou quanto é necessário para todos nós aprender com as próprias dificuldades. As pessoas, que só vivem, mas não tiram lições de sua vida, sofrem muito - e sofrem inutilmente. Elas não crescem, não se aperfeiçoam e, por isso mesmo, estão sempre cometendo os mesmos erros e recaindo nos mesmos problemas. Vamos pensar sobre isso. Obrigado, Encarnação, pela sua cartinha. Escreva mais.


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