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sexta-feira, 19 de abril de 2024

REFLEXÕES SOBRE A EVOLUÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

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Se não se admite a pluralidade das existências corpóreas, é preciso admitir que a alma é criada ao mesmo tempo que o corpo se forma; porque, de duas coisas uma, ou a alma que anima o corpo em seu nascimento já viveu, ou ela ainda não viveu; entre essas duas hipóteses, não há meio termo; ora, da segunda hipótese, aquela em que a alma não viveu surge uma multidão de problemas insolúveis, tais como a diversidade de aptidões e de instintos, incompatíveis com a justiça de Deus, a sorte das crianças que morrem em tenra idade, a dos cretinos e dos idiotas, etc.; ao passo que tudo se explica naturalmente admitindo-se que a alma já viveu e que traz, encarnando em um novo corpo, o que adquirira anteriormente. Assim é que as sociedades progridem gradualmente; sem isso, como explicar a diferença que existe entre o estado social atual e o dos tempos de barbárie? Se as almas são criadas ao mesmo tempo que o corpo, as que nascem hoje são tão novas, tão primitivas quanto aquelas que viviam há mil anos.


Acrescentemos que não há, entre elas, nenhuma conexão, nenhuma relação necessária; elas são completamente independentes umas das outras; por que, pois, as almas hoje seriam melhor dotadas por Deus do que suas predecessoras? Porque compreendem melhor? Porque têm instintos mais depurados, costumes mais brandos? Porque têm a intuição de certas coisas sem tê-las aprendido? Desafiamos a sair daí, a menos que se admita que Deus criou almas de diversas qualidades, segundo os tempos e os lugares, proposição inconciliável com a ideia de uma soberana justiça. Dizei, ao contrário, que as almas de hoje já viveram em tempos recuados; que elas puderam ser bárbaras como seu século, mas que progrediram; que, a cada nova existência, elas \rr 'em a aquisição das existências anteriores; que, por conseguinte, as almas dos tempos civilizados são as almas não criadas mais perfeitas, mas que se aperfeiçoaram, elas mesmas, com o tempo, e tereis a única explicação plausível do progresso social.


Estas considerações, tiradas da teoria da reencarnação, são essenciais para a inteligência do fato do que falaremos dentro em pouco. Se bem que os Espíritos possam se reencarnar em diferentes mundos, parece que, em geral, eles cumprem um certo número de migrações corpóreas sobre o mesmo globo e no mesmo meio, a fim de poderem melhor aproveitar da experiência adquirida; não saem desse meio senão para entrar num pior por punição, ou num melhor por recompensa. Disso resulta que, durante um certo período, a população do globo é quase composta dos mesmos Espíritos, que nele reaparecem em diversas épocas, até que tenham alcançado tim grau de depuração suficiente para irem habitar mundos mais avançados. Segundo o ensinamento dado pelos Espíritos superiores, essas emigrações e essas imigrações dos Espíritos encarnados sobre a Terra ocorrem de tempos em tempos individualmente; mas, em certas épocas, elas se operam em massa, em consequência das grandes revoluções que dela fazem desaparecer quantidades inumeráveis, e são substituídos por outros Espíritos que constituem, de alguma sorte, sobre a Terra ou sobre uma parte da Terra, uma nova geração.


O Cristo disse uma palavra notável que não foi compreendida, como muitas outras que se tomaram ao pé da letra, sem pensar que, quase sempre, ele falou por figuras e parábolas. Anunciando grandes mudanças no mundo físico e no mundo moral, disse ele: Eu vos digo, em verdade, que esta geração não passará antes que estas coisas tenham se cumprido; ora, a geração do tempo do Cristo passou há dezenove séculos sem que estas coisas tenham chegado; é preciso disso concluir, ou que o Cristo se enganou, o que não é admissível, ou que suas palavras tinham um sentido oculto, que se interpretou mal. Se nos reportarmos agora ao que dizem os Espíritos, não somente a nós, mas pelos médiuns de todos os países, atingimos o cumprimento dos tempos preditos, uma época de renovação social, quer dizer, a uma época de uma dessas grandes emigrações dos Espíritos que habitam a Terra. Deus, que para ela os enviara para se melhorarem, nela deixou-os o tempo necessário para progredirem', fê-los conhecer as suas leis, primeiro por Moisés, em seguida pelo Cristo; fê-los advertir pelos profetas; em suas reencarnações sucessivas, puderam tirar proveito desses ensinamentos; agora é chegado o tempo em que aqueles que não aproveitaram da luz, aqueles que violaram as leis de Deus e desconheceram seu poder, vão deixar a Terra onde estariam, doravante, deslocados no meio do progresso moral que se cumpriu, e ao qual não poderiam senão trazer entraves, seja como homens, seja como Espíritos.


A geração da qual o Cristo falou, não podendo se reportar aos homens vivendo em seu tempo, corporalmente falando, deve se entender da geração dos Espíritos que percorreram, sobre a Terra, os diversos períodos de suas encarnações e que vão deixá-la. Vão ser substituídos por uma nova geração de Espíritos que, mais avançados moralmente, farão reinar, entre eles, a lei de amor e de caridade ensinada pelo Cristo, e cuja felicidade não será perturbada pelo contato dos maus, dos orgulhosos, dos egoístas, dos ambiciosos e Ensaio sobre a interpretação da doutrina dos Anjos decaídos dos ímpios. Parece mesmo, no dizer dos Espíritos, que já entre as crianças que nascem agora, muitas são a encarnação de Espíritos dessa nova geração. Quanto àqueles da antiga geração que tiverem bem merecido, mas que, no entanto, não atingiram ainda um grau de depuração suficiente para chegar aos mundos mais avançados, eles poderão continuar a habitar a Terra e nela cumprir ainda algumas encarnações, mas, então, no lugar de ser uma punição, isto será uma recompensa, uma vez que nela serão mais felizes por progredirem.


O tempo em que uma geração de Espíritos desaparece, para dar lugar a uma outra, pode ser considerado como o fim do mundo, quer dizer, do mundo moral. Em que vão se tornar os Espíritos expulsos da Terra? Os próprios Espíritos nos dizem que irão habitar mundos novos, onde se encontram seres ainda mais atrasados do que neste mundo, e estarão encarregados de fazê-los progredir, levando-lhes o produto de seus conhecimentos adquiridos. O contato do meio bárbaro, onde se encontrarão, será, para eles, uma cruel expiação, e uma fonte incessante de sofrimentos físicos e morais, dos quais terão tanto mais consciência quanto sua inteligência estiver mais desenvolvida; mas essa expiação será, ao mesmo tempo, uma missão que lhes oferecerá um meio de resgatar seu passado, segundo o modo como a cumprirem. Ali, sofrerão ainda uma série de encarnações, durante um período de tempo mais ou menos longo, no fim do qual, aqueles que tiverem merecido, serão dele retirados para irem para mundos melhores, talvez sobre a Terra que, então, será uma morada de felicidade e de paz, ao passo que os da Terra, a seu turno, subirão, e, assim, alternativamente, até o estado de anjos ou de puros Espíritos.


É muito demorado, dir-se-á, não seria mais agradável ir de uma vez da Terra ao céu? Sem dúvida, mas, com esse sistema, tendes a alternativa de ir também direto da Terra para o inferno, pela eternidade das eternidades; ora, convir-se-á que a soma das virtudes necessárias para ir direto ao céu é bastante rara neste mundo, e há muito poucos homens que possam se dizer certos de possuí-las; de onde resulta que há mais chance de ir para o inferno do que de ir para o paraíso. Não vale mais fazer uma caminhada mais longa e estar seguro de atingir o objetivo? No estado atual da Terra, ninguém se preocupa de a ela voltar, mas nada o obriga, porque depende de cada um avançar de tal modo, enquanto nela está, que possa merecer subir. Nenhum prisioneiro que sai da prisão se impacienta para nela reentrar; o meio, para ele, é muito simples, é não recair em falta. O soldado, ele também, acharia muito cômodo tornar-se general de repente; mas embora tenha o bastão na sua cartucheira, não lhe é preciso menos ganhar suas esporas. (RE; 1862)



Gostaria de saber se uma desgraça que acontece com uma pessoa – por exemplo, uma morte violenta - está prevista antes de essa pessoa encarnar; e se essa desgraça foi causada por alguém, se também estava previsto que esse alguém cometeria esse crime. (Nelson Carvalho)


Não podemos duvidar da lei de causa e efeito. É uma lei da natureza tão evidente, que ela se mostra aos nossos olhos todos os dias e a cada momento. Não há efeito sem causa e não há um só ato, por mais insignificante nos pareça, que não venha a ter um efeito qualquer, agora ou depois, cedo ou tarde. Logo, tudo obedece à lei de causalidade, ainda que nós – seres humanos limitados – não tenhamos condições de desvendar certos acontecimentos.


Entretanto, nem tudo é tão simples quanto possa parecer à primeira vista. O que acontece para uma pessoa pode ter uma série de causas anteriores, mas pode ter também causas atuais. Algumas coisas de mal ela consegue evitar, outras não. Mas, antes de reencarnar o Espírito já tem um caminho mais ou menos traçado; é um plano, que pode ser mais ou menos cumprido, dependendo de como ele vai se conduzir na vida. Há muitas formas de andar por esse caminho e isso depende da escolha de cada um. O que depende da vontade, como disseram os Espíritos a Kardec, não pode ser fatalidade; logo, não está determinado.


Um Espírito, ao reencarnar, pode saber das dificuldades do caminho, a que riscos e a que tentações estará exposto. Mas, antes de caminhar, ele não sabe como será o seu desempenho. Se tiver tendência para o crime, com certeza, correrá risco em cometer o crime, se não souber direcionar bem sua vida. Desse modo, um crime não está previsto, mas pode acontecer que um individuo venha a matar outro que fora seu adversário ou desafeto em encarnação anterior, dependendo da forma como percorreu seu caminho. Há sempre probabilidades, maiores ou menores, para o cometimento dos atos humanos, mas nunca absoluta certeza.


Igualmente para quem sofre. Aquele que é vítima de um atentado e que venha a perecer por ele é um Espírito que corre esse risco: ou porque fez por merecê-lo ou porque escolheu, ele próprio, esse caminho, como experiência para um futuro melhor. A morte trágica pode estar em seu caminho, mas isso nem sempre quer dizer que ele terá de experimentá-la: isso depende de muitas circunstâncias, inclusive dele próprio. Não podemos conceber que os atos de violência e crueldade estejam todos previstos. Se assim fosse, de nada valeria o nosso livre-arbítrio, pois, então, não teríamos poder para melhorar a vida, regenerar e aperfeiçoar.




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