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domingo, 7 de abril de 2024

UMA VOZ INTIMA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Alcançada a fase em que a responsabilidade de viver é atingida pelo Espírito em seu processo evolutivo, a consciência pessoal passa a comandar o mecanismo da Lei de Ação e Reação no próprio indivíduo. Encarnado ou desencarnado, o Ser passa a experimentar com mais frequência sensação de arrependimento e remorso, buscando sua reabilitação perante si mesmo, por saber que a dor e o sofrimento experimentados são culpa sua. Chico Xavier, por sinal, afirmou que o remorso é uma das mais difíceias experiências vividas pelo Ser humano. Como se o relógio parasse dentro a gente. Allan Kardec no número de agosto de 1867, da REVISTA ESPÍRITA, reproduz e comenta interessante mensagem assinada Um Espírito ampliando nossa compreensão sobre o tema. Diz ele: -“Não é somente no Mundo Invisível que a visão da vítima vem atormentar o assassino para o forçar ao arrependimento; lá onde a justiça dos homens não começou a expiação, a Justiça Divina faz começar, à revelia de todos, o mais lento e o mais terrível dos suplícios, o mais temível castigo. Há certas pessoas que dizem que a punição infligida ao criminoso no Mundo dos Espíritos, e que consiste na visão contínua de seu crime, não pode ser muito eficaz, e que em nenhum caso não é esta punição que, por si só, determina o arrependimento. Dizem que um naturalmente perverso, como é um criminoso, não pode senão amargurar-se cada vez mais por essa visão, e assim se tornando pior. Os que assim falam não fazem ideia do que pode tornar-se um tal castigo; não sabem quanto é cruel esse espetáculo contínuo de uma ação que jamais se queria haver cometido. Certamente vemos alguns criminosos empedernidos, mas muitas vezes é só por orgulho e por quererem parecer mais fortes que a mão que os castiga; é para fazer crer que não se deixam abater pela visão de imagens vãs; mas essa falsa coragem não tem longa duração, pois logo os vemos fraquejar em presença desse suplício, que deve muito de seus efeitos à sua lentidão e persistência. Não há orgulho que possa resistir a esta ação, semelhante à da gota d’água sobre a rocha; por mais dura que possa ser a pedra, é inevitavelmente atacada, desagregada, reduzida a pó. É assim que o orgulho, que faz com que esses infelizes se obstinem contra seu soberano senhor, mais cedo ou mais tarde é abatido, e que o arrependimento, enfim, pode ter acesso à sua alma. Como sabem que a origem de seus sofrimentos está em sua falta, pedem para repará-la, a fim de trazer um abrandamento a seus males. Pondera Allan Kardec: --“Sem ir buscar aplicações do remorso nos grandes criminosos, que são exceções na sociedade, nós as encontramos nas mais corriqueiras circunstâncias da vida. É esse sentimento que leva todo indivíduo a afastar-se daqueles contra os quais sente que tem censuras a se fazer; em presença deles sente-se mal; se a falta não for conhecida, ele teme ser adivinhado; parece-lhe que um olhar pode penetrar o fundo de sua consciência; vê em toda palavra, em todo gesto uma alusão à sua pessoa, razão por que, desde que se sente desmascarado, retira-se. O ingrato também foge de seu benfeitor, já que sua visão é uma censura incessante, da qual em vão procura desembaraçar-se, pois uma voz íntima lhe grita no fundo da consciência que ele é culpado. Se o remorso já é um suplício na Terra, quão maior não será esse suplício no Mundo dos Espíritos, onde não é possível subtrair-se à vista daqueles a quem se ofendeu! Felizes os que, tendo reparado já nesta vida, poderão sem receio enfrentar todos os olhares no mundo onde nada é oculto. O remorso é uma consequência do desenvolvimento do senso moral; não existe onde o senso moral ainda se acha em estado latente. É por isto que os povos selvagens e bárbaros cometem sem remorsos as piores ações. Aquele, pois, que se pretendesse inacessível ao remorso, assimilar-se-ia ao bruto. À medida que o homem progride, o senso moral torna-se mais apurado; ofusca-se ao menor desvio do reto caminho. Daí o remorso, que é o primeiro passo para o retorno ao Bem”.



Maristela Balbino, lendo um artigo publicado em jornal espírita, quer saber qual é , de fato, a posição do Espiritismo em relação às pesquisas com célula-tronco.


Na verdade, Maristela, o tema é muito recente. Temos muito a aprender e a discutir a respeito. Não há uma única opinião formada dentro do meio espírita: há posições diferentes. Essa preocupação não existia na época de Kardec, quando o Espiritismo se formou, nem mesmo na época em que André Luiz e Emmanuel se manifestaram a respeito de vários temas de ordem médico-científica, ocasião em que a mediunidade Chico Xavier estava no auge. Existe, porém, uma polêmica em torno dessa questão, tanto nos meio científico como no meio religioso, marcada por duas posições definidas: uma, que é a favor da pesquisa e outra, que é contra.


Vamos dizer, primeiramente, do que se trata, para esclarecimento do ouvinte. Células-tronco, de que estamos tratando, são células do embrião humano. Embrião é a fase, que se segue logo à concepção – ou seja, à fecundação do óvulo pelo espermatozóide – para gerar um novo ser. Depois da fase embrionária, dentro do útero materno, vem o feto – a fase fetal – que leva, mais ou menos, 9 meses para a formação e o nascimento do bebê. O que isso tem a ver com pesquisa?


Os cientistas descobriram que as células embrionárias têm a capacidade de se transformar em qualquer outro tipo de célula do corpo. Isso porque é a partir delas que vão se formar todos os tecidos e todos os órgãos do corpo humano. Essa descoberta abre uma perspectiva muito alvissareira em relação à recuperação de tecidos lesados de pessoas doentes como – por exemplo – pessoas acometidas de doenças neurológicas ( paralisias, Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson), ou mesmo pessoas acidentadas que tiveram células nervosas danificadas e sem possibilidade de recuperação.


Logo, as pesquisas com células-tronco permitiriam descobrir possibilidades de tratamento de várias doenças, até então consideradas incuráveis. Esses tratamentos seriam feito à base de células-tronco, para que elas, utilizadas em cada caso, recuperassem células e tecidos danificados. Até este ponto, nada a reparar. Entretanto, o problema está no fato de que as células-tronco serão tiradas de embriões humanos – ou seja, causando-lhes inevitavelmente a morte.


Contra a pesquisa levantaram-se vários segmentos religiosos, alegando que o homem não tem o direito de tirar a vida de um embrião, nem mesmo para salvar alguém que está doente. O embrião já seria um ser humano. Contudo, não há unanimidade no meio espírita em relação à pesquisa, embora a pesquisa, hoje, já esteja regulamentada por lei, recentemente aprovada. O problema é saber se o embrião, utilizado para tais pesquisas, está ou não está animado por um espírito, uma vez que ele foi fecundado em laboratório, artificialmente; portanto, fora do corpo materno.


Esses embriões, na verdade, são sobras não utilizadas em procedimentos de fecundação artificial de mulheres, e se encontram congelados. Mesmo assim, há uma ala no meio espírita, inclusive da Associação Médico-Espírita do Brasil, que é contra as pesquisas. Ela afirma que ninguém pode garantir que haja espíritos ligados a tais embriões, mesmo que seja possível, segundo a doutrina, existirem embriões sem espíritos. Cautelosos, esses médicos se manifestam, apenas e tão somente, a favor da pesquisa de células-tronco de pessoas adultas, mas são veementemente contra a pesquisa com células-tronco embrionárias. O tema continua aberto.

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