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sexta-feira, 31 de maio de 2024

O MECANISMO REGULADOR DO PROGRESSO ESPIRITUAL;EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o Arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo”, afirmaram os Espíritos a Allan Kardec na resposta à questão 540 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Disseram ainda que “a finalidade da reencarnação é o melhoramento progressivo da Humanidade’, que ‘a cada nova existência o Espírito dá um passo na senda do progresso’, que ‘a consciência de si mesmo constitui o atributo principal do Espírito’ e que a culpabilidade está na razão do conhecimento que se possui’. Para controlar todo esse processo existe um mecanismo normatizado pelos artigos do CODIGO PENAL DA VIDA FUTURA ou a LEI DE CAUSA E EFEITO. A fim de refletirmos sobre ela, destacamos do trabalho incluído na série AS RESPOSTAS QUE O ESPÍRITISMO DÁ, algumas das questões ali apresentadas: 1- Recorrente em palestras espíritas, artigos e livros, a palavra “Carma” é associada aos graves problemas enfrentados pelas criaturas humanas. Qual sua relação com a visão do Espiritismo sobre a Lei de Causa e Efeito? O “carma”, expressão vulgarizada entre os hindus, em sânscrito quer dizer “ação”. A rigor, designa “causa e efeito”, de vez que toda ação ou movimento deriva de causa ou impulsos anteriores. Para nós expressará a conta de cada um, englobando os créditos e os débitos que, em particular, nos digam respeito. Há conta dessa natureza, não apenas catalogando e definindo individualidades, mas também povos e raças, estados e instituições. Para melhor entender o “carma” ou “conta do destino criada por nós mesmos”, convém lembrar que o Governo da Vida possui igualmente o seu sistema de contabilidade, a se lhe expressar no mecanismo de justiça inalienável, dispondo de sábios departamentos para relacionar, conservar, comandar e engrandecer a Vida Nas sublimadas regiões de cada Orbe entregue à inteligência e à razão, ao trabalho e ao progresso dos filhos de Deus, fulguram os gênios angélicos, encarregados do rendimento e da beleza, do aprimoramento e da ascensão da Obra Excelsa, com ministérios apropriados à concessão de empréstimos e moratórias, créditos especiais e recursos extraordinários a todos os Espíritos encarnados ou desencarnados, que os mereçam, em função dos serviços referentes ao Bem Eterno. Nas regiões atormentadas, varridas por ciclones de dor regenerativa, temos os poderes competentes para promover a cobrança e a fiscalização, o reajustamento e a recuperação de quantos se fazem devedores complicados ante a Divina Justiça, 2- Existindo esses Departamentos de Justiça, como interpretar o argumento de que somos os arquitetos do nosso próprio destino? A morte funciona como juiz inexorável, transferindo os bens de certas mãos para outras e marcando com inequívoca exatidão o proveito que cada Espírito extrai das vantagens e concessões que lhe foram entregues pelos Agentes da Infinita Bondade. Aí, vemos os princípios de causa e efeito, em toda a força de sua manifestação, porque, no uso ou no abuso das reservas da vida que representam a eterna Propriedade de Deus, cada alma cria na própria consciência os créditos e os débitos que lhe atrairão inelutavelmente as alegrias e as dores, as facilidades e os obstáculos do caminho. Quanto mais amplitude em nossos conhecimentos, mais responsabilidade em nossas ações. Através de nossos pensamentos, palavras e atos, que fluem, invariáveis, do coração, gastamos e transformamos constantemente as energias do Senhor, em nossa viagem evolutiva, nos setores da experiência, e, do quilate de nossas intenções e aplicações, nos sentimentos e práticas da marcha, a vida organiza, em nós mesmos, a nossa conta agradável ou desagradável ante as Leis do Destino.



Helena Lourenço de Araújo Gonçalves, professora Leninha, nos trouxe a seguinte questão: como explicar o medo da morte em pessoas que trabalharam e lutaram a vida toda, que demonstraram coragem e até ousadia e que, chegando próximo à sua hora final, se apavoram.


Nenhum de nós pode garantir que, no momento extremo desta vida, se mantenha calmo e confiante, Leninha. A morte, de fato, ainda representa para o ser humano o maior de todos os medos; é dele que geram todos os outros. Ela faz parte do mecanismo da vida, que nos leva a valorizar esta existência e não querer partir, assim, com tanta facilidade. Devemos preservar a nossa vida com dignidade e com amor no coração.


A Doutrina Espírita procura nos conscientizar, entretanto, que a morte não é o fim, que a vida continua numa outra dimensão e que, por isso, não precisamos nos apavorar tanto. Com certeza, no momento decisivo, a par da tristeza que deixamos deste lado, teremos entes queridos nos aguardando do lado de lá. Infelizmente, a tradição religiosa, ao longo de muitos séculos em que estivemos reencarnando na Terra, gerou em nosso inconsciente mais profundo uma expectativa tenebrosa diante da morte, razão pela qual ainda hoje manifestamos tanto pavor com a sua aproximação.


Para o Espiritismo, a fim de que possamos encarar a morte com resignação e mais serenidade, precisaríamos contar com, pelo menos, duas condições essenciais: ter certeza de que a vida continua e ter, sobretudo, a consciência tranqüila. Talvez, a primeira condição – saber da continuidade da vida - não seja tão difícil assim: a maioria das pessoas tem essa expectativa, se bem que nem todas com grande convicção. Então, resta a tranqüilidade de consciência, que é sempre a condição moral mais difícil.


E quem pode assegurar que tem a consciência plenamente tranqüila? Sempre vamos achar que fizemos alguma coisa que não devíamos ter feito ou que não fizemos o que tínhamos de fazer. Sempre vamos achar que não agíamos com respeito, honestidade ou lealdade com alguém, ou que traímos a confiança de uma pessoa que nos amou – ou mesmo que alguém sofreu por nossa causa. O problema, portanto, está principalmente nesse ponto nevrálgico, já que a morte é um momento singular, onde cada um vai se encontrar consigo mesmo, prestando contas e sendo julgado pelo tribunal da própria consciência.


Por isso é necessário, importante e fundamental que cuidemos de nossa consciência moral, que possamos ser mais coerentes com os princípios em que dizemos acreditar, que sejamos mais fieis aos idéias de vida e valorizemos sobretudo as pessoas, mais do que as coisas, que valorizemos mais o espírito que a matéria. Tudo isso significa, acima de tudo, exercitar mais o afeto, aceitar mais as pessoas, romper com barreiras do orgulho, do preconceito e do egoísmo. É o que vai nos ajudar a viver melhor, a cada dia, pois a morte é o corolário da vida e, por isso, deve representar o coroamento de nossa existência.






quinta-feira, 30 de maio de 2024

PORQUE NÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Porque todas as mães que choram os filhos mortos e ficariam felizes se se comunicassem com eles, muitas vezes não o podem? Porque a visualização deles lhes é recusada, mesmo em sonhos, a despeito de seu desejo e preces ardentes? Naturalmente são duas perguntas que muitos se fazem diante do entusiasmo daqueles que se surpreendem com o conteúdo de informações e detalhes pessoais constantes das cartas mediúnicas, sobretudo as psicografadas por Chico Xavier. Por sinal, o canal de comunicação objetivamente disponibilizado a partir da identificação e definição da mediunidade pelo Espiritismo, revelou-se um instrumento útil para esse fim, utilizado especialmente por aqueles que, vencidos pela dor da separação, superam as barreiras do preconceito e conceitos nascidos nas escolas religiosas tradicionais ou nas sombras da ignorância. Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA, edição de agosto de 1866, teceu interessantes esclarecimentos sobre os “porquês” das perguntas com que iniciamos essas considerações. Pondera ele: “ -Além da falta de aptidão especial que, como se sabe, não é dada a todos, há, por vezes, outros motivos, cuja utilidade a sabedoria da Providência aprecia melhor que nós. Essas comunicações poderiam ter inconvenientes para as naturezas muito impressionáveis; certas pessoas poderiam delas abusar e a elas se entregar com um excesso prejudicial à saúde. Em semelhante caso, sem dúvida a dor é natural e legítima; mas, algumas vezes, é levada a um ponto desarrazoado. Nas pessoas de caráter fraco muitas vezes essas comunicações reavivam a dor, em vez de a acalmar. Daí porque nem sempre lhes é permitido receber, mesmo por outros médiuns, até que se tenham tornado mais calmas e bastante senhoras de si para dominar a emoção. A falta de resignação, em casos tais, é quase sempre uma causa do retardamento. Depois, é preciso dizer que a impossibilidade de se comunicar com os Espíritos que mais se ama, quando se o pode com outros, é, muitas vezes, uma prova para a fé e a perseverança e, em certos casos, uma punição. Aquele a quem esse favor é recusado deve, pois, dizer-se que sem dúvida a mereceu. Cabe-lhe procurar a causa em si mesmo, e não atribui-la à indiferença ou ao esquecimento do Ser lamentado. Enfim, há temperamentos que, não obstante a força moral, poderiam experimentar o exercício da mediunidade com certos Espíritas, mesmo simpáticos, conforme as circunstâncias. Admiremos em tudo a solicitude da Providência, que vela pelos menores detalhes e saibamos submeter-nos à sua vontade sem murmúrio, porque ela sabe melhor que nós o que nos é útil e providencial. Ela é para nós como um bom pai, que não dá sempre a seu filho o que ele deseja. As mesmas razões ocorrem no que concerne aos sonhos. Os sonhos são as lembranças do que o Espírito viu em estado de desprendimento, durante o sono. Ora, essa lembrança pode ser bloqueada. Mas aquilo de que a gente não se lembra não está, por isto, perdido para a alma. As sensações experimentadas durante as excursões que ela faz no mundo invisível, deixam, ao despertar, impressões vagas e a gente não cita pensamentos e ideias cuja origem, muitas vezes, não se suspeita. Pode, pois, ter-se visto, durante o sono, os seres aos quais se tem afeição, entreter-se com eles e não guardar a lembrança. Então se diz que não se sonhou. Mas se o Ser lamentado não se pode manifestar de uma maneira extensiva qualquer, nem por isso estará menos junto dos que o atraem por seu pensamento. Ele os vê, ouve suas palavras e, muitas vezes, adivinha-se sua presença por uma espécie de intuição, um sentimento íntimo, e, até mesmo por certas impressões físicas. A certeza de que não está no nada; de que não está perdido nas profundezas do espaço, nem nos abismos do inferno; de que é mais feliz, agora isento dos sofrimentos corporais e das tribulações da vida; de que o verão, após uma separação momentânea, mais belo, mais resplendente, sob um envoltório etéreo imperecível, e não sob a pesada carapaça carnal; eis a imensa consolação que recusam os que creem que tudo acaba com a vida; eis o que oferece o Espiritismo”.


Vocês disseram que Jesus não concordou com todos os mandamentos recebidos por Moisés. Quais foram esses mandamentos?


É mais fácil dizer quais os mandamentos com que Jesus concordou plenamente. Praticamente seis que, aliás, ele citou, quando atendia ao moço rico, que queria segui-lo. Primeiro – “honrar pai e mãe”, referindo-se ao respeito e à gratidão que devemos ter para com os nossos pais. Segundo – “Não matar”, referindo-se ao valor sagrado da vida, que ninguém tem o direito de tirar. Terceiro – “Não adulterar”, que também faz parte de seu código moral, a fidelidade com que devemos cuidar de nosso relacionamento conjugal.


O quarto mandamento com que Jesus concordou plenamente - “ Não roubar”, que trata do respeito aos bens dos outros, da mesma forma com que queremos que respeitem os nossos. O quinto – “ Não dizer falso testemunho”, que significa “não mentir”, quando a mentira se transforma numa arma agressiva e perigosa, e até mortal. E, finalmente, o sexto mandamento - “Não desejar a mulher do próximo, nem cobiçar coisa alguma do próximo”, ou seja, um mandamento que vem reforçar outros dois já citados – o que condena o adultério e o que condena o roubo.


Todos esses preceitos morais Jesus sintetizou em dois preceitos que, na verdade, são um só: “Amar a Deus sobre todas as coisas” e “Amar o Próximo como a si mesmo”. Na verdade, amar a Deus e amar ao próximo são uma mesma coisa, uma vez que – como disse João – se não amamos o próximo, não amamos a Deus, pois o próximo é filho de Deus e é através do amor ao próximo que podemos manifestar o amor a Deus, já que não vemos a Deus, mas somente o próximo é que podemos ver.



quarta-feira, 29 de maio de 2024

NINGUÉM FOGE DE SI MESMO!.EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

NINGUÉM FOGE DE SI MESMO!... Haverá princípio capaz de infundir mais confiança na Justiça de Deus que este? A partir dele entende-se a recomendação de Jesus quanto ao “não julgar”, pois ele conhecia o sentido oculto do “a cada um conforme as próprias obras”. Através dele, temos a garantia de que todos, do explorador ao explorado, do corruptor ao corrupto, do algoz à vítima, do opressor ao oprimido, todos enfim, experimentarão os efeitos das próprias ações ou reações no devido tempo. Estamos destinados ao progresso espiritual (fim) através das vidas sucessivas (meio), que nos conduzirá à felicidade e à paz tão sonhada, tendo como roteiro o caminho do auto-descobrimento, do auto-conhecimento. Uma reencarnação sob o ângulo da Eternidade, representa “menos que um relâmpago”, como informaram os Espíritos à Allan Kardec (questão 738, L.E.), e inexoravelmente o pedágio da morte aguarda a todos na estrada da vida. O Codificador através de observações, comparações, deduções e conclusões, analisando o depoimento de centenas de espíritos, delineou o conjunto que ele denominou CÓDIGO PENAL DA VIDA FUTURA, inserido no livro “O CÉU E O INFERNO” (Capítulo 7), ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo. Por serem informações que precisam ser difundidas e meditadas para que um número cada vez maior desperte para a responsabilidade de viver, alinhamos a seguir alguns desses artigos. 1- Onde está escrita a Lei de Deus? – Na consciência. 2- A completa felicidade prende-se à perfeição, isto é, à purificação completa do Espírito. Toda imperfeição é, por sua vez, causa de sofrimento e da privação da satisfação, do mesmo modo que toda perfeição adquirida é fonte de prazer e atenuante de sofrimentos (2.º). 3- O Espírito sofre, quer no mundo corporal, quer no espiritual, a conseqüência das suas imperfeições. As misérias, as vicissitudes padecidas na vida corpórea, são oriundas das nossas imperfeições, são expiações de faltas cometidas na presente ou em precedentes existências. Pela natureza dos sofrimentos e vicissitudes da vida corpórea, pode julgar-se a natureza das faltas cometidas em anterior existência, e das imperfeições que as originaram. (10.º) 4- Não há uma única imperfeição da alma que não importe funestas e inevitáveis conseqüências, como não há uma só qualidade boa que não seja fonte de prazer. (3.º) 5- Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não for em urna existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes. (9.º) 6- O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a repara- ção. Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação. (16.º) 7- O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo. Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são conseqüentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal. A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má-vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contacto com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. Nem todas as faltas acarretam prejuízo direto e efetivo; em tais casos a reparação se opera, fazendo-se o que se deveria fazer e foi descurado; cumprindo os deveres desprezados, as missões não preenchidas; praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se se tem sido orgulhoso, amável se se foi austero, caridoso se se tem sido egoísta, benigno se se tem sido perverso, laborioso se se tem sido ocioso, útil se se tem sido inútil, frugal se se tem sido intemperante, trocando em suma por bons os maus exemplos perpetrados. E desse modo progride o Espírito, aproveitando-se do próprio passado. (17.º) NOTA – A necessidade da reparação é um princípio de rigorosa justiça, que se pode considerar verdadeira lei de reabilitação moral dos Espíritos. Entretanto, essa doutrina religião alguma ainda a proclamou. Algumas pessoas repelem-na porque acham mais cômodo o poder quitarem-se das más ações por um simples arrependimento, que não custa mais que palavras, por meio de algumas fórmulas; contudo, crendo-se, assim, quites, verão mais tarde se isso lhes bastava. Nós poderíamos perguntar se esse princípio não é consagrado pela lei humana, e se a justiça divina pode ser inferior à dos homens? E mais, se essas leis se dariam por desafrontadas desde que o indivíduo que as transgredisse, por abuso de confiança, se limitasse a dizer que as respeita infinitamente. Por que hão de vacilar tais pessoas perante uma obrigação que todo homem honesto se impõe como dever, segundo o grau de suas forças? Quando esta perspectiva de reparação for inculcada na crença das massas, será um outro freio aos seus desmandos, e bem mais poderoso que o inferno e respectivas penas eternas, visto como interessa à vida em sua plena atualidade, podendo o homem compreender a procedência das circunstâncias que a tornam penosa, ou a sua verdadeira situação. 8- A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta, podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações diversas, conforme as circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida. (11.º) 9- A responsabilidade das faltas é toda pessoal, ninguém sofre por erros alheios, salvo se a eles dê origem, quer provocando-os pelo exemplo, quer não os impedindo quando poderia fazê-lo. Assim, o suicida é sempre punido; mas aquele que por maldade impele outro a cometê-lo, esse sofre ainda maior pena. (21.º) 10- Dependendo o sofrimento da imperfeição, como o gozo da perfeição, a alma traz consigo o próprio castigo ou prêmio, onde quer que se encontre, sem necessidade de lugar circunscrito. O inferno está por toda parte em que haja almas sofredoras, e o céu igualmente onde houver almas felizes. (5.º) 11- O único meio de evitar ou atenuar as conseqüências futuras de uma falta, está no repará-la, desfazendo-a no presente. Quanto mais nos demorarmos na reparação de uma falta, tanto mais penosas e rigorosas serão, no futuro, as suas conseqüências. (27.º) 12- A situação do Espírito, no mundo espiritual, não é outra senão a por si mesmo preparada na vida corpórea. Mais tarde, outra encarnação se lhe faculta para novas provas de expiação e reparação, com maior ou menor proveito, dependentes do seu livre arbítrio; e se ele não se corrige, terá sempre uma missão a recomeçar, sempre e sempre mais acerba, de sorte que pode dizer-se que aquele que muito sofre na Terra, muito tinha a expiar; e os que gozam uma felicidade aparente, em que pesem aos seus vícios e inutilidades, paga-la-ão mui caro em ulterior existência. Nesse sentido foi que Jesus disse: – "Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados," (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V.) (28.º) 13- O bem e o mal que fazemos decorrem das qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando podemos é, portanto, o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não somente pelo mal que fez como pelo bem que deixou de fazer na vida terrestre. (6.º) 14- O Espírito sofre pelo mal que fez, de maneira que, sendo a sua atenção constantemente dirigida para as conseqüências desse mal, melhor compreende os seus inconvenientes e trata de corrigir-se. (7.º) 15- Sendo infinita a Justiça de Deus, o bem e o mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento mau que não tenha conseqüências fatais, como não há uma única ação meritória, um só bom movimento da alma que se perca, mesmo para os mais perversos, por isso que constituem tais ações um começo de progresso. (8.º) 16- Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração do sofrimento: – a única lei geral é que toda falta terá punição, e terá recompensa todo ato meritório, segundo o seu valor. (12.º) 17- A duração do sofrimento depende da melhoria do Espírito culpado. Nenhuma condenação por tempo determinado lhe é prescrita. O que Deus exige por termo de sofrimentos é um melhoramento sério, efetivo, sincero, de volta ao bem. Deste modo o Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela pertinácia no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem. Uma condenação por tempo predeterminado teria o duplo inconveniente de continuar o martírio do Espírito renegado, ou de libertá-lo do sofrimento quando ainda permanecesse no mal. Ora, Deus, que é justo, só pune o mal enquanto existe, e deixa de o punir quando não existe mais; por outra, o mal moral, sendo por si mesmo causa de sofrimento, fará este durar enquanto subsistir aquele, ou diminuirá de intensidade à medida que ele decresça. (13.º) 18- Como o Espírito tem sempre o livre-arbítrio, o progresso por vezes se lhe torna lento, e tenaz a sua obstinação no mal. Nesse estado pode persistir anos e séculos, vindo por fim um momento em que a sua contumácia se modifica pelo sofrimento, e, a despeito da sua jactância, reconhece o poder superior que o domina. Então, desde que se manifestam os primeiros vislumbres de arrependimento, Deus lhe faz entrever a esperança. Nem há Espírito incapaz de nunca progredir, votado a eterna inferioridade, o que seria a negação da lei de progresso, que providencialmente rege todas as criaturas. (19.º) 19- Em virtude da lei do progresso que dá a toda alma a possibilidade de adquirir o bem que lhe falta, como de despojar-se do que tem de mau, conforme o esforço e vontade próprios, temos que o futuro é aberto a todas as criaturas. Deus não repudia nenhum de seus filhos, antes recebe-os em seu seio à medida que atingem a perfeição, deixando a cada qual o mérito das suas obras. (4.º) 20- Dependendo da melhoria do Espírito a duração do sofrimento, o culpado que jamais melhorasse sofreria sempre, e, para ele, a pena seria eterna. (14.º) 21- Uma condição inerente à inferioridade dos Espíritos é não verem o termo da provação, acreditando-a eterna, como eterno lhes deva ser um tal sofrimento (15)


Um ouvinte, que não quer revelar o nome, passou-nos a seguinte situação. Conheço uma pessoa que não para em nenhuma religião. Ela vive pulando de uma igreja para outra e acaba criticando todas elas. Será que isso é um sintoma de distúrbio mental ou esse é um jeito próprio de viver?

É muito difícil fazer uma avaliação desse tipo de comportamento, sem conhecer a vida dessa pessoa. Mas, ao que tudo indica, pelos poucos dados que você nos passou, podemos dizer que é um comportamento que foge à regra e que pode advir de um desajuste ou transtorno emocional. Pode ser também fruto de um sentimento de egoísmo muito intenso.

É claro que todo mundo é livre para buscar a religião que quiser, para mudar de religião quando isso lhe aprouver. Mas sair falando mal das igrejas que frequenta não é um comportamento nem moral e nem socialmente aceitável. Se eu não me agrado de uma determinada religião, o máximo que tenho a fazer é me afastar dela e procurar outra. Se vi alguma coisa errada e eu mesmo não puder ajudar com minhas opiniões ou sugestões, não me compete espalhar críticas, apenas pelo prazer de criticar.

No entanto, há pessoas que, na vida, estão sempre procurando milagres. Elas não estão interessadas em cultivar um ideal superior, em vivenciar Deus no coração e tampouco em se tornarem melhores. Elas querem é resolver seus problemas de maneira fácil e imediata. Como o papel da religião é de ajudar e não de resolver problemas, elas saem frustradas. Quereriam que Deus, através daquele religião, fizesse tudo por ela. Mas elas mesmas não se ajudam. Por isso, desapontadas - e, sobretudo, revoltadas – disparam críticas ofensivas.

A Doutrina Espírita nos esclarece que os caminhos, oferecidos pelas religiões, são muitos. Mas, seja ele qual for, não é o caminho em si o mais importante, mas, sim, a forma como cada um vai andar por esse caminho. Uma pessoa cheia de revolta tanto pode estar numa religião como em outra, nenhuma delas vai servir aos seus interesses, porque não é isso que ela quer. Para que possa mudar, ela precisa amadurecer o espírito e, para isso, o melhor remédio é o sofrimento.

Dores e decepções decorrentes do egoísmo, do orgulho, e da teimosia em não reconhecer as próprias necessidades morais, infelizmente, são o único remédio para os Espíritos obstinados. Nós, seres humanos, não estamos neste mundo senão para viver e aprender a viver cada vez com mais equilíbrio e competência. Felicidade é vencer obstáculos, principalmente aqueles que construímos dentro de nós mesmos, como é o caso do egoísmo e do orgulho.

Lembramos da antiga fábula, “A raposa e as uvas”. Conta Esopo que a raposa viu lindos cachos de uva, que pendiam de uma parreira. Salivando de vontade, como a parreira era alta, ela tentou alcançá-los mas não conseguiu. Decepcionada, a única reação que teve foi comentar: “Essas uvas estão verdes”. Em Psicologia, trata-se de um mecanismo conhecido por “racionalização”. Infelizmente, há uma tendência humana em querer justificar o próprio fracasso, apelando para a crítica...


segunda-feira, 27 de maio de 2024

RECORDAÇÃO DE UMA VIDA ANTERIOR; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A REVISTA ESPÍRITA de julho de 1860, incluiu em sua pauta uma matéria resultante de uma evocação havida na reunião da Sociedade Espírita de Paris, motivada por uma carta enviada à publicação por um dos assinantes que, por sua vez, questionava Allan Kardec sobre as informações de um amigo que lhe escrevera expressando sua opinião sobre sua convicção sobre “a presença ou não, junto à nós, das almas dos que amamos”. Para justificá-la, expõem: -“Por mais ridículos que pareça, direi que minha convicção sincera é a de ter sido assassinado durante os massacres de São Bartolomeu. Eu era muito criança quando tal lembrança veio ferir-me a imaginação. Mais tarde, quando li essa triste página de nossa História, pareceu que muitos detalhes me eram conhecidos, e ainda creio que se a velha Paris fosse reconstruída eu reconheceria essa velha aleia sombria onde, fugindo, senti o frio de três punhaladas dadas pelas costas. Há detalhes desta cena sangrenta em minha memória e jamais desapareceram. Porque tinha eu essa convicção antes de saber o que tinha sido o São Bartolomeu? Porque, lendo o relato desse massacre eu me perguntei: é sonho, esse sonho desagradável que tive em criança, cuja lembrança me ficou tão viva? Por que, quando quis consultar a memória, forçar o pensamento, fiquei como um pobre louco ao qual surge e que parece lutar para lhe descobrir a razão? Porque? Nada sei. Certo me achareis ridículo, mas nem por isso guardarei menos lembrança, a convicção. Se dissesse que tinha sete anos quando tive um sonho assim: Eu tinha vinte anos, era um rapaz bem posto, parece que rico. Vim bater-me em duelo e fui morto (...). Às vezes me parece que um clarão atravessa essa névoa e tenho a convicção de que a lembrança do passado se restabelece em minh’alma”. O missivista “reafirma sua certeza da ligação entre pessoas simpáticas, a despeito da distância e relata uma experiência ocorrida com ele nas imediações de Lima, no Peru, em que em determinada hora e dia, foi acometido de forte dor no peito, a mesma hora em um seu irmão, na França, teve um ataque de apoplexia que lhe comprometeu gravemente a vida”. Oficial da Marinha, constantemente viajando, o autor das experiências, teve seu anjo da guarda evocado na reunião daquele dia, oferecendo entre as respostas por ele dadas, ponderações interessantes: Primeiro, que o motivo de sua evocação “não se tratava de satisfazer uma vã curiosidade, mas de constatar, se possível, um fato interessante para a ciência espírita, o da recordação de sua vida anterior ; segundo que a lembrança de sua morte em vida anterior, não era uma ilusão mas uma intuição real; terceiro que embora essa lembranças sejam muito raras, se devem um pouco ao gênero de morte que de tal modo o impressionou que está, por assim dizer, gravado em sua alma; quarto que depois dessa morte no São Bartolomeu não teve outras existências; quinto que tinha 30 anos quando de sua morte; sexto, que era ligado à casa de Coligny; sétimo, ter ocorrido seu homicídio no cruzamento de Bucy; oitavo, que a casa onde morreu não existe mais; nono, que não era personagem conhecido na história por ter sido um simples soldado de nome Gaston Vincent e, finalmente, décimo, que o comunicante foi àquela época seu anjo da guarda e continuava a sê-lo”. Em observação sobre o caso, Kardec acrescenta:-“ Céticos, mais trocistas que sérios, poderiam dizer que o anjo da guarda o guardou mal e perguntar por que não desviou a mão que o feriu. Embora tal pergunta mereça apenas uma resposta, talvez algumas palavras sejam úteis. Para começar diremos que, se o morrer pertence à natureza humana, nenhum anjo da guarda tem o poder de opor-se ao curso das Leis da Natureza. Do contrário, razão não haveria para que não impedissem a morte natural, tanto quanto a acidental. Em segundo lugar, estando o momento e o gênero de morte no destino de cada um, é preciso que se cumpra.



Uma ouvinte pediu que tratássemos este caso com muita discrição. Ela disse o seguinte: “Tenho dois casos extremos na minha família e dos dois de pessoas idosas. Ainda bem que elas não moram na mesma casa. Uma delas pessoa só vive se lamentando com pena de si mesma; para ela nada está bom. A outra que vive revoltada dizendo que não merecia viver, que Deus bem poderia tirá-la deste mundo. Difícil conviver com pessoas assim, porque elas transmitem muita angustia pra gente.”

Você tem razão; é muito difícil, conviver com pessoas que se rejeitam e com pessoas que sentem piedade de si mesmas. Mas é preciso entender, prezada ouvinte, que elas não estão na sua família por acaso: alguma coisa você tem de fazer por elas. É claro que as duas são doentes, doentes da alma. Se elas forem examinadas por um psiquiatra, com certeza, serão consideradas como portadoras de transtornos emocionais, que requerem tratamento.

A autorrejeição – que é o fato de a pessoa rejeitar a si mesma - é um problema grave, que tira o prazer de viver e, às vezes, pode levá-la a desistir da vida. É uma dor amarga e desconfortável, própria de quem atingiu uma idade avançada e teve muitas decepções na vida. As enfermidades da alma costumam se instalar com o passar dos anos, decorrentes de vícios de comportamento. Muitas vezes, ela decorre de uma série de situações, em que a pessoa deveria ter tomado uma atitude e não tomou; e agora ela se sente culpada por isso.

Por outro lado, a família – que hoje atura sua revolta – o que faz para ajudá-la? Na mais das vezes, só critica seu comportamento e a também a rejeita, o que complica mais ainda esse quadro. Você sabe que não é assim que ajudamos uma pessoa a recuperar sua autoestima. É bem provável que a família também não esteja preparada. Mas é por isso que precisamos procurar ajuda.

Não queremos dizer que toda a culpa está na família. Não é isso. Estamos afirmando, apenas, que a família sempre pode fazer algo para ajudar, como buscar o amparo da religião ou mesmo de um profissional. Todos nós precisamos de ajuda para preservar nossa saúde espiritual. É o que Espiritismo oferece, quando a família busca suas orientações. Uma coisa é certa: quando um doente dessa natureza surge e a família procura ajuda, todo mundo aprende.

Autopiedade, cara ouvinte, também é um sintoma de enfermidade da alma. Há Espíritos que se sentem derrotados, porque não sabem ou nunca souberam reagir às situações desconfortáveis. Acham que são fracos e impotentes, que estão abandonados por Deus, nada lhes restando senão entregar-se à própria sorte, como se nada restasse a fazer senão lamentar. Elas precisam saber que nada acontece por acaso e que não injustiça na Lei de Deus. A sua situação, na maioria das vezes, decorre sua acomodação, de sua inoperância, aliadas às culpas do passado.

Nesses casos, os membros da família deveriam mudar a postura diante dessas pessoas enfermas. Se continuarem mantendo a mesma atitude de rejeitar o doente, não ajudarão, mas complicarão mais ainda a sua situação Podem buscar orientação na Doutrina Espírita que tem para elas algumas recomendações muito oportunas, até porque essas pessoas não estão nessa família por acaso e, se elas estão dando trabalho, é porque a família deve ter um compromisso muito sério com elas e precisa ajudá-las.



domingo, 26 de maio de 2024

PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL - O QUE É; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Advertem os Espíritos devotados ao Bem que a influência espiritual é coisa corriqueira na sociedade em nossa Dimensão na atualidade. O Espiritismo pela essência de sua constituição detém muitas informações sobre o tema. Do repertório extraordinário por ele disponibilizado desde seu surgimento, destacamos algumas questões Vamos a elas: Todos estão então sujeitos ao assédio e influência obsessiva? Os Espíritos não são iguais nem em poder, nem em conhecimento, nem em sabedoria. Como não passam de almas humanas desembaraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade de tipos maior que a que encontramos entre os homens da Terra. Estamos incessantemente cercados por uma nuvem de Espíritos que nem por serem invisíveis aos nossos olhos materiais deixam de estar no espaço, em redor de nós, ao nosso lado, espiando os nossos atos, lendo nossos pensamentos, uns para nos fazer bem, outros para nos fazer mal, segundo os Espíritos bons ou maus. Pela inferioridade física e moral de nosso Globo na hierarquia dos mundos, os Espíritos inferiores aqui são mais numerosos que os superiores. (RE; 10/1858) Os maus Espíritos só se dirigem àqueles a quem sabem poder dominar e não àqueles a quem a superioridade moral – não dizemos intelectual, encouraça contra os ataques. (RE; 5/1863) O que é auto-obsessão? A memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e ouvimos. Por intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos. Não importa o tempo que mantenhamos o remorso a distância. Cada pensamento de indignação das vítimas que se faz nas vivências que se tem, circula na atmosfera psíquica do agressor, esperando ensejo de fazer-se sentir. Além disso, com a maneira cruel de proceder, atrai-se a convivência constante de entidades de péssimo comportamento que vão lhe arruinando o teor da vida mental, até que o remorso abra brecha na fortaleza em que o agressor se entrincheira. As forças acumuladas dos pensamentos destrutivos que a pessoa provoca sobre si mesma, através da conduta irrefletida a que se entrega levianamente, libertas de súbito pela aflição e pelo medo, quebram a fantasiosa resistência orgânica, quais tempestades que se sucedem furiosas. Sobrevindo a crise, energias desequilibradas da mente em desvario vergastam os delicados órgãos do corpo físico. Os mais vulneráveis sofrem consequências terríveis. (L; 11) Obsessão e Vampirismo Espiritual são a mesma coisa? A perda do veículo físico na deficiência espiritual em que se encontram os viciados (químicos ou sensoriais como no campo do sexo), deixam o Espírito integralmente desarvorado, como naufrago dentro da noite. Sintoniza-se com o organismo da criatura com que se afinisa a quem passa a obsediar, nela encontrando novo instrumento de sensação, vendo por seus olhos, ouvindo por seus ouvidos, muitas vezes falando por sua boca, vitalizando-se com os alimentos comuns consumidos pela vítima. Nessa simbiose vivem ambos, por vezes, por anos seguidos, requerendo para se curar das fobias que se refletem da mente do obsessor, sejam afastados os fluidos que envolvem o obssediado, assim como a coluna, abalada pelo abraço constringente da hera reclama limpeza em favor do reajuste. (NDM; 6) Um Espírito bom pode obsediar alguém? A obsessão não pode jamais ser o efeito causado por um bom Espírito. A questão essencial é saber reconhecer a natureza daqueles que se apresentam. O conhecimento prévio dos meios de distinção dos bons Espíritos e dos maus é, portanto, indispensável. É importante para o simples observador que pode, por esse meio, apreciar o valor do que vê, lê ou escuta. (OQE; 77)



Esta foi mais uma questão proposta durante a realização do último Pinga-Fogo, na cidade de Gália no início deste ano. “Como os espíritos desencarnados de culturas diferentes, por exemplo os orientais, se ajustam no Plano Espiritual, segundo o evangelho de Jesus Cristo?”

Relatos trazidos por André Luiz, pela mediunidade de Chico Xavier, mostram que a convivência ou as relações entre os Espíritos no plano espiritual são semelhantes às relações dos homens na Terra. Assim como aqui entre diferentes povos e países, há culturas diferentes, que se revelam através de seus usos, costumes e tradições, elas também se manifestam no mundo dos Espíritos. Kardec deixou bem claro, desde a época da codificação, que os Espíritos desencarnados nada mais são do que os homens e mulheres que viveram na Terra. A morte não muda substancialmente as pessoas, nem no seu caráter e nem tampouco seus valores culturais.

André Luiz deixa claro que os desencarnados, como aqui, costumam se reunir em comunidades que trazem algo em comum, como o idioma, a religião, a arte, as indumentárias e os diversos implementos que fazem parte da cultura de cada povo. Desse modo devem existir comunidades orientais, ocidentais, aborígenes, etc. No entanto, assim como na Terra as culturas, apesar das tradições, continuam evoluindo, principalmente em razão do contato entre os diferentes povos, o mesmo está acontecendo no plano espiritual: os Espíritos de diferentes culturas podem se encontrar e até conviver.

No Brasil, há um século atrás, havia uma separação acentuada entre diferentes comunidades, dependendo de sua origem: afrodescendentes, indígenas, europeus, asiáticos. Temos ainda, em nosso pais, alguns núcleos com traços culturais bastante acentuados, verdadeiros bolsões culturais, como acontece no sul com povos que vieram de várias procedências da Europa. Os contatos que eles acabam tendo com a sociedade, no entanto, vão fazendo com que essas diferenças vão diminuindo e intensificando o processo de miscigenação – ou seja, de cruzamento de tipos humanos e valores culturais.

Com o tempo, a mestiçagem vai ocorrer, cada vez mais intensidade e, todo o mundo, e a tendência da cultura – embora guardando certos traços típicos de cada povo – é se universalizar, fenômeno que estamos constatando hoje em dia. O mesmo se dá no plano espiritual, pois as idéias e os sentimentos vão se universalizando, tendendo à uma espécie de unificação, por mais que certos grupos ainda procurem resistir. Mensageiros da paz e do amor - como Jesus, Buda, Gandhi, Maomé, Lao Tsé – continuam liderando o movimento que deve impulsionar a evolução da humanidade, tanto encarnada quanto desencarnada.

Logo, não é difícil concluir, caro ouvinte, que os princípios morais, que norteiam o evangelho de Jesus, são da mesma ordem daqueles que, nos diferentes povos e ao longo de toda a história, vieram instruindo os homens de todos os lugares e origens, malgrado as diferenças culturais. Entre esses grandes líderes que acabamos de citar, por exemplo, o amor é a base e o objetivo de todo ensinamento, pois todos eles, desde épocas remotas, estão trabalhando pela paz no mundo e pela confraternização universal.




 



sábado, 25 de maio de 2024

EFEITOS DO MATERIALISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Embora o turbilhão de notícias sobre a violência tenha ocultado os fatos, a verdade é que a memória recente de quem se sentiu estarrecido diante dos acontecimentos ainda não apagou a suposta eliminação da própria família por um menino de 13 anos num dos bairros da capital paulista em 2013, ou a daquele outro de 10 anos que em São Caetano do Sul (SP), em 2011, após retornar do banheiro da escola, atirou na professora perante 25 colegas, saiu da sala e, numa escada próxima, suicidou. Como entender que duas criaturas nem bem saídas da infância sejam capazes de ações tão violentas contra pessoas que deveriam no mínimo respeitar? Teria sido a personalidade de sua existência atual tão mal formada a ponto de não revelarem sentimentos ou se perturbarem irracionalmente diante de situações que consideravam injustas e insuportáveis? Perguntas de resposta difícil até pela falta de dados realmente confiáveis do histórico recente dos personagens envolvidos. Admitida a reencarnação como um fato, teria o passado remoto algo a ver com desdobramentos tão surreais? Perpassando um dos volumes da coleção da REVISTA ESPÍRITA publicada por iniciativa e com recursos do próprio Allan Kardec no período 1858/1869, especificamente no numero de dezembro de 1859, encontra-se o Boletim da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas referente à sessão geral de 30 de setembro daquele ano, uma sexta feira. Entre os assuntos que ocuparam a pauta cumprida pelos presentes, informações a respeito de uma notícia veiculada por vários jornais de Paris, sobre o assassínio cometido por um menino de sete anos e meio, com premeditação e todas as circunstâncias agravantes. Segundo comentário de Allan Kardec, o fato provava que nesse menino o instinto assassino inato não pode ser desenvolvido nem pela educação, nem pelo meio em que se encontrava. Considera ele que isto não pode explicar-se senão por um estado anterior à existência atual. Buscou então ouvir o Espírito São Luiz, responsável pelas reuniões levadas a efeito naquele grupo que explicou o seguinte: -“O Espírito do menino está quase no início do período humano; não tem mais que duas encarnações na Terra; antes de sua existência atual pertencia às tribos mais atrasadas de ilhas espalhadas pelo Planeta. Quis nascer num mundo mais adiantado, na esperança de progresso”. A observação suscita uma reflexão interessante: vivia-se o décimo nono século da chamada Era Cristã e, pelo que revela a questão 1019 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS e o 18 da obra A GÊNESE, a Terra passava desde um século e meio antes por um ciclo de ajuste no tocante à população a ela ligada tendo em vista a elevação do orbe terreno na classificação explicada nas análises incluídas no capítulo 3 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Nelas, o Codificador dedica-se a interpretar o HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI, afirmação atribuída a Jesus por João no capítulo XIV, versículo 1, do seu Evangelho, arriscando uma classificação dos Mundos, situando a Terra na categoria dos de Expiações e Provas, aqueles em que o mal predomina pela condição evolutiva dos seres que nela habitam. E no caso do autor do crime, ele não tinha mais que duas encarnações no planeta terreno. Mais à frente, mensagem psicografada por Santo Agostinho afirma que “não são todos os Espíritos encarnados na Terra que se encontram em expiação, constituindo-se as raças que chamamos selvagens de Espíritos apenas saídos da infância, que estão, por assim dizer, educando-se e desenvolvendo-se ao contato de Espíritos mais avançados”. Quanto a esse enfoque num de seus esclarecedores textos, Kardec estabelece interessante comparação lembrando que aquele que renasce em nossa Dimensão em apenas dois dias de existência não tem noção clara da realidade que o cerca, percepção que somente alcançará após mais de uma década de desenvolvimento no corpo a que se ligou na nova reencarnação com que trabalha pelo seu progresso espiritual. Os Espíritos recém elevados à condição humana consomem em tese o mesmo tempo ou número de encarnações para começar a ter consciência de suas responsabilidades perante a Criação. Finalizando a consulta, Allan Kardec perguntou à São Luiz se a educação poderia modificar essa natureza, obtendo a seguinte resposta: -“É difícil, mas possível. Seria preciso tomar grandes precauções, cerca-lo de boas influências, desenvolver a sua razão, mas é de temer que se fizesse exatamente o contrário”.




Quando dou esmola, fico pensando no que os mendigos vão fazer com o dinheiro. Prefiro dar um prato de comida ou um pedaço de pão. Eu não gosto de negar a uma pessoa abandonada, mas quase sempre nego. É que eles sempre dizem que é pra comer, que estão com fome, que foram abandonados. Fazem isso para comover a gente – todo mundo sabe. Mas, na verdade, a maioria deles usa a esmola para beber, porque muitos, quando vêm pedir, já estão bêbados. Como é que a gente deve agir nesse caso? É válido dar dinheiro a uma pessoa que a gente sabe que vai beber? Não estamos prejudicando ao invés de ajudar?


Esse é um quadro bem complicado. A mendicância, infelizmente, faz parte de nosso quadro social, desafiando a sociedade e seus administradores. Nunca houve solução definitiva para isso. Não sabemos o que levou a pessoa a chegar naquela situação. Muitas vezes, a principal causa está nela mesma; de um modo geral, na família e na própria sociedade, quase sempre indiferente à sorte dos abandonados,. Além do que, se fizéssemos um estudo mais aprofundado do problema, descobriríamos que grande parte dessas pessoas ( na grande maioria, homens) são doentes ou deficientes mentais.


Há inúmeras tentativas para administrar o problema, através de iniciativas particulares ou do poder público. Aqui mesmo, em Garça, temos há muito tempo o SAPROMI, que ajuda, mas não resolve. É que o problema é por demais complexo: na verdade; talvez precisasse de toda a coletividade unida, e além disso, de pessoas que se posicionassem em torno de algo que transcende às meras soluções técnicas e administrativas. Sem respeito humano e muita compreensão, não há como atacar o problema.


Dar ou não dar esmola é uma questão pessoal. Os Espíritos disseram a Kardec que a esmola degrada a pessoa; e é verdade... Mas, diante da situação em que vivemos, muitas vezes, não nos resta outra alternativa senão nos render a um pedido... Se você não dá, fica questionando a si mesma se não devia ter dado; se dá, questiona se a esmola vai ser bem empregada ou se não alimentando ainda mais a condição da criatura. Na verdade, quando damos algo a alguém, não deveríamos questionar nada, porque o nosso compromisso moral encerra ali, no ato de dar. O que a pessoa vai fazer com o dinheiro é problema dela, e é ela que cabe decidir.


Quanto à mentira, podemos considerar que um mendigo - que já consolidou sua condição de pedinte - com certeza, não convive mais com os nossos valores morais. Verdade ou mentira tem pouca importância para ele. Ele vive num submundo, numa condição sub-humana, onde não há respeito nem por si mesmo, quanto mais pelos outros. Para quem precisa sobreviver aquele dia, o objetivo é a sobrevida, nada mais; não há nenhuma perspectiva de futuro Daí não podermos exigir que uma pessoa, que vive num mundo de degradação, sem auto-estima, esteja em condições de entender a nossa linguagem ou de seguir os preceitos que proclamamos.


Quanto à bebida,  não há nada mais natural – nem para nós, nem para qualquer outro ser humano – que buscar forças e coragem para enfrentar os problemas da vida. Nós, as pessoas engajadas na sociedade moderna – que temos família, amigos, lideres religiosos, médicos e psicólogos - nos refugiamos nos tranqüilizantes e nos ansiolíticos. Alguns se tornam dependentes do álcool ou de drogas. Mas, eles – os marginalizados à vida social – vão buscar seu refúgio em quê? Como terão condições de encarar a sua própria situação diante de tudo e diante de todos? Onde vão buscar forças, coragem, para continuarem enfrentando a rejeição da sociedade? Não é difícil entender essa triste situação...



As pessoas, que se entregam à mendicância, com certeza, são Espíritos muito necessitados de consideração, de atenção e de afeto. Abandonaram-se a si mesmos, pois não cultivam nossas aspirações, não tem nossos sonhos e tampouco se identificam conosco. O auto-desprezo, é a condição mais difícil em que uma pessoa pode chegar: ela precisa aprender novamente a ser humano. Eis a grande dificuldade. Qual seria, então,o nosso papel?


sexta-feira, 24 de maio de 2024

O OUTRO LADO DA HISTORIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

A Historia das Civilizações construiu-se a partir do financiamento de governantes preocupados em serem lembrados pelas deliberações e ações que resultaram em muito sofrimentos para muitos. Mesmo a figura e historia de Jesus passou desapercebida pelos que registraram os fatos da época em que aqui esteve. No século XX, o erudito Hermínio Correia de Miranda comentou sobre o surgimento e a importância da chamada Arqueologia Espiritual. Os livros resultantes do trabalho do médium Chico Xavier, além dos clássicos chamados romances históricos de Emmanuel no acervo resultante das mensagens recebidas publicamente nas noites de sexta e sábado Centro em que trabalhava em Uberaba(MG), contem informações que afirmam a sobrevivência daqueles que se manifestaram nas décadas em que o trabalho que se realizou. Um dos Espíritos que deixaram as marcas de sua presença chama atenção por sua originalidade. Trata-se de um jovem nascido e desencarnado aos 27 nos em Sorocaba(SP), acometido de uma doença degenerativa chamada Lúpus Agudo. Primeiro filho de um casal , formou-se Engenheiro Eletrotécnico, conheceu o Espiritismo pelos pais que aproximaram-se da Doutrina dez anos antes da morte do filho. Jovem inteligente, três meses após escreveu sua primeira carta aos pais através do médium mineiro, demonstrando aceitação da mudança compulsória. Escreveria nos próximos anos mais 12 mensagens, revelando experiências incríveis nos mergulhos que fez no próprio inconscientes com a ajuda de Benfeitores Espirituais, demonstrando ter vivido nas épocas de onde extraiu imagens e detalhes. Vejamos algumas dessas reminicências: - Através de perquirições que venho efetuando em companhia de amigos, fiquei conhecendo a organização dos primeiros lares do Cristianismo Primitivo, que se transformavam em celeiros de recursos para os remanescentes das vítimas das grandes perseguições. Durante quase trezentos anos os seguidores de Jesus complementavam os seus cultos do Evangelho, com o trabalho manual na confecção de agasalhos para as viúvas e para as crianças que ficavam, após o sacrifício em massa dos companheiros o ensinamento do Cristo, sentenciados sem culpa por haverem abraçado a nova fé. Em verdade, hoje não temos feras nem espetáculos de arena, em que o sangue dos mártires jorrava em profusão, mas temos as feras da necessidade e do desequilíbrio gerando a violência e recordando os tempos de barbarismo em que os perseguidores do Cristo incentivavam a separação e o sofrimento para quantos não estivessem unidos ao poder. Tenho visto quadros magníficos do passado, nos quais moradias pobres se transfiguravam em refúgios para os familiares desvalidos de quantos tombavam nas grandes exibições, pela força de éditos desumanos que decretavam a morte para milhares de homens de bem. Essas demonstrações me enternecem e por isso creio que todas as casas ligadas ao nome de Jesus deveriam possuir o seu próprio recanto de trabalho para vestir os nus e alimentar os infelizes”. Comenta numa de suas cartas crer que devassar o pretérito será reencontrar-nos, tais quais éramos para saber tais quais somos. Muitos aqui estão satisfeitos naquilo que alcançaram e não almejam senão a continuidade ou, mais propriamente, a estagnação nos marcos evolutivos que lhes assinalam a parada. Alguns porém, e entre esses alguns me incluo, em não se contentarem com o que atingiram, querem saber por onde passaram, de modo a se complementarem como desejam. Fiz algumas incursões nas Ilhas Britânicas para observar o que teriam elas para nos doarem, no entanto, num sono hipnótico provocado por mim mesmo, caí na corte de Henrique VIII. Fui como que “atraído” por sua perversidade singular. Foram dias que me vi com todas as características de todos os que nascem nas margens do Avon. Conheci de perto o monarca. Não foi pouco tudo aquilo que presenciei. Sinto até medo em exprimir-me com referência a esses dias. Acrescento até que desejaria não ter visto coisa alguma. Porém necessário se fez e se faz, conforme já disse antes. Com temor assisti a decapitação de Ana Bolena. Fala-se hoje em violência, na defesa das esposas mortas. Porém tudo é muito pouco em relação à realidade vivida no clima de intenso terror dessa época, e da qual somos frutos. E lá estando, senti-me possuído de um misto de sentimentos que não sei definir. Só esmoreci, restituindo-me a tranquilidade quando vi o exemplo da rainha Maria Stuart. Sim, vi o exemplo de Maria Stuart em sua moradia da Escócia, quando, a soberana católica, por amor à união de seu povo que não devia se desagregar, entregou a cabeça ao machado do carrasco que lhe arrasou o corpo e a vida. Porque tudo isto aconteceu, ainda não sei. Penso que estaremos, alguns membros de nossa família, e eu mesmo, ligados à existência da rainha sacrificada. Desde essa hora terrível que a vi doando o próprio sangue sem reação, por dedicação aos outros, o choque me fez acordar da hipnose a que confiara. Os grandes vultos da história, com exceções, é claro, não escaparam à criminalidade, à ambição, à guerra por injustiças, ao ódio de família e de raça, e aos piores sentimentos que infelicitam a Humanidade”. Noutra oportunidade, Luiz Ricardo pondera: -“Somos hoje remanescentes de muitas épocas transcorridas. Inegavelmente condicionados à estrutura do cérebro físico, não nos será possível na Terra, reconstituir o passado integral. Não suportaríamos semelhante empreendimento. O pretérito ficará, em nós, na forma de tendências que nos advertem quanto à necessidade de aperfeiçoamento das qualidades positivas que trazemos inatas e que precisamos burilar. Tudo muito vagarosamente, sem afronta ao espírito de sequência à evolução. Somos aí no mundo compelidos a viver e conviver com os outros na base do respeito às ideias que os outros possam suportar. Tenho realmente efetuado reconhecimentos, em companhia de alguns poucos aprendizes, inclinados a essas explorações proveitosas, aliando o nosso campo inconsciente ou semiconsciente aos lugares e situações que precederam o hoje que estamos vivenciando. Circulando entre israelitas e romanos, durante muito tempo, tenho visitado regiões que de há muito tempo para cá aspirava reconhecer. Tudo isso, no terreno dos estudos, ocorre à base de revisão dos quadros que trazíamos na memória. Revendo as telas movimentadas que nos são desdobradas à vista por Instrutores eficientes, os fatos nos falam com tamanha eloquência que nos admiramos do mundo atual usufruir tantas vantagens e riquezas com uma quota de sofrimento que consideramos minimizada pela Misericórdia Divina, à face das causas delituosas que geraram ontem as dificuldades de agora. Quando me refiro a hoje, ontem e agora, reporto-me a tempos longos e por vezes tão distantes do nosso entendimento humano que seria descaridade enumerar. Consegui demorar-me por alguns dias em Israel e países limítrofes, quais a Síria, o Egito e a Jordânia e compreendi quanto progresso temos alcançado quanto às facilidades da civilização. As guerras antigas foram cruéis em demasia para com os vencidos, sempre argolados ou marcados na condição de escravos com seus próprios descendentes para o resto da vida e, por vezes, por várias gerações Vi batalhas civis no Egito dos faraós, durante as quais, por bagatelas, o Nilo se cobria de cadáveres insepultos, entregues à sanha de crocodilos vorazes. Babilônia era outro centro de iniquidade que o pensamento moderno não pode conceber. O devedor insolvível era entregue a fúria dos credores que os transformavam em alimárias. Muitas mulheres, que hoje consideramos por senhoras respeitáveis dos nossos grupos sociais, tinham os olhos vazados à ponta de ferro esbraseado para trabalharem a roda de moinhos de trigo, sem possibilidade de enxergar o que faziam e o que se passava. Na Grécia antiga, lobriguei quadros de cultura e devassidão de tal modo estranhos que não sei de que maneira seriam considerados em qualquer cidade do mundo atual. A beleza dos conceitos de Sócrates e Platão contrastava com uma licenciosidade que poderíamos classificar por demoníaca, especialmente quando os povos vizinhos entravam em conflito uns com os outros. Em Roma vi o direito nascer, inspirando leis que são preservadas até hoje, no entanto, ao mesmo tempo, os costumes da maioria das criaturas daquelas épocas recuadas, em que a adoração a Júpiter precedeu os éditos de Constantino, nos dias de agora seriam absurdos, credores das mais rigorosas punições. As perseguições contra os cristãos se caracterizavam pela mesma perversidade com que os soldados romanos humilhavam e espoliavam cidades indefesas, criando províncias à custa de sangue e lágrimas. Tal devassidão dos dias a que nos referimos que a chamada Capital do Mundo se transferiu para Constantinopla, onde os mesmos disparates se repetiriam. Em Jerusalém vi a força violenta do dogmatismo contra a mensagem do Cristo e o pavor tocar, mesmo espiritualmente, aqueles escombros da iniquidade que dominava em torno do Tempo de Salomão, até que Tito, em sua fúria, e de seus assessores, destruíssem a cidade reduzindo-a a um montão de cinzas. Que poderia fazer Jesus contra o peso esmagador das leis e princípios que comandavam a vida em seu tempo? Fala-se que o Divino Mestre tomou para companheiros pescadores e homens iletrados, de modo a tê-los por intérpretes de sua causa, mas isso aconteceu porque as inteligências privilegiadas da época repeliam qualquer sentimento de bondade e humildade, tolerância e perdão. A única saída para se livrarem de um rabi que ensinava a paz em meio de tantos ódios e exaltava o amor ao próximo onde o egoísmo era a atitude de todos, a única maneira de se libertarem dele não foi outra senão a cruz dos malfeitores Eu não sei com que sofrimento teria Jesus observado a ignorância dos homens e a ferocidade dos princípios que os moviam, quando penso nele isolando-se no deserto de Negueb a fim de meditar ou quando se entregou à oração ao pé das Oliveiras, decerto meditando na quantidade de seres humanos que tombariam no martírio, depois que ele desaparecesse da face daqueles que lhe odiavam as ideias de fraternidade e concórdia. Estamos nos melhores dias da Humanidade, conquanto se ignore, até mesmo aqui, o que farão os homens da atualidade da pletora de armamentos que eles criaram para a destruição de si mesmos. O Espírito Sublime dos Arautos do Cristo, numa espécie de diplomacia celeste, está influindo nas superpotências da atualidade para que as dívidas do passado terrestre não sejam pagas de modo brutal, como talvez queiram os mais afoitos, entretanto a realidade é que o mundo chegou a tal ponto de compromissos desprezados que nada se pode prever”.



Nós sabemos que os Espíritos não estão no cemitério, mas apenas os restos mortais das pessoas que viveram na Terra. No entanto, muita gente que visita com freqüência o cemitério, depois que perde seus entes queridos. Eu gostaria de saber se essas visitas fazem bem a elas e aos seus entes queridos desencarnados.


A homenagem aos mortos data do homem pré-histórico e sempre foi uma forma de demonstrar respeito ou de prestar cultos aos que se foram. No livro “Cidade Antiga”, o autor Fustél de Collange afirma que, nas eras remotas da humanidade, milênios antes da civilização, essa homenagem era uma forma de impedir que os familiares falecidos se transformassem almas penadas. Quando a pessoa morria, se fosse reverenciada, através da construção de um túmulo e de cerimoniais de adoração, ela passava a ser um anjo protetor da família.


Essa crença tinha um fundo de verdade, na medida em que fazia com que as pessoas sempre lembrassem de seus entes queridos falecidos. Quanto mais preces recebiam, mais se sentiam lembradas, mais se fortaleciam do outro lado da vida e havia mesmo aqueles que se transformavam em Espíritos protetores. Os cemitérios atuais são uma forma aperfeiçoada dos campos santos da antiguidade, onde se erguiam túmulos em homenagem aos mortos, com o objetivo de garantir-lhes a paz ou a felicidade na outra vida.


A Doutrina Espírita, conforme lemos em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, procura manter uma atitude sóbria diante da situação. Embora ela proclame que o Espírito não está no cemitério (embora, eventualmente, possa estar), respeita a necessidade daqueles que se sentem na obrigação de fazer visitas periódicas aos túmulos. Essas visitas, quando feitas com verdadeiro sentimento de amor pelo falecido, só lhe pode fazer bem – é claro! porque o que vale, na relação entre o encarnado e o desencarnado, é o sentimento de quem ora com sinceridade, não importa como.


Desse modo, as visitas podem ajudar tanto o que fica como o que foi desta vida, mas elas seriam preocupantes, se se transformassem numa compulsão irresistível por parte do visitante, porque, neste caso, ele poderia estar psiquicamente doente e necessitado de tratamento. Para o Espiritismo, o verdadeiro contato que fazemos com nossos entes caros desencarnados é através do pensamento, em qualquer lugar ou hora. Quando passamos a ter convicção na continuidade da vida, a morte pesa menos para nós, porque não perdemos esse contato com as almas amigas, quer em sonho, quer em estado de vigília, e, por isso, algumas vezes, até esquecemos que elas estão desencarnadas.