“-Quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato? Quando essa arte (educação moral) for conhecida, compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisto está o ponto de partida, o elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos”. A analise feita por Allan Kardec em meados do século 19, continua sendo atual no século 21. No século 20, o Espírito Emmanuel, através do médium Chico Xavier, manifestou-se ao final do primeiro livro escrito por ele dentro do programa a ser cumprido com o médium mineiro, enfatizando o ponto que, segundo ele é realmente o caminho para a construção de uma sociedade melhor. Diz ele: -“Todas as reformas sociais, necessárias em vossos tempos de indecisão espiritual, têm de processar-se sobre a base do Evangelho. Como? – podereis objetar-nos. Pela educação, replicaremos. O plano pedagógico que implica esse grandioso problema tem de partir ainda do simples para o complexo. Ele abrange atividades multiformes e imensas, mas não é impossível. Primeiramente, o trabalho de vulgarização deverá intensificar-se, lançando, através da palavra falada ou escrita do ensinamento, as diminutas raízes do futuro. Toda essa demagogia filosófico-doutrinária, que vedes nas fileiras do Espiritismo, tem sua razão de ser. As almas humanas se preparam para o bom caminho. A missão do Cristianismo na Terra não era a de mancomunar-se com as forças políticas que lhe desviassem a profunda significação espiritual para os homens. O Cristo não teria vindo ao mundo para instituir castas sacerdotais e nem impor dogmatismos absurdos. Sua ação dirigiu-se, justamente, para a necessidade de se remodelar a sociedade humana, eliminando-se os preconceitos religiosos, constituindo isso a causa da sua cruz e do seu martírio, sem se desviar, contudo, do terreno das profecias que o anunciavam. Todas essas atividades bélicas, todas as lutas antifraternas no seio dos povos irmãos, quase a totalidade dos absurdos, que complicam a vida do homem, vieram da escravização da consciência ao conglomerado de preceitos dogmáticos das Igrejas que se levantaram sobre a doutrina do Divino Mestre, contrariando as suas bases, digladiando-se mutuamente, condenando-se umas às outras em nome de Deus. Aliado ao Estado, o Cristianismo deturpou-se, perdendo as suas características divinas. Sabemos todos que a Humanidade terrena atinge, atualmente, as cumeadas de um dos mais importantes ciclos evolutivos. Nessas transformações, há sempre necessidade do pensamento religioso para manter-se a espiritualidade das criaturas em momentos tão críticos. A ideia cristã se encontrava afeto o trabalho de sustentar essa coesão dos sentimentos de confiança e de fé das criaturas humanas nos seus elevados destinos; todavia, encarcerada nas grades dos dogmas, a doutrina de Jesus não poderia, de modo algum, amparar o espírito humano nessas dolorosas transições. Todas as exterioridades da Igreja deixam nas almas atuais, sedentas de progresso, um vazio muito amargo. (...) As atividades pedagógicas do presente e do futuro terão de se caracterizar pela sua feição evangélica e espiritista, se quiserem colaborar no grandioso edifício do progresso humano. Os estudiosos do materialismo não sabem que todos os seus estudos se baseiam na transição e na morte. Todas as realidades da vida se conservam inapreensíveis às suas faculdades sensoriais. Suas análises objetivam somente a carne perecível. O corpo que estudam, a célula que examinam, o corpo químico submetido à sua crítica minuciosa, são acidentais e passageiros. Os materiais humanos postos sob os seus olhos pertencem ao domínio das transformações, através do suposto aniquilamento. Como poderá, pois, esse movimento de extravagância do espírito humano presidir à formação da mentalidade geral que o futuro requer, para a consecução dos seus projetos grandiosos de fraternidade e de paz? A intelectualidade acadêmica está fechada no circulo da opinião dos catedráticos, como a ideia religiosa está presa no cárcere dos dogmas absurdos. Os continuadores do Cristo, nos tempos modernos, terão de marchar contra esses gigantes, com a liberdade dos seus atos e das suas ideias. Por enquanto, todo o nosso trabalho objetiva a formação da mentalidade cristã, por excelência, mentalidade purificada, livre dos preceitos e preconceitos que impedem a marcha da Humanidade. (...) Toda a tarefa, no momento, é formar o espírito genuinamente cristão; terminado esse trabalho, os homens terão atingido o dia luminoso da paz universal e da concórdia de todos os corações.
Suely Mendes, de Vila Rebelo, que nos trouxe a seguinte pergunta. “Se este mundo, em nós que vivemos, é só para sofrer, então reencarnar não é bom. Eu não entendo e vejo uma contradição nisso. Por que os Espíritos escolhem reencarnar? “
Esta conclusão de que “este mundo é só para sofrer” não pertence ao Espiritismo, Suely. Muito pelo contrário. Os Espíritos reencarnam para progredir e para serem felizes: este é o objetivo da reencarnação. O sofrimento é uma contingência da vida e um caminho para a felicidade. Caso contrário, como você mesma diz, não haveria nenhuma razão e nenhum motivo para alguém querer viver na Terra. Contraditória, sim, é a idéia de que os seres humanos vivem uma única vida, nas mais diferentes condições e, depois, seja qual for a condição em que viveu, seu destino fica definitivamente selado para toda a eternidade, talvez para o céu, mas mais probabilidade de se perder no sofrimento eterno.
A reencarnação, entretanto, faz parte do mecanismo da evolução. Aliás, tudo no universo está submetido à lei de evolução e tudo passa por diferentes ciclos, aperfeiçoando-se cada vez mais. Ao reencarnar, o Espírito visa ao seu bem-estar, mesmo sabendo que vai passar por dificuldades. Aliás, a evolução está presente no dia-a-dia da nossa vida. Se você quer melhorar sua vida, vai precisar se esforçar, trabalhar e até se sacrificar, pois é a forma pela qual você vai alcançar a meta desejada. Nessa experiência a que se lança com vontade e coragem, além de tudo, você cresce, amadurece, adquire experiências e sabedoria: ora! isso é evolução!... (Pois o mesmo acontece com o Espírito ao longo de suas encarnações).
A Doutrina Espírita encara a reencarnação como oportunidade de aprendizado, crescimento e realização pessoal. É a forma mais elevada da misericórdia divina, que nunca nos abandona, porque, seja por meio ou por outro, sempre teremos uma oportunidade de crescer. Imagine uma mãe, cujo filho, jovem e inexperiente, se entregou à criminalidade e diante do que, nem ela e nem a sociedade, poderá fazer alguma coisa para impedir. Esse jovem, mais cedo ou mais tarde, morre – provavelmente assassinado – e essa mãe vai lamentar a triste sorte que Deus lhe reservou, pois não terá mais a oportunidade de ter esse filho consigo. Imagine, ele indo para o inferno e ela para o céu, se isso seria justo diante da Bondade e da Justiça de Deus! Essa mãe poderia ser feliz no céu?
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