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quinta-feira, 9 de maio de 2024

TODOS SÃO APTOS A SER MÉDIUM ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

No número de fevereiro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec responde: - Há médiuns escreventes; médiuns videntes; médiuns audientes; médiuns intuitivos; isto é, médiuns que escrevem – os mais numerosos e os mais úteis; médiuns que veem os Espíritos; que os ouvem e conversam com eles como com os vivos – estes são raros; outros recebem em seu cérebro o pensamento do Espírito evocado e o transmitem pela palavra. Raramente um médium possui todas essas faculdades ao mesmo tempo. Existem ainda médiuns de outro gênero, cuja simples presença num lugar qualquer permite a manifestação dos Espíritos, quer por meio de golpes vibrados, quer pelo movimento dos corpos, tal como o deslocamento de uma mesinha de três pés, o levantamento de uma cadeira, de uma mesa ou de qualquer outro objeto. Foi por esse meio que os Espíritos começaram a manifestar-se e a revelar a sua existência. Ouviste falar das mesas girantes e da dança das mesas; como eu, também riste delas. E daí? Foram os primeiros meios de que os Espíritos se serviram para chamar a atenção; assim foi reconhecida a sua presença, depois do que, com o auxílio da observação e do estudo, chegou-se a descobrir no homem faculdades até então ignoradas, por intermédio das quais ele pode entrar em comunicação. Não é maravilhoso tudo isto?. Agora, para nos pormos em relação com os Espíritos, ou, pelo menos, para ver se estamos aptos a fazê-lo pela escrita, toma-se de uma folha de papel e de um lápis em boas condições, posicionando-se para escrever. É sempre bom começar por dirigir uma prece a Deus; em seguida evoca-se um Espírito, isto é, pede-se que tenha a bondade de vir comunicar-se conosco e de nos fazer escrever; por fim espera-se, sempre na mesma posição. Há pessoas que têm a faculdade mediúnica de tal forma desenvolvida que já começam a escrever logo de início; outras, ao contrário, só veem essa faculdade desenvolver-se com o tempo e a perseverança. Neste último caso, repete-se a sessão todos os dias, para o que basta um quarto de hora; é inútil gastar mais tempo; mas, tanto quanto possível, deve-se repeti-la diariamente, sendo a perseverança uma das primeiras condições de sucesso. Também é necessário fazer sua prece e sua evocação com fervor; mesmo repeti-la durante o exercício; ter vontade firme, um grande desejo de ser bem-sucedido e, sobretudo, nada de distração. Uma vez obtida a escrita, essas últimas precauções tornam-se inúteis. Quando se está para escrever, sente-se em geral um ligeiro estremecimento na mão, às vezes precedido de uma leve dormência na mão e no braço e, até mesmo, de discreta dor nos músculos do braço e da mão; são sinais precursores e, quase sempre, indicativos de que o momento do sucesso está próximo. Algumas vezes é imediato; outras, porém, se faz esperar ainda um ou vários dias, mas nunca tarda em demasia. Apenas para chegar nesse ponto é preciso mais ou menos tempo, que pode variar de um instante a seis meses; mas, repito, basta um quarto de hora de exercício por dia. Quanto aos Espíritos que podem ser evocados para tais tipos de exercícios preparatórios, é preferível dirigir-se ao nosso Espírito familiar, que sempre está próximo e jamais nos deixa, ao passo que os outros podem estar ali apenas momentaneamente, ou não se encontrarem no instante em que os evocamos, ou, ainda, estarem impossibilitados, por uma causa qualquer, de atender ao nosso apelo, como por vezes acontece. O Espírito familiar é simplesmente o Espírito de um mortal, que viveu como nós, mas que é muito mais adiantado que nós e, consequentemente, nos é infinitamente superior em bondade e em inteligência; que realiza uma missão meritória para si, proveitosa para nós, desse modo nos acompanhando neste mundo e no outro, até ser chamado a uma nova encarnação, ou até que nós mesmos, chegados a um certo grau de superioridade, sejamos chamados a realizar, na outra vida, missão semelhante junto a um mortal menos evoluído do que nós.


Eu gostaria de ter uma outra idéia de Deus, mas só consigo imaginar Deus como um homem muito velho de barba comprida, porque foi assim que eu aprendi desde criança é assim que, ainda hoje, vejo nas gravuras.


Mais importante do que como você imagina Deus é como você concebe Deus em termos de Amor e Perfeição. Aliás, para todos nós, que fomos criados dentro da tradição religiosa judaico-cristã, a imagem de Deus, como relata Moisés, é a de um homem idoso de barbas longas, semblante sisudo e carrancudo, voz de trovão. Jesus procurou mudar essa imagem. Michelangelo, uma das maiores expressões da arte renascentista, quando requisitado pelo papa, pintou no teto da Capela Sistina, em Roma, a cena da criação do homem, onde representa Deus com essa forma, porque foi assim que ele conseguiu imaginar. Sua criação mental, com certeza, foi inspirada na narração do Gênese – o primeiro livro da Bíblia – onde Deus ou Iavé era concebido à semelhança de um ser humano – não só à semelhança física, mas aos traços de sentimento e caráter.


A história da humanidade é semelhante à história de cada um de nós, desde a infância. Como você pode ensinar Deus a uma criança? Que idéia uma criança pode fazer de Deus? É mais ou menos assim que veio acontecendo com a humanidade. No passado bem distante, o homem deu mil formas a Deus, desde as formas mais primitivas, quando imaginou que Deus podia ter a forma de animais, até a mais recente, quando O representou pela figura de um homem do sexo masculino. Aliás, a briga de Moisés era justamente quanto à forma de Deus, já que os egípcios tinham deuses representados sob formas de animal ou sob a fora híbrica de homem e animal. “Não terás outros deuses diante de mim” – diz a Bíblia.


Contudo, hoje, passados mais de 3.200 anos de Moisés, já temos condições de dar uma dimensão bem mais ampla à Deus. Mas ainda não conseguimos conceber nada que tenha uma forma. A mente humana, para entender as coisas que existem, precisa dar-lhes uma dimensão, uma forma, uma substância ( até mesmo uma cor), porque – para nós – o que não têm esses atributos não dá para imaginar e é, portanto, como se não existisse. Logo, é compreensível que, no estágio em que nos encontramos, por mais que tentemos desmaterializar Deus, ainda o concebemos com se fosse uma pessoa humana. Na Bíblia encontramos que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, mas hoje sabemos que foi justamente o contrário – foi o homem que criou Deus à sua própria imagem para poder concebê-Lo.


Jesus foi prático nesse sentido. Ele era um mestre do povo, e um mestre sempre facilita o entendimento dos discípulos, usando imagens concretas ou fazendo comparações com as coisas mais próximas. Para que não restasse dúvida de que Deus é Amor, ele usou de uma metáfora muito feliz, quando comparou Deus a um pai. “Pense no seu pai, que o ama, que o compreende, que o perdoa. Se o seu pai o ama e é ainda imperfeito, imagina se seu pai fosse toda a perfeição. Esse pai perfeito, de que Jesus fala, é Deus, que não é apenas seu pai, mas pai de toda a humanidade e é por isso que somos todos irmãos”. É claro que Jesus não poderia comparar Deus a uma mãe, uma vez que a mulher na época não tinha prestígio ou autoridade.


Quando Kardec perguntou aos Espíritos o que é Deus, eles responderam: “Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. Mais do que isso não é necessário para compreender que a idéia de Deus depende de nosso estágio de evolução e que, portanto, cada um faz de Deus a idéia que lhe está ao alcance.


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