38 – Os sacerdotes do Antigo Egito Recebiam manifestações de Espíritos? - Sim. 39.- As manifestações recebidas pelos sacerdotes egípcios tinham a mesma fonte que as recebidas por Moisés? - Sim. Este foi iniciado por aqueles. 40.- Por que, então, as manifestações recebidas por Moisés eram mais potentes que as recebidas pelos sacerdotes egípcios - Moisés queria revelar, enquanto os sacerdotes egípcios queriam apenas oculta-Ias. 41.- Pensais que a doutrina dos sacerdotes egípcios tivesse quaisquer ligações com a dos indianos? - Sim. Todas as religiões-mães estão ligadas entre si por laços quase invisíveis: procedem de uma mesma fonte. 42.- Destas duas religiões, isto é, a dos egípcios e a dos indianos, qual a matriz? - Elas são irmãs. 43.- Como é que vós, que em vida éreis tão pouco esclarecido sobre estes assuntos, podeis agora responder com tanta profundeza? - Outras existências me ensinaram. O trecho é da curiosa entrevista feita na reunião de 16 de março de 1858 com o um Espírito chamado Mehemet-Ali, desencarnado em 1849. Nascido em 1769, em Kavala, na Romélia, em 1805, foi feito Quediva – espécie de Vice-Rei - do Egito, tendo participado, ao lado do Sultão, da guerra greco-turca, voltando-se, posteriormente, contra o aliado. Historicamente de 1805 a 1848 exerceu a função de Governador do Império Otomano, em nome do Sultão, sendo considerado o fundador do Egito Moderno, introduzindo grandes reformas no País, entre elas a construção de canais de irrigação para melhor distribuição das águas do Rio Nilo, construção de prédios, instituição de novas Leis, impostos e a modernização do exercito, tendo conseguido considerável autonomia frente ao Império Otomano ampliando, consideravelmente, suas fronteiras. Apesar dos nove anos transcorridos desde sua desencarnação, Mehemet-Ali, informou não ter ainda uma lembrança nítida de sua ultima existência, sentindo-se ainda sob efeito da morte física do corpo em que se encontrava encarnado. Lembrava-se, porém, de ter sido na penúltima existência física socialmente uma pessoa pobre que invejava as grandezas terrenas, subindo na escala social na volta às experiências materiais, para experiênciar a condição da riqueza, dizendo que se puder renascer na Terra novamente, escolheria uma vida obscura onde os deveres são menores, visto que na recém-terminada representou a vaidade do nada, quisera conduzir homens, sem saber conduzir a si mesmo. Sobre ser acusado de atos de grande crueldade, disse estar expiando-os, vendo inclusive aqueles que mandara massacrar; que ele e seu inimigo Sultão Mahmud fogem um do outro pela aversão reciproca que alimentam. Solicitado a opinar sobre as causas da decadência moral do Egito da Antiguidade, disse que a corrupção dos costumes foi determinante; que tinha pleno conhecimento de suas existências anteriores, exceto a última, tendo vivido por três vezes ao tempo dos Faraós, como sacerdote ao tempo de Sesóstrotris, como mendigo e como príncipe. No número de novembro de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz uma segunda entrevista com o Espírito Mehemet-Ali, ampliando um pouco o conteúdo da primeira manifestação. A propósito da construção das pirâmides, revelou que eram sepulcros e templos, onde se davam grandes manifestações; que não tinham objetivo científico, visto que o interesse religioso absorvia tudo; que o homem foi a máquina utilizada em sua construção, absorvendo massas deles que gemeram sob o peso daquelas pedras; povo que trabalhava sob o domínio da força. Perguntado de onde os egípcios tiravam o gosto pelas coisas colossais em vez das graciosas como os gregos, afirmou que os egípcios eram tocados pela grandeza de Deus, procurando igualá-lo, superando suas próprias forças, comportamento típico do homem. Sobre a existência em que fora sacerdote, informou que governantes e governados, corrompidos, acreditavam em seus sacerdotes tendo por deuses aqueles que os mantinham sob o jugo; que sobre a vida após a morte, acreditavam no que diziam os sacerdotes; que os grandes do Estado oscilavam entre as crenças do povo e a dos sacerdotes; que a origem do culto prestado aos animais resultara do desejo de desviar o homem de Deus e mantê-lo sob seu domínio, dando-lhe como deuses seres inferiores; que a utilização de animais como serpentes e crocodilos baseava-se no fato do homem adorar aquilo que teme, constituindo-se num jogo para o povo, visto que em toda parte o homem procura deuses para esconder aquilo que é; que a representação de Osíris com a cabeça de um gavião e Anúbis com a cabeça de um cão, surgira do fato de que o egípcio gostava de personificar sob a forma de emblemas claros: Anúbis era bom; o gavião que estraçalha representava o cruel Osíris. Sobre a contradição entre o respeito pelos mortos e o desprezo e horror pelos que os enterravam e mumificavam, esclareceu que o cadáver era um instrumento de manifestações, pois pesavam que o Espírito voltava ao corpo que havia animado, sendo o corpo um dos instrumentos do culto, por ser sagrado, nascendo a perseguição do fato de terem ousado violar a santidade da morte; que a conservação do corpo dava lugar a numerosas e longas manifestações; revelou também que no Egito a iniciação era feita através de práticas mais rigorosas que na Grécia, impostas para que só houvesse almas superiores que sabiam compreender e calar; concluindo, por fim, que todo ensino estava muito corrompido, já que o fim dos sacerdotes era dominar e não instruir.
Maria Amélia Cezário, escreve-nos de Marília para perguntar o seguinte: “ Eu acho que o ser humano nunca vai conseguir descobrir toda a verdade. Uns falam uma coisa, outros falam outra, e vivem se desentendendo. É o que acontece com as religiões, que são muitas, e se multiplicam cada vez mais. O povo fica meio perdido com tanta religião, e se dependesse delas o mundo estaria salvo, mas o que vemos é a religião usando de vingança e de violência por toda parte. Se Deus quer a nossa felicidade, por que é tão difícil descobrir o caminho que nos leva a ele?”
Se você fizer um retorno ao passado da humanidade, vai verificar que já percorremos um longo caminho. A partir do momento em que o homem tomou consciência de si mesmo, ele quis conhecer o mundo em que vive, precisou descobrir a razão por que vive e o que vai acontecer com ele depois desta vida. Acontece que – assim como cada um de nós passa pelas mais diferentes fases da vida até chegar à idade adulta – a humanidade também veio descobrindo mundo à sua maneira através dos séculos e milênios.
“Quando eu era criança – dizia Paulo de Tarso – pensava como criança. Agora, que sou adulto, penso como adulto”. A humanidade também é assim. Apenas não sabemos em que fase ela (a humanidade) se encontra hoje. Será que já saímos da infância? Isto é sinal de que temos muito caminho a percorrer e muita coisa a aprender. O Espírito está submetido à lei de evolução e, portanto, só gradativamente vai tendo acesso à verdade, assim como a criança que vai descobrindo o mundo aos poucos, conforme vai amadurecendo. O momento, em que vivemos, e que nos apresenta um cenário de aparente confusão, é apenas uma fase de aprendizado.
Será que realmente queremos saber a verdade, Maria Amélia? Nesse caso, que verdade nós queremos saber? Aquela que atende às nossas conveniências ou aquela que fere os nossos interesses? Veja, portanto, que alcançar a verdade não é apenas uma questão de inteligência, mas, sobretudo, de sentimento. Mais do que seu desenvolvimento intelectual, o homem precisa do crescimento moral para desvendar a verdade.
É assim que funcionam as leis da natureza. Não devemos ter pressa e, acima de tudo, temos que aceitar as pessoas como elas são. Temos que reconhecer que são muitas as religiões, porque são muitas as formas pelas quais as pessoas veem e compreendem o mundo. Logo, querer que todo mundo tenha a mesma opinião a respeito de tudo é absurdo. O que caracteriza a obra de Deus é essa diversidade. É a diversidade que faz a beleza do mundo.
Se você soubesse tudo e se todos também soubessem, ninguém teria mais o que aprender e a vida seria simplesmente insuportável, porque ninguém teria nada que passar a ninguém. Assim, devemos ver essa diversidade de opiniões e de religiões como uma coisa salutar, que nos ajuda a pensar, a refletir, a tirar as próprias conclusões e seguir adiante.
Se fôssemos todos iguais uns aos outros, seriamos bonecos ou robôs – menos seres humanos. Estaríamos subordinados a um só comando. Quando todos dissessem “sim”, também diríamos “sim”; quando todos dissessem “não”, também diríamos “não”. E o mundo seria demasiadamente monótono, sem atrativos. Não teria nada a nos oferecer, do mesmo modo que nós não teríamos nada a oferecer uns aos outros. Pense nisso.
O caminho para Deus – ou seja, para a paz, para a amor, para a felicidade - somos nós que fazemos: cada um de nós. E quando chegarmos lá, olhando para trás, veremos o quanto andamos, o quanto crescemos, o quanto aprendemos. E poderemos nos sentir plenamente realizados porque Deus, nosso Pai, nos deu a grande oportunidade de construirmos o próprio destino para sermos felizes.
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