Distante por 16 séculos da cultura entorpecida pelas sombras impostas pelo dominante pensamento religioso, a sociedade humana resiste a ceder à logica e evidências da reencarnação e visão evolucionista derivada dela. No número de outubro de 1860, um Espírito identificado como Zénon, através de mensagem psicografada em reunião da Sociedade Espírita de Paris, incluída por Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA faz uma análise interessante sobre o tema. Escreve ele: - Há na doutrina da reencarnação uma economia moral que não escapa à tua inteligência. Sendo a corporeidade compatível somente com os atos de virtude, e sendo esses atos necessários ao melhoramento do Espírito, raramente encontrará este, numa única existência, as circunstâncias necessárias ao seu progresso acima da Humanidade. Sendo admitido que a justiça de Deus não pode harmonizar-se com as penas eternas, deve a razão concluir pela necessidade: 1o - de um período de tempo durante o qual o Espírito examina o seu passado e toma suas resoluções para o futuro; 2o - de uma existência nova em harmonia com o avanço atual desse Espírito. Não falo dos suplícios, por vezes terríveis, a que são condenados certos Espíritos, durante o período da erraticidade; por um lado eles correspondem à enormidade da falta e, por outro, à justiça de Deus. Isto diz bastante para dispensar detalhes que, aliás, encontrarás no estudo das evocações. Voltando às reencarnações, haverás de compreender a sua necessidade por uma comparação vulgar, mas de impressionante verdade. Após um ano de estudos, o que acontece ao jovem colegial? Se progrediu, passa para a classe superior; se ficou imobilizado em sua ignorância, repete o ano. Vai mais longe; comete faltas graves e é expulso. Pode vagar de colégio em colégio; pode ser afastado da Universidade e pode ir da casa de educação à casa de correção. Tal a imagem fiel da sorte dos Espíritos e nada satisfaz mais completamente à razão. Quer-se cavar mais profundamente a doutrina? Ver-se-á, nessas ideias, o quanto a justiça de Deus parece mais perfeita e mais conforme às grandes verdades que dominam a nossa inteligência. No conjunto, como nos detalhes, há nisso algo de tão surpreendente que o Espírito que começa a iniciar-se fica como que iluminado. E as censuras murmuradas contra a Providência, e as maldições contra a dor, e o escândalo do vício feliz em face da virtude que sofre, e a morte prematura da criança; e, numa mesma família, de encantadoras qualidades, dando, por assim dizer, a mão a uma perversidade precoce; e as enfermidades que datam do berço; e a infinita diversidade de destinos, tanto nos indivíduos, quanto nos povos, problemas até hoje insolúveis, enigmas que fazem duvidar da bondade, e quase da existência de Deus, tudo isto se explica ao mesmo tempo. Um puro raio de luz se estende no horizonte da filosofia nova e, no seu quadro imenso, agrupam-se harmoniosamente todas as condições da existência humana. As dificuldades se aplainam, os problemas se resolvem, e mistérios até hoje impenetráveis se explicam numa única palavra: reencarnação. Leio em teu pensamento, prezado cristão. Tu dizes: eis, desta vez, uma verdadeira heresia. (...) No dia marcado por Deus os filósofos cristãos não terão nenhuma dificuldade para dizer que a vida é múltipla. Isso não acrescenta nem muda nada nos vossos deveres. A moral cristã fica de pé e a lembrança da missão de Jesus paira sempre sobre a Humanidade. A religião nada tem a temer deste ensino, e não está longe o dia em que seus ministros abrirão os olhos à luz; por fim reconhecerão, na revelação nova, os socorros que, imploram do céu. Eles creem que a sociedade vai perecer: será salva.
Um ouvinte de iniciais E.S.D. faz a seguinte colocação: “Eu ficaria agradecido se o espírito de meu pai viesse me avisar que eu não devo fazer certo negócio com uma pessoa, porque ela estaria mal intencionada comigo e meu poderia me livrar desta”.
Em geral, é isso que as pessoas mal informadas esperam dos Espíritos. Elas acham que, depois da morte, o individuo vira santo ou sábio, é capaz de fazer milagres, de responder a qualquer pergunta ou de desvendar qualquer mistério. Essa forma de ver os Espíritos não corresponde ao que o Espiritismo ensina. Os Espíritos não são seres especiais; são apenas as almas dos que partiram e eles não têm nada de excepcional.
O fato de deixar o corpo confere ao Espírito certa liberdade e até a possibilidade de penetrar em novos conhecimentos, da mesma forma que uma pessoa, saindo da prisão, passa a ter um âmbito maior de ação na sociedade. Mas, nada de excepcional, uma vez que cada um tem as suas limitações, não vão aonde querem e nem fazem apenas o que têm vontade. O mundo espiritual está para o Espírito, como o mundo físico está para cada um de nós.
Gostaríamos, sim, que algum ser do outro plano se materializasse à nossa frente e nos ajudasse a perceber o que não percebemos, a saber o que não sabemos. Mas não é assim que a natureza funciona. Os Espíritos, ainda presos à matéria, costumam ficar próximos aos familiares, quando gostam muito deles ou são atraídos por eles, mas a sua ignorância a respeito de certos assuntos é tão grande quanto a nossa, até porque sua capacidade de percepção é limitada. Eles não vêem tudo e, portanto, não podem adiantar quase nada para nós.
Há uma antiga prática mediúnica, conhecida por “sessão do copo”. que consiste em consultar os Espíritos a respeito de assuntos banais – como, ganhar na loteria, quando e quem casar, sair bem num negócio, encontrar um objeto perdido, etc. Essa prática, que já existia antes do Espiritismo, além de não oferecer qualquer segurança, é enganosa e perigosa. Espíritos, que se prestam a esse tipo de trabalho, não podem ser sérios e, muito menos, bem intencionados.
QuemQuem ler O LIVRO DOS MÉDIUNS, de Allan Kardec, vai verificar que nossas relações com o mundo espiritual são um tanto mais complexas, mas para nós – que acreditamos na verdade, no amor e na justiça – as portas não estão abertas para se conseguir resposta a qualquer pergunta.
Alla Kardec deixa bem claro em sua obra que o Espírito, que se põe a responder qualquer pergunta ou a fazer qualquer revelação, não é sério e, portanto, não é digno de confiança, é um enganador, um embusteiro. Os Espíritos honestos, assim como os homens honestos, só cuidam de coisa séria e não enganam ninguém. Quando não sabem, esses revelam sua própria ignorância e, quando sabem, só vão dizer aquilo que é necessário.
PortaPortanto, para o Espiritismo não existe essa de os Espíritos saberem tudo, responderem tudo e resolverem qualquer problema. A limitação é tanto daqui como de lá. Evidentemente, os bons Espíritos podem nos trazer informações, mas dentro de um critério de muita responsabilidade.
Disso Podemos concluir que existe muito charlatanismo que se passa por Espiritismo. Atrás dele estão pessoas inescrupulosas que prometem verdadeiros milagres e revelações espetaculosas e que acabam atraindo as pessoas menos cautelosas que, diante de um problema ou de um desafio a enfrentar, acabam por acreditar em tudo, sem um exame criterioso da conduta das pessoas a quem costumam recorrer.
Se voSe você quiser saber o papel dos bons Espíritos junto a nós, leia com muita atenção o primeiro capítulo do livro A GÊNESE, de Allan Kardec . Numa de suas falas, nesse capítulo, Allan Kardec afirma: “Os Espíritos não ensinam senão apenas o necessário para nos guiar no caminho da verdade, mas eles se abstêm de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo”.
Ora, Se os Espíritos, estando numa posição privilegiada como julgamos que estão, pudessem antecipar a verdade aos homens, não haveria necessidade de estudo, nem de trabalho e tampouco de ciência. Não é esse, portanto, seu papel, razão pela qual cabe-nos a responsabilidade de buscar a verdade pelos nossos próprios esforços, porque é assim que aprendemos, é assim que evoluímos.
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