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terça-feira, 16 de julho de 2024

IRMÃO X FALA SOBRE A CREMAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Entre as dúvidas comuns em reuniões interativas entre publico e expositores, deparamo-nos frequentemente com questionamentos sobre cremação após a morte do corpo físico. Embora o Espírito Emmanuel tenha se manifestado na série de entrevistas do jornalista Clementino de Alencar do jornal O GLOBO com o quase desconhecido Chico Xavier em 1935 recomendando um intervalo de 50 horas para a efetivação do processo, o tema somente seria objeto de discussões no âmbito legislativo do Rio de Janeiro, então capital da Republica, no início dos anos 50. Nessa ocasião, o Espírito do cronista e escritor Humberto de Campos - desde anos antes conhecido como Irmão X – se manifestaria pelo médium mineiro. Suas ponderações seriam reproduzidas no livro TAÇA DE LUZ (feesp, 1952) e, com algumas modificações anos depois na obra ESCULTORES DE ALMAS (ceu, 1988). Pela sua permanente atualidade, vamos reproduzir a versão original a seguir: -“Observada do Plano Espiritual a celeuma no Rio de Janeiro, em torno da incineração dos cadáveres, a ser estabelecida por lei, reparamos que o assunto não é realmente para rir. De um lado, temos os legisladores preocupados com a terra dos cemitérios, e, de outro, as autoridades eclesiásticas lançando a excomunhão sobre os responsáveis pelo movimento inovador. Entre os atores da peça, vemos os defuntos de amanhã, sorridentes e bem humorados, apreciando a pugna entre a igreja e a edilidade carioca. Aqueles, como nós, que já atravessaram a garganta da sombra, seguem a novidade, com a apreensão das pessoas mais velhas, à frente de um parque de crianças. O problema da cremação do corpo, realmente, deveria merecer mais demorado estudo nos gabinetes legislativos. Há muito caminho por andar, antes que o homem comum se beneficie com a verdadeira morte. A cessação dos movimentos do corpo nem sempre é o fim do expressivo transe. O túmulo é uma passagem especial, a cujas portas muitos dormem, por tempo indeterminado, criando forças para atravessa-la com o preciso valor. Morrer não é libertar-se facilmente. Para quem varou a existência na Terra entre abstinência e sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da felicidade ansiosamente saboreada pelo Espírito, mas para o comum dos mortais, afeitos aos “comes e bebes” de cada dia, para os senhores da posse física, para os campeões do conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano, na mocidade ou na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas... Demanda tempo, esforço, auxílio e boa vontade. Por trás da máscara mortuária, muitas vezes, esconde-se a alma, inquieta e dolorida, sob estranhas indagações, na vigília torturada ou no sono repleto de angústia. Para semelhantes viajores da grande jornada, a cremação imediata do comboio fisiológico será pesadelo terrível e doloroso. Eis porque, se pudéssemos, pediríamos tempo para os mortos. Se a lei divina fornece um prazo de nove meses para que a alma possa nascer ou renascer no mundo com a dignidade necessária, e se a legislação humana já favorece os empregados com o benefício do aviso prévio, porque razão o morto deve ser reduzido à cinza com a carne ainda quente? Sabemos que há cadáveres, dos quais, enquanto na Terra, estimaríamos a urgente separação, entretanto, que mal poderá trazer aos vivos o defunto inofensivo, sem qualquer personalidade nos cartórios? Não seria justo conferir algumas semanas de preparação e refazimento ao peregrino das sombras, para a desistência voluntária dos enigmas que o afligem na retaguarda? Acreditamos que ainda existe bastante solo no Brasil e admitimos, por isso, que não necessitamos copiar costumes, em pleno desacordo com a nossa feição espiritual. Meditando na pungente situação dos recém-desencarnados, no Rio, observo quão longe vai o tempo em que os mortos eram embalados com a doce frase latina – “Requiescant in pace”. Não basta agora o enterro pacífico! É imprescindível a apressada desintegração dos despojos! E se a lei não for suavizada com a quarentena de repouso e compaixão para os desencarnados, na laje fria de algum necrotério acolhedor, resta aos mortos a esperança de que os saltitantes conselheiros da cremação de hoje sejam amanhã igualmente torrados”. Em nota complementar no primeiro livro citado, encontra-se: O Projeto-Lei da Câmara dos Vereadores, que dispõe acerca da cremação nos cemitérios administrados pela Santa Casa de Misericórdia, foi vetado pelo senhor. Prefeito do Distrito Federal, nove dias depois do Irmão X transmitir a mensagem supra. O senhor prefeito, entretanto, declarou que qualquer instituição ou seita religiosa poderá livremente instalar fornos crematórios.



Na Bíblia, logo no ato da criação, Deus cria o homem à sua imagem e semelhança. Será que Deus se parece com um ser humano, a quem Ele mesmo castigou porque o desobedeceu? Que semelhança é essa? Vocês poderiam explicar?

O que está na Bíblia ou em outros livros sagrados da antiguidade foi escrito pelo homem. Isso não quer dizer que esses escritos não têm valor. Eles não só têm grande valor, como precisam ser mais estudados e mais compreendidos, para que não tomemos suas narrativas ao pé da letra.

Os historiadores, de uma maneira geral, calculam que os primeiros textos bíblicos foram escritos por volta do século V antes de Cristo, enquanto que as narrativas do Gênese e textos seguintes se referem a muitos séculos antes, quando ainda não havia escrita.

Mesmo entre os estudiosos desses textos antigos muito se divergiram quanto ao seu verdadeiro significado, até porque na antiguidade só um número muito reduzido de pessoas tinha acesso a tais escritos, que eram extraídos de textos isolados escritos num material muito rudimentar que eram os pergaminhos.

O deus, em que os antigos acreditavam, não é o mesmo Deus em que acreditamos hoje, mas um deus que se assemelhava ao homem. Podemos dizer, sem medo de errar, um deus criado pela imaginação humana, que tinha, inclusive, os mesmos defeitos morais do homem.

Vocês se lembram daquele célebre filme dos anos 1970, O PLANETA DOS MACACOS, em que o deus dos macacos era também um macaco? Pois é: é o que aconteceu na história do homem, que concebia seus primeiros deuses em forma humana, porque não conseguiam conceber melhor.

No entanto, se recorrermos às pesquisas antropológicas, cujos estudos remontam às épocas mais primitivas da humanidade, passamos a entender que os primeiros deuses eram, na verdade, os Espíritos. E quem eram os Espíritos? Eram apenas os seres humanos desencarnados.

Inicialmente essas entidades não eram senão as pessoas que desencarnavam e que passavam a ser homenageadas pela família, como seus protetores. Foi dessa prática que surgiu o culto aos antepassados, que ainda existem nas religiões orientais.

Com o tempo, esses deuses familiares passaram a ser os deuses tribais, depois os deuses das cidades e, por fim, o deus nacional, como foi o caso de Iavé, deus de Abraão, conhecido também por Jeová.

Ora, esses Espíritos, que se arvoravam como deuses, muitas vezes apareciam para os sacerdotes da época, e apareciam em forma de homens. É bem verdade que, às vezes, como no Egito, em muitas ocasiões, tomavam a forma de animais ou misto de homem e animal.

Mas o deus, que a família de Abraão, cultuava na Caldeia, antes de virem à procura da Terra de Canaã, era um deus-homem que, na ânsia de se tornar o maior entre os deuses dos outros povos, se apresentou como o criador do homem à sua imagem e semelhança.

Nesse particular, podemos afirmar que nós, seres humanos, encarnados ou desencarnados, temos algo em comum com Deus – a inteligência, porque somos os seres inteligentes do universo por Ele criados, mas Deus, na sua perfeição, está infinitamente distante de nossas imperfeições morais, marcadas pelo preconceito, pelo ódio e pela vingança.

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