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sexta-feira, 12 de julho de 2024

O ESPÍRITO NA EXPERIÊNCIA HUMANA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

A surpreendente resposta à questão 607ª d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS indica que a Individualidade em que nos tornamos é uma versão avançada do chamado Princípio Inteligente do Universo. E o também surpreendente Allan Kardec nas páginas de suas OBRAS BÁSICAS, particularmente da REVISTA ESPÍRITA preservou material instigante para nossas reflexões. Na sequência alguns pontos para pensarmos. Como teria se operado o início da fase Humanidade? Ignoramos absolutamente em que condições se dão as primeiras encarnações do Espírito; é um desses princípios das coisas que estão nos segredos de Deus. Apenas sabemos que são criados simples e ignorantes, tendo todos, assim, o mesmo ponto de partida, o que é conforme à justiça; o que sabemos ainda é que o livre-arbítrio só se desenvolve pouco a pouco e após numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem após a primeira, nem depois da segunda encarnação que o Espírito tem consciência bastante clara de si mesmo, para ser responsável por seus atos; não é senão após a centésima, talvez após a milésima. Dá-se o mesmo com a criança, que não goza da plenitude de suas faculdades, nem um, nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos. (RE, 1864) O armazenamento do registro de percepções, sensações e experiências se dá naturalmente através da memória cujos rudimentos podem ser observados no Reino Mineral. Como o Espiritismo a explica? A memória pode ser comparada a placa sensível que, ao influxo da luz, guarda para sempre as imagens recolhidas pelo Espírito, no curso de seus inumeráveis aprendizados, dentro da vida. Cada existência de nossa alma, em determinada expressão da forma, é uma adição de experiência, conservada em prodigioso arquivo de imagens que, em se superpondo umas às outras, jamais se confundem. (ETC, 12) Que é a memória, senão uma espécie de álbum mais ou menos volumoso, que se folheia para encontrar de novo as ideias apagadas e reconstituir os acontecimentos que se foram? Esse álbum tem marcas nos pontos capitais. De alguns fatos o indivíduo imediatamente se recorda; para recordar-se de outros, é-lhe necessário folhear por longo tempo o álbum.(OP) A memória é como um livro! Aquele em que lemos algumas passagens facilmente no-las apresenta aos olhos; as folhas virgens ou raramente perlustradas têm que ser folheadas uma a uma, para que consigamos reconstituir um fato sobre o qual pouco tenhamos demorado a atenção. Quando o Espírito encarnado se lembra, sua memória lhe apresenta, de certo modo, a fotografia do fato que ele procura. A memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e ouvimos. Por intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos. (LI, 11) O aprofundamento das pesquisas levadas a efeito por diferentes ramos da ciência permitiu concluir-se que o recurso chamado mente acompanha a evolução da nossa espécie. O Biólogo Bruce Lipton no livro BIOLOGIA DA CRENÇA (butterfly, 2006) explica essa evolução. O que diz? A evolução dos mamíferos mais desenvolvidos, incluindo os chimpanzés, os cetáceos e os humanos, criou um novo nível de consciência chamado "autoconsciência" ou mente consciente. Foi um passo muito importante em termos de desenvolvimento. A mente anterior, predominantemente subconsciente, é nosso "piloto automático"; já a mente consciente é nosso controle manual. Por exemplo: se uma bola é jogada em direção ao seu rosto, a mente consciente, mais lenta, pode não reagir em tempo de evitar a ameaça. Mas a mente inconsciente, capaz de processar cerca de 20 milhões de estímulos ambientais por segundo versus 40 estímulos interpretados pela mente consciente no mesmo segundo, nos fará piscar e nos desviar. A mente subconsciente, um dos processadores de informações mais poderosos de que se tem notícia até hoje, observa o mundo ao nosso redor e a consciência interna do corpo, interpreta os estímulos do ambiente e entra imediatamente em um processo de comportamento previamente adquirido (aprendido). Tudo isso sem ajuda ou supervisão da mente consciente. O subconsciente é um grande centro de dados e programas desprovido de emoção, cuja função é simplesmente ler os sinais do ambiente e seguir uma programação estabelecida sem nenhum tipo de questionamento ou julgamento prévio.



Se nós já tivemos outras encarnações, por que não lembramos dessas vidas? (Heraldo Coelho – e-mail)


Há várias razões para isso Heraldo. A primeira, de ordem filosófica, baseia-se no fato de que lembrar desse passado pode prejudicar o presente, ou seja, pode trazer transtornos psicológicos para o espírito, que está tentando reerguer-se nesta nova encarnação. O passado, quase sempre, envolve cometimentos graves e sofrimentos que não merecem ser lembrados, sob pena de comprometer os planos da vida atual. O rompimento com o passado, na maioria das vezes, é a melhor forma de começar uma vida nova.


Quando o passado distante está marcado por condutas delituosas graves – casos em que o individuo praticou violência contra os outros - é natural que, com o passar do tempo, tomando consciência da gravidade do mal que cometeu, esse Espírito venha a desenvolver um sentimento de culpa, um espécie de remorso, que pode levá-lo a atitudes de punição contra si mesmo. Lembrar do passado, manchado de cruéis delitos, é entrar em conflito com a própria consciência moral que está em crescimento, e até decidir pela autodestruição, ou seja, pelo suicídio, o que certamente cria um grave transtorno no seu processo evolutivo.


Por outro lado, quando o Espírito foi vítima da violência e da crueldade de outros, ele pode reencontrar, na nova encarnação, com seus algozes, até mesmo no seio da própria família. Imagine, por exemplo, um individuo que na vida anterior foi assassinado pelo Espírito que, agora, é seu pai, o qual veio justamente nesta encarnação para reparar o mal que lhe praticou - tendo-o como filho querido, a quem dedica proteção. Se esse filho lembrasse do mal que sofreu, com certeza, não teria condições de ter contato com seu pai, em hipótese alguma – talvez dominado pelo medo, talvez pelo ódio e pela revolta.


Desse modo, o papel do esquecimento, Heraldo, é fundamental para a continuidade da vida e para o longo processo de evolução, que se dá através das reencarnações. Quando Jesus, no evangelho, recomenda a reconciliação com o adversário e o amor aos inimigos, é nesse sentido, pois, de encarnação em encarnação, vamos tendo a oportunidade de nos reaproximar daqueles que rejeitamos. Novas experiências, novas oportunidades de convivência, em situações diferentes, fazem com que espíritos inimigos aprendam a se amar. É assim que a Lei de Deus funciona, aperfeiçoando cada um no caminho da perfeição.


Por outro lado, do ponto de vista científico, podemos explicar esse esquecimento pelo fato de que, em cada encarnação, o Espírito tem um novo cérebro, que só vai ser utilizado com as impressões que recebe das experiências desta encarnação. Não há passado para esse cérebro, porque ele não existiu antes. Mas para o Espírito, sim, pois ele guarda na sua memória profunda, no inconsciente de seu perispírito as informações do passado, que geralmente não afloram à mente, a não ser em casos muito excepcionais.


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