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sábado, 31 de agosto de 2024

O VERDADEIRO SENTIDO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Indiscutivelmente o principal meio de difusão do Espiritismo tornou-se num ponto de referência e convergência dos que são surpreendidos por revezes com os quais não imaginavam. Na superficialidade de suas avaliações concluem ser a prática espírita mero instrumento de reequilíbrio através dos passes ou outros tratamentos oferecidos nas Casas Espíritas, supõem ponto de encontro entre a realidade material e a imaterial, a tangível e a intangível. Um meio onde se pode encontrar a cura ou o caminho a seguir através das orientações dos Amigos Espirituais ou Mentores como se costuma dizer. Será apenas isso? Será apenas esta a finalidade da Doutrina Espirita. Em texto apresentado na edição de novembro de 1864, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec esclarece essa dúvida. Escreve ele: -“O Espiritismo não é uma concepção individual, um produto da imaginação; não é uma teoria, um sistema inventado para a necessidade de uma causa. Tem sua fonte nos fatos da natureza mesma, em fatos positivos, que se produzem aos nossos olhos e a cada instante, mas cuja origem não se suspeitava. É, pois, resultado da observação, numa palavra, uma ciência: a ciência das relações entre os mundos visível e invisível; ciência ainda imperfeita, mas que diariamente se completa por novos estudos e que, tende certeza, tomará posição ao lado das ciências positivas. Digo positivas, porque toda ciência que repousa sobre fatos é uma ciência positiva, e não meramente especulativa. O Espiritismo nada inventou, porque não se inventa o que está na Natureza. Newton não inventou a Lei da Gravitação: está Lei Universal, existia antes dele; cada um a aplicava e lhe sentia os efeitos, posto não a conhecessem. Por sua vez, o Espiritismo vem mostrar uma nova Lei, uma nova força da natureza: a que reside na ação do Espírito sobre a matéria, lei tão Universal quanto a da gravitação e da eletricidade, contudo ainda desconhecida e negada por certas pessoas, como o foram outras Leis no momento de sua descoberta. É que os homens geralmente sentem dificuldade em renunciar às suas ideias preconcebidas e, por amor próprio, custa-lhes concordar que estavam enganados, ou que outros tenham podido encontrar o que eles próprios não encontraram. Mas como, em definitivo, esta Lei repousa sobre fatos e contra os fatos não há negação que possa prevalecer, terão que render-se à evidência, como os mais recalcitrantes tiveram que o fazer quanto ao movimento da Terra, à formação do Globo e aos efeitos do vapor. Por mais que taxem os fenômenos de ridículos, não podem impedir a existência daquilo que é. Assim, o Espiritismo procurou a explicação dos fenômenos de uma certa ordem e que, em todas as épocas, se produziram de maneira espontânea. Mas o que, sobretudo, o favoreceu nessas pesquisas, é que lhe foi dado o poder de produzi-los e os provocar, até certo ponto. Encontrou nos médiuns instrumentos adequados a tal efeito, como o físico encontrou na pilha e na máquina elétrica os meios de reproduzir os efeitos do raio. Compreende-se que isso é uma comparação e não uma analogia. Há aqui uma consideração de alta importância: é que, em suas pesquisas, ele não procedeu por via de hipóteses, como o acusam; não supôs aexistência do Mundo Espiritual, para explicar os fenômenos que tinha sob as vistas; procedeu pela via da análise e da observação; dos fatos remontou à causa e o elemento espiritual se apresentou como força ativa; só o proclamou depois de o haver constatado. Como força e como Lei da Natureza, a ação do elemento espiritual abre, assim, novos horizontes à ciência, dando-lhe a chave de uma porção de problemas incompreendidos. Mas se a descoberta de Leis puramente materiais produziu no mundo revoluções materiais, a do elemento espiritual nele prepara uma revolução moral, porque muda totalmente o curso das ideias e das crenças mais arraigadas; mostra a vida sob um outro aspecto; mata a superstição e o fanatismo; desenvolve o pensamento e o homem, em vez de se arrastar na matéria, de circunscrever sua vida entre o nascimento e a morte, eleva-se no Infinito; sabe de onde vem e para onde vai; vê um objetivo para o seu trabalho, para seus esforços, uma razão de ser para o Bem; sabe que nada do que aqui adquire em saber e moralidade lhe é perdido, e que o seu progresso continua indefinidamente no além túmulo; sabe que há sempre um futuro para si, sejam quais forem a insuficiência e a brevidade da presente existência, ao passo que a ideia materialista, circunscrevendo a vida à existência atual, dá-lhe como perspectiva o nada, que nem mesmo tem por compensação a duração, que ninguém pode aumentar à sua vontade, desde que podemos cair amanhã, em uma hora, e então o fruto de nossos labores, de nossas vigílias, dos conhecimentos adquiridos estarão para nós perdidos para sempre, muitas vezes sem termos tido tempo de os desfrutar. Repito, demonstrando o Espiritismo, não por hipótese, mas por fatos, a existência do Mundo Invisível e o futuro que nos aguarda, muda completamente o curso das ideias; dá ao homem a força moral, a coragem e a resignação, porque não mais trabalha apenas pelo presente, mas pelo futuro; sabe que se não gozar hoje, gozará amanhã”.


Nosso companheiro Maris de Carvalho colheu e nos trouxe a seguinte questão: “Diante do panorama político mundial em que nos encontramos hoje, com o terrorismo de um lado e experiências nucleares de outro, será que estamos próximos de uma guerra nuclear? E, se houver, o que será da humanidade?”

A questão que o Maris nos trouxe enseja algum comentário à luz do Espiritismo. N’O LIVRO DOS ESPÍRITOS encontramos o tema que tem relação direta com esta questão. Trata-se do questionamento que Kardec fez sobre a guerra, questões 742 a 745. Os Espíritos disseram que a guerra é uma manifestação instintiva do homem. Ela o reporta à sua fase animal, quando as diferenças são resolvidas mediante violência e morte. Por isso mesmo, a história da humanidade é praticamente uma história de guerras e conflitos de interesse.

Sempre houve guerras entre os diferentes grupos e nações, porque cada um lutava pelo seu próprio interesse, principalmente quando se tratava de interesses políticos e econômicos. O econômico se refere à disputa de riquezas e o político à luta pelo poder. Hoje, século XXI, depois da maior guerra da história nos meados do século passado, não podemos negar que houve um grande avanço para a conscientização geral pela busca da paz, mas assim mesmo permanecem alguns focos de conflito que, de vez em quando são acendidos, comprometendo a paz geral.

O mal é como uma doença insidiosa; é sempre difícil de extirpar. Precisamos reconhecer que não vai ser fácil acabar com a guerra no planeta, pois, de uma maneira geral, nós humanidade, ainda não percebemos que os interesses espirituais devem prevalecer sobre os interesses materiais. Explicando melhor: enquanto alguns países procuram dar mais conforto ao seu povo ( e até mesmo excesso de conforto), outros povos vivem na miséria e na ignorância. Ainda não conseguimos unir as nações em torno de um ideal superior para acabar com a pobreza e o analfabetismo na Terra.

Desse modo, ainda existem grandes diferenças sociais no mundo, diferenças que dão mais poder aos poderosos, os quais se mantêm cada vez mais distantes dos pequenos. Além disso, dentro de uma mesma nação existem dominadores e dominados. Tal situação, como sempre aconteceu, cria um estado de animosidade e de desconfiança cada vez maior entre as nações e dentro de cada nação, fomentando discórdias, alimentando a revolta e estimulando os conflitos. Segundo Jesus, Buda e outros grandes mestres da humanidade, não se alcança um estado de paz, sem a ação consciente do bem.

Logo, não sabemos o que está para acontecer em relação à paz mundial, mas sabemos que, enquanto o ser humano mantiver a mesma postura de egoísmo e orgulho, alimentando preconceitos e provocando diferenças significativas entre os homens, haverá perigo de guerra que, certamente, poderá ter consequências imprevisíveis. Certa vez, logo após a 2ª. Guerra Mundial, que deixou um saldo de mais de 60 milhões de mortos e muita destruição, perguntaram à Einstein (um dos maiores cientistas de todos os tempos), como seria a 3ª. Guerra, se viesse acontecer.

Einstein respondeu que sobre a 3ª. Guerra ele não tinha muito a dizer, mas a 4ª. Guerra - ele tinha certeza - seria a pauladas, referindo-se naturalmente ao fato de que um conflito nuclear, com as poderosíssimas armas de que o homem já podia dispor, destruiria quase que totalmente a humanidade e todo o seu patrimônio material, trazendo o homem novamente ao estado do homem primitivo, ou seja, fazendo com que a humanidade tivesse que começar tudo de novo.

É claro que não podemos ficar de braços cruzados. O homem de bem deve procurar se impor pela sua conduta, pela sua força moral, ocupando inclusive lideranças capazes de estimular os valores morais em favor da humanidade como um todo. Ainda há muita gente interessada na guerra e na divisão. Por isso mesmo é necessário que a população, de um modo geral, busque apoio nos políticos que já puderam dar bons exemplos tanto na vida pública e quanto na vida privada, a fim de que se façam legítimos representantes da sociedade.

Por outro lado, não podemos esquecer que a chamada “guerra fria” que antecedeu a fase atual e que colocava em confronto os interesses de duas grandes potências, os Estados Unidos e a União Soviética, começou na década de 1940 e veio até 1990, deixando o mundo todo numa expectativa de uma guerra nuclear eminente. No entanto, esta guerra não aconteceu, pois os entendimentos (bem ou mal resolvidos) aconteceram na área diplomática. Desse modo, esperamos que o mesmo se dê neste momento em relação às controvérsias que ainda vigoram no cenário político internacional.

Do ponto de vista espírita, cabe ao homem conduzir o planeta ao futuro e isso dependerá de seu discernimento e de sua habilidade. A esperança é que novas lideranças surjam no mundo para ajudá-lo na sustentação da paz. A verdade é que, infelizmente, por causa de nossa teimosia em permanecer apegados aos valores materiais, tenhamos que sofrer o impacto de grandes calamidades que poderão abater sobre o planeta, para nos despertar para os verdadeiros valores da vida.


sexta-feira, 30 de agosto de 2024

O MAL INVISÍVEL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Obsessão é uma das mais importantes revelações do Espiritismo. Atinge níveis maiores do que se supõem. Na sequência Allan Kardec esclarece algumas das dúvidas mais comuns. Qual a diferença entre loucura patológica e loucura obsessional? A primeira é produzida por uma desordem nos órgãos da manifestação do pensamento. Notemos que, nesse estado de coisas, não é o Espírito que é louco: ele conserva a plenitude de suas faculdades, como o demonstra a observação; apenas estando desorganizado o instrumento de que se serve para se manifestar, o pensamento ou, melhor dito, a expressão do pensamento é incoerente. Na loucura obsessional não há lesão orgânica. É o próprio Espírito que se acha afetado pela subjugação de um Espírito estranho que o domina e comanda. No primeiro caso é preciso curar o órgão doente; no segundo basta livrar o Espírito doente do hóspede inoportuno, a fim de lhe restituir a liberdade. Casos semelhantes são muito frequentes e comumente tomam como loucura o que não se passa de obsessão, para a qual deveriam empregar-se meios morais e não duchas. Pelo tratamento físico, e, sobretudo, pelo contato dos verdadeiros alienados, muitas vezes tem sido determinada uma verdadeira loucura onde esta não existia. (RE;5/1862) Existe uma forma mais eficaz para afastar o Espírito causador do processo obsessivo? Só uma força moral pode opor-se a outra força moral e, esta não pode vir senão do acometido pelo processo obsessivo. É preciso esforçar-se por adquirir a maior soma possível de superioridade pela vontade, pela energia e pelas qualidades morais. Não será com a espada de coronel que vencereis, mas com a espada do Anjo, isto é, a virtude e a prece. A espécie de terror e angústia que experimentais nesses momentos é um sinal de fraqueza que o Espírito aproveita. Dominai o medo e com a vontade triunfareis. Tomai a iniciativa resolutamente, como fazeis ante qualquer inimigo. (RE; 12/1862) Um Espírito bom pode obsediar alguém? A obsessão não pode jamais ser o efeito causado por um bom Espírito. A questão essencial é saber reconhecer a natureza daqueles que se apresentam. O conhecimento prévio dos meios de distinção dos bons Espíritos e dos maus é, portanto, indispensável. É importante para o simples observador que pode, por esse meio, apreciar o valor do que vê, lê ou escuta. (OQE; 77) A morte livra a pessoa da obsessão ? A morte não liberta o homem da obsessão dos maus Espíritos: é a figura dos demônios, atormentando as almas sofredoras. Sim, esses Espíritos os perseguem após a morte e lhes causam sofrimentos horríveis, porque o Espírito atormentado se sente num abraço de que não se pode libertar. Ao contrário, o que se libertou da obsessão em vida é forte, e os maus Espíritos o encaram com medo e respeito: encontraram o seu superior. (RE;6/1860) Procede a ideia de que todas as perturbações são oriundas da influência espiritual? A gente, muitas vezes, responsabiliza os Espíritos estranhos por maldades de que não são responsáveis. Certos estados mórbidos e certas aberrações, que são atribuídas a uma causa oculta, são, por vezes, devidas exclusivamente ao Espírito do indivíduo. As contrariedades, frequentemente, concentradas em si próprio, os sofrimentos amorosos, principalmente, tem levado ao cometimento de muitos atos excêntricos, que erradamente são levados à conta de obsessão. Muitas vezes a criatura é seu próprio obsessor. (RE;12/1862) Obsessão depende de mediunidade? A obsessão de qualquer natureza que seja, independe da mediunidade e é encontrada em todos os graus, numa multidão de indivíduos, os quais jamais ouviram falar de Espiritismo. Como os Espíritos sempre existiram, sempre exerceram a mesma influência; a mediunidade não é uma causa, é apenas uma forma de manifestação dessa influência.(...). Aqueles que nada admitem fora da Natureza não podem admitir causas ocultas. Mas quando a Ciência tiver saído da rotina materialista reconhecerá na ação do Mundo Invisível que nos rodeia, e no meio do qual vivemos, uma potência que tanto age sobre as coisas físicas quanto sobre as condições morais. E este será um novo caminho aberto ao progresso. A chave de uma quantidade de fenômenos mal compreendidos. (OQE; 76)



De uma ouvinte, que nos telefonou e não quis se identificar: Ela disse, mais ou menos, o seguinte: “Sou mãe de uma jovem de 24 anos, que hoje age como minha rival. Ela não se dá comigo e por isso tenho dificuldade de amá-la como uma mãe deve amar a filha. Fiquei grávida muito jovem, tive vários relacionamentos e nunca soube quem é o seu pai. Precisei trabalhar muito cedo para sobreviver, de modo que foi minha mãe quem teve mais contato com ela. Hoje minha filha me odeia e acho que é por causa de sua condição e de não saber quem é o seu pai. Mas o Espiritismo diz que nada acontece por acaso, de modo que minha história de vida tem uma razão de ser. Será que um dia eu vou contar com o amor de minha filha”?

Acreditamos que devem existir muitos casos como o seu nesta época de grande transição social. Dentro do conceito espírita nada acontece por acaso, pois tudo está submetido à lei de causa e efeito. Como você não tem apenas uma vida, mas veio de experiências em vidas anteriores, o relacionamento com sua filha pode ter causas tanto nesta vida como em vidas passadas – ou melhor, deve ter causas anteriores e causas atuais.

Nós todos estamos passando por uma jornada de alguns anos na Terra, que não é a única, portanto. Mas é, sem dúvida, mais uma oportunidade de nos reajustar às leis da vida, para que não venhamos a cometer mais erros e a sofrer mais. Não sabemos o que você sabe de Espiritismo, mas seria recomendável se aproximasse de um centro e se informasse.

O Caminho de Damasco, que fica na Rua Gabriela, Garça(SP) tem um serviço diário de atendimento fraterno, onde você poderia conversar pessoalmente com alguém que vai tentar ajudá-la com uma orientação espírita. A partir de então você poderá perceber se quer realmente dar uma solução ao problema e por onde começar. Uma coisa é certa: não há solução mágica para os problemas humanos, mas há sempre um melhor caminho que pode levar à solução.

Em poucos minutos, o que lhe podemos dizer é que a solução de todo e qualquer problema começa quando mudamos a nossa maneira de pensar e de agir. De pensar primeiramente, porque, mais emocionais que racionais, não percebemos que somos vítimas do nosso orgulho, quando não queremos arredar pé de nosso ponto de vista e achamos sempre que o erro é dos outros e não nosso. A partir daí, se conseguimos pensar diferente, algo tende a mudar em nossa maneira de agir. Ninguém vai resolver um problema, esperando que o problema se resolva por si e, tampouco, pensando que mudar vai ser fácil.

É possível que sua filha seja a adversária com quem você disputou alguma paixão amorosa em vida anterior (talvez seja isso que você está querendo ouvir), mas é possível também que o problema tenha começado agora nesta mesma vida, em forma de revolta por causa da ausência do pai ou da forma como você a tem tratado. Pode ser, ainda, que aconteceram todas as situações e que agora se somam para agravar o problema, porque vocês não estão sabendo se comportar como mãe e filha. Não sabemos. Por isso mesmo, em razão dessas supostas causas, a mudança teria que começar em você.

O que vai ajudá-la na solução do problema de relacionamento com sua filha - se você nos permite dizer - não é propriamente o que você vai dizer a ela, mas as suas atitudes, a sua conduta daqui pra frente. Se você ama de verdade sua filha e algo está errado entre vocês, a causa pode estar em você, ou pode estar nela - e, o mais provável é que esteja em ambas. E para tanto é necessário, em primeiro lugar, que você comece por fazer um autoexame para verificar em que está falhando, o que está faltando, o que precisa ser corrigido e isso, evidentemente, não se dá de um dia para outro, mas ao longo do tempo.

Talvez, se ouvíssemos sua filha, teríamos melhores condições de saber o que realmente está passando, até porque, numa situação de conflito, cada um tem seu ponto de vista e sua percepção sobre o outro. Em todo caso, acreditamos que, a partir da nossa fala, você já pode tomar uma decisão, assumir outra postura e buscar uma solução mais adequada por outro caminho.





quinta-feira, 29 de agosto de 2024

O CASO FRANCISCO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A morte pôs fim aos doze anos de vida do menino Francisco, nove dos quais marcados por sofrimento atroz. Primeiro dos dois filhos de uma família boa e honesta, desde os três de idade, apesar dos cuidados afetuosos de que era cercado e dos socorros da ciência, nada foi capaz de suavizar seu contínuo sofrimento, que o atingiram. Acometido de paralisia e de hidropsia; seu corpo mantinha-se coberto de chagas, invadidas pela gangrena, fazendo que suas carnes caíssem em tiras. Muitas vezes, no paroxismo da dor, ele exclamava: -“Que fiz eu, meu Deus, para merecer tanto sofrer? Desde que estou no mundo, entretanto, não fiz mal a ninguém!”. Instintivamente, intuía que o sofrimento devia ser uma expiação; mas, na ignorância da lei do encadeamento das vidas sucessivas, não remontando seu pensamento além da vida presente, ele não se dava conta da causa que poderia justificar nele tão cruel castigo. Uma particularidade digna de nota foi o nascimento de uma irmã, justamente quando ele tinha cerca de três anos. Foi nesta época que se manifestaram os primeiros sintomas da terrível moléstia da qual deveria sucumbir. Desde aquele dia, ele passou a nutrir pela recém-nascida repulsa tal, que não podia suportar sua presença e à sua vista pareciam redobrar seus sofrimentos. Muitas vezes ele se recriminava desse sentimento que nada justificava, porque a pequena não o partilhava: ao contrário, ela era para ele suave e amável. Indagava, então, de sua mãe: -“Porque a vista de minha irmãzinha me é tão penosa? Ela é boa para mim apesar de não poder impedir-me de a detestar”. Apesar disso, não suportava que lhe fizessem o menor mal, nem que a magoassem; longe de se alegrar com suas penas, afligia-se quando a via chorar. Era evidente que dois sentimentos nele se combatiam; compreendia a injustiça de sua antipatia, mas seus esforços para superá-la eram impotentes. Esse o assunto incluído na REVISTA ESPÍRITA de maio de 1867, por Allan Kardec, possibilitando várias reflexões sobre o tema. A base, uma série de comunicações obtidas por uma amiga da família, pela qual, por sinal, ele era muito afeiçoado. Entre as várias manifestações, duas foram destacadas pelo teor, que fornecia elementos para entender-se não só o motivo de suas vicissitudes, bem como o incompreensível conflito em relação à irmã, detestando-a e, ao mesmo tempo, protegendo-a. Numa dessas mensagens extravasou: -“Pequei, sim!. Sabeis o que é ter sido assassino, ter atentado contra a vida de seu semelhante? Não o fiz pela maneira que os assassinos empregam, matando rápido, com uma corda ou com uma faca ou qualquer outro instrumento. Não, não foi dessa maneira. Matei, mas matei lentamente, fazendo sofrer um Ser que eu detestava!. Sim, detestava esta criança que julgava não me pertencer!. Pobre inocente!. Tinha merecido esta triste sorte? Não, meus pobres amigos, não tinha merecido ou, pelo menos, não me cabia fazê-la sofrer esses tormentos. Entretanto eu o fiz, e eis porque fui obrigado a sofrer como vistes”. Noutra ocasião, perguntado sobre a antipatia pela irmãzinha, explicou que “não o sabia no estado de vigília, sem o que seu tormentos teriam sido cem vezes mais horríveis; tão horríveis quanto tinham sido na Vida Espiritual, em que a via incessantemente. Mas credes que meu Espírito, nos momentos em que estava desprendido, não o soubesse? Era a causa de minha repulsa.; e se me esforçava por combate-la, é que instintivamente sentia que era injusta. Eu não era ainda bastante forte para fazer bem àquela que eu não conseguia evitar de detestar, mas não queria que lhe fizessem mal: era o começo de reparação”. Noutro ponto, dirigiu-se aos pais: -“Meus bons pai, uma palavra de consolação. Obrigado! Oh, Obrigado!, a vós que me ajudastes nesta expiação e que carregastes uma parte. Suavizaste, tanto quanto de vós dependia, o que havia de amargo em meu estado. Não vos magoeis: é coisa passada; estou feliz, eu vo-lo disse, sobretudo comparando o estado passado com o presente. Amo-vos a todos; agradeço-vos; beijo-vos; amai-me sempre. Encontrar-nos-emos e, todos juntos, continuaremos esta vida eterna, procurando que a vida futura resgate inteiramente a vida passada”. Francisco E.

Vejam um drama que uma jovem nos contou e tomamos a liberdade de trazê-lo, sem identificar pessoas, por se tratar de um tema muito importante. Ela nos disse, mais ou menos, o seguinte: “ Em casa meu é o único materialista e nos ofende com suas atitudes. Ele critica porque rezamos, porque pedimos a proteção de Deus, dizendo que, se Deus é tão poderoso, por que ele não nos fez perfeitos? Por que Ele deixa as pessoas sofrerem? Isso não é uma covardia? Porque vamos rezar, então, se ele só faz o que quer, sem perguntar nada a ninguém”?

Este é um grito de revolta, prezada jovem, vindo de uma pessoa a quem você deve muito amor – seu pai. Precisamos entender que há pessoas completamente frustradas em suas pretensões, que nunca conseguiram o que queriam – e como perderam a esperança de ter seus sonhos realizados ( às vezes, elas sonham muito alto)– voltam-se contra Deus, quando não se voltam contra si mesmas - o que seria pior ainda. No seu caso, você tem o direito de discordar de seu pai, mas deve tomar cuidado para não agir como ele, ou seja, para não se revoltar.

Você e os demais familiares precisam ter paciência com seu pai e deixar de se aborrecer com as críticas que ele faz, pelo fato de vocês orarem e confiarem em Deus. Talvez vocês precisem ir mais longe, mudando a maneira de tratá-lo e de receber suas críticas. Para que vocês possam demonstrar fé em Deus, devem se esforçar por manter uma atitude serena diante do que ele diz, sem se abalarem com isso, pois a verdadeira fé, como diz Kardec, é calma, tranquila, segura e sobretudo pacífica.

Leia n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, o capítulo “A fé remove montanhas”. Ali você vai encontrar elementos que vão ajudar você e seus familiares a fortalecer a fé diante das críticas do seu pai e, ao mesmo tempo, mostrar para ele no que consiste a verdadeira fé. Os que se dizem ateus, cara jovem, também cultivam a sua fé: eles acreditam que Deus não existe – e isso também não deixa de ser uma crença. Contudo, conforme o teor desse texto que estamos lhe recomendando, a fé agressiva, violenta, perturbadora, demonstra mais dúvida do que certeza, mais insegurança do que convicção.

Não exijam de seu pai mais do que ele pode dar. Tratem-no com respeito, com bondade, com compreensão – evitando discussões e atritos, e vocês perceberão que, como o tempo, ele vai se aproximar aos poucos de vocês. Neste momento, não fiquem preocupados em rebater suas críticas, que isso vai mais prejudicar do que melhorar suas relações. Hoje, aqui, não estamos preocupados com argumentos lógicos ou filosóficos para contestá-lo, mas em passar a você a recomendação de Jesus, que é o exercício do perdão no seio da família.


quarta-feira, 28 de agosto de 2024

O MUNDO INVISÍVEL E A GUERRA SEGUNDO O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

-“O Mundo Invisível é composto dos que deixaram seu envoltório corporal ou, por outras palavras, das almas que viveram na Terra. Estas almas ou Espíritos, o que é a mesma coisa, povoam o Espaço, estão em toda parte, ao nosso lado, como nas regiões mais afastadas”. O comentário pode ser lido na edição de dezembro de 1859 da REVISTA ESPÍRITA, publicação mensal financiada pelo próprio Allan Kardec para manter atualizados os seguidores do Espiritismo em várias partes da Europa. Quando do lançamento do livro A GÊNESE, no ultimo capítulo, encontra-se reproduzida uma mensagem assinada por um Espírito identificado como Dr Barry em que, entre outras coisas, diz: -“Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que por isso não deixa de ser rigorosa verdade, é que o Mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia, experimenta o contrachoque de todas as comoções que abalam o mundo dos encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Nada tem isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a Humanidade; que eles saem dela e a ela têm de voltar, sendo, pois, natural se interessem pelos movimentos que se operam entre os homens. Ficai, portanto, certos de que, quando uma revolução social se produz na Terra, abala igualmente o mundo invisível, onde todas as paixões, boas e más, se exacerbam, como entre vós. Indizível efervescência entra a reinar na coletividade dos Espíritos que ainda pertencem ao vosso mundo e que aguardam o momento de a ele volver”. Em meados do século 20, o Orientador Espiritual Emmanuel através do médium Chico Xavier, transmitiu um interessante livro intitulado ROTEIRO (feb, 1951) em que revela: - Mais de vinte bilhões de almas conscientes, desencarnadas, sem nos reportarmos aos bilhões de inteligências sub-humanas que são aproveitadas nos múltiplos serviços do progresso planetário, cercam o domicílio terrestre, demorando-se noutras faixas de evolução. Tal dado até então inédito permite-nos avaliar a discrepante população invisível em relação à visível. No que tange às guerras, um série de questões merecem consideração. E, elas surgem das páginas d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, onde Allan Kardec obtem os seguintes esclarecimentos: 1 Durante uma batalha, há Espíritos assistindo e amparando cada um dos exércitos? Sim, e que lhes estimulam a coragem.” Os antigos figuravam os deuses tomando o partido deste ou daquele povo. Esses deuses eram simplesmente Espíritos representados por alegorias. 2- Estando, numa guerra, a justiça sempre de um dos lados, como pode haver Espíritos que tomem o partido dos que se batem por uma causa injusta? “Bem sabeis haver Espíritos que só se comprazem na discórdia e na destruição. Para esses, a guerra é a guerra. A justiça da causa pouco os preocupa.” 3- Podem alguns Espíritos influenciar o general na concepção de seus planos de campanha? “Sem dúvida alguma. Podem influenciá-lo nesse sentido, como com relação a todas as concepções.” 4- Poderiam maus Espíritos suscitar-lhe planos errôneos com o fim de levá-lo à derrota? “Podem; mas, não tem ele o livre-arbítrio? Se não tiver critério bastante para distinguir uma ideia falsa, sofrerá as consequências e melhor faria se obedecesse, em vez de comandar.” 5- Pode, alguma vez, o general ser guiado por uma espécie de dupla vista, por uma visão intuitiva, que lhe mostre de antemão o resultado de seus planos? “Isso se dá amiúde com o homem de gênio. É o que ele chama inspiração e o que faz que obre com uma espécie de certeza. Essa inspiração lhe vem dos Espíritos que o dirigem, os quais se aproveitam das faculdades de que o veem dotado.” 6- No tumulto dos combates, que se passa com os Espíritos dos que sucumbem? Continuam, após a morte, a interessar-se pela batalha? “Alguns continuam a interessar-se, outros se afastam.” Dá-se, nos combates, o que ocorre em todos os casos de morte violenta: no primeiro momento, o Espírito fica surpreendido e como que atordoado. Julga não estar morto. Parece-lhe que ainda toma parte na ação. Só pouco a pouco a realidade lhe surge. 7- Após a morte, os Espíritos, que como vivos se guerreavam, continuam a considerar-se inimigos e se conservam encarniçados uns contra os outros? “Nessas ocasiões, o Espírito nunca está calmo. Pode acontecer que nos primeiros instantes depois da morte ainda odeie o seu inimigo e mesmo o persiga. Quando, porém, se lhe restabelece a serenidade nas ideias, vê que nenhum fundamento há mais para sua animosidade. Contudo, não é impossível que dela guarde vestígios mais ou menos fortes, conforme o seu caráter.” 8-Continua a ouvir o rumor da batalha? “Perfeitamente.” 9- O Espírito que, como espectador, assiste calmamente a um combate observa o ato de separar-se a alma dom corpo? Como é que esse fenômeno se lhe apresenta à observação? “Raras são as mortes verdadeiramente instantâneas. Na maioria dos casos, o Espírito, cujo corpo acaba de ser mortalmente ferido, não tem consciência imediata desse fato. Somente quando ele começa a reconhecer a nova condição em que se acha, é que os assistentes podem distingui- lo, a mover-se ao lado do cadáver. Parece isso tão natural, que nenhum efeito desagradável lhe causa a vista do corpo morto. Tendo a vida toda se concentrado no Espírito, só ele prende a atenção dos outros. É com ele que estes conversam, ou a ele é que fazem determinações.”

Como podemos ajudar alguém que quer desistir de viver? – pergunta uma senhora, que diz estar ouvindo nosso programa de alguns meses para cá.

JBC -Uma pessoa que chega ao ponto de atentar contra a própria vida, ou perdeu o sentido da sua existência, desacreditando de tudo ou quer se vingar de tudo e de todos. Ela se afundou num estado profundo de depressão emocional, alimenta um forte sentimento de revolta e também de culpa por não estar conseguindo seu objetivo. E essa pessoa não chegou a essa situação por acaso, se não depois de muito sofrimento. Ajudá-la, portanto, é o nosso dever moral.

Sua pergunta ficou um tanto no ar, porque não temos as informações suficientes para analisar o caso com mais objetividade. Então, a resposta que vamos dar é de caráter geral. Você deveria vir pessoalmente conversar conosco no Centro Espírita Caminho de Damasco. No entanto, é bom saber que, quando a pessoa em questão é um familiar, precisamos nos desvestir imediatamente de todo preconceito, de todo impulso de criticá-la ou condená-la, e partir imediatamente ao socorro.

Casos assim pedem ajuda imediata. Existem várias tipos de ajuda: de familiares, amigos, profissionais e da religião. Se o profissional, médico ou psicólogo, tiver uma visão mais ampla do problema, deverá envolver a família, principalmente, e os demais recursos que couberem no caso, como a assistência espiritual. A espiritualidade de uma pessoa é a sustentação de sua vida. Não existe apenas um único caminho de solução, mas uma conjugação de esforços das pessoas envolvidas.

Posturas mais recentes no campo da medicina, por exemplo, afirmam que onde existir um doente (e, no caso, o impulso ao suicídio revela enfermidade), a família também está doente e todos precisam ser tratados. Cuidar de alguém não é apenas dar-lhe alimento ou remédio; é sobretudo cobrir suas necessidades afetivas. Não podemos esquecer que todos precisamos de atenção, consideração, respeito e amor. Se esse ingrediente espiritual faltar em nossa vida, podemos perder a razão de viver.

Não foi por outra razão que Jesus se preocupou tanto com o amor ao próximo. Não existe próximo mais próximo que os membros de uma mesma família ou os moradores de uma mesma casa. Se levássemos em conta o que Jesus ensinou, com certeza, todos seríamos mais felizes e muitos dos problemas, que enfrentamos hoje, não existiriam, pois a fonte de todo conflito – quer na família, quer na sociedade – está no íntimo de cada um.

Sendo assim, diante de uma pessoa com propensão para o suicídio, devemos buscar ajuda profissional, religiosa, afetiva. No Espiritismo, entendemos que o envolvimento emocional é de suma importância, porque a emoção decorre de um estado de alma. Várias pessoas, que chegam depressivas ao centro, encontrando apoio e atenção, acabam descobrindo o caminho da cura dentro de si mesmas, interessando-se em conhecer o lado espiritual da vida.

O passe, a água fluídica, a mensagem do evangelho, a lição instrutiva, o contato com os companheiros, tudo isso aliado aos cuidados médicos, na maioria das vezes, acabam por lhes propiciar o apoio moral e espiritual de que necessitavam para se harmonizarem consigo mesmos, confiar em Deus e encontrar motivos para viver melhor. No entanto, a participação da família é sempre importante, quando não indispensável.




terça-feira, 27 de agosto de 2024

OUVINDO BENVENUTO CELLIN; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Artista talentoso, personalidade exaltada, o florentino Benvenuto Cellini viveu 71 anos na sua encarnação no século XVI. Ao longo do tempo, inspirou com sua existência tumultuada vários escultores, pintores, compositores e literatos. Entre suas obras mais conhecidas está a Estatua em Bronze de Perseu segurando a cabeça da Medusa, exposta em Florença, sua cidade natal e a escultura O Crucifixo, em mármore. Aventureiro construiu uma biografia em que se incluem homicídios pelos quais teria sido responsável, e, inúmeros casos amorosos com varias de suas modelos. Escritor, publicou um TRATADO sobre OURIVESARIA, outro sobre ESCULTURA, além de um livro de memórias intitulado VITA, em que reconstitui sua existência. Nele, o relato de uma cena de feitiçaria e de endemoniação no Coliseu, em Roma, de que teria tomado parte. A prática teria sido executada por um sacerdote siciliano, de espírito muito fino, profundamente versado em letras gregas e latinas que conhecera numa estrada esquisita, e, que certa vez, lhe falara sobre suas atividades de necromancia, tema que sobre o qual sempre tivera a maior curiosidade. Convidado para uma dessas reuniões para qual o sacerdote trouxera perfumes preciosos, drogas fétidas e fogo, após uma abertura viu-se, levado pela mão, dentro de um círculo, com outras pessoas. O dirigente, entregando um talismã a um dos participantes, pôs-se a fazer conjurações durante mais de uma hora e meia, após o que o Coliseu encheu-se de legiões de Espíritos Infernais, sugeriu-lhe: -“Benvenuto, pede-lhes alguma coisa”. Respondi-lhes que desejava que eles me reunissem à siciliana Angélica, sua paixão do momento. Depois de diferentes relatos mais ou menos ligados ao precedente, Benvenuto conta como, passados 30 dias, prazo fixado pelos demônios, ele encontrou sua Angélica. Certamente motivado pela descrição de registro feita três séculos antes do surgimento do Espiritismo, Kardec, autorizado e ajudado pelo dirigente espiritual das reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, buscou ouvir o renomado artista, na reunião de 11 de março de 1859, conforme reproduzido na REVISTA ESPÍRITA, de abril de 1859. A entrevista de mais de trinta perguntas, revela o seguinte: 1- Lembrava-se da existência que passara na Terra entre 1500 e 1571 apesar de ter tido outras existências corporais em vários mundos. 2- Sentia-se muito satisfeito com a posição ocupada atualmente, que, embora não fosse um trono, o colocava sobre mármores. 3- Permanecera errante alguns anos, trabalhando em si mesmo. 4- Que voltara poucas vezes a Terra. 5- Que assistira várias vezes à história em que figurara, sentindo-se satisfeito como Cellini, mas, pouco como Espírito que pouco progredira. 6- Não tivera outras encarnações na Terra antes da conhecida, tendo outras ocupações muito diferentes das que aqui desenvolveu. 7- Que habitava atualmente um mundo desconhecido e não visível da Terra, do ponto de vista físico, marcado pela beleza plástica, dada a harmonia perfeita de todas as suas linhas, rodeado de perfumes que, aspirados, provocam o bem estar físico, satisfazendo as necessidades pouco numerosas a que estão sujeitos; e, do ponto de vista moral, a perfeição é menor, pois, ali ainda podem ver-se consciências perturbadas e Espíritos dedicados ao mal, não sendo a perfeição, mas, o caminho para ela. 8- Lá também trabalha com as artes. 9- Sobre a veracidade das cenas sobre necromancia descritas no seu livro, disse que o necromante era um charlatão, ele um romancista e Angélica sua amante. 10- Sobre a origem de seu sentimento para a arte, confirmou ser fruto de um desenvolvimento anterior, pois durante muito tempo fora atraído pela poesia e pela beleza da linguagem, prendendo-se na Terra à beleza da reprodução e, no mundo em que vivia, ocupava-se à beleza como invenção. 11- Quanto à sua habilidade como estrategista militar revelada na defesa do Castelo de Santo Ângelo a pedido do Papa Clemente VII, revelou que tinha talento e sabia aplica-lo, visto que em tudo é necessário discernimento, sobretudo na arte militar de então. 12- Solicitado a aconselhar aos artistas que buscam seguir suas pegadas, disse que, mais do que fazem e do que ele fez, que busquem a pureza verdadeira beleza. 13- Se poderia guiar um médium na execução de modelagens garantiu que sim, preferindo um com inclinações artísticas, merecendo esta resposta, a seguinte observação de Kardec: -“Prova a experiência que a aptidão de um médium para tal ou qual gênero de produção depende de flexibilidade que apresenta ao Espírito, abstração feita do seu talento (...). Entretanto, veem-se médiuns que fazem coisas admiráveis, apesar de lhes faltar noções sobre o que produzem, o que se explica por uma aptidão inata, devida, sem dúvida, a um desenvolvimento anterior ( em outra encarnação), do qual conservam apenas a intuição”.


Anderson Lima, pergunta o seguinte: “Quando a gente se arrepende de um erro que cometeu e nunca mais vem a cometer esse mesmo erro mas, ao contrário, procuramos corrigir esse defeito, essa mudança já não é suficiente para merecer o perdão de Deus?”

A Lei de Deus é perfeita e, assim sendo, ela abarca cada um de nossos atos de uma forma plena, considerando-o de todos os ângulos possíveis, e isso já não acontece com a lei humana. Vamos dar um exemplo . Um homem agride violentamente outro homem e é flagrado pela lei. Indiciado, julgado, a justiça o condena à a uma pena que ele acaba cumprindo. Independente da pena sofrida, a vítima resolve processá-lo judicialmente e ele terá que pagar uma soma em dinheiro pelo prejuízo causado.

Vamos supor que o autor do delito realmente cumpra a pena que lhe foi imposta e pague a indenização que a lei estabeleceu. Diante disso, ele fica quite com a lei humana e não tem mais o que pagar. No entanto, o homem, que foi vítima da agressão, apesar da aplicação da justiça humana, permanece odiando seu agressor. Mesmo depois da morte, ele leva esse ódio consigo, pois não consegue o esquecer o mal que o adversário lhe causou, por causa da dor moral que atormenta sua alma. Mais cedo ou mais tarde, ele resolver vingar-se ou fazer justiça com as próprias mãos.

Neste caso, embora tudo tenha se resolvido à luz da justiça humana com o cumprimento da pena e o pagamento da indenização, ainda restou muita coisa para ser resolvida ante a Justiça Divina. Isso quer dizer que, no campo do sentimento, o caso não ficou resolvido. Ainda há algo a fazer para que ocorra a chamada reconciliação entre adversários. Foi por isso que Jesus recomendou que nos reconciliássemos com o nosso desafeto enquanto estamos a caminho com ele. Assim, é possível que o agressor venha a se arrepender do que fez, mas, ao que tudo indica, ele não resolveu o principal da questão, não se reconciliou com aquele a quem ofendeu e não recebeu seu perdão.

Portanto, Anderson, em Doutrina Espírita aprendemos que a solução definitiva de um problema dessa ordem requer não só o arrependimento, mas também a reparação e, por último, a reconciliação que necessariamente deverá ocorrer um dia. E, no exemplo citado, embora tivesse havido uma tentativa de reparação material com o pagamento da indenização, a maior das reparações não é reparação dos prejuízos materiais, mas é a reparação moral, que é bem mais complicada. A vítima tornou-se um inimigo ameaçador e o agressor passou a ser perseguido pelo seu ódio.

A reparação e a reconciliação vêm depois do arrependimento. Ela serve para reaproximar agressor e vítima em termos de sentimento. Se isso não for possível numa existência e o ofendido relutante desencarnar antes do ofensor, ele poderá vir a obsidiá-lo, na tentativa de prejudicá-lo, simplesmente porque se sente ferido em seu orgulho e que não aceita perdoá-lo. Se mais essa tentativa ainda não der certo, vítima e réu ainda poderão se encontrar numa próxima encarnação, muitas vezes dentro da mesma família, como pai e filho por exemplo, a fim de, esquecendo o passado, tenham chance de refazer suas relações.

Desse modo, Anderson, a principal questão não é tanto a de ordem material, mas a de ordem espiritual. É aqui que entram as duas questões: a da culpa do agressor e a da mágoa do agredido. Talvez, o fato de se encontrarem numa situação de conflito possa ajudá-los a se reencontrar consigo mesmos e um com o outro, procurando desfazer a contenda para que ela se transforme em conciliação e aceitação fraterna. Logo, embora o arrependimento seja importante, ele não basta por si só. Sem a reparação moral, na verdade, o problema não fica resolvido.



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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL - O QUE É; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Advertem os Espíritos devotados ao Bem que a influência espiritual é coisa corriqueira na sociedade em nossa Dimensão na atualidade. O Espiritismo pela essência de sua constituição detém muitas informações sobre o tema. Do repertório extraordinário por ele disponibilizado desde seu surgimento, destacamos algumas questões que fazem parte do vídeo OBSESSÃO – as respostas que o Espiritismo dá inserido no YOUTUBE. Vamos a elas: Todos estão então sujeitos ao assédio e influência obsessiva? Os Espíritos não são iguais nem em poder, nem em conhecimento, nem em sabedoria. Como não passam de almas humanas desembaraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade de tipos maior que a que encontramos entre os homens da Terra. Estamos incessantemente cercados por uma nuvem de Espíritos que nem por serem invisíveis aos nossos olhos materiais deixam de estar no espaço, em redor de nós, ao nosso lado, espiando os nossos atos, lendo nossos pensamentos, uns para nos fazer bem, outros para nos fazer mal, segundo os Espíritos bons ou maus. Pela inferioridade física e moral de nosso Globo na hierarquia dos mundos, os Espíritos inferiores aqui são mais numerosos que os superiores. (RE; 10/1858) Os maus Espíritos só se dirigem àqueles a quem sabem poder dominar e não àqueles a quem a superioridade moral – não dizemos intelectual, encouraça contra os ataques. (RE; 5/1863) O que é auto-obsessão? A memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e ouvimos. Por intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos. Não importa o tempo que mantenhamos o remorso a distância. Cada pensamento de indignação das vítimas que se faz nas vivências que se tem, circula na atmosfera psíquica do agressor, esperando ensejo de fazer-se sentir. Além disso, com a maneira cruel de proceder, atrai-se a convivência constante de entidades de péssimo comportamento que vão lhe arruinando o teor da vida mental, até que o remorso abra brecha na fortaleza em que o agressor se entrincheira. As forças acumuladas dos pensamentos destrutivos que a pessoa provoca sobre si mesma, através da conduta irrefletida a que se entrega levianamente, libertas de súbito pela aflição e pelo medo, quebram a fantasiosa resistência orgânica, quais tempestades que se sucedem furiosas. Sobrevindo a crise, energias desequilibradas da mente em desvario vergastam os delicados órgãos do corpo físico. Os mais vulneráveis sofrem consequências terríveis. (L; 11) Obsessão e Vampirismo Espiritual são a mesma coisa? A perda do veículo físico na deficiência espiritual em que se encontram os viciados (químicos ou sensoriais como no campo do sexo), deixam o Espírito integralmente desarvorado, como naufrago dentro da noite. Sintoniza-se com o organismo da criatura com que se afinisa a quem passa a obsediar, nela encontrando novo instrumento de sensação, vendo por seus olhos, ouvindo por seus ouvidos, muitas vezes falando por sua boca, vitalizando-se com os alimentos comuns consumidos pela vítima. Nessa simbiose vivem ambos, por vezes, por anos seguidos, requerendo para se curar das fobias que se refletem da mente do obsessor, sejam afastados os fluidos que envolvem o obssediado, assim como a coluna, abalada pelo abraço constringente da hera reclama limpeza em favor do reajuste. (NDM; 6) Um Espírito bom pode obsediar alguém? A obsessão não pode jamais ser o efeito causado por um bom Espírito. A questão essencial é saber reconhecer a natureza daqueles que se apresentam. O conhecimento prévio dos meios de distinção dos bons Espíritos e dos maus é, portanto, indispensável. É importante para o simples observador que pode, por esse meio, apreciar o valor do que vê, lê ou escuta. (OQE; 77)


Pergunta da Maria de Lourdes Meirelles do Jardim dos Eucaliptos: “Gostaria de saber se o Espirito protetor já está com a gente desde o nascimento”.

JBC - Lourdes, o tema “Anjos Guardiães, Espíritos Protetores, Familiares ou Simpáticos” está desenvolvido n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões de 489 a 521. A pergunta que você faz refere-se à questão 492, que diz o seguinte: “O Espírito protetor liga-se ao indivíduo depois do seu nascimento? Resposta: “Depois de seu nascimento até à morte e, frequentemente, o segue depois da morte na vida espírita, e mesmo em várias existências corporais, porque essas existências são apenas fases bem curtas com relação à vida do Espírito”.

Cremos, com isso, ter respondido à sua dúvida. Mas, diante da importância da pergunta, gostaríamos de dizer que o chamado Espírito Protetor, também conhecido como Anjo da Guarda ou Espírito guia, é um Espírito de uma ordem mais elevada do que a do protegido, que assume o compromisso de acompanha-lo e guiá-lo dentro do plano de vida de cada encarnação. A questão 491 afirma que a sua missão é a de um pai sobre o filho para guia-lo no caminho do bem.

André Luiz, através de suas obras, nos dá uma ideia mais concreta de seu papel, mostrando que se trata de um Espírito mais esclarecido, mais elevado moralmente, que assume um compromisso com aquele que vai reencarnar, a fim de facilitar-lhe o caminho, mantendo-o mais ou menos informado de como desenvolver sua jornada. Encarnado, o Espírito não tem consciência dessa proteção, mas pode dela desfrutar através de intuições que recebe naturalmente durante o estado de vigília e mais frequentemente durante o sono.

A ação do protetor, no entanto, não é a de quem vai proteger o encarnado de todos os perigos, livrando-o de todos os males. Não. Ele é mais um pai ou um professor, que tenta ajuda-lo a tomar decisões mais adequadas às suas necessidades. Isso quer dizer, que dependendo da resistência do encarnado, ele nem sempre consegue esse objetivo e, por vezes, quando o protegido se desvia muito do caminho, o protetor pode se afastar; não porque ele quer assim, mas porque se sente destituído de suas funções.

Uma outra ideia errônea a respeito do protetor é que ele estaria presente na vida do protegido 24 horas por dia. Não, não é assim. Ele, na verdade, é mais um orientador ou um conselheiro do que um protetor, no sentido estrito da palavra. Ele sugere caminhos, mas não determina e nem obriga seu protegido a segui-lo, pois o protetor, sendo um Espírito mais elevado, ele respeita o livre arbítrio do protegido e até seu direito de errar. Muitas vezes é preciso errar, sofrer as desagradáveis consequências do erro, para aprender e decidir por um caminho melhor.

A ação do protetor se parece muito com a ação dos pais em relação aos seus filhos. Quando o filho é ainda criança e indefesa, a proteção é maior e quase total, mas à medida que ele cresce e se desenvolve, que adquire inteligência e autonomia, os pais vão se afastando, sem deixar de acompanha-lo a vida toda. Logo, o protetor não tem necessidade de estar constantemente com seu protegido, considerando ainda que ele pode ajudá-lo à distância.

O protetor pode livrar o protegido de um acidente, por exemplo? É uma pergunta que sempre aparece no programa. Isso por vezes pode acontecer, mas depende muito da especificidade de cada caso e de cada situação. No entanto, como sua ação é muito sutil e invisível, quase sempre o protegido nem percebe que se livrou do perigo com ajuda espiritual, pois a ação do protetor, quase sempre, é pela intuição que dá ao protegido para fazer ou não fazer tal coisa, para passar ou não passar por determinado lugar.

Se o acidente foi produto de negligência, falta de habilidade ou imprudência por parte do protegido, por exemplo, muitas vezes ele se torna inevitável, por falta de condições de alertar o protegido ou mesmo porque o protegido precisa sentir os efeitos de suas fraquezas morais ou de sua falta de habilidade para viver melhor, a fim de que disso resulte uma lição de vida. O segredo está em estarmos ligados ao protetor por sintonia de pensamento e isso se dá através da prece mas, principalmente, por meio de nossa boa conduta diária.


sábado, 24 de agosto de 2024

DOENÇAS CAUSADAS POR CONTAMINAÇÃO FLUÍDICA; EM BUSCA DA VERDADE COPM O PROFESSOR

 

Revelando que além de doenças típicas do corpo frágil em que vivemos (causadas por excessos, falta de higiene, etc, )existirem as originadas no corpo espiritual – ou períspirito - ou no próprio Espírito repercutindo reflexos de vidas passadas, o Espiritismo propõem também das enfermidades resultantes das influências fluídicas. No número de março de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec comenta o tema escrevendo: -“Certas afecções, mesmo muito graves e passadas ao estado crônico, não têm como causa primeira a alteração das moléculas orgânicas, mas a presença de um mau fluido que, a bem dizer, as desagrega, perturbando a sua economia. Sucede aqui como num relógio, em que todas as peças estão em bom estado, mas cujo movimento é parado ou desregulado pela poeira; nenhuma peça deve ser substituída e, contudo, ele não funciona; para restabelecer a regularidade do movimento basta expurgar o relógio do obstáculo que o impedia de funcionar. Tal é o caso de grande número de doenças, cuja origem é devida aos fluidos perniciosos de que é penetrado o organismo. Para obter a cura, não são moléculas deterioradas que devem ser substituídas, mas um corpo estranho que se deve expulsar; desaparecida a causa do mal, o equilíbrio se restabelece e as funções retomam seu curso. Concebe-se que em semelhantes casos os medicamentos terapêuticos, destinados, por sua natureza, a agir sobre a matéria, não tenham eficácia sobre um agente fluídico; por isso a medicina ordinária é impotente em todas as moléstias causadas por fluidos viciados, e elas são numerosas. À matéria pode-se opor a matéria, mas a um fluido mau é preciso opor um fluido melhor e mais poderoso. A medicina terapêutica naturalmente falha contra os agentes fluídicos; pela mesma razão, a medicina fluídica falha onde é preciso opor a matéria à matéria; a medicina homeopática nos parece ser o intermediário, o traço de união entre esses dois extremos, e deve particularmente triunfar nas afecções que poderiam chamar-se mistas. Seja qual for a pretensão de cada um destes sistemas à supremacia, o que há de positivo é que, cada um de seu lado, obtém incontestáveis sucessos, mas que, até o presente, nenhum justificou estar na posse exclusiva da verdade; donde se deve concluir que todos têm sua utilidade, e que o essencial é os aplicar adequadamente. Não temos que nos ocupar aqui dos casos em que o tratamento fluídico é aplicável, mas da causa pela qual esse tratamento pode, por vezes, ser instantâneo, ao passo que em outros casos exige uma ação continuada. Esta diferença se prende à própria natureza e à causa primeira do mal. Duas afecções que, aparentemente, apresentam sintomas idênticos, podem ter causas diferentes; uma pode ser determinada pela alteração das moléculas orgânicas e, neste caso, é preciso reparar, substituir, como me disseram, as moléculas deterioradas por moléculas sadias, operação que só pode ser feita gradualmente; a outra, por infiltração, nos órgãos saudáveis, de um fluido mau, que lhe perturba as funções. Neste caso, não se trata de reparar, mas de expulsar. Esses dois casos requerem, no fluido curador, qualidades diferentes; no primeiro, é preciso um fluido mais suave que violento, sobretudo rico em princípios reparadores; no segundo, um fluido enérgico, mais adequado à expulsão do que à reparação; segundo a qualidade desse fluido, a expulsão pode ser rápida e como por efeito de uma descarga elétrica. O doente, subitamente livre da causa estranha que o fazia sofrer, sente-se aliviado imediatamente, como acontece na extirpação de um dente estragado. Não estando mais obliterado, o órgão volta ao seu estado normal e retoma suas funções. (...) Esta teoria pode assim resumir-se: “Quando o mal exige a reparação de órgãos alterados, necessariamente a cura é lenta e requer uma ação contínua e um fluido de qualidade especial; quando se trata da expulsão de um mau fluido, ela pode ser rápida e, mesmo, instantânea.”



As estatísticas mostram que espíritas são poucos - talvez uns 3 milhões no Brasil que é o maior país espírita do mundo. Pergunto: se o Espiritismo visa à transformação da humanidade e, até agora, só conseguiu fazer poucos adeptos, como que ele pretende atingir seu objetivo para mudar toda a humanidade?

A pergunta é interessante e nos remete à seguinte uma afirmação de Allan Kardec: "O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento”.

O que isso quer dizer? Quer dizer que não é uma doutrina, como o Espiritismo, que será responsável pela melhoria moral do homem e da sociedade. O Espiritismo veio trazer a sua contribuição através de um chamamento, mas não de um chamamento qualquer. Ele veio reviver o que Jesus ensinou há dois mil anos e que, até agora, não foi aprendido. Só que, desta vez, buscando na filosofia e na ciência o apoio necessário para essa mensagem possa ser mais bem assimilada pelo homem da atualidade.

Buscando atingir a compreensão do indivíduo, como Jesus fez o seu tempo – ensinando a existência de Deus, a imortalidade da alma e a reencarnação - o Espiritismo vem contribuir com uma nova ordem de ideias que, inicialmente, será assimilada por pessoas e depois, em novas e sucessivas fases, pelas comunidades, pelas nações e pela humanidade toda. Mas é bom que fique claro que não apenas o Espiritismo que se propõe à melhoria moral da humanidade, mas o Espiritismo se colocará ao lado de todo movimento que visar o mesmo objetivo.

Num segundo momento, podemos dizer que não sendo uma doutrina salvacionista e tampouco sectária – ou seja, não pregando uma salvação fácil e tampouco se esforçando por converter adeptos de outras doutrinas – o Espiritismo só está interessado em que o ser humano se torne melhor, escolhendo seu próprio caminho. Mas, a partir do momento em que seus argumentos são assimilados, suas ideias se propagam com mais facilidade e vão influindo outras doutrinas, ajudando-as a encontrar o caminho que Jesus apontou.

É justamente o que vem acontecendo. Desde de sua codificação suas ideias estão sendo divulgadas, as religiões e as doutrinas filosóficas estão ficando mais próximas de seus princípios que se difundem pelo mundo, fazendo com que o ser humano cada vez mais se convença de que a única forma de conquistar a paz no mundo é através da vivência do amor, que o Espiritismo proclama insistentemente.

Allan Kardec afirmou, em a GÊNESE, que é o amadurecimento espiritual da humanidade que vai promover a renovação social. Isso quer dizer que, a partir das ideias básicas e universais, o ser humano vai aos poucos se convencendo da forma pela qual o Espiritismo proclama a doutrina de Jesus. Veja que responsabilidade têm os espíritas neste sentido, pois a propagação de suas ideias depende da força moral que os espíritas devem impor através de sua conduta. Mudando o homem, muda a sociedade, e é nisso que o Espiritismo acredita.