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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

A RESPOSTA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Algumas pessoas contestam a doutrina da reencarnação, como contrária aos dogmas da Igreja, concluindo que a mesma não existe. Que é que se pode responder? A resposta, certamente procurada por muitos, pode ser encontrada no número de dezembro de 1862, em que Allan Kardec inclui interessante comentário resultante da carta recebida do amigo de um socialista francês da primeira parte do Século 19, desencarnado em 1837, François Marie Charles Fourier, e que elaborara uma teoria que, segundo o missivista, encontrara também na Doutrina Espírita. Na sua missiva resumindo alguns dos principais pontos da visão de Fourier, o remetente comenta também que encontrara a mesma visão num opúsculo elaborado pelo redator do jornal Siècle, Sr Louis Jordan publicado pela primeira vez em 1849 antes, portanto, que se cogitasse do Espiritismo, revelando, uma perfeita intuição desta lei da natureza tão esquecida até o surgimento do Espiritismo. Escreveu Kardec: -“A resposta é muito simples. A reencarnação não é um sistema que dependa dos homens adotar ou não, como se faz com um sistema político; é uma lei inerente à Humanidade, como comer, beber e dormir; uma alternativa da vida da alma como a vigília e o sono são alternativas da vida do corpo. Se é uma lei da natureza, não é uma opinião contrária que se a possa impedir de ser. A Terra não gira ao redor do Sol porque se o acredite, mas porque obedece a uma lei; e os anátemas que foram lançados contra esta lei não impediram que a Terra girasse. Assim, como a reencarnação: não será a opinião de alguns homens que os impedirá de renascerem, se tiverem que renascer. Admitido que a reencarnação é uma lei da natureza, suponhamos que ela não possa acomodar-se com um dogma: trata-se de saber se a razão está como dogma ou com a lei. Ora, quem é o autor da lei da natureza, senão Deus? No caso, direi que não é a lei que contraria o dogma, mas o dogma que contraria a lei, desde que qualquer lei da natureza é anterior ao dogma e os homens renasciam antes que o dogma fosse estabelecido. Se houvesse incompatibilidade absoluta entre um dogma e uma lei da natureza, isto seria a prova de que o dogma é obra dos homens, que não conheciam a lei, pois Deus não pode contradizer-se, desfazendo de um lado aquilo que fez do outro. Sustentar essa incompatibilidade é, pois, fazer o processo do dogma. Segue-se que o dogma é falso? Não, mas apenas que é suscetível de uma interpretação, como foi interpretada a Gênese, quando se reconheceu que os seis dias da Criação não se acomodavam com a lei da formação do Globo. A religião ganhará com isso, pois haverá menos incrédulos. A questão é saber se existe ou não a reencarnação. Para os espíritas há milhares de provas contra uma que é inútil repetir. Direi apenas que o Espiritismo demonstra que a pluralidade de existências não só é possível, mas necessária, indispensável; e ele encontra a sua prova, sem falar da revelação dos Espíritos, numa incalculável multidão de fenômenos de ordem moral, psicológica e antropológica. Tais fenômenos são efeitos que tem uma causa. Buscando-se a causa, encontramo-la na reencarnação, posta em evidência pela observação daqueles fenômenos, como a presença do Sol, embora oculto pelas nuvens, é posta em evidência pela luz do dia. Para provar que está errada, ou que não existe, seria preciso explicar melhor, por outros meios, tudo o que ele explica o que ninguém ainda fez. Antes da descoberta das propriedades da eletricidade, se alguém tivesse anunciado que poderia em cinco minutos corresponder-se a quinhentos quilômetros, não teriam faltado cientistas que lhe provassem cientificamente, pelas leis da mecânica, que a coisa era materialmente impossível, pois não, pois não conheciam outras leis. Para tanto havia necessidade da revelação de uma nova força. Assim com a reencarnação. É uma nova lei, que vem lançar luz sobre uma porção de questões obscuras e modificará profundamente todas as ideias quando for reconhecida. Assim, não é a opinião de alguns homens que prova a existência da lei: são os fatos. Se invocamos o seu testemunho, é para demonstrar que ela tinha sido entrevista e suspeitada por outros, antes do Espiritismo, que não é seu inventor, mas a desenvolveu e lhe deduziu as consequências”.



Luciane Rodrigues nos enviou mensagem pelo whatsapp perguntando como o Espiritismo vê os casos de pessoas com duas personalidades.

Luciane, a Psicologia Clínica tem abordado os chamados casos de “dupla ou múltipla personalidade” apenas do ponto de vista materialista, sem qualquer conotação espiritual. São casos em que uma determinada pessoa, ora se apresenta com um modo próprio de ver o mundo e de agir, ora com outro completamente diferente, de tal forma que é possível reconhecer que uma personalidade não é outra, tão distintas elas são e que, às vezes, podem ser até mais de duas.

Evidentemente, a ciência, pelo enfoque dá e pelos instrumentos de estudo de que se utiliza, está longe de se aprofundar no conhecimento da alma humana e, por enquanto, ela trabalha com hipóteses reducionistas que, às vezes, podem explicar certos quadros patológicos ou doenças mentais no todo ou em parte. Mas a Doutrina Espírita tem uma explicação mais ampla. Para o Espiritismo o leque de explicações, portanto é maior, uma vez que consideramos que não somos apenas corpo, mas sobretudo espírito, e que há possibilidade de intervenção de Espíritos desencarnados em nossa mente.

Na verdade, o Espiritismo nunca pode descartar a possibilidade de distúrbios psíquicos que podem causar um tipo de dissociação da mente. Isto quer dizer que, na profundidade de nosso ser, há disposições para assumirmos outras personalidades, como forma de fuga de situações estressantes, traumas e enfrentamento de problemas. Existem, sim, o que geralmente se chama “doenças ou transtornos mentais”, objeto do estudo da Neuropsiquiatria.

Onde, portanto, estariam as bases desse problema de dupla personalidade? Certamente no passado, desta ou de outras encarnações, que levam ao indivíduo a buscar apoio inclusive em personalidades que ele próprio já teve em vidas passadas. Isso pode acontecer quando um problema é demais para que encontre uma saída e, como não consegue, uma personalidade emerge de seu inconsciente para dar-lhe apoio ou mesmo para ajudá-lo a fugir da situação. Ainda aqui teríamos um caso de animismo, ou seja, sem intervenção de Espíritos desencarnados.

Há, porém, os casos de obsessão espiritual que, quando atinge um nível muito profundo de comprometimento do encarnado com o desencarnado, este às vezes pode se manifestar de uma forma ostensiva, afastando a personalidade do encarnado, seja no sentido de ajuda-lo, seja para prejudica-lo.

Contudo, não podemos ignorar que, mesmo sendo um caso de obsessão - ou atuação ostensiva de um Espírito – a mente do encarnado participa com a maior parte. O Espírito, nas condições em que nos encontramos na Terra, pode dissimular, fingir, recorrer a fantasias ou disfarçar a própria maneira de ser, mesmo que o faça inconscientemente, como forma de defesa ou de obtenção de seus objetivos.

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