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sábado, 17 de agosto de 2024

KARDEC, A FATALIDADE E A NUMEROLOGIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Questionado sobre o numero sete e sua recorrência no ensino das tradições sagradas do Cristianismo, o Espírito Emmanuel, através de Chico Xavier disse na resposta à pergunta 142 do livro O CONSOLADOR (1940, feb), “uma opinião isolada nos conduzirá a muitas análises nos domínios da chamada numerologia, fugindo ao escopo de nossas cogitações espirituais. Os números, como as vibrações, possuem a sua mística natural, mas, em face de nossos imperativos de educação, temos de convir que todos os números, como todas as vibrações, serão sagrados para nós, quando houvermos santificado o coração para Deus, sendo justo, nesse particular, copiarmos a antiga observação do Cristo sobre o sábado, esclarecendo que os números foram feitos para os homens, porém, os homens não foram criados para os números”. A propósito, Allan Kardec já havia se pronunciado a respeito, em longo artigo incluído na REVISTA ESPÍRITA, edição de julho de 1868, intitulado A CIÊNCIA DA CONCORDÂNCIA DOS NÚMEROS E A FATALIDADE. Dizendo não ter ainda se dedicado mais demoradamente sobre o assunto, reconhecendo existirem casos sugestivos sobre concordâncias singulares e as datas de certos acontecimentos, não ver razão para tal coincidência e que, “porque não se compreende uma coisa, não é motivo para que ela não exista”, visto “o que hoje é utopia, poderá ser verdade amanhã”. Considerando a proporcionalidade da Lei das Probabilidades, em suas considerações finais, acrescenta: “-Tendo o homem o livre arbítrio, em nada entra a fatalidade em suas ações individuais; quanto aos acontecimentos da vida privada, que por vezes parecem atingi-lo fatalmente, tem duas fontes bem distintas: uns são consequência direta de sua conduta na existência presente; muitas pessoas são infelizes, doentes, enfermas por sua falta; muitos acidentes são resultado da imprevidência; ele não pode queixar-se senão de si mesmo e não da fatalidade ou, como se diz, de sua má estrela. Os outros são inteiramente independentes da vida presente e parecem, por isto mesmo, devidos a uma certa fatalidade. Mas, ainda aqui o Espiritismo nos demonstra que essa fatalidade é apenas aparente, e que certas posições penosas da vida tem sua razão de ser na pluralidade das existências. O Espírito as escolheu voluntariamente na erraticidade, antes de sua encarnação, como provações para o seu adiantamento. Elas são, pois, produto do livre arbítrio, e não da fatalidade. Se algumas vezes são impostas, como expiação, por uma vontade superior, é ainda por força das más ações voluntariamente cometidas pelo homem em existência precedente, e não como consequência de uma lei fatal, pois que ele poderia ter evitado, agindo de outro modo. A fatalidade é o freio imposto por uma vontade superior à sua, e mais sábia que ele, em tudo o que não é deixado à sua iniciativa. Mas ela jamais é um entrave no exercício de seu livre arbítrio, no que toca as suas ações pessoais. Ela não pode impor-lhe nem o mal, nem bem; desculpar uma ação má qualquer pela fatalidade ou, como se diz muitas vezes, pelo destino, seria abdicar o julgamento de Deus, que lhe deu, para pesar o pró e o contra, a oportunidade ou inoportunidade, as vantagens e os inconvenientes de cada coisa. Se um acontecimento está no destino de um homem, realizar-se-á a despeito de sua vontade, e será sempre para o seu bem; mas as circunstâncias da realização, dependem do emprego que ele faça de seu livre arbítrio, e muitas vezes ele pode voltar em seu prejuízo o que poderia ser um bem, se agir com imprevidência, e se se deixar arrastar por suas paixões. Ele se engana mais ainda se toma o seu desejo ou os desvios de sua imaginação por seu destino”.




Natália, pergunta. “Depois que entrei na faculdade, despertei a atenção para o meu lado racional e muito daquilo, em que eu acreditava antes, não acredito mais. Eu pergunto o seguinte: de onde vêm nossas crenças? Da sociedade? Da Família? Por que tudo mundo tem que crer na mesma coisa? As crenças não podem ser diferentes? Por que nossos pais insistem que precisamos acreditar no que eles acreditam”?

Natália, isso, que está acontecendo com você, acontece com grande parte dos jovens quando entram para a universidade. É uma condição própria da maioria das pessoas, que foram educadas para ter uma determinada crença e pautar suas vidas em cima dos valores morais e religiosos que os pais lhes ensinaram. Quando a ação dos pais é muito intensa e envolvente, a criança se entrega totalmente ao que lhe passaram, mas, dependendo do tipo de crença que lhe é passado, ela pode sofrer um grande impacto emocional ao tomar contato com outras formas de crer, principalmente quando entra num curso superior.

É quando surgem os conflitos entre o jovem e a família, principalmente em matéria de religião, porque, então, o jovem percebe que existem outras crenças e que, agora, ele pode pensar pela própria cabeça e escolher aquela que mais atende às suas aspirações. Mas, quando esses pais usam mais o bom senso no encaminhamento dos filhos, eles se acautelam desde cedo contra essa situação e dão um pouco mais de liberdade para os filhos aprenderem a tirar conclusões, ou, por outra, não lhes passam um pensamento religioso ou moral tão estreito, tão fechado, a ponto de mantê-los com o pensamento encarcerado.

Evidentemente, nossos pais querem o melhor para nós e o que fazem é sempre para o nosso bem. Mas isso não quer dizer que vamos ter que concordar sempre com eles ou que eles estejam sempre certos, pois, ao nos tornar adultos, passamos a pensar pela nossa própria cabeça e descobrimos que ninguém é dono exclusivo da verdade. Mas devemos respeitar nossos pais, devemos amá-los como eles são, e saber como lidar com tais divergências sem causar maiores problemas.

Como Espíritos, que somos, a nossa tendência é sempre construir o próprio caminho a partir do rico tesouro de amor e de orientação que os pais nos dão. Mas não devemos nos precipitar muito. Avançar sim, mas com a devida cautela, porque, para o jovem que desperta sua atenção para um horizonte mais amplo da vida, muita luz pode ofuscá-lo, razão pela qual o mais prudente é ir devagar, analisar com mais cautela e não se deixar levar pela vaidade e pelo orgulho que costumam nos assaltar quando descobrimos que podemos mais do que imaginávamos.

É claro que a liberdade de pensamento é um direito natural de todo ser humano, e é nesse sentido que estamos caminhando, mas de tal sorte que as diferenças não constituam motivo de separação, mas sim de união de esforços para um objetivo comum, o bem de todos. O nosso grande desafio, neste início de século XXI, é saber conviver com os desiguais, valorizar a liberdade pessoal, defender o direito dos que não concordam conosco, se quisermos caminhar juntos na construção de um mundo melhor e de uma humanidade mais feliz.



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