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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

MARCADO PARA ACONTECER ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Especialmente quando acontecem grandes tragédias, a imprensa costuma expor depoimentos de pessoas que afirmam ter sonhado antecipadamente ou tido “insights” desses eventos tão impactantes na opinião publica. Tal fato não é peculiar de nossa época e a prova disso encontramos na seção Questões e Problemas do número de junho de 1866 da REVISTA ESPÍRITA. Nela, Allan Kardec reproduz a resposta do Espírito Dr Demeure, obtida na reunião de 13 de maio daquele ano, através do médium o Sr. Tail, à pergunta “Quando alguma coisa é pressentida pelas massas, geralmente, se diz que está no ar. Qual a origem desta expressão?”. Explica o Espírito: “- Esse pressentimento geral à aproximação de algum acontecimento grave tem duas causas: a primeira vem das massas inumeráveis de Espíritos que incessantemente percorrem o Espaço e que tem conhecimento das coisas que se preparam. Em consequência de sua desmaterialização, estão mais em condições de seguir seu desenrolar e prever seu desfecho. Estes Espíritos, incessantemente roçam a Humanidade, comunicando-lhe seus pensamentos pelas correntes fluídicas que ligam o Mundo corporal ao Espiritual .Apesar de não verdes, seus pensamentos vos chegam como o aroma das flores ocultas na folhagem e os assimilais inadvertidamente. O ar está literalmente sulcado por essas correntes fluídicas, que, por toda parte, semeia más ideias, de tal sorte que a expressão está no ar não é só uma imagem, mas positivamente verdadeira. Certos Espíritos são mais especialmente encarregados pela Providência de transmitir aos homens o pressentimento das coisas inevitáveis, visando lhes dar um secreto aviso, cumprindo essa missão espalhando-se entre eles. São como vozes íntimas, que retinem no seu íntimo. A segunda causa deste fenômeno, está no desprendimento do Espírito encarnado, durante o repouso do corpo. Nesses momentos de liberdade, se mistura aos Espíritos similares, aqueles com os quais há mais afinidade; impregna-se de seus pensamentos, vê o que não pode ver com os olhos do corpo, relata sua intuição ao despertar, como de uma ideia toda pessoal. Isso explica como a mesma ideia surge ao mesmo tempo em cem pontos diversos e em milhares de cérebros. Como sabeis, certos indivíduos são mais aptos que outros para receber o influxo espiritual, quer pela comunicação direta dos Espíritos estranhos, quer pelo desprendimento mais fácil de seu próprio Espírito. Muitos gozam, em graus diversos, da segunda vista, ou visão espiritual, faculdade muito mais comum que pensais, e que se revela de mil maneiras; outros conservam uma lembrança mais ou menos nítida do que viram em momentos de emancipação da alma. Em consequência desta aptidão, tem noções mais precisas das coisas; não sendo neles um simples pressentimento vago, mas a intuição, e nalguns, o conhecimento da própria coisa, cuja realização preveem e anunciam. Se se lhes pergunta como sabem, o maior numero deles não saberia explicar-se: uns dirão que uma voz interior lhes falou, outros que tiveram uma visão reveladora; outros, enfim, que o sentem sem saber como. Nos tempos da ignorância, e aos olhos das pessoas supersticiosas, passam por adivinhos e feiticeiros, quando são apenas pessoas dotadas de uma mediunidade espontânea e inconsciente, faculdade inerente à natureza e que nada tem de sobrenatural, mas que não podem compreender os que nada admitem fora da matéria. Essa faculdade existiu em todos os tempos, mas é de notar que se desenvolve e multiplica sob o império das circunstâncias, que dão um aumento de atividade ao Espírito, nos momentos de crise e à aproximação dos grandes acontecimentos. As revoluções, as guerras, as perseguições de partidos e seitas, sempre fizeram nascer um grande número de videntes e inspirados, qualificados de iluminados”. Num breve comentário, Kardec pondera: “-As relações do Mundo Corporal e Do Mundo Espiritual nada tem que admire, se se considerar que esses dois mundos são formados dos mesmos elementos, isto é, dos mesmos indivíduos, que passam alternadamente de um ao outro. Tal como é hoje entre os encarnados da Terra, será amanhã entre os desencarnados do Espaço, e, reciprocamente. O Mundo dos Espíritos não é, pois, um mundo à parte. É a Humanidade mesma, despojada de seu invólucro material, e que continua sua existência sob uma nova forma e com mais liberdade. As relações desses dois mundos, de contatos incessantes, fazem parte, pois, de Leis naturais. A ignorância da Lei que os rege foi a pedra de tropeço de todas as filosofias. É por falta de seu conhecimento que tantos problemas ficaram insolúveis. O Espiritismo que é a ciência, dessas relações, dá a única chave que os pode resolver”.



Veio do Antonio Carlos Ioppe, a seguinte questão. Ele quer saber o que o Espiritismo pensa sobre cartomancia.

Cartomancia, como todos sabem, é a leitura da vida ou da sorte das pessoas através de cartas de baralho. Trata-se de uma prática muito antiga, que se reporta a mais de mil anos, conforme relatos. Segundo os cartomantes a leitura das cartas se faz através de significados especiais que se lhe atribuem e da combinação dos vários significados entre elas.

Primeiramente devemos deixar claro que não faz parte da prática espírita ocupar-se de revelações dessa natureza. Logo, o Espiritismo não usa cartas e nem qualquer objeto ou ritual com o fito de fazer revelações ou impressionar. Quando o espírita, mesmo sendo um médium, atende a uma pessoa para ajudá-la, não o faz com o objetivo de lhe trazer revelações extraordinárias, nem quanto ao seu passado e muito menos quanto ao seu futuro, porque essa não é a finalidade da doutrina.

O papel do Espiritismo (e isso está muito claro desde as obras de Allan Kardec) é, sobretudo, orientar as pessoas para os valores espirituais com base no ideal de fraternidade, para que elas encontrem maquis serenidade e possa atinar para o melhor caminho de solução. Quando, eventualmente, acontece alguma revelação a alguém que chega ao centro, essa revelação se dá pela percepção natural do médium e porque naquele momento ela é necessária. Mas fazer revelações sobre o futuro não é uma prática espírita usual.

A mediunidade é uma faculdade humana (e ela não apenas dos espíritas, mas de todo mundo) que pode proporcionar, em algumas circunstâncias, informações para ajudar a pessoa a se fortalecer, a se situar melhor na vida e a encontrar caminhos com vista à solução de problemas. Além do mais, o Espiritismo não se utiliza de nenhum objeto ou instrumento, nem de vestes ou rituais para atuar em favor daqueles que o procuram.

Quem chega ao centro espírita, buscando ajuda, vai encontrar um ambiente simples, sem ornamentos, sem cerimoniais e sem mistérios, Nada que possa impressionar, mas tudo que possa deixar a pessoa à vontade. Ela vai ouvir falar sobre a vida espiritual, sobre reencarnação, sobre a justiça divina e, principalmente, sobre o evangelho de Jesus, que nos traz tanto conforto ao coração nas horas difíceis, pois a mensagem espírita tem por objetivo levar conforto e discernimento a todos.

Quanto à prática da cartomancia, Antonio Carlos, se formos dar nossa opinião a respeito, diríamos que não são propriamente as cartas que revelam algo oculto da vida do consulente ou que possam lhe dar alguma direção. Quando isso acontece, é pela mediunidade do cartomante, e não pelas cartas em si. Como objetos inanimados as cartas não são dotadas de nenhum poder mágico, mas elas podem, em certos casos, serem manipuladas por uma pessoa dotada de uma percepção mais apurada, da qual podem surgir curiosas revelações.

No passado distante da humanidade, quando as pessoas eram mais emocionais que racionais, fraquejadas diante de situações difíceis, elas recorriam a quem prometia revelações e soluções mágicas para seus problemas e que se utilizavam de diversos rituais para fazer previsões. A leitura de cartas, portanto, podem ter se originado do ritualismo praticado pelos videntes ou médiuns, que queriam dar um ar de mistério ou de misticismo às suas sessões. 



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