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quarta-feira, 7 de agosto de 2024

O MAL INVISÍVEL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Obsessão é uma das mais importantes revelações do Espiritismo. Atinge níveis maiores do que se supõem. Na sequência Allan Kardec esclarece algumas das dúvidas mais comuns. Qual a diferença entre loucura patológica e loucura obsessional? A primeira é produzida por uma desordem nos órgãos da manifestação do pensamento. Notemos que, nesse estado de coisas, não é o Espírito que é louco: ele conserva a plenitude de suas faculdades, como o demonstra a observação; apenas estando desorganizado o instrumento de que se serve para se manifestar, o pensamento ou, melhor dito, a expressão do pensamento é incoerente. Na loucura obsessional não há lesão orgânica. É o próprio Espírito que se acha afetado pela subjugação de um Espírito estranho que o domina e comanda. No primeiro caso é preciso curar o órgão doente; no segundo basta livrar o Espírito doente do hóspede inoportuno, a fim de lhe restituir a liberdade. Casos semelhantes são muito frequentes e comumente tomam como loucura o que não se passa de obsessão, para a qual deveriam empregar-se meios morais e não duchas. Pelo tratamento físico, e, sobretudo, pelo contato dos verdadeiros alienados, muitas vezes tem sido determinada uma verdadeira loucura onde esta não existia. (RE;5/1862) Existe uma forma mais eficaz para afastar o Espírito causador do processo obsessivo? Só uma força moral pode opor-se a outra força moral e, esta não pode vir senão do acometido pelo processo obsessivo. É preciso esforçar-se por adquirir a maior soma possível de superioridade pela vontade, pela energia e pelas qualidades morais. Não será com a espada de coronel que vencereis, mas com a espada do Anjo, isto é, a virtude e a prece. A espécie de terror e angústia que experimentais nesses momentos é um sinal de fraqueza que o Espírito aproveita. Dominai o medo e com a vontade triunfareis. Tomai a iniciativa resolutamente, como fazeis ante qualquer inimigo. (RE; 12/1862) Um Espírito bom pode obsediar alguém? A obsessão não pode jamais ser o efeito causado por um bom Espírito. A questão essencial é saber reconhecer a natureza daqueles que se apresentam. O conhecimento prévio dos meios de distinção dos bons Espíritos e dos maus é, portanto, indispensável. É importante para o simples observador que pode, por esse meio, apreciar o valor do que vê, lê ou escuta. (OQE; 77) A morte livra a pessoa da obsessão ? A morte não liberta o homem da obsessão dos maus Espíritos: é a figura dos demônios, atormentando as almas sofredoras. Sim, esses Espíritos os perseguem após a morte e lhes causam sofrimentos horríveis, porque o Espírito atormentado se sente num abraço de que não se pode libertar. Ao contrário, o que se libertou da obsessão em vida é forte, e os maus Espíritos o encaram com medo e respeito: encontraram o seu superior. (RE;6/1860) Procede a ideia de que todas as perturbações são oriundas da influência espiritual? A gente, muitas vezes, responsabiliza os Espíritos estranhos por maldades de que não são responsáveis. Certos estados mórbidos e certas aberrações, que são atribuídas a uma causa oculta, são, por vezes, devidas exclusivamente ao Espírito do indivíduo. As contrariedades, frequentemente, concentradas em si próprio, os sofrimentos amorosos, principalmente, tem levado ao cometimento de muitos atos excêntricos, que erradamente são levados à conta de obsessão. Muitas vezes a criatura é seu próprio obsessor. (RE;12/1862) Obsessão depende de mediunidade? A obsessão de qualquer natureza que seja, independe da mediunidade e é encontrada em todos os graus, numa multidão de indivíduos, os quais jamais ouviram falar de Espiritismo. Como os Espíritos sempre existiram, sempre exerceram a mesma influência; a mediunidade não é uma causa, é apenas uma forma de manifestação dessa influência.(...). Aqueles que nada admitem fora da Natureza não podem admitir causas ocultas. Mas quando a Ciência tiver saído da rotina materialista reconhecerá na ação do Mundo Invisível que nos rodeia, e no meio do qual vivemos, uma potência que tanto age sobre as coisas físicas quanto sobre as condições morais. E este será um novo caminho aberto ao progresso. A chave de uma quantidade de fenômenos mal compreendidos. (OQE; 76)

Gostaria de saber por que o Espiritismo não aceita a Bíblia. ( João Carlos, Salgueiro)


JBC -João, em nenhum lugar está escrito que o Espiritismo não aceita a Bíblia. As pessoas que assim pensam, não conhecem o Espiritismo. Pelo contrário, é justamente na Bíblia que o Espiritismo vai buscar a sua base moral: a moral ensinada por Jesus, que está lá, bem clara, no Novo Testamento. Entretanto, o Espiritismo lê a Bíblia de uma maneira diferente da leitura que as chamadas religiões cristãs costumam fazer. Na Bíblia, como em qualquer livro, dito sagrado, considerando o antigo testamento, existem coisas boas e más – ou melhor – idéias antigas e superadas e idéias que, ainda hoje, podem ser colocadas em prática, como aquelas que Jesus ensinou.


Vamos dar um exemplo. O Espiritismo aceita a lei de amor ensinada por Jesus e, principalmente, a concepção de um Deus-Pai, um pai bom e misericordioso para com todos os seus filhos. Mas, o Espiritismo não pode aceitar como verdade o fato de Deus orientar Moises para que mande o povo apedrejar um homem, só porque esse homem trabalhou num dia de sábado, conforme está escrito em Números, capítulo 15, e tampouco pode aceitar como verdade todas aquelas atrocidades que Deus manda praticar no Antigo Testamento contra os desobedientes da lei e os inimigos do povo.


Não é possível conciliar uma coisa com outra, João: ou se aceita a lei de talião ensinada por Moisés ou a Lei de Amor ensinada por Jesus. No entanto, nós podemos entender perfeitamente que, entre Moisés e Jesus ( um espaço de mais de mil anos) houve uma evolução. Não temos porque julgar os atos de Moisés, que se deram numa época bem recuada, quando o homem era mais ignorante e as coisas caminhavam de acordo com sua maneira de ver e encarar o mundo. Foi assim que Jesus vindo, muito tempo depois, apresentou um novo mandamento para reformular o antigo, dizendo: “Um novo mandamento vos dou, que vos ameis uns aos outros”.


Desse modo, João, o Espiritismo vê a Bíblia por esse ângulo. De Moisés a Jesus há um tempo considerável, e o que hoje nos interessa é o mandamento de Jesus, que nos recomenda o amor uns aos outros, como fórmula ideal para darmos um significativo passo no progresso moral da humanidade. O mandamento de Jesus não tem cor religiosa, não se endereça a um grupo religioso em particular, mas a todos os seres humanos, a toda da humanidade – e, desse ponto de vista, achamos que ninguém, hoje, pode contestar o valor espiritual de seus ensinamentos.




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