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domingo, 11 de agosto de 2024

PRECE - POR QUE E PARA QUE?; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 - “Cada um é livre para encarar as coisas à sua maneira, e nós, que reclamamos essa liberdade para nós, não podemos recusá-la aos outros. Mas, do fato de que uma opinião seja livre, não se segue que não se possa discuti-la, examinar seu aspecto forte e o fraco, pesar-lhe as vantagens ou os inconvenientes”. O racional e lógico argumento é utilizado por Allan Kardec em artigo escrito para a edição de janeiro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA posicionando-se sobre movimento que defendia a inutilidade da prece considerada por eles prática supersticiosa e ato de fingida devoção incompatível com o Espiritismo que, ciência puramente filosófica, não deveria ter qualquer caráter religioso; que estando todos os seres submetidos a Leis Eternas estabelecidas por Deus seria inútil orar, pedindo ou agradecendo um favor especial; bem como orar pelos Espíritos cuja sorte está traçada, não se podendo mudar a ordem natural das coisas. Das considerações de Allan Kardec destacamos algumas, bastante atuais sobre o tema: 1- Se o Espiritismo proclama sua a utilidade, não é por espírito de sistema, mas porque a observação permitiu constatar-lhe a eficácia e o modo de ação. Desde que, pelas leis fluídicas, compreendemos o poder do pensamento, compreendemos também o da prece, que é, ela mesma, um pensamento dirigido para um objetivo determinado. Para algumas pessoas, a palavra prece não revela senão uma ideia de pedido; é um grave erro. 2- Com relação à Divindade é um ato de adoração, de humildade e de submissão ao qual não se pode recusar sem desconhecer o poder e a bondade do Criador. Negar a prece a Deus é reconhecer Deus como um fato, mas é recusar prestar-lhe homenagem; está ainda aí uma revolta do orgulho humano. 3- Com relação aos Espíritos, que não são outros senão as almas de nossos irmãos, a prece é uma identificação de pensamentos, um testemunho de simpatia; repeli-la, é repelir a lembrança dos seres que nos são caros, porque essa lembrança simpática e benevolente é em si mesma uma prece. Aliás, sabe-se que aqueles que sofrem a reclamam com instância como um alívio às suas penas; se a pedem, é, pois, que delatem necessidade; recusá-la é recusar o copo d'água ao infeliz que tem sede 4- Além da ação puramente moral, o Espiritismo nos mostra, na prece, um efeito de alguma sorte material, resultante da transmissão fluídica. Sua eficácia, em certas doenças, está constatada pela experiência, como é demonstrada pela teoria. Rejeitar a prece é, pois, privar-se de um poderoso auxiliar para o alívio dos males corpóreos. 5- A prece é, pois, uma necessidade universal, independente das seitas e das nacionalidades. Depois da prece, estando-se fraco, sente-se mais forte; estando-se triste, sente-se consolado; tirar a prece é privar o homem de seu mais poderoso sustento moral na adversidade. Pela prece ele eleva sua alma, entra em comunhão com Deus, se identifica com o mundo espiritual, desmaterializa-se, condição essencial de sua felicidade futura; sem a prece, seus pensamentos ficam sobre a Terra, se prendem cada vez mais às coisas materiais; daí um atraso em seu adiantamento. 6- a principal autoridade da Doutrina é que não há um único de seus princípios que seja o produto de uma ideia preconcebida ou de uma opinião pessoal; todos, sem exceção, são o resultado da observação dos fatos; foi unicamente pelos fatos que o Espiritismo chegou a conhecer a situação e as atribuições dos Espíritos, assim como as leis, ou melhor uma parte das leis que regem suas relações com o mundo invisível; este é um ponto capital. 7- O Espiritismo partilhado em dez, em vinte seitas, aquela que tiver a supremacia e mais vitalidade será naturalmente a que dará maior soma de satisfações morais, que encherá o maior número de vazios da alma, que será fundada sobre as provas mais positivas, e que melhor se colocará ao uníssono com a opinião geral.

Questão proposta pelo nosso ouvinte Cristiano, residente na cidade de Vera Cruz: “Qual a relação entre a frase “o amor cobre a multidão de pecados” com a Lei de Ação e Reação?”

JBC - Na verdade, Cristiano, quando Pedro proferiu essa frase, “o amor cobre a multidão de pecados”, ele quis dizer que todos podemos compensar nossos erros com o amor, e isso, sem dúvida, decorre da Lei de Ação e Reação, também conhecida como Lei de Causa e Efeito ou Lei da Causalidade.

Essa questão é quase matemática, pois nesse caso, os pecados, significam dividas e os atos de amor significam pagamentos. Por maior a dívida contraída, quando começamos a pagá-la, mesmo que seja em suaves prestações, automaticamente vamos amortizando o montante a pagar, até a cobertura total da dívida, o que certamente vai exigir algum tempo. Quanto tempo? Isso depende do ritmo de crescimento espiritual de cada um.

Do ponto de vista moral, Cristiano, pecar quer dizer “errar contra alguém, causar-lhe prejuízo, moral ou material”. Segundo o Espiritismo, por maior o prejuízo que causamos, por maior a dor que provocamos no outro, sempre haverá oportunidade de cobri-los, ainda que seja em longas e suaves parcelas de amor. Amor aqui, no sentido que Jesus usou esta palavra , é o amor fraterno, incondicional. Portanto, não é amor contemplação ou simplesmente amor declaração, mas o amor-ação que, no Espiritismo, damos o nome de caridade.

Muita gente ainda pensa que caridade é apenas dar esmola ou socorrer alguém num momento de necessidade. Isso também é caridade, mas está longe de ser toda a caridade a que Jesus se referiu, quando falou do amor fraterno, do amor que respeita, que compreende, que se solidariza e até que se sacrifica em favor do próximo, como o samaritano da parábola. Só a reiterada prática desse amor é capaz de anular os efeitos do pecado, à medida que vai amortizando e, portanto, diminuindo a dívida moral.

No Espiritismo dá para entender bem esse mecanismo de amortização ou quitação gradativa da dívida pela lei da reencarnação. Isso porque não é possível alguém se redimir de seus erros e cobrir tudo que deve a todos numa única existência. Quase sempre levamos para a outra vida problemas não resolvidos, pendências não satisfeitas, em face do mal causado. Mas, reencarnando, passamos a ter oportunidade de ir cobrindo essas dívidas através da prática do bem, que é a única forma de manifestar o amor fraterno.

Fica clara, portanto, a frase de Pedro, quando fala que o amor cobre a multidão de pecados, pois isso acontece, não apenas numa existência – que, por sinal, pode ser muito curta – mas ao longo das existências sucessivas pelas quais o Espírito endividado vai passando. À medida que ele vai se despertando para os valores espirituais, fazendo o bem e evitando o mal ( ou seja, amando), ele vai se sentindo liberto da opressão que tanto suas vítimas, como sua própria consciência, exercem sobre ele.

Em última análise, Pedro quis dizer que o amor é o único caminho da felicidade ou da bem aventurança. Logo, todos os ensinamentos de Jesus se resumem no amor fraterno, incondicional e sobretudo ativo, realizador, que é a caridade. “Fora caridade não há salvação” – eis o lema da Doutrina Espírita, Por isso o mandamento maior, amai-vos uns aos outros, pois somente amando o próximo, que é filho de Deus, podemos amar a Deus.

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