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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

LUMEN; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Camille Flammarion tinha 18 anos quando conheceu Allan Kardec, em 1860. Menino precoce, começou aos 16 de idade, a trabalhar no Observatório de Paris, aos 20 teve publicado A PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS, o primeiro de mais de três dezenas de livros de sua autoria entre os abordando Astronomia e os sobre Espiritismo. Participante das reuniões da Sociedade Espírita de Paris, entre os anos de 1862 e 1863, psicografou nelas uma série de mensagens intituladas ESTUDOS URANOGRÁFICOS, assinados pelo Espírito Galileu, incluídos pelo Codificador na obra A GÊNESE sob o título URANOGRAFIA GERAL. Há quem diga que ele seria a reencarnação de Galileu e se ocultado no pseudônimo Lucius, com que prefacia através de Chico Xavier, a obra IMAGENS DO ALÉM (ide), de Heigorina Cunha. Na REVISTA ESPÍRITA de março de 1867, a seção NOTÍCIAS BIBLIOGRÁFICA comenta um artigo de Camille, publicado na REVISTA DO SÉCULO 19, edição de fevereiro, que, segundo a apreciação, “poderia se constituir um livro interessante, e sobretudo, instrutivo, porque seus dados são fornecidos pela ciência positiva e tratados com a clareza e elegância que o jovem sábio põe em todos os seus escritos”. No trabalho, o autor supõe uma dialogo entre um indivíduo encarnado, chamado Sitiens, e o Espírito de um de seus amigos, chamado Lumen, que lhe descreveu seus últimos pensamentos terrenos, as primeiras sensações da Vida Espiritual e as que acompanham o fenômeno da separação. Esse quadro avalia Kardec, está perfeitamente de acordo com o que os Espíritos ensinam a respeito; é o mais exato Espiritismo, menos a palavra, que não é pronunciada. Alguns trechos destacados demonstram isso: 1- A primeira sensação de identidade que se experimenta depois da morte, assemelha-se à que se sente ao despertar durante a vida, quando, voltando pouco a pouco à consciência da manhã, ainda se é atravessado por visões da noite”. Observa Kardec que “nesta situação do Espírito, nada há de admirável que alguns não se julguem mortos”. 2- Não há morte. O fato que designais sob tal nome, a separação entre corpo e alma, a bem dizer, não se efetua sob uma forma material comparável às separações químicas dos elementos dissociados, observadas no mundo físico. Quase não se percebe esta separação definitiva, que nos aparece tão cruel, quando o recém-nascido não percebe o seu nascimento.; nascemos para a vida futura como nascemos para a vida terrena. Apenas a alma, não mais adquire prontamente a noção de seu estado e de sua personalidade. Contudo, essa faculdade de percepção varia essencialmente de alma para alma. Umas há que, durante a vida do corpo, jamais se elevaram para o céu e jamais se sentiram ansiosas por penetrar as Leis da Criação. Estas, ainda dominadas pelos apetites corporais, ficam muito tempo num estado de perturbação inconsciente”. Flammarion relata que “logo depois da libertação o Espírito Lumen transportou-se com a velocidade do pensamento para o grupo de Mundos componentes do sistema da estrela designada em Astronomia sob o nome de Capella ou Cabra”. Dando-nos uma ideia da ampliação de suas percepções após ter abandonado o corpo físico, Lumen diz que “a visão de minha alma tinha um poder incomparavelmente superior ao dos olhos do organismo terrestre, que acabava de deixar; e, observação surpreendente, seu poder me parecia submetido à vontade”. Mais à frente, revela que “no mundo à margem do qual eu acabava de chegar, os seres, não encarnados num invólucro grosseiro como aqui - refere-se à Terra -, mas livres e dotados de faculdades de percepção elevadas a eminente grau de poder, podem perceber distintamente detalhes que, a essa distância, seriam absolutamente subtraídos aos olhos das organizações terrestres”. Explicando melhor acrescenta que tal capacidade “não é exterior a esses seres, pertencem ao próprio organismo de sua vista. Tal construção ótica e poder de visão são naturais nesses mundos e não sobrenaturais. Pensai um pouco nos insetos que gozam da propriedade de contrair ou alongar os olhos, como tubos de uma luneta, encher ou achatar o cristalino para dele fazer uma lente em diferentes graus, ou ainda concentrar no mesmo foco uma porção de olhos assestados como outros tantos microscópios, para captar o infinitamente pequeno, e podeis mais legitimamente admitir a faculdade desses seres extraterrenos”. Enaltecendo o valor do artigo, Kardec considera que “é a primeira vez que o Espiritismo verdadeiro e sério é associado à ciência positiva, e isto por um homem capaz de apreciar uma e outra, e de captar o traço de união que um dia os deverá ligar”.



Elaine pergunta: “ O Espiritismo diz que as tentações só nos atingem porque somos fracos e imperfeitos, os obsessores ou Espíritos malignos só se aproximam de quem tem maus pensamentos, que basta a gente ter uma boa conduta e cultivar um bom pensamento para estarmos livres da obsessão. Então, pergunto: por que Jesus foi tentado pelo demônio? Como que o demônio, um Espírito mau, conseguiu se aproximar de Jesus? ”

De fato, Elaine, a ligação entre obsessor e obsidiado se dá através da faixa mental ou da qualidade de nossos pensamentos. Nós todos estamos sujeitos ao assédio de Espíritos infelizes, quando caímos numa faixa inferior, quando – por exemplo – quando, por exemplo, julgamos mal os outros, quando passamos a cultivar ódio, quando partimos para a violência, quando agimos com desonestidade.

Existe uma lei da natureza, segundo a qual o semelhante atrai o semelhante. Isso acontece habitualmente em nossa vida, pois as pessoas com quem nos identificamos, aquelas de quem nos aproximamos ou que costumam se aproximar de nós, geralmente são as que pensam como nós pensamos, que têm os mesmos gostos, os mesmos interesses e, muitas vezes, os objetivos semelhantes. É assim que um homem honesto se identifica com pessoas honestas e um homem fora da lei sempre procura os fora da lei para conviver.

Nosso pensamento vibra dentro de uma determinada faixa mental, dependendo dos sentimentos que cultivamos no dia a dia, dependendo de nossas ideias e ideais, de nossos valores e pretensões. Quando estamos bem com a consciência, porque estamos nos conduzindo bem na vida, elevamos a qualidade do pensamento e nos sintonizamos com bons Espíritos, como os nossos protetores e amigos. O contrário também é verdadeiro: quando a qualidade moral do nosso pensamento cai para faixas de sentimentos inferiores, entramos em contato com Espíritos que vibram nessas mesmas faixas, de onde pode surgir a obsessão.

Como vemos, tudo é uma questão de sintonia ou de identificação de sentimentos. Quanto a Jesus, porém, sendo ele um Espírito Puro – ou seja, sendo um Espírito cujos pensamentos estavam muito acima do pensamento da humanidade – ele vivia permanentemente sintonizado com a Espiritualidade Superior e por isso podia falar em nome de Deus e falava com autoridade moral. Não é difícil perceber isso, levando em conta suas atitudes diante das situações mais difíceis. Por essa razão a principal característica de suas emoções são a serenidade, a autoconfiança e a fé em Deus.


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