Polemicas e discussões acaloradas em torno da cura das chamadas inversões na área da sexualidade circunscrevem-se mais aos efeitos que as prováveis causas. O Espiritismo já na sua origem oferece bases para pelo menos reflexões mais objetivas sobre a questão. Na sequencia alguns pontos para embasar estudos mais aprofundados em torno da questão:1- Os Espíritos encarnam nos diferentes sexos; aquele que foi homem, poderá renascer mulher e aquele que foi mulher poderá renascer homem, a fim de realizar os deveres de cada uma dessas posições, e sofrer-lhes as provas. 2- Sofrendo o Espírito encarnado a influência do organismo, seu caráter se modifica conforme as circunstâncias e se dobra às necessidades e exigências impostas pelo mesmo organismo. Esta influência não se apaga imediatamente após a destruição do invólucro material, assim como não perde instantaneamente os gostos e hábitos terrenos. 3- Percorrendo uma série de existências no mesmo sexo, conserva durante muito tempo, no estado de Espirito, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa. 4- Se esta influência se repercute da vida corporal para a espiritual, o mesmo se dá quando o Espírito passa da vida espiritual para a corporal. Numa nova encarnação trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito. Se for avançado, será um homem avançado; se for atrasado, será um homem atrasado. Mudando de sexo, poderá então, sob essa impressão e em sua encarnação, conservar os gostos, inclinações e o caráter inerente ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes, notadas no caráter de certos homens e de certas mulheres. 5- Não existe diferença entre o homem e a mulher, senão no organismo material, que se aniquila com a morte do corpo. Mas, quanto ao Espírito, à alma, o Ser essencial, imperecível, ela não existe, porque não há duas espécies de almas. 6- A sede real do sexo não se acha, no veículo físico, mas sim na entidade espiritual em sua estrutura complexa. 7- O sexo é mental em seus impulsos e manifestações. 8- Além da trama de recursos somáticos, a alma guarda a sua individualidade sexual intrínseca, a definir-se na feminilidade ou masculinidade, conforme os característicos acentuadamente passivos ou claramente ativos que lhe sejam próprios. 9- A energia natural do sexo, inerente à própria vida em si, gera cargas magnéticas em todos os seres, pela função criadora de que se reveste, caracterizadas com potenciais nítidos de atração no sistema psíquico de cada um. 10- O instinto sexual não é apenas agente de reprodução, mas reconstituinte de forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na permuta de raios psíquico-magnéticos necessários ao seu progresso. 11- O Espírito reencarna em regime de inversão sexual, como pode renascer em condições transitórias de mutilação ou cegueira. Isso não quer dizer que homossexuais ou intersexos estejam em posição, endereçados ao escândalo ou à viciação, como aleijados e cegos não se encontram na inibição ou na sombra para serem delinquentes. 12- O conceito de normalidade ou anormalidade são relativos. Se a cegueira fosse a condição da maioria dos Espíritos reencarnados na Terra, o homem que pudesse enxergar seria positivamente minoria e exceção. 13- Ações praticadas contra pessoas do sexo oposto na busca de prazer a qualquer preço, impõem além da morte a desorganização mental do causador manifestada através da alienação mental exigindo para seu reequilíbrio muitas vezes pela intervenção os Agentes da Lei Divina, reencarnações compulsórias renascendo em corpo inversos às suas características momentâneas de masculinidades ou feminilidade, para que no corpo inverso, no extremo desconforto íntimo, aprenda a respeitar o semelhante lesado. 14- A inversão também ocorre por iniciativa daqueles que, valendo-se da renúncia construtiva para acelerar o passo no entendimento da vida e do progresso espiritual no intuito de operarem com mais segurança e valor o acrisolamento moral de si mesmos ou na execução de tarefas especializadas, através de estágio perigosos de solidão, em favor do campo social da Terra 15- Masculinidade ou feminilidade totais são inexistentes na personalidade humana, do ponto de vista psicológico, visto que homens e mulheres, em Espírito, apresentam certa percentagem de característicos viris ou feminis em cada indivíduo, o que não assegura possibilidades de comportamento íntimo normal para todos, segundo a conceituação de normalidade que a maioria dos homens estabeleceu para o meio social. 16- Homens e mulheres podem nascer homossexuais ou intersexos, seja como expiação ou em obediência a tarefas específicas –, como são suscetíveis de tomar o veículo físico na condição de mutilados ou inibidos em certos campos de manifestação para melhorar-se e nunca sob a destinação do mal. 17- A Terra, pouco a pouco, renovará princípios e conceitos, diretriz e legislação, em matéria de sexo, sob a inspiração da ciência, que situará o problema das relações sexuais no lugar que lhe é próprio .
Roberto Silva, faz a seguinte colocação: na Bíblia e nas diversas orações da Igreja, a gente encontra a expressão “vida eterna”. Aprendi que vida eterna é a vida que vem depois da morte, tanto no céu como no inferno, porque a eternidade vem depois desta vida. É isso mesmo? Parece que os espíritas não costumam usar essa expressão. Por que?
As palavras e as expressões, que aparecem na Bíblia, são traduções dos termos ou expressões que se usavam antigamente no seio de um povo, mas elas estão sujeitas a interpretações e, muitas vezes, com o tempo acabam perdendo o sentido original. Por isso, quando lemos esses textos precisamos primeiramente compreender o sentido mais amplo da mensagem de Jesus, ou seja, qual a finalidade de seus ensinos. A partir da daí, podemos interpretar com mais justeza o sentido de palavras e expressões que lhe foram atribuídas.
Ao que tudo indica, conforme o momento que Jesus teria utilizado esta expressão, podemos dar-lhe dois principais sentidos. O primeiro sentido é que “vida eterna” significa a vida do Espírito, que é diferente da vida do corpo. A vida do corpo é curta, passageira e limitada; a vida do Espírito é longa, definitiva e ilimitada. Logo “vida eterna” é a vida do Espírito.
É evidente que o Espírito não surge depois da morte do corpo. Não, ele já existe antes juntamente com o corpo; o que ocorre com a morte é a sua separação do corpo para entrar numa dimensão em que só o Espirito existe. Podemos dizer, portanto, que depois da vida terrena o Espírito entra para a vida eterna, mas só como Espírito.
A palavra “eterno”, no entanto, no seu sentido estrito, quer dizer “o que não tem começo nem fim”, enquanto que “eternidade” quer dizer “além do tempo, fora do tempo”. Neste sentido amplo, portanto, só Deus é eterno e, portanto, só Ele pode viver na eternidade. Nós, que somos suas criaturas, limitadas e imperfeitas, tivemos um início e, portanto, realmente não somos eternos, somos apenas imortais no sentido estrito da palavra.
Um segundo sentido que se dá a esta expressão “vida eterna” é de vida feliz, felicidade ou de bem-aventurança. Foi nesse sentido que um homem procurou Jesus para lhe perguntar o que deveria fazer para alcançar a vida eterna. Jesus lhe disse que deveria cumprir os mandamentos e, após questionar o homem que mandamentos cumpria, disse-lhe que vendesse todos os bens que possuía, desse dinheiros aos pobres e, depois, o seguisse.
Com certeza, Jesus se referia ao desapego total dos bens terrenos e ao apego total ao sentimento de amor pelo próximo. Em seguida disse que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus. Isso quer dizer que o apego aos bens passageiros desse mundo acaba por nos prender demasiadamente a eles. Isso seria obstáculo natural à vida do Espírito que, se ficar apegado à matéria, não conseguirá ser feliz no mundo espiritual.
Para concluir, podemos afirmar que a expressão “vida eterna” pode ser entendida em dois sentidos: primeiro como “vida do Espírito”, vida no mundo espiritual. Em segundo lugar como “felicidade”, “vida com Deus”, “vida feliz”. Como consideramos que o destino do Espírito é para a felicidade – porque foi para isso que todos fomos criados – essa condição de felicidade plena não se dá aqui na Terra e, muito menos, em apenas uma encarnação, mas vai sendo conquistada ao longo do tempo, mediante a jornada espiritual de cada um de nós.
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