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quinta-feira, 5 de setembro de 2024

O ESPÍRITO NA EXPERIÊNCIA HUMANA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

A surpreendente resposta à questão 607ª d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS indica que a Individualidade em que nos tornamos é uma versão avançada do chamado Princípio Inteligente do Universo. E o também surpreendente Allan Kardec nas páginas de suas OBRAS BÁSICAS, particularmente da REVISTA ESPÍRITA preservou material instigante para nossas reflexões. Na sequência alguns pontos para pensarmos. Como teria se operado o início da fase Humanidade? Ignoramos absolutamente em que condições se dão as primeiras encarnações do Espírito; é um desses princípios das coisas que estão nos segredos de Deus. Apenas sabemos que são criados simples e ignorantes, tendo todos, assim, o mesmo ponto de partida, o que é conforme à justiça; o que sabemos ainda é que o livre-arbítrio só se desenvolve pouco a pouco e após numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem após a primeira, nem depois da segunda encarnação que o Espírito tem consciência bastante clara de si mesmo, para ser responsável por seus atos; não é senão após a centésima, talvez após a milésima. Dá-se o mesmo com a criança, que não goza da plenitude de suas faculdades, nem um, nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos. (RE, 1864) O armazenamento do registro de percepções, sensações e experiências se dá naturalmente através da memória cujos rudimentos podem ser observados no Reino Mineral. Como o Espiritismo a explica? A memória pode ser comparada a placa sensível que, ao influxo da luz, guarda para sempre as imagens recolhidas pelo Espírito, no curso de seus inumeráveis aprendizados, dentro da vida. Cada existência de nossa alma, em determinada expressão da forma, é uma adição de experiência, conservada em prodigioso arquivo de imagens que, em se superpondo umas às outras, jamais se confundem. (ETC, 12) Que é a memória, senão uma espécie de álbum mais ou menos volumoso, que se folheia para encontrar de novo as ideias apagadas e reconstituir os acontecimentos que se foram? Esse álbum tem marcas nos pontos capitais. De alguns fatos o indivíduo imediatamente se recorda; para recordar-se de outros, é-lhe necessário folhear por longo tempo o álbum.(OP) A memória é como um livro! Aquele em que lemos algumas passagens facilmente no-las apresenta aos olhos; as folhas virgens ou raramente perlustradas têm que ser folheadas uma a uma, para que consigamos reconstituir um fato sobre o qual pouco tenhamos demorado a atenção. Quando o Espírito encarnado se lembra, sua memória lhe apresenta, de certo modo, a fotografia do fato que ele procura. A memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e ouvimos. Por intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos. (LI, 11) O aprofundamento das pesquisas levadas a efeito por diferentes ramos da ciência permitiu concluir-se que o recurso chamado mente acompanha a evolução da nossa espécie. O Biólogo Bruce Lipton no livro BIOLOGIA DA CRENÇA (butterfly, 2006) explica essa evolução. O que diz? A evolução dos mamíferos mais desenvolvidos, incluindo os chimpanzés, os cetáceos e os humanos, criou um novo nível de consciência chamado "autoconsciência" ou mente consciente. Foi um passo muito importante em termos de desenvolvimento. A mente anterior, predominantemente subconsciente, é nosso "piloto automático"; já a mente consciente é nosso controle manual. Por exemplo: se uma bola é jogada em direção ao seu rosto, a mente consciente, mais lenta, pode não reagir em tempo de evitar a ameaça. Mas a mente inconsciente, capaz de processar cerca de 20 milhões de estímulos ambientais por segundo versus 40 estímulos interpretados pela mente consciente no mesmo segundo, nos fará piscar e nos desviar. A mente subconsciente, um dos processadores de informações mais poderosos de que se tem notícia até hoje, observa o mundo ao nosso redor e a consciência interna do corpo, interpreta os estímulos do ambiente e entra imediatamente em um processo de comportamento previamente adquirido (aprendido). Tudo isso sem ajuda ou supervisão da mente consciente. O subconsciente é um grande centro de dados e programas desprovido de emoção, cuja função é simplesmente ler os sinais do ambiente e seguir uma programação estabelecida sem nenhum tipo de questionamento ou julgamento prévio.

Josefina Dias Santos, pergunta que, se Jesus ensinou o amor e pregou a paz, e ele mesmo disse “minha paz vos dou”, por que então afirmou, “Não vim trazer a paz, porém a divisão?”

JBC - Quando lemos qualquer trecho dos evangelhos, precisamos considerar que Jesus estava falando para o homem do século 1º ( ou seja, para o homem de 2 mil anos atrás); e para um homem que pertencia a um determinado povo, que tinha sua própria língua e sua própria cultura. É evidente, portanto, que não devemos ler os evangelhos e interpretá-lo ao pé da letra, como se a fala de Jesus estivesse acontecendo agora, dirigida a nós ou ao homem deste século XXI.

Trata-se, portanto, de uma leitura interpretativa que precisa ter o necessário discernimento para transferir a verdade de ontem para a realidade de hoje. Se Jesus estivesse falando para o homem da atualidade e especificamente no Brasil, com certeza não estaria usando a mesma frase ou as mesmas palavras, mas o faria nos moldes da linguagem mais próxima do entendimento do brasileiro neste momento. Mesmo assim, não é difícil verificar que se tratava de uma linguagem poética, cheia de figuras (metáforas e comparações), e que ele utilizava para facilitar o entendimento de seus ouvintes.

Precisamos, portanto, buscar o espírito da palavra – ou seja, o seu sentido mais profundo. Vamos, então, ler o trecho completo a que você se refere: “Não penseis que vim trazer a paz sobre a Terra; eu não vim trazer a paz, porém a espada, porque eu vim separar o homem de seu pai, a filha de sua mãe e a nora de sua sogra; e o homem terá por inimigos os de sua própria casa” – Mateus, cap. 10, vers. de 34 a 36.

Se fosse em nossa linguagem atual, possivelmente ele diria: “ Se vocês acreditarem em mim e decidirem seguir o caminho do amor, não contem com facilidades, não esperem concordância de todos, porque nem todas as pessoas, mesmo os de sua família, concordarão com vocês. Pelo contrário, meus ensinos não agradarão àqueles que se sentirem ofendidos porque vocês resolveram seguir meus ensinos. Portanto, dentro da própria família, haverá quem se volte contra vocês, como verdadeiros inimigos. Estejam preparados para isso, mas não sofram muito por isso”.

Essa fala de Jesus tinha como objetivo prevenir as pessoas, que resolvem seguir seus ensinos, contra as investidas de adversários, que podem surgir dentro da própria família. E isso, evidentemente, não aconteceu somente naquela época, mas acontece também hoje. Era necessário que Jesus preparasse seus seguidores para a escalada difícil do bem e da verdade, do amor e da caridade, porque, como seres humanos e espíritos imperfeitos, nem todos estão preparados para assimilar certas verdades. E não é só. Muito de seu ensino viria ferir aqueles que não estavam interessados em que as pessoas se amassem ou se tornassem generosas. Naquela época, como hoje, existem pessoas que não estão interessadas na paz.

Por outro lado, lemos no evangelho de João, como você mesma cita, esta afirmativa: “Minha paz vos deixo, minha paz vos dou. Eu não vos dou a paz do mundo, mas vos dou a paz de Deus, que o mundo não pode dar”, onde fica evidente que a paz, a que Jesus se referia, não é a ausência de problemas ou obstáculos, mas uma paz interior, que é capaz de se manter confiante e serena, mesmo diante das maiores dificuldades.

Portanto, Jesus sabia muito bem de que estava falando, pois ele tinha uma visão ampla do comportamento humano e da sociedade de seu tempo. Sabia que a escalada para o bem é difícil e não acontece sem lutas e sacrifícios. Ele próprio teve que enfrentar a fúria de inimigos encarniçados que exploravam a ignorância do povo e a quem, certamente, não interessava que o reino do amor espalhasse sobre a Terra. Eis porque sua presença, como mensageiro de Deus, proclamando o amor e caridade, não era benvinda pela maioria e pelos mais poderosos.

Todas as ideias novas, que se voltam ao interesse do povo e que são proclamadas por homens que só fazem o bem, acabam fazendo poucos adeptos e sofrendo grandes perseguições, porque elas ferem os interesses dos que estão no poder e que não pretendem nenhuma mudança. É o caso do Espiritismo, que surgiu nos meados do século XIX, proclamando a liberdade de pensamento e todos os demais direitos naturais do ser humano. Ele veio sofrendo, desde sua constituição com Allan Kardec, o repúdio dos dominadores que, por sua vez, sempre trabalharam para manter o povo na ignorância.

Se você quiser saber um pouco mais sobre o assunto, Josefina, procure n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO o capítulo 23, “Estranha Moral”, e lá você vai encontrar um comentário de Allan Kardec a este respeito.


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