- “É preciso poder encarar a morte sob o seu verdadeiro ponto de vista, quer dizer, penetrar, pelo pensamento, no Mundo Espiritual, e dele fazer uma ideia tão exata quanto possível, o que denota, no Espírito encarnado, um certo desenvolvimento e uma certa aptidão para se desligar da matéria. Entre os que não estão suficientemente avançados, a vida material domina, ainda sobre a Vida Espiritual”. A afirmação é de Allan Kardec e das escolas religiosas existentes não há nenhuma que forneça maiores elementos para reflexão do que a derivada do Espiritismo. Na continuidade algumas contribuições para reflexões dos interessados. Estruturalmente, o que compõem as chamadas Esferas Espirituais reveladas no livro NOSSO LAR ? Sua área de abrangência se inicia no Centro do Planeta, a primeira, comportando o Umbral “Grosso” (Núcleo Interno ou Abismo), mais materializado, de regiões purgatoriais mais dolorosas e de cujas organizações comunitárias, conquanto estejam tão próximas, temos poucas notícias; a segunda abriga o Umbral mais ameno (Núcleo Externo ou Trevas), onde os Espíritos do Bem localizam, com mais amplitude, sua assistência, referida por André Luiz como Trevas ou regiões sub-Crostais; a terceira é nossa morada provisória, chamada Crosta Terrestre; a quarta começa na Crosta, constituindo-se em zona obscura chamada Umbral destinada ao esgotamento dos resíduos mentais. Aí se agitam milhões de Espíritos imperfeitos que partilham com as criaturas terrenas as condições de habitabilidade da Crosta do Mundo; a quinta é habitada por Espíritos que têm como escopo unicamente o Bem, as Artes e as Ciências, após várias existências sacrificiais na Crosta; a sexta; destaca-se pelos que já vivem o Amor Fraterno Universal, sendo região das mais elevadas da Zona Espiritual da Terra, muito acima de nossas noções de forma, em condições inapreciáveis à nossa atual conceituação de vida, habitada por comunidades redimidas dos Planos Espirituais; e, por fim, a sétima é de onde emanam as Diretrizes do Planeta.. Essas Esferas coexistem integradas? As camadas espirituais não tem fronteiras, sendo seus limites regulados pelo teor vibratório dos seus habitantes, indo das mais grosseiras às mais sutis, liberando os Espíritos a migrarem de uma para outra conforme sua ascensão moral. Cada uma dessas divisões compreende outras, conforme asseguram os Espíritos, distinguindo-se por vibrações distintas que se apuram à medida que se afastam do núcleo. Os que estão acima podem transitar pelas Esferas que lhe estão abaixo; os que estão nas Esferas Inferiores não podem sozinhos passar para as Esferas Superiores. Há vastas Colônias representativas de Civilizações há muito tempo extintas para a observação terrestre. Costumes, artes e fenômenos linguísticos podem ser estudados, com admiráveis minudências nas raízes que os produziram no Tempo. Cada individualidade vive no mundo que lhe é peculiar, isto é, cada mente vive o tipo de vida compatível com seu estado, avançado ou atrasado, na marcha evolutiva. As inteligências se agrupam segundo os impositivos da afinidade consoante à onda ou frequência vibratória em que se encontram. Espacialmente como se organizaria, por exemplo, a Esfera compreendida pela Crosta e seu Plano Espiritual? Um Espírito chamado Efigênio Victor que conviveu e exerceu a mediunidade na encarnação concluída em 1953, retornou através de Chico Xavier para repassar para os que, como ele, demonstram curiosidade sobre essa realidade ainda não percebida que “acima da Crosta terrestre comum, temos uma cinta atmosférica que classificamos por cinta densa, com a profundidade aproximada de 50 quilômetros, e, além dela, possuímos a cinta leve, com a profundidade aproximada de 950 quilômetros, somando 1000 quilômetros acima da Esfera em que respiramos. Nesse grande mundo aéreo, encontramos múltiplos exemplares de almas desencarnadas, junto de variadas espécies de criaturas sub-humanas, em desenvolvimento mental rumo à Humanidade.
O Espiritismo é religião? Muita gente faz esta pergunta, na expectativa de receber como resposta um “sim” ou um “não”. Esta pergunta se parece com aquela outra que diz: o Espiritismo acredita que a Bíblia é a palavra de Deus? Mas a resposta não é tão simples quanto parece. Para entrarmos neste tema, precisamos primeiro investigar primeiramente o que é religião.
Religião, no sentido comum da palavra, conforme o entendimento popular, é um conjunto de crenças (em Deus ou deuses, em forças sobrenaturais e na imortalidade da alma). Geralmente, as religiões possuem sacerdotes, templos, cultos e uma série de prescrições para sua prática, exigindo de seus fiéis cega obediência. Além disso, a religião costuma se colocar como único e verdadeiro caminho para Deus ou para a salvação da alma.
As doutrinas religiosas se baseiam em dogmas de fé, ante as quais os fiéis devem total submissão, cultivando uma crença passiva, ou seja, sem qualquer possibilidade de questionamento, sob pena do seguidor está cometendo grave pecado. Assim, os fiéis têm por obrigação apenas crer e aceitar como verdade tudo o que a religião diz. Não podem nem pensar em duvidar de algum ponto que lhe parece um tanto nebuloso, sob penas de serem alvo do castigo divino e da excomunhão ou expulsão da própria igreja.
Um dos mais categorizados estudiosos das religiões, o sociólogo Emile Durkheim. considera que a religião está assentada sobre dois conceitos básicos, em torno dos quais giram todos os seus dogmas: o sagrado e o profano. Sagrado – aquilo que pertence a Deus, que é do domínio do divino. Profano – aquilo que pertence ao homem. Essa divisão é fundamental para entendermos o caráter da religião. O mundo material, por exemplo, estaria no domínio do homem, é que o homem pode conhecer e sobre o qual pode agir.
Neste sentido o Espiritismo não é religião. Primeiro porque não tem sacerdotes, nem cultos, nem celebrações, nem oferendas. Depois, porque não se considera dono da verdade e nem afirma que é o único caminho de salvação. Em terceiro lugar, porque não estabelece nenhuma proibição para seus seguidores, adotando o princípio de que cada um deve aprender a ser responsável pelo que faz e prestar contas à própria consciência. As pessoas devem ser livres para professar esta ou aquela religião, segundo a Doutrina Espírita.
Em quarto lugar porque o Espiritismo caminha ao lado da ciência e é, ao mesmo tempo, uma filosofia. Allan Kardec, certa vez, foi questionado neste sentido e respondeu que só podemos entender o Espiritismo como religião, se empregarmos a palavra religião no seu sentido filosófico, pois, de religião, a doutrina só adota a crença em Deus, a prece e os valores morais ensinados por Jesus.
Mas, somente o fato de o Espiritismo crer em Jesus e concordar plenamente com seus ensinos não quer dizer que seja uma religião no sentido comum da palavra. O Espiritismo só adotou Jesus por conta do sentido moral de seus ensinamentos e pela lógica que ele empregou para analisar, criticar e alterar os preceitos religiosos antigos, que não mais atendiam aos anseios e necessidades de seu tempo. Além do mais, o Espiritismo entende que Jesus não criou uma nova religião, mas proclamou uma nova moral, valorizando o caráter e não a cor religiosa da pessoa.
Como somos um país de tradição católica e pelo fato de a grande maioria dos espíritas provir do Catolicismo, é claro que há uma acentuada tendência de tratar o Espiritismo, aqui no Brasil, como uma simples religião. Mas a Doutrina Espírita é muito mais que isso, porque ela abrange três aspectos do conhecimento: a ciência, a filosofia e suas consequências ético-morais. Foi por isso que Allan Kardec proclamou como lema da doutrina “Fora da Caridade não há Salvação”.
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