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terça-feira, 10 de setembro de 2024

- O PSIQUIATRA E A OBSESSÃO ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Jorge Andreia, psiquiatra inscreveu seu nome na História do Espiritismo no Brasil pela sua contribuição no entendimento da doença mental sob a ótica da reencarnação. Autor de mais de uma dezena de obras, via nos mais de cem anos em que esteve encarnado, muitas delas se perderem por terem sido entregues a editoras sem vocação para o trabalho de publicação e preservação desses materiais. Muitas delas hoje são encontradas nos chamados “sebos” e, muito poucas nesse prodigioso sistema chamado GOOGLE. Para termos uma ideia da lucidez do pensamento do grande estudioso, reproduzimos a seguir uma de seus textos falando sobre o grave problema da perturbação espiritual. Diz ele: - A obsessão, como processo negativo, possui estruturação bem definida, obedecendo a intermináveis graduações, com específica localização nas raízes do psiquismo. Todos sofremos influência, porém daremos respaldo e sintonia com aqueles com quem nos afinizamos. Se nos encontramos em posição espiritual sadia, consequência de nossas sadias atitudes, teremos gratificações de equilíbrio e do discernimento. Se nossa posição se afasta das posições positivas, onde a ética praticamente prepondera, sofreremos as influências dos campos negativos e, o que é mais importante, na intensidade que nos afastamos do bem, pelas conotações das raízes pretéritas que traduzirão o grau de envolvimento. Consideremos também, as atitudes pessoais do indivíduo, o seu momento evolutivo e a sua escolha no jogo do livre-arbítrio. Desse modo anote-se a importância dos fatores do meio e a elaborações psíquicas de superfície (zona física), que são absorvidas e influenciam a própria organização. De tudo isso, podemos compreender, que o processo obsessivo exige tempo, a fim de que haja fixação das negatividades nas raízes do espírito daquele que no desenvolver das atitudes pouco recomendáveis, abriu os campos da alma permitindo a sintonia. Sob as influências psíquicas negativas, alguns apresentam reações leves e de mais fácil remoção, outros tantos carregam por anos as suas inconsequências. Estes últimos somente diante das dores advindas do processo conseguem neutralizar, em tempo específico, as manifestações obsessivas. Os quadros de mais fácil remoção encontram suas raízes nas camadas periféricas do psiquismo; isto é, da faixa do períspirito até a zona do campo material geralmente são respostas reativas mais fracas, portanto, mais fracas foram as reações negativas. Os casos mais críticos, de duradouras reações e de difícil neutralização, permite asseverar que existem implantações negativas em plenas camadas espirituais, aquelas que são envolvidas pelo corpo ou campo mental, portanto, implantações nos alicerces do espírito. Implantações, habitualmente, representam muitos componentes sedimentados por várias reencarnações, isto é, ações maléficas foram desenvolvidas em várias vidas em muitas oportunidades, daí sua sedimentação nos arcanos da alma. Nesta conjuntura, é fácil avaliar que a implantação de um processo obsessivo será variável e proporcional a intensidade da ação. Quanto maior for o desenvolvimento de uma ação negativa de resposta refletida nas reações cármicas de toda ordem, tudo dentro de uma lei que se perde no infinito fenomênico de suas próprias reações. Por isso Kardec foi bem expressivo quando classificou as obsessões em três parâmetros: O primeiro, o mais leve, denominou obsessão simples, o segundo, como grau intermediário, a fascinação, e o mais avançado, subjugação ou possessão. Na obsessão simples, o indivíduo possui total capacidade de raciocínio, percebe as distonias, chega mesmo a classificar certas tendências como não sendo suas. Havendo interesse pessoal, ao lado de orientações e conselhos, o indivíduo reage com certa facilidade. O importante é que o agredido procure orientar-se dentro de uma ética sadia, onde o próprio comportamento possa refletir atos positivos na tela consciente. Nesta contingência a Doutrina Espírita torna-se valiosa por fornecer elementos que possibilitam conhecimento daquele que sofreu o pequeno desvio. Se as atitudes do ser passam a ser coerentes, ele mesmo consegue livrar-se das influências, e o que é mais importante, torna-se psicologicamente falando, mais maduro; é como se fosse vacinado pela distonia temporária. No segundo grau de obsessão, o processo de fascinação, apesar de o indivíduo raciocinar, ler e conhecer certas máximas qualitativas da vida, encontra-se com o bloco dos sentimentos fixados em determinadas ideias. O Ser somente enxerga o que lhe convém – a influência negativa em constante ação. Mesmo que possua alguns conhecimentos espiritistas ou mensagens de alerta, as suas ideias estão convergidas para uma única direção; esses indivíduos “flutuantes” jamais absorveram e muito menos procuram ter atitudes de vida coerente com a moral espírita, que é séria e sem pieguismos. Ficam flutuando na superficialidade, e somente enxergam as suas sugestões emocionais, que na maioria das vezes, não são próprias e sim absorvidas de sutis influências negativas. Todos os que carregam influências pretéritas e que não procuram corrigi-las, em útil movimentação de trabalho, podem ser colhidos nas malhas menos felizes das influenciações das irradiações espirituais em desalinho. Essas fixações se dariam na maioria das vezes por elogios desmedidos ou pela exaltação de conhecimentos inexistentes. Na absorção desses mananciais depreciativos haverá desencadeamento de autêntico processo de autofagia psicológica, pela sintonia com o elogio despropositado, ou pelas manifestações festivas de inexistentes valores, a fim de satisfazerem o próprio ego perante as efusões de mediocridade. Com isso os canais da alma ficam ligados às forças negativas e o envolvido passa a incorporar, definitivamente, a ideia ou grupo de ideias e a defendê-las, até com certa dose de insistência; essa condição pode dar nascimento às manifestações compulsivas, isto é, necessidade de realizar o impulso emocional em ação. Nesta segunda categoria colocamos, como típicas posições, o ciúme desmedido e o narcisismo. Este último campeia na nossa sociedade nas mais variadas manifestações, tanto no elemento masculino quanto feminino.


Dirce Afonso veio com a seguinte questão: “Por que se costuma dizer que quem não vem ao Espiritismo pelo amor, vem pela dor? Quer dizer que seremos obrigados a ser espíritas de um jeito ou de outro?

Se há uma doutrina espiritualista que não impõe nada a ninguém e, mais que isso, uma doutrina que defende o direito de cada um escolher sua própria religião e seguir seu próprio caminho, e que não quer que ninguém venha a ela a não ser por livre consentimento, essa doutrina é o Espiritismo. Portanto, Dirce, fica descartada essa possibilidade de alguém ser obrigado a ser espírita. Isso simplesmente não existe.

O Espiritismo não vai nem mesmo insistir para que alguém se torne espírita, pois não se trata de uma religião exclusivista ou salvacionista, não se considera a única detentora da verdade ou o único e exclusivo caminho para Deus. A Doutrina Espírita não se atribui a si mesma qualquer poder de salvar quem quer que seja, pois sabe que o destino de cada um não depende de cor religiosa ou de qualquer outra condição social, mas de sua conduta diante do próximo, de Deus e de si mesmo, conforme os ensinos de Jesus que estão muito claros nos evangelhos.

E mais ainda (E ISTO É IMPORTANTE DIZER), se alguém, que se diz espírita, quiser impor o Espiritismo a outra pessoa, não é em nome do Espiritismo que está cometendo esse grave erro. Ninguém, absolutamente ninguém, está autorizado a falar de forma autoritária ou impositiva em nome da Doutrina Espírita. A chave desta questão, caro ouvinte, está nas obras de Allan Kardec, especialmente n’0 LIVRO DOS ESPÍRITOS, capítulo Lei de Liberdade. Infelizmente muita gente não gosta de ler e, por isso mesmo, alimenta e divulga uma visão distorcida da doutrina.

Vir por amor ou pela dor” é uma expressão que usa – até mesmo no meio espírita - quando se quer referir a duas situações: “vir por amor” quando a pessoa mesma faz uma opção pelo bem, seja abraçando determinada religião, seja se comprometendo com alguma ação em benefício do próximo. A outra expressão, “vir pela dor” é quando a pessoa é compelida a assumir um compromisso do qual ela sempre se esquivou e continua se esquivando. Neste caso, ela o faz não por escolha, mas por premente necessidade.

No meio espírita, quando uma pessoa procura o centro para dirimir suas dúvidas sobre o significado da vida e, daí em diante, ela permanece nessa busca constante, lendo, assistindo palestras, estudante e praticando o bem, dizemos que essa pessoa veio por amor. Contudo se depois de ela relutar por muito tempo, só permanece no Espiritismo enquanto está passando por um grave problema, então dizemos que ela veio pela dor e não pelo amor.

Na curta missão de Jesus de apenas três anos, para que as pessoas se interessassem pelos seus ensinamentos, muitas vezes ele as atraía oferecendo alívio e possibilidades de cura para alívio de seus males. Poucas vieram por livre e espontânea vontade ou porque se interessaram pela sublimidade de sua doutrina. A maioria ainda não estava pronta para compreender a sua mensagem. No entanto, mesmo entre aquelas algumas vezes curadas ou aliviadas de seus sofrimentos, algumas permaneciam com ele como seus discípulos e outras, tão logo se viam libertadas de seus problemas, esqueciam Jesus.

No evangelho encontramos o caso dos dez leprosos, que foram curados após a intervenção de Jesus, mas logo que se viram beneficiados afastaram-se, permanecendo apenas um deles que veio agradecer e seguir o novo caminho. “Vir por amor” é uma opção dos poucos mais amadurecidos para querer compreender as leis da vida e se tornarem grandes diante de si mesmos. 






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