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terça-feira, 17 de setembro de 2024

PARA PENSAR; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Em meio às mudanças extraordinárias do século 19 em relação aos anteriores, lançando as bases do conhecimento e cultura que se refletiu no século 20, Allan Kardec através de suas pesquisas, dois anos antes da Teoria Evolucionista de Charles Darwin e meio século das proposições do Psiquiatra Freud com sua Psicanálise ofereceu, reuniu e disponibilizou elementos para uma compreensão mais ampla do Ser, da Individualidade. Alguns deles estão no conteúdo de PERSONALIDADE HUMANA – as respostas que o Espiritismo dá. Conheça e reflita sobre três delas na sequência: 1-O Espiritismo afirma ser a destinação do Espírito sua evolução que, na condição humana, caracteriza-se pela capacidade do pensamento contínuo como consequência da “individualização do princípio inteligente” que, por sua vez, teria desenvolvido suas potencialidades nas variadas formas e espécies dos reinos mineral, vegetal, animal irracional inferior/superior, estando atualmente na condição do animal racional ou humana. Quando e como teria se iniciado essa caminhada evolutiva? O Espírito está em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual, como a criança que acaba de nascer.(RE, 1864) Semelhante ao estado de infância na vida corpórea. Essa caminhada é cumprida numa série de existências que precedem o período chamado Humanidade (LE) que, não tem na Terra o ponto de partida da primeira encarnação humana, começando, em geral, nos mundos ainda mais inferiores, não sendo, porém, regra absoluta, podendo, ocorrer como exceção..(LE) A Terra oferece um vasto campo de progresso, por reunir variados graus de inteligência e moralidade, desde a selvageria própria do animal até a Civilização mais adiantada(G) A faculdade dominante no estado selvagem é o instinto, o que não o impede de agir com inteira liberdade em certas coisas, liberdade que se desenvolve com a inteligência (LE) Suas predisposições instintivas são as de antes da sua encarnação, podendo impeli-lo a atos repreensíveis, no que será secundado por Espíritos simpáticos a essas disposições (LE) Sua inteligência apenas desabrocha; ela ensaia para a vida..(LE) 2- Como o Espiritismo racionaliza a questão da evolução individual e coletiva? Allan Kardec, considera existirem três períodos no trabalho da evolução, abrangendo as condições sempre transitórias do Espírito. O primeiro, o PERÍODO MATERIAL no qual a influência da matéria domina a do Espírito. É o estado das criaturas dadas às paixões brutais e carnais, à sensualidade, cujas aspirações são exclusivamente terrenas, ligadas aos bens temporais, ou refratárias às ideias espirituais. O segundo, o PERÍODO DE EQUILÍBRIO em que as influências da matéria e do Espírito se exercem simultaneamente; em que, embora submetido às necessidades materiais, a criatura pressente e compreende o estado espiritual, trabalhando para sair do estado corporal. Esses dois períodos realiza nos mundos inferiores e médios, estando sujeito à reencarnação. Por fim, o PERÍODO ESPIRITUAL em que, tendo dominado completamente a matéria, o Espírito não mais necessita da encarnação, nem do trabalho material; seu trabalho é inteiramente espiritual; é o estado dos Espíritos nos Mundos Superiores. (RE) 3- A memória então, assume um papel decisivo na questão da formação da personalidade? Limitada em suas ideias e aspirações, tendo circunscritos seus horizontes, a criatura na fase humana precisa sedimentar todas as coisas e identifica-las, a fim de guardar delas apreciável lembrança e basear seus futuros estudos nos dados que haja reunido. Pelo sentido da visão foi que lhe vieram as primeiras noções do conhecimento. Foi a imagem de um objeto que lhe ensinou a existência desse objeto. Quando conheceu muitos, tirou deduções das impressões diferentes que eles lhe produziam no íntimo do Ser. Fixou na inteligência a quintessência deles por meio do fenômeno da memória.  Ora, o que é a memória, senão uma espécie de álbum mais ou menos volumoso, que se folheia para encontrar de novo ideias apagadas e reconstituir os acontecimentos que se foram?




A Giuliana, levanta uma questão em torno de uma duvidosa mensagem que corre pelas redes sociais. Diz a mensagem que Geraldo Lemos teria ouvido algumas revelações diretamente do médium Chico Xavier, quando ainda encarnado. Entre essas revelações está o fato de que Hitler, pelas atrocidades que cometeu, teria sido condenado pelas altas esferas espirituais a cumprir uma pena de mil anos em regime de solitária no planeta Plutão e também para ser protegido da horda de milhões de inimigos que não o perdoaram pelos crimes. A mensagem ainda fala que Gandhi, que é um Espírito elevado, teria sido nomeado por Jesus para ser o guia de Hitler e procurar regenerá-lo. Plutão seria um planeta-penitenciária, assim como Mercúrio e a própria Lua.

A preocupação da Giuliana tem razão de ser pelo fato de que as redes sociais nos passam de tudo, verdades e mentiras, realidades e fantasias. Porque muita gente ainda não percebeu que pode estar sendo envolvida por falsas informações, acaba se deixando levar emocionalmente por elas, acreditando com facilidade em coisas absurdas, que não suportariam o mais elementar exame de lógica espírita. Evidentemente, quem não conhece o Espiritismo, mas supõe conhecê-lo, não adotando postura crítica, pode tomar essas informações de Geraldo Lemos como verdade ou mesmo acreditar que Chico Xavier teria feito tais revelações nos termos que ele, Geraldo, está divulgando.

Como espíritas, sabemos que os princípios básicos ou as ideias mestras do Espiritismo estão nas obras de Allan Kardec. Não queremos dizer que Kardec disse tudo, que sabia tudo a respeito de tudo. Não, não é isso: ele próprio se colocou como um aprendiz diante de uma doutrina que estava apenas começando, que se ampliaria em conhecimentos com o tempo, mas que teria um futuro pela frente, pronto a examinar outras verdades, a aceitar as que se apoiam seguramente na razão e no bom senso, a colocar de lado aquelas que não nos dão absoluta certeza e a rejeitar as que contrariam os princípios da lógica.

O próprio Erasto, um Espírito encarregado de ajudar Kardec no reconhecimento de mensagens mediúnicas, usou como princípio o seguinte lema: “É preferível rejeitar 9 verdades a aceitar uma só afirmação falsa”. Por isso mesmo, n’O LIVRO DOS MÉDIUNS, capítulo 3º, denominado “Do Método”, Kardec faz uma análise interessante a respeito do que pode ou não ser verdade, e dela tira princípios gerais. Nesse mesmo capítulo, ele classifica os espíritas de seu tempo em quatro categorias e uma dessas categorias é a que ele chamou de ESPÍRITAS EXALTADOS.

Quem são os espíritas exaltados a que Allan Kardec se refere? São aquelas pessoas – que embora já tenham tomado contato com o Espiritismo e até lido algumas de suas obras, deslumbradas com as luzes da doutrina – mostram uma acentuada tendência em acreditar em tudo que veem, em tudo que ouvem ou em tudo que leem, sem se darem ao trabalho de examinar com critério o que se lhe apresenta. Essas pessoas, como que fascinadas pela ideia da continuidade da vida e da imortalidade da alma, acreditam no maravilhoso e no sobrenatural, acreditam em todas as manifestações e em todos os médiuns. Para elas, a palavra do Espírito é uma verdade indiscutível, apenas porque se trata de um Espírito, mesmo que seja notoriamente contraditória ou incoerente.

Essas informações sobre Hitler e Gandhi, que estão sendo veiculadas em nome de Chico Xavier, em nossa opinião, não merecem ser encaradas com seriedade. Primeiro, porque a Doutrina Espírita não se presta a esse tipo de informação, que mais parece um passeio pelo mundo místico da imaginação, do que algo que nos venha ajudar a compreender melhor a lei de Deus. Segundo, porque não acreditamos que Chico Xavier, tão criterioso em suas declarações, fizesse uma revelação nesse teor tão fantástico e imaginoso, a ponto de comprometer o nome da doutrina.

Em terceiro lugar, porque muita gente procurava o Chico à cata de revelações para poder sair anunciando a meio mundo as novidades que o Chico obtinha junto aos Espíritos, que mais satisfazia a curiosidade e a imaginação popular do que às finalidades ético-morais a que o Espiritismo se presta. E, até hoje, há quem se ocupe em divulgar esse tipo de notícia que vem causar comoção e açular o imaginário do povo, do mesmo modo que aquelas declarações (também atribuídas ao Chico) sobre fim do mundo ou transformação espetaculosa do mundo de provas e expiações para mundo de regeneração.

Allan Kardec, no livro A GÊNESE – OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO, ao tratar do tema “Presciência”, ou visão do futuro, num capítulo próprio por ele organizado, alerta-nos sobre as distorções e os exageros que podem existir numa revelação amplamente divulgada, quando não se tomou cuidado em analisá-la com o rigor da lógica e do bom senso para medir sua veracidade. Kardec ainda nos alerta contra a ação inconsequente dos espíritas exaltados, cujas revelações, ao invés de ajudar, acabam prejudicando a reputação e a propagação da Doutrina Espírita.





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