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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

PORQUE NÃO? EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Porque todas as mães que choram os filhos mortos e ficariam felizes se se comunicassem com eles, muitas vezes não o podem? Porque a visualização deles lhes é recusada, mesmo em sonhos, a despeito de seu desejo e preces ardentes? Naturalmente são duas perguntas que muitos se fazem diante do entusiasmo daqueles que se surpreendem com o conteúdo de informações e detalhes pessoais constantes das cartas mediúnicas, sobretudo as psicografadas por Chico Xavier. Por sinal, o canal de comunicação objetivamente disponibilizado a partir da identificação e definição da mediunidade pelo Espiritismo, revelou-se um instrumento útil para esse fim, utilizado especialmente por aqueles que, vencidos pela dor da separação, superam as barreiras do preconceito e conceitos nascidos nas escolas religiosas tradicionais ou nas sombras da ignorância. Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA, edição de agosto de 1866, teceu interessantes esclarecimentos sobre os “porquês” das perguntas com que iniciamos essas considerações. Pondera ele: “ -Além da falta de aptidão especial que, como se sabe, não é dada a todos, há, por vezes, outros motivos, cuja utilidade a sabedoria da Providência aprecia melhor que nós. Essas comunicações poderiam ter inconvenientes para as naturezas muito impressionáveis; certas pessoas poderiam delas abusar e a elas se entregar com um excesso prejudicial à saúde. Em semelhante caso, sem dúvida a dor é natural e legítima; mas, algumas vezes, é levada a um ponto desarrazoado. Nas pessoas de caráter fraco muitas vezes essas comunicações reavivam a dor, em vez de a acalmar. Daí porque nem sempre lhes é permitido receber, mesmo por outros médiuns, até que se tenham tornado mais calmas e bastante senhoras de si para dominar a emoção. A falta de resignação, em casos tais, é quase sempre uma causa do retardamento. Depois, é preciso dizer que a impossibilidade de se comunicar com os Espíritos que mais se ama, quando se o pode com outros, é, muitas vezes, uma prova para a fé e a perseverança e, em certos casos, uma punição. Aquele a quem esse favor é recusado deve, pois, dizer-se que sem dúvida a mereceu. Cabe-lhe procurar a causa em si mesmo, e não atribui-la à indiferença ou ao esquecimento do Ser lamentado. Enfim, há temperamentos que, não obstante a força moral, poderiam experimentar o exercício da mediunidade com certos Espíritas, mesmo simpáticos, conforme as circunstâncias. Admiremos em tudo a solicitude da Providência, que vela pelos menores detalhes e saibamos submeter-nos à sua vontade sem murmúrio, porque ela sabe melhor que nós o que nos é útil e providencial. Ela é para nós como um bom pai, que não dá sempre a seu filho o que ele deseja. As mesmas razões ocorrem no que concerne aos sonhos. Os sonhos são as lembranças do que o Espírito viu em estado de desprendimento, durante o sono. Ora, essa lembrança pode ser bloqueada. Mas aquilo de que a gente não se lembra não está, por isto, perdido para a alma. As sensações experimentadas durante as excursões que ela faz no mundo invisível, deixam, ao despertar, impressões vagas e a gente não cita pensamentos e ideias cuja origem, muitas vezes, não se suspeita. Pode, pois, ter-se visto, durante o sono, os seres aos quais se tem afeição, entreter-se com eles e não guardar a lembrança. Então se diz que não se sonhou. Mas se o Ser lamentado não se pode manifestar de uma maneira extensiva qualquer, nem por isso estará menos junto dos que o atraem por seu pensamento. Ele os vê, ouve suas palavras e, muitas vezes, adivinha-se sua presença por uma espécie de intuição, um sentimento íntimo, e, até mesmo por certas impressões físicas. A certeza de que não está no nada; de que não está perdido nas profundezas do espaço, nem nos abismos do inferno; de que é mais feliz, agora isento dos sofrimentos corporais e das tribulações da vida; de que o verão, após uma separação momentânea, mais belo, mais resplendente, sob um envoltório etéreo imperecível, e não sob a pesada carapaça carnal; eis a imensa consolação que recusam os que creem que tudo acaba com a vida; eis o que oferece o Espiritismo”.


Uma ouvinte, que não quis se identificar, contou que há mais ou menos 15 anos, perdeu de forma repentina um tio que morava numa cidade do Paraná e vivia de pequenos negócios. Ele deixou a viúva e filhos menores, mas não deixou pensão porque não recolhia encargos sociais. A mulher, sem recursos, e nada sabendo dos negócios do marido, foi aconselhada a consultar um centro espírita, onde o marido se manifestou, dizendo para ela procurar um determinado senhor, que lhe devia bom dinheiro. Ela, de fato, o fez e, embora não soubesse quanto o homem devia ao seu marido (porque isso não foi revelado), aceitou o que o homem lhe ofereceu e, a partir de então, pôde conduzir sua vida. A pergunta que a ouvinte faz é se a comunicação foi verdadeira, porque até hoje ela tem suas dúvidas.

Não há como saber de forma concreta e objetiva se a comunicação foi autêntica ou não, simplesmente porque essa prova não existe. Na grande maioria dos casos, principalmente quando se trata da comunicação de entes queridos, podemos saber se a comunicação é autêntica ou não, dependendo dos fatos que ocorrem depois e não propriamente da comunicação em si. Trata-se, portanto, de uma prova indireta, ou seja, por mera dedução lógica.

Quando as pessoas não conhecem o Espiritismo, elas querem que a comunicação mediúnica, falada ou escrita, seja um retrato perfeito da fala e da escrita do comunicante. Acreditam, nas mais das vezes, que o Espírito entra no corpo do médium e assume inteiramente o comando da comunicação da mesma forma que fazia quando estava encarnado. Mas não é assim que acontece.

A comunicação do Espírito para o médium é por via mental, que passa pelo cérebro do médium. Neste caso existem uma série de dificuldades, pois o médium faz o papel de uma mensagem e, portanto, interpreta a mensagem. Tanto do Espírito, quanto do médium, sentem dificuldade de comunicar, embora a comunicação em si dependa mais do médium: depende do seu preparo, do seu treinamento, de seus conhecimentos e de sua personalidade enfim.

O médium, enfim, é um secretário do Espírito: quanto mais preparado, melhores condições tem para transmitir a mensagem. O mais importante na comunicação mediúnica não é a forma como a comunicação se dá, mas o teor da mensagem que transmite – o conteúdo da mensagem pode ser verdadeiro ou se aproximar da verdade. O médium se oferece para fazer a vontade do Espírito naquele momento, faz o que ele pede, mas faz do seu jeito e conforme as suas próprias condições, razão pela qual a qualidade de uma comunicação depende mais do seu preparo.

Há casos em que o Espírito comunicante deixa pistas para ser reconhecido pelos familiares. As pistas geralmente são informações que dá sem que o médium saiba ( nome de pessoas, apelidos, lugares, fatos) , às vezes revelações muito íntimas ou confidenciais ou, então, a assinatura que o Espírito sempre usou quando encarnado. Fora disso o conteúdo da mensagem, as ideias e o estilo do Espírito é que precisam ser analisados, considerando que o médium tem uma forte influência na comunicação.

No caso, que você apresenta, dá pra tirar algumas conclusões apenas pelas consequências, porque não há informação sobre a forma como a mensagem foi transmitida. Se sua tia não tivesse ido ao centro, não teria recebido a mensagem e, consequentemente, não teria procurado a pessoa que tinha uma dívida para com seu tio. Não sabemos se o médium tinha essa informação, mas supondo que não tivesse ( o que poderia ser averiguado), o fato de apontar aquela pessoa é um forte indicio de veracidade, até porque sua tia foi beneficiada.

Você poderia questionar por que o Espírito não disse o valor exato da dívida, e fez com que sua tia nem tivesse oportunidade de questionar e aceitasse o que o devedor lhe ofereceu. Com certeza, deduzimos nós, porque o médium não estava preparado para isso: pode ser que ele até tivesse recebido tal informação, mas não confiou em si mesmo e não arriscou – nós não sabemos. É comum o médium recuar diante de informações mais precisas, quando não se sente seguro ao transmiti-las.

Como você pode perceber, portanto, a comunicação precisa ser analisada. Talvez não tivesse havido essa preocupação naquela ocasião, porque, de qualquer forma, ela levou a um resultado positivo que, a nosso ver, se parece muito com a maioria dos casos dessa natureza, em que o Espírito se esforça para ajudar de alguma forma, apesar das dificuldades para transmitir exatamente o que deseja. Pessoalmente, conhecemos um caso muito parecido com esse, embora com mais detalhes.


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